Como é que a Caixa vai ter o melhor resultado da década?

Banco apresentará esta sexta-feira os melhores resultados em mais de dez anos. Vendas de bancos, imóveis e shoppings impulsionaram lucros em 2019. Macedo cumpre três anos à frente da CGD.

Já nos últimos dias do ano passado, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) fechou a venda do centro comercial Nova Arcada, em Braga, ao fundo israelita MDSR por 45 milhões de euros. É dinheiro que vai engordar ainda mais os lucros que Paulo Macedo divulga esta sexta-feira ao final da tarde. Deverão ser os melhores resultados em mais de uma década. Isto depois de um ano em que o banco do Estado vendeu um pouco de tudo que não é estratégico: foram alienados bancos em Espanha e África do Sul, venderam-se imóveis emblemáticos como o quarteirão na baixa lisboeta e shoppings.

Paulo Macedo, que completa este sábado três anos à frente do banco, falará em conferência de imprensa depois das 17h00, a partir da sede do banco, em Lisboa, para dar mais detalhes sobre os resultados. Será a oportunidade para o CEO fazer um balanço do seu mandato, nomeadamente em relação ao cumprimento do plano de reestruturação que ficará concluída este ano.

Desde há três anos que CGD está obrigada a emagrecer por imposição da recapitalização acordada com Bruxelas, envolvendo um aumento de capital da CGD em cinco mil milhões — incluindo a injeção de 2,5 mil milhões de dinheiro fresco do Estado. Entre outros aspetos, a rigorosa dieta europeia tem passado por uma redução das operações internacionais e pela alienação de ativos imobiliários considerados não estratégicos.

E 2019 foi um ano em cheio no cumprimento destas exigências. Fazendo contas aos principais negócios realizados no ano passado, o banco vai registar um encaixe extraordinário bruto de 730 milhões de euros, segundo cálculos do ECO.

Relativamente à implementação desse plano estratégico, Paulo Macedo faz um balanço positivo. Esta sexta-feira, em declarações ao Jornal de Negócios, o CEO assegura que este está “a ser cumprido com sucesso”, antecipando ainda que a CGD tem como objetivo continuar a “devolver” o investimento feito no banco, tanto este ano como no próximo.

Assim, mesmo com o Banco Central Europeu (BCE) a pressionar o negócio de toda a banca com os juros baixos, a CGD prepara-se para fazer um brilharete. Segundo o Expresso, o lucro rondou os 800 milhões (+60% face a 2018), os melhores desde 2007, ainda antes da crise financeira. Os primeiros nove meses já deixavam antecipar um resultado gordo: até setembro, os lucros aceleravam 70% para 641 milhões de euros. Já os dividendos ao acionista Estado ascenderão a 300 milhões de euros.

Evolução dos resultados da Caixa desde 2007

Fonte: Relatórios e contas da CGD.

Espanha e África do Sul rendem 600 milhões

O ano passado começou com alienações de dois imóveis localizados na capital portuguesa: o Green Park, onde está a Maló Clinic, foi vendido por 25 milhões de euros aos espanhóis da Incus Capital, e o quarteirão na Rua do Ouro, em plena baixa pombalina, foi comprado pelo grupo hoteleiro Sana, por 60 milhões, à boleia do boom do turismo e da valorização do mercado imobiliário — neste último caso, Paulo Macedo revelou que imóvel gerou uma mais-valia de 36 milhões de euros após impostos.

Meses mais tarde foram vendidos o Banco Caixa Geral, em Espanha, e o Mercantile Bank, na África do Sul. O banco espanhol foi vendido por 384 milhões de euros aos espanhóis do Abanca. O banco sul-africano foi comprado pelo Capitec por 215 milhões de euros.

Há mais dois processos em curso: no Brasil, cujo vencedor entre o Banco Luso-Brasileiro, do grupo Amorim, o Banco ABC Brasil e o fundo Artesia será conhecido até final de fevereiro; e em Cabo Verde, nomeadamente o Banco Comercial do Atlântico. O impacto destas vendas só deverá ter reflexos nas contas de 2020.

Entretanto, já nos primeiros dias do novo ano, a CGD anunciou a venda de um centro comercial em Braga. No entanto, o negócio foi concluído no dia 30 de dezembro, com os israelitas a pagarem 45 milhões de euros, sabe o ECO.

Para lá das operações extraordinárias, cujo impacto que não se vai repetir este ano — apesar de o banco estar a vender outros negócios internacionais –, os resultados da CGD em 2019 foram também impulsionados, por um lado, pelo aumento das comissões e diminuição das imparidades para crédito e, por outro, pelo esforço de contenção dos custos, no pessoal e nos gastos gerais.

(Notícia atualizada às 8h40 com declarações de Paulo Macedo)

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