E quando as empresas decidem vender as próprias sedes? Recorde oito negócios
Numa altura em que o mercado imobiliário está em alta, são cada vez mais as empresas que optam por vender as próprias sedes, embora muitas continuem nos edifícios como arrendatárias.
Há cada vez mais empresas a venderem as suas próprias sedes, mesmo que continuem nos edifícios como arrendatárias. E há também quem opte por vender a própria sede e mudar-se para outra zona da cidade ou até quem seja apenas um inquilino e veja a própria sede vendida. A verdade é que se vendem e compram cada vez mais edifícios, numa altura em que o mercado imobiliário está ao rubro. O ECO recuperou algumas das mais recentes vendas que envolvem edifícios sedes de empresas em todo o país.
No caso em que uma empresa decide vender o edifício onde está instalada, mas continuar como arrendatária — sale & leaseback –, isso acontece, normalmente, por duas razões: maior flexibilidade e maior concentração no core business. “É uma forma de se financiarem, ou seja, em vez de terem imobiliário, vendem-no e aplicam esse dinheiro no seu core business”, explica ao ECO Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL.
Francisco Horta e Costa, diretor-geral da CBRE, complementa esta ideia e refere que “muitas vezes as empresas comparam as taxas de um financiamento da banca com as taxas de imobiliário”. “Vender a própria sede é muito mais simples do que ir financiar-se junto da banca. Não tem comparação”, diz ao ECO.
Mas há ainda uma segunda razão. “Essas empresas deviam apostar um bocado na flexibilidade. O que é o negócio hoje em dia, pode não ser amanhã, pode aumentar ou diminuir. Se forem arrendatárias, podem terminar o contrato e ir para outro edifício maior ou mais pequeno. Vão adaptando as instalações à medida que o negócio vai mudando“, diz o responsável da CBRE.
No caso de uma empresa que está num edifício arrendado, quando o proprietário decide vender o imóvel — como está a acontecer com a sede da Jerónimo Martins –, as empresas não correm riscos, “nem há muitas diferenças”, garantem os especialistas. Francisco Horta e Costa afirma que “os contratos se transmitem com a venda do imóvel” e Pedro Lancastre acrescenta que “as garantias que existem mantêm-se e nada se altera”.
Edifício sede da Jerónimo Martins à procura de novo dono
Embora não seja a proprietária do edifício, a Jerónimo Martins tem neste momento a sua “casa” disponível no mercado. Tal como o ECO noticiou, os donos do prédio no Campo Grande, os britânicos da Keyhaven Capital Partners, puseram à venda um portefólio com seis edifícios — entre os quais a sede da Jerónimo Martins –, e esperam concluir o negócio no início do ano.
A retalhista nacional vai continuar no edifício, que deverá valer entre 20 a 25 milhões de euros, tendo em conta a zona e as características do imóvel, de acordo com especialistas consultados pelo ECO.
Nestlé vende sede aos espanhóis da Merlin
Em setembro foi a vez da Nestlé vender a própria sede, em Linda-a-Velha, uma operação de sale & leaseback, ou seja, vai continuar no edifício como arrendatária, com um contrato de 12 anos. O imóvel foi vendido por 12,5 milhões de euros à SOCIMI espanhola Merlin Properties, que “assumirá uma parte muito significativa do investimento nas obras necessárias para a remodelação do Nestlé Campus”.
Esta operação aconteceu como uma forma de a Nestlé se financiar junto da Merlin, tal como explicou ao ECO o responsável da JLL. Ou seja, com esta venda, a SOCIMI vai ajudar a transformar completamente aquele que será o novo Nestlé Campus, que acomodará uma população de 1.000 pessoas. As obras deverão estar concluídas no início de 2021.
Fidelidade prestes a fechar venda da sede no Calhariz
Também em setembro, a Fidelidade colocou no mercado um portefólio com cinco imóveis em Lisboa e no Porto, no qual estava incluída a sede do Calhariz, no Chiado, tal como o ECO tinha avançado. A intenção da seguradora é vender este portefólio até ao final do ano por cerca de 130 milhões de euros, mas a operação apenas se concretizará se as propostas recebidas foram aliciantes.
Esta intenção de vender a sede deve-se à compra dos terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, onde a Fidelidade pretende juntar todos os serviços num único edifício. Mas, por enquanto, vai manter-se no Calhariz, mesmo após este edifício ser vendido.
Sede histórica do FC Porto vai ser um hotel
Embora já não esteja a ocupar este edifício, que foi outrora a sede do clube, o FC Porto decidiu tirá-lo do “abandono” e dar-lhe uma nova vida. Este imóvel na Praça General Humberto Delgado, no Porto, vai ser transformado num hotel de luxo, num investimento de 2,8 milhões de euros.
A unidade hoteleira, localizada mesmo ao lado do edifício da Câmara Municipal do Porto, vai ter 54 quartos, um restaurante e um bar. Deverá abrir no primeiro trimestre de 2020 e será concessionada a 20 anos.
Olx vende sede em Lisboa por três milhões
Em abril do ano passado, o Olx mudou os escritórios para uma nova sede. O grupo dividia operações entre espaços distintos, com os engenheiros e demais trabalhadores a frequentarem dois edifícios separados em lados diferentes da mesma rua.
Assim, a antiga sede na Duque de Ávila, em Lisboa, foi vendida a um investidor nacional por três milhões de euros, tal como apurou o ECO na altura. O grupo mudou-se, entretanto, para a Duque de Saldanha.
Banco CTT muda sede para edifício do grupo
Em abril do ano passado, o Banco CTT abandonou o edifício Adamastor, no Parque das Nações, em Lisboa, e transferiu a sua sede para o edifício onde o próprio Grupo CTT está sediado, poucos metros ao lado, tal como avançou o ECO na altura.
Esta medida permitiu uma poupança anual de 800 mil euros com rendas. Em dezembro do ano passado, os CTT tinham vendido a antiga sede por 25 milhões de euros, na Rua de São José, em Lisboa, num negócio que representou uma mais-valia de 16 milhões de euros.
Novo Banco vende sede histórica do BES e muda-se para as Amoreiras
Em julho do ano passado, também o Novo Banco decidiu vender a sede histórica do BES, na Avenida da Liberdade. O banco liderado por António Ramalho colocou à venda um conjunto de 11 imóveis, entre os quais se incluía o edifício histórico do Grupo Espírito Santo, onde há mais de 60 anos se instalou a sede do antigo BES.
Com isto, o Novo Banco vai mudar-se para a zona das Amoreiras, onde já detém um terreno de 130 mil metros quadrados (que era da promotora imobiliária Temple, de Vasco Pereira Coutinho, que entrou em insolvência). Além da sede, que vai concentrar todos os serviços e departamentos, está ainda prevista a construção de uma zona residencial e de comércio — que vai ocupar grande parte daquele terreno.
Impresa vende edifício em Paço de Arcos… mas continua lá
Outro exemplo de empresas que venderam as próprias sede é a Impresa, que vendeu em junho do ano passado o edifício do Expresso ao Novo Banco, por 24,2 milhões de euros Esta venda aconteceu com um contrato automático de arrendamento, o que faz com que nos próximos dez anos a dona da SIC e do Expresso fique a pagar uma renda mensal ao novo proprietário.
Ao ECO, na altura, a Impresa explicou que parte do dinheiro obtido com esta operação iria servir para “financiar a obra de expansão do edifício Impresa [o mesmo que foi vendido]”.
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