DBRS dá mão amiga aos juros de Portugal. Taxa a dez anos perto dos 2%

Juros a 10 anos forçam novo mínimo de mais de dois anos após a DBRS ter mantido o rating e o outlook de Portugal. Taxa está cada vez mais próxima de baixar da fasquia psicológica dos 2%.

Numa decisão que estava longe de ser consensual, a DBRS deixou tudo como estava na passada sexta-feira ao manter o rating de “BBB low” e o outlook estável da notação portuguesa. É o suficiente, ainda assim, para forçar uma nova descida da taxa de juro das obrigações a dez anos para novo mínimo desde abril de 2015, há mais de dois anos.

O juro associado à dívida com maturidade de uma década cai mais de quatro pontos base para os 2,028%. Está na iminência de baixar da fasquia psicológica dos 2% novamente. A última vez em que transacionou abaixo desse patamar foi em abril de 2015 e está perto de voltar a acontecer.

Juro a dez anos renova mínimos desde abril de 2015

Fonte: Bloomberg

As taxas descem na maioria dos prazos, com a yield implícita nos títulos a cinco anos a baixar mais de dois pontos para 0,711%, acompanhando o bom momento no mercado internacional — também as taxas espanholas, italianas e alemãs, as que servem de referência para Portugal cedem em toda a linha.

O bom desempenho das obrigações portuguesas prolonga-se assim num ano em que as notícias têm reforçado a confiança dos investidores em relação à perceção de risco do país. Ao programa de compras do Banco Central Europeu (BCE), que foi prolongado para setembro do próximo ano, também o contexto nacional com a aceleração da economia e a correção do desequilíbrio orçamental têm ajudado a melhorar a imagem externa do país.

Foi no âmbito destes indicadores que a Standard & Poor’s reviu o rating de Portugal em setembro numa decisão considerada “inédita” pela própria agência já que melhorou a notação para fora do nível “lixo” sem antes ter subido o outlook de estável para positivo.

De resto, o otimismo do mercado levou alguns investidores a colocar a hipótese de a DBRS, que tem sido a mais amiga do país nos últimos anos, a subir o rating nacional na sexta-feira, colocando-o dois degraus acima do patamar que é considerado “investimento especulativo”. Este desfecho não veio a acontecer, mas a agência canadiana não deixou de elogiar a performance portuguesa em 2017 — ainda que tenha deixado alguns recados, como é habitual.

Portugal apresenta “um perfil de dívida favorável e uma posição externa sólida, em parte assente numa melhoria da competitividade comercial” do país, justificou a DBRS. Mas os “desafios significativos” que o país enfrenta, “incluindo níveis elevados de dívida pública, baixo potencial de crescimento, elevados níveis de crédito malparado e de endividamento das empresas”, levou a agência a manter o rating e o outlook. Em causa estão também “as potenciais pressões de despesa pública”, acrescentou.

É neste ambiente favorável que Portugal regressa ao mercado de dívida esta quarta-feira. O IGCP liderado por Cristina Casalinho conta levantar até 1.250 milhões de euros em obrigações a dez anos, num momento em que procura acelerar a substituição do oneroso empréstimo oficial do Fundo Monetário Internacional (FMI) por nova dívida no mercado.

Depois de ter realizado reembolsos de mais de seis mil milhões de euros até ao momento, o Ministério das Finanças espera pagar mais dois mil milhões ao fundo liderado por Christine Lagarde até final do ano.

"Portugal apresenta um perfil de dívida favorável e uma posição externa sólida, em parte assente numa melhoria da competitividade comercial do país.”

DBRS

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