Portugal paga juro mais baixo desde 2015 com patrocínio da Standard & Poor’s
Na primeira ida ao mercado depois de a S&P ter retirado a dívida portuguesa do nível lixo, Portugal obteve os juros mais baixos desde 2015 para se financiar em 750 milhões com obrigações a dez anos.
Na primeira ida ao mercado a longo prazo depois de a Standard & Poor’s ter retirado a dívida portuguesa do nível lixo, Portugal obteve os juros mais baixos desde fevereiro de 2015 para se financiar em 750 milhões de euros com obrigações a dez anos. No duplo leilão realizado na manhã desta quarta-feira, a taxa de financiamento a cinco anos fixou-se abaixo de 1%. No total, levantou 1.250 milhões de euros.
Era uma operação de financiamento aguardada com expectativa depois da decisão inédita da agência S&P de melhorar o rating da dívida portuguesa no passado dia 15 de setembro sem ter antes colocado o outlook em terreno positivo. E os resultados do leilão de hoje refletem já um contexto mais favorável no acesso ao mercado.
No leilão a dez anos, foram emitidas obrigações do Tesouro num montante de 750 milhões de euros com a taxa de juro a ficar nos 2,327% — a procura superou duas vezes a oferta. É preciso recuar a 25 de fevereiro de 2015 para observarmos uma taxa mais baixa num leilão semelhante: na altura, pagou um juro de 2,0411% para obter 1,5 mil milhões de euros.
Quanto ao leilão de dívida a cinco anos, o IGCP conseguiu levantar 500 milhões de euros pagando um juro de financiamento de 0,916%, a taxa mais baixa desde, pelo menos, 2006, com a operação a apresentar um sólido apetite dos investidores: a procura foi 2,65 vezes superior ao que Portugal pretendia colocar.
“É uma excelente notícia para Portugal estar a emitir dívida longa abaixo do custo médio da dívida portuguesa. Isso é que faz, verdadeiramente a diferença nos custos da dívida e que permite reduzir esses encargos, criando uma folga maior”, notou Filipe Silva, gestor de ativos do Banco Carregosa.
“Estamos a colher os frutos da subida do rating e da perspetiva positiva dada pela S&P. O risco país tem descido substancialmente, o que pode ajudar as empresas portuguesas que pretendam financiar-se no mercado de dívida. Os investidores mostram continuar interessados na dívida portuguesa”, acrescentou o responsável.
Steven Santos, gestor do banco BiG, diz que “fatores positivos da situação creditícia de Portugal, como a economia diversificada e a elevada credibilidade institucional, a par da aceleração das exportações e da melhoria da confiança do consumidor, incentivam os investidores a olhar com renovado interesse em Portugal”.
Lembra ainda que “a colocação de dívida que vence em 2022 e 2017 deve-se ao interesse do IGCP em criar mais liquidez nas Obrigações do Tesouro em anos em que Portugal tem menos capital a reembolsar e juros do que noutros anos”.
Este leilão acontece nas vésperas de o Governo apresentar o Orçamento do Estado para o próximo ano, um documento sempre sensível para os investidores na medida em que apresenta as opções do Executivo português em termos de despesa e ainda a evolução das receitas.
"É uma excelente notícia para Portugal estar a emitir dívida longa abaixo do custo médio da dívida portuguesa. Isso é que faz, verdadeiramente a diferença nos custos da dívida e que permite reduzir esses encargos, criando uma folga maior.”
(Notícia atualizada às 11h20)
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