Da luz ao gás, até às comunicações e banca. Empresas ajudam portugueses a superar o vírus
Perante o cenário de pandemia que está a parar o país, algumas empresas de serviços básicos decretaram medidas de "alívio" aos consumidores. Conheça as "borlas" anunciadas nos últimos dias.
O surto do coronavírus já está a dificultar a vida a muitas famílias, obrigando trabalhadores a ficarem em casa para cuidarem dos filhos ou prestarem assistência a doentes. Mas os impactos económicos da pandemia também ameaçam gerar disrupção no emprego e, consequentemente, nos rendimentos dos portugueses.
Perante este cenário, algumas empresas de serviços básicos decidiram implementar medidas para o alívio dos consumidores, como a oferta de serviços, flexibilidade nos pagamentos ou maior tolerância às dívidas. Conheça algumas dessas “borlas” que foram anunciadas pelas respetivas companhias nos últimos dias.
EDP, Endesa e Goldenergy
A EDP Comercial, fornecedora de energia da EDP no mercado liberalizado, tem vindo a comunicar aos clientes a possibilidade de flexibilizarem o prazo e modo de pagamento das faturas, “sempre que seja manifestada essa necessidade”. Ao mesmo tempo, a empresa anunciou que deixará de realizar cortes de luz a clientes com faturas por pagar.
“O caráter extraordinário da situação que vivemos exige um acompanhamento permanente da nossa empresa e estamos totalmente comprometidos com a necessidade de agir e decidir rápido”, reconheceu a empresa, que também reduziu o pessoal nas lojas e implementou acesso controlado às mesmas para travar a propagação do vírus.
Na mesma linha, a Endesa anunciou a suspensão de todos os cortes de luz e gás que estivessem programados por falta de pagamento desses clientes. A comercializadora de energia justificou a decisão com “as dificuldades que podem surgir nos próximos dias para o pagamento normal das faturas”.
Além desta medida, a comercializadora de luz e gás natural reforçou também a capacidade de resposta dos respetivos canais digitais. Uma medida que visa evitar as deslocações dos clientes às lojas de Lisboa e Porto.
No mesmo sentido, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) decidiu fixar “condições excecionais” a este tipo de empresas, no sentido de travar os cortes do fornecimento de eletricidade, gás natural e de gases de petróleo liquefeito canalizado, possibilitando também o pagamento das faturas em frações.
Ainda neste setor, a Goldenergy, comercializadora de gás natural e eletricidade, decidiu “criar um fundo de 300 mil euros para ajudar” os clientes que venham os rendimentos afetados pela pandemia, sobretudo nesta altura em que, por estarem mais tempo em casa, terão “um consumo energético mais elevado”.
“Através deste fundo, a Goldenergy vai pagar um mês de gás e/ou eletricidade aos clientes que na presente situação extraordinária comprovem que estão a ser mais afetados pelas consequências económicas derivadas da pandemia Covid-19”, informou a empresa num comunicado. A medida tem algumas condições, mas os interessados podem ligar “para a linha telefónica gratuita 800 500 292”, a partir da qual serão dadas instruções.
EPAL e Águas do Porto
Da energia para a água, a Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL), que é responsável pelo abastecimento da cidade de Lisboa, também decidiu suspender os cortes no fornecimento de água durante a atual pandemia, no caso dos clientes que não consigam pagar a fatura.
A EPAL recordou que dispõe de uma aplicação móvel e de um site onde os clientes podem “resolver qualquer questão relacionada com o serviço prestado” sem terem de sair de casa. Esta medida visa dar resposta às recomendações de isolamento social emitidas pelas autoridades portuguesas de saúde.
Rumo ao norte do país, e à semelhança da EPAL, a Águas do Porto decidiu alargar o prazo de pagamentos e suspender todas as ações coercivas nesta fase da pandemia.
Meo, Nos e Vodafone
Numa decisão inédita, as três maiores operadoras de telecomunicações uniram-se para oferecerem 10 GB de dados móveis a todos os clientes que os solicitem. Os clientes podem solicitar esta oferta até dia 31 de março, sendo que o tráfego adicional manter-se-á em vigor por um período de 30 dias contínuos a partir da data de subscrição.
