Do pão aos transportes, isto é o que muda nos preços em 2022

Numa altura de retoma da economia, o próximo ano será marcado por uma subida nos preços, desde a mercearia até à renda da casa, passando pelas portagens e transportes.

Muito se tem falado sobre a inflação nos últimos tempos, no rescaldo do impacto da pandemia na economia. Vários produtos e serviços vão sofrer mudanças em 2022, principalmente subidas de preços, como é o caso dos bens alimentares, das telecomunicações e das portagens. Outros deverão estabilizar.

É de notar que alguns preços são ainda incertos, já que estavam ligados a políticas inscritas no Orçamento do Estado para 2022, que foi chumbado. Após as eleições de 30 de janeiro, será mais claro o que muda nos custos do consumo dos portugueses.

Renda da casa sobe em 2022

As rendas não subiram em 2021, mas vão aumentar em 2022, por causa da inflação. A subida é de 0,43%, um aumento de três euros para uma família que pague 700 euros de renda mensal. Os senhorios não são obrigados a atualizar as rendas, mas com o aumento do custo de vida, muitos vão aproveitar certamente para o fazer.

Eletricidade deve ficar mais cara

Depois de duas subidas este ano, os preços da eletricidade no mercado regulado vão aumentar 0,2% a partir de janeiro, uma variação calculada tendo por base o aumento médio de 1,6% do preço da eletricidade no acumulado deste ano. Mas se a base comparativa forem os três últimos meses, os consumidores vão notar na primeira fatura de 2022 um alívio de 3,4%.

A escalada dos preços grossistas da energia não tem deixado as páginas dos jornais, alcançando recordes atrás de recordes. Isso vai ter reflexo nas faturas dos clientes do mercado livre. A EDP Comercial vai subir os preços em 2,4%, em média – um acréscimo na fatura na ordem dos 90 cêntimos por mês. A Galp Energia também vai subir os preços a 1 de janeiro, na ordem dos 2,7 euros mensais para as potências contratadas mais representativas.

Gás de botija a preços recorde

Não é só a energia elétrica que está mais cara. Os preços do gás de botija têm estado a subir em flecha e atingiram recordes no final deste ano.

Os portugueses que usam gás engarrafado para cozinhar ou aquecer a casa podem esperar um encargo maior em 2022, numa altura em que a botija de butano de 13 quilos custa em torno de 29,17 euros, e a de 54 quilos 120 euros.

Telecomunicações mais caras em 2022

Ainda não são conhecidas as decisões de todas as operadoras de telecomunicações, mas pelo menos os clientes da Meo deverão ter um aumento na fatura. A Meo vai aumentar o preço base das mensalidades em 50 cêntimos a partir de 1 de janeiro, enquanto a Nowo não tem “previstas quaisquer atualizações”. Sobre as restantes operadoras, não se conhece ainda as respetivas políticas de preços para o ano que vem.

Além das eventuais subidas de preços, o próximo ano ficará marcado pelo 5G. Já se sabe que o serviço é gratuito até 31 de janeiro na Nos e na Vodafone, mas representará custos adicionais nos tarifários para os clientes que queiram estar na vanguarda da tecnologia. A Meo, por sua vez, planeia lançar o 5G a 1 de janeiro.

Mercearia vai pesar mais na carteira

Os preços de alguns bens alimentares vão custar mais às famílias portuguesas, que possivelmente sentirão esse aumento já na Ceia de Natal. Por exemplo, os preços do bacalhau estão cerca de 10% mais altos que há um ano.

Em geral, as carnes também estão a ficar mais caras, sobretudo a de vitela, com exceção para a carne de porco. Os aumentos andam na casa dos dois dígitos.

O azeite encareceu este ano, na ordem dos 7%, e várias panificadoras já admitiram “ter de reagir” à subida dos custos das matérias-primas e da energia, incluindo o gás, pelo que os portugueses podem esperar o aumento dos preços do pão.

É igual no caso das hortaliças: a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou em novembro para o “incontornável” aumento de custos dos combustíveis e adubos, o que terá reflexo nos preços pagos pelos consumidores.

Transportes sobem 0,57%, mas Navegante fica igual

Os passes mensais dos transportes públicos na Grande Lisboa vão continuar a custar o mesmo em 2022: os serviços Navegante Municipal e Navegante Metropolitano manterão o preço mensal de 30 e 40 euros, respetivamente. Já os restantes títulos de transporte dos operadores e serviços sob a chancela da Transportes Metropolitanos de Lisboa deverão encarecer 0,57%.

Tabaco pode ficar mais caro

Estava previsto um agravamento fiscal que deveria puxar pelo preço do tabaco no próximo ano, mas com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022, esta possibilidade é ainda incerta. No entanto, foi já definido que os maços de tabaco vão ter o selo castanho em 2022, com a estampilha a ficar mais cara.

