Portugal foi o país que mais ganhou com estímulos do BCE
Moody's concluiu que estímulos monetários do BCE beneficiaram mais Portugal e Irlanda do que os outros países, tendo ajudado a baixar os custos de financiamento destas duas economias.
Portugal foi um dos países que mais beneficiou do programa de compra de ativos públicos do Banco Central Europeu (BCE). Os estímulos do banco central tiveram especial impacto na redução das taxas de juro das obrigações portuguesas, ajudando a aliviar os custos de financiamento da República, concluiu um estudo da agência de notação financeira Moody’s.
Desde março de 2015 que o BCE tem executado um agressivo plano de compras de dívida pública na Zona Euro como medida menos convencional para acelerar o crescimento na região. E, no âmbito deste programa, a instituição liderada por Mario Draghi já adquiriu mais de 30 mil milhões de euros em obrigações portuguesas, sendo o maior credor do país.
De acordo com um estudo da Moody’s, Portugal e a Irlanda foram os países que registaram maior impacto deste plano do BCE. Como? Através da redução da taxa de juro das obrigações do Tesouro a dez anos com as suas compras de dívida no mercado secundário, o que tem permitido ao ICGP financiar-se no mercado a juros bem mais baixos.
Concluiu a agência que o plano de compras de obrigações promoveu uma “baixa das yields das obrigações a dez anos entre 50 e 150 pontos base entre os maiores países da Zona Euro, com Portugal e Irlanda a registarem o maior impacto”. Isto sugere que as compras do BCE produziram realmente efeitos enquanto medida de alívio monetário e de crédito nestes países, sublinhou a Moody’s.
Impacto do BCE nos juros a dez anos
“O impacto das compras do BCE nas taxas de juro das obrigações da periferia da Zona Euro foi 50 pontos base maior, em média, do que nos países core“, assinalou Colin Ellis, diretor da Moody’s e um dos autores do estudo publicado esta quarta-feira “Monetary policy – Europe: Impact of ECB’s asset purchases felt most on peripheral bond yields“.
As conclusões surgem num momento particularmente sensível para os mercados de dívida de toda a região. Isto porque o BCE já deu início à retirada gradual deste programa que ajudou a conter o risco na região, protegendo sobretudo países como Portugal, que experimentaram recentemente dificuldades no acesso a este financiamento.
"O impacto das compras do BCE nas taxas de juro das obrigações da periferia da Zona Euro foi 50 pontos base maior, em média, do que nos países core.”
No caso português, as obrigações portuguesas tem registado um bom momento em 2017. A taxa associada à dívida a dez anos está a negociar abaixo dos 2%, um nível pouco habitual e que mostra como o BCE tem sido preponderante enquanto mitigador do risco na Zona Euro — isto, além do momento mais positivo que Portugal atravessa.
Ainda assim, o banco central prevê terminar estas compras no próximo ano. Já em janeiro vai abrandar o ritmo de aquisições de 60 mil milhões de euros para os 30 mil milhões de euros mensais, com o BCE a programar para setembro o fim destes estímulos monetários.
Para a Moody’s, os resultados do estudo sugerem que, “com uma redução das compras e da maturidade das obrigações detidas pelo BCE, a normalização do quantitative easing irá resultar em aumentos significativos a longo prazo nas taxas de juro das obrigações dos governos”.
(Notícia atualizada às 11h13)
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