Desta forma, Meo, Nos e Vodafone pretendem “facilitar o cumprimento pelos cidadãos das medidas de prevenção e controlo de infeção pelo Covid-19, dando resposta às necessidades acrescidas de comunicação por se encontrarem em casa em regime de teletrabalho, de prevenção ou de assistência a familiares”, justificaram, num comunicado conjunto.
Mas há mais: as três empresas também tomaram a decisão de, juntamente com a Sport TV, Benfica TV e Eleven Sports, não cobrarem a mensalidade a novos e a atuais clientes destes canais desportivos premium. Esta medida mantém-se durante o período excecional de suspensão da maioria das competições desportivas, que costumam ser emitidas por estas estações.
EMEL, Empark e Eporto
A EMEL, que gere o estacionamento em Lisboa, anunciou que vai deixar de cobrar parquímetros durante a semana e todo o dia durante os fins de semana e feriados, uma medida temporária que estará em vigor até 9 de abril. Se o surto continuar a evoluir desfavoravelmente, a empresa municipal admite prolongar a medida, ou cancelá-la caso surjam notícias mais positivas.
Ao mesmo tempo, a Empark alargou ao dia inteiro a validade das avenças noturnas dos 1.500 residentes que as têm na capital. Até aqui, estas vigoravam apenas das 18h às 9h durante a semana, mas passam a funcionar durante todo o dia útil, fins de semana e feriados. A ideia é agilizar a mobilidade das pessoas neste período de dificuldades.
“Há famílias e trabalhadores em quarentena voluntária que preferem sempre recorrer ao uso do seu próprio transporte e evitar riscos de contágio. Entendemos que esta medida é muito positiva no sentido de facilitar a vida dos residentes de Lisboa que se encontram nesta fase a trabalhar desde casa”, explicou Paulo Nabais, diretor-geral da Empark.
No caso da cidade do Porto, o presidente da Câmara Municipal desta autarquia, Rui Moreira, já tinha anunciado na semana passada o fim das tarifas de estacionamento à superfície. Este estacionamento é gerido pela Eporto, participada da Empark.
Carris e Metro do Porto
Depois da Carris, em Lisboa, ter suspendido a venda de tarifas de bordo “por tempo indeterminado”, passando “as validações por parte dos passageiros a serem facultativas”, o metropolitano do Porto optou também por deixar de cobrar as viagens a partir desta quarta-feira. A decisão passa por deixar de exigir a validação e o carregamento dos títulos Andante.
“A partir de 18 de março, todas as máquinas de venda de títulos e todos os validadores da rede do Metro do Porto estão desligados”, escreveu a empresa no Facebook. “O carregamento e a validação do Andante deixa de ser necessário e obrigatório”, acrescentou, apontando que esta medida ficará em vigor “até indicação em contrário”.
Novo Banco e BBVA
A pandemia do coronavírus também está a suscitar medidas excecionais no setor bancário. O Novo Banco foi um dos primeiros a avançar com alívios nas comissões, comunicando aos clientes, na última sexta-feira, que “um conjunto de transações essenciais” através da internet “ficarão, temporariamente, isentas de comissões”.
Entre esses serviços estão as transferências interbancárias, os pagamentos de serviços, o cash-advance e as transferências MB Way. O banco também isentou os clientes da primeira anuidade nos novos cartões de débito e pré-pago ou substituições.
O BBVA também se juntou à onda. No sentido de apelar “ao uso de canais digitais”, o banco decidiu que “não vai cobrar comissões a partir de 17 de março”, enquanto “vivermos este cenário pandémico”, explicou. A isenção abrange clientes particulares e empresas.
O BCP, por seu lado, decidiu apoiar as empresas. O banco decidiu eliminar a comissão mínima aplicada nas transações realizadas em terminal de pagamento automático (TPA) através da Rede Multibanco, uma medida que durar por três meses.
(Notícia atualizada às 11h13 com mais informação)
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