Volatilidade das bolsas vai afetar leilão de dívida de Portugal?
Mercados entraram em curto-circuito na última semana, provocando uma crise de confiança entre os investidores como há muito não se via. A volatilidade vai afetar leilão de longo prazo de Portugal?
Portugal deverá escapar à recente turbulência que afetou a confiança dos investidores em todo o mundo quando for esta manhã ao mercado tentar colocar 1.250 milhões de euros em obrigações a cinco e dez anos. Ainda assim, apesar de uma procura que se espera robusta, o Tesouro português não deverá livrar-se de uma subida dos encargos com dívida nesta operação. É o fim dos juros baixos?
Na última vez que o IGCP foi ao mercado pagou uma taxa de juro de 1,939% para emitir títulos a dez anos. Foi em novembro do ano passado e marcou um novo mínimo histórico. Entretanto, por causa da recente volatilidade que atingiu as bolsas nas últimas semanas, os juros da Zona Euro subiram — Portugal incluído, com a yield das obrigações a dez anos em mercado secundário a escalar para um valor acima dos 2%. E é com este preço de referência que deverá ficar estabelecida a taxa do primeiro leilão de dívida de longo prazo do ano.
“É provável que a emissão a dez anos seja realizada com uma taxa acima dos 2%, seguindo as taxas praticadas no mercado secundário”, sublinha o economista e senior trader do Banco Carregosa, Paulo Rosa. “O interesse na emissão deverá manter-se e refletir-se numa significativa procura. São alguns pontos bases mais acima, mas que não irão ter impacto no custo médio global da dívida pública, que deverá continuar nos 3%”, acrescenta ainda.
Juros em queda nos leilões a dez anos
Fonte: IGCP
Na última semana, depois de sell off desencadeado nos EUA, a bolsa portuguesa perdeu mais de dois mil milhões de euros, num período caótico para os principais índices bolsistas mundiais. Foi uma correção que o mercado já estava à espera depois de meses e meses de valorizações, embora a magnitude das quedas tenha apanhado muitos investidores desprevenidos.
É provável que a emissão a dez anos seja realizada com uma taxa acima dos 2%, seguindo as taxas praticadas no mercado secundário. O interesse na emissão deverá manter-se e refletir-se numa significativa procura. São alguns pontos bases mais acima, mas que não irão ter impacto no custo médio global da dívida pública, que deverá continuar nos 3%.
Neste contexto, depois da emissão sindicada de obrigações a dez anos realizada em janeiro, onde levantou 4.000 milhões com o apoio dos bancos, o IGCP vai agora diretamente aos mercados. Vão à praça duas linhas de obrigações — a cinco anos e a dez anos — e o objetivo é obter 1.250 milhões de euros.
Apesar do expectável agravamento do custo de financiamento português, invertendo aquilo que tem sido a tendência do último ano, para o analista chefe do Danske Bank, Jens Peter Sørensen, não há razões para temer um mau resultado com a operação.
“Não estou preocupado com o timing [do leilão] dado que o IGCP seguiu o seu calendário — emitir na segunda ou quarta semana do mês. Penso que isso mostra um compromisso com o mercado ao acompanhar os calendários estabelecidos”, diz o especialista.
“É até uma excelente oportunidade para levantar obrigações a um preço barato apesar da volatilidade no mercado. Aliás, não acredito que os bancos centrais vão permitir que a volatilidade aumente significativamente ao ponto de ter impacto a longo prazo”, reforça Sørensen.
Paulo Rosa acompanha a análise: “Não me parece que o IGCP esteja preocupado com a atual situação nos mercados bolsistas. Quando o leilão foi tornado público na passada sexta-feira, dia 9, já os principais índices bolsistas sofriam fortes quedas depois de uma segunda-feira negra no dia 5 de fevereiro“.
Não estou preocupado com o timing [do leilão] dado que o IGCP seguiu o seu calendário — emitir na segunda ou quarta semana do mês. Penso que isso mostra um compromisso com o mercado ao acompanhar os calendários estabelecidos.
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