Se o Orçamento do Estado para 2022 entrasse em vigor, a Imperial Brands tinha estimado que o preço dos maços de tabaco poderia aumentar em 10%.

Portagens sobem em 2022

Os preços das portagens vão agravar-se no próximo ano. A taxa de variação homóloga do índice de preços no consumidor, excluindo os preços da habitação, fixou-se em 1,84%, em outubro, ditando assim um aumento das portagens, já que este é o indicador que serve de referencial para as concessionárias.

Não será apenas nas autoestradas, mas também nas pontes sobre o Tejo que os custos vão aumentar para os utilizadores tendo em conta o aumento do índice usado como referência. Há dois anos que os preços não mexiam devido aos valores negativos da inflação.

É de sublinhar, no entanto, que em algumas portagens das ex-Scut foi aplicado um desconto a partir de julho, que se prolonga então para o resto do ano.

E por falar em portagens, Via Verde vai mudar

Os atuais clientes da Via Verde já se habituaram a usar o identificador para muito mais do que pagar portagens. Mas se quiser manter esse benefício, vai passar a pagar mais.

A partir de 5 de janeiro, vai existir um serviço Via Verde só para pagar portagens — com fatura eletrónica, ficará a 49 cêntimos por mês ou 5,75 euros por ano (se não dispensa a fatura em papel, o serviço é mais caro).

Para os serviços extra, terá de subscrever a Via Verde Mobilidade, que permite fazer tudo o resto, como entrar em parques de estacionamento ou pagar o menu do McDonald’s, mas passa a pagar mais a partir de 1 de abril: 99 cêntimos por mês ou 11,65 euros por ano (no caso da fatura eletrónica).

Tenha atenção, porque os atuais clientes vão transitar para a nova modalidade. Se não o quiser, terá de o comunicar à empresa por escrito.

Até a roupa pode ficar mais cara

O setor da moda também já antecipou subidas de preços em 2022, por causa do aumento dos custos de produção. Um relatório da McKinsey e da Business of Fashion (BoF) concluiu que 67% dos executivos deste setor da economia preveem aumentar os preços de retalho em 3%, enquanto 15% antecipam subidas de 10% ou mais.

Governo trava descida de preços dos medicamentos

A descida do preço de alguns medicamentos pode ter o efeito perverso de não haver incentivo para as farmacêuticas os produzirem. Em 2022 vai entrar em vigor um mecanismo-travão criado pelo Governo para evitar ruturas no mercado.

De acordo com uma portaria, os medicamentos que custem até 15 euros não vão ter qualquer descida em 2022. Para os que custam entre 15 e 30 euros, o preço não pode descer mais do que 5%. No caso dos medicamentos mais caros, acima dos 30 euros, eventuais descidas não podem superar 10%.

Carros em segunda mão valorizam no mercado

A crise dos “chips” continua a condicionar o setor automóvel. Em 2022, mantém-se o cenário de alguma escassez de carros novos, por falta de componentes críticas, pelo que as encomendas vão continuar a demorar bem mais do que é habitual.

Além disso, se está a pensar em comprar um carro em segunda mão no próximo ano, prepare-se para deixar mais notas no balcão do stand, principalmente se é fã de modelos SUV e Sedan. Os aumentos podem chegar aos 20% para alguns carros usados, como o Seat León, por causa da forte procura.

Navigator sobe preço do papel de impressão

Consumidores e empresas vão ter de contar com custos mais altos do papel de impressão. A Navigator Company anunciou a subida dos preços do papel de impressão e escrita não revestido entre 10% e 15% a 3 de janeiro do próximo ano.

ADSE revê alguns preços. Partos vão ficar mais caros

Já começou a ser aplicada em setembro a nova tabela do regime convencionado da ADSE, mas o subsistema de saúde dos funcionários públicos acabou por rever alguns preços, mudanças que vão entrar em vigor a partir do próximo ano. Os partos, por exemplo, vão ficar cerca de 35% mais caros para os utentes.

“As alterações, que determinam uma revisão em alta dos preços dos atos comparticipados, incidem sobretudo nas tabelas de cirurgia e medicina, onde estão incluídos alguns meios de diagnóstico e terapêutica, atos de ginecologia, obstetrícia (partos), urologia, anatomia patológica e certas situações de exames radiológicos e enfermagem”, refere uma nota publicada no site da ADSE. De notar que também há alguns preços que baixam.

Apólices dos seguros de saúde devem aumentar

O próximo ano poderá trazer um aumento no preço das apólices dos seguros de saúde, por causa da subida de custos nos estabelecimentos de hospitalização privada, desde as matérias-primas aos recursos humanos. Os hospitais privados estarão a fazer pressão sobre as seguradoras para pagarem mais pelos atos praticados, sendo que o que envolve internamento poderá sofrer um aumento mais expressivo.

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