Governo propõe fim do regime que deu nacionalidade portuguesa ao oligarca russo Roman Abramovich

O Governo de Montenegro quer a extinção do regime extraordinário que permite a naturalização de descendentes dos judeus portugueses expulsos no século XV, como aconteceu com Roman Abramovic.

O Governo aprovou esta segunda-feira em Conselho de Ministros a extinção do regime extraordinário de naturalização de descendentes de judeus sefarditas portugueses. Esta é uma das medidas que constam da proposta de revisão da lei da nacionalidade, que terá de ser discutida e votada na Assembleia da República.

Em conferência de imprensa, António Leitão Amaro, ministro da Presidência, disse que houve um entendimento de que “este regime teve uma natureza excecional, uma duração no tempo e uma justificação adequada no intuito de reparação histórica no contexto da política de nacionalidade”.

Como é avaliação muito generalizada, este regime teve o seu tempo e com a mudança desta lei este regime excecional deixa de existir“, acrescentou.

Recorde-se que a norma, que remonta a 2013 e que entretanto foi sofrendo algumas modificações, permitia a atribuição da nacionalidade portuguesa, por naturalização, aos descendentes de judeus sefarditas que foram expulsos de Portugal no século XV. Isto dado que, no final de 1496, o rei D. Manuel I decretou a expulsão de todos os judeus do país, uma vez que essa era uma condição para que pudesse casar com a princesa D. Isabel, filha dos reis católicos de Espanha. Daí o termo “reparação histórica”, referido por Leitão Amaro.

Foi através deste regime especial que o oligarca russo Roman Abramovich, por exemplo, se naturalizou português em 2021. A naturalização do bilionário em tempo recorde causou alguma polémica e levou a que as condições para a naturalização fossem mais exigentes. Até 2022 só era necessário a comprovação da descendência.

Atualmente, a lei já prevê que os sefarditas possam ter a nacionalidade portuguesa se demonstrarem que pertencem a uma comunidade de origem portuguesa, com comprovação de ligação a Portugal e se tiverem residido legalmente em território português por pelo menos três anos.

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Comissão Europeia dá ‘luz verde’ à compra da promotora da MotoGP pela dona da F1

A Comissão aprovou a compra de uma participação de 86% da espanhola Dorna Sports pela Liberty Media, dona da F1, por 4,3 mil milhões de euros. O negócio deve ficar concluído até 3 de julho.

A Comissão Europeia aprovou esta segunda-feira a aquisição da Dorna Sports, promotora da MotoGP, pela Liberty Media, dona da F1. O aval surge mais de um ano após o anúncio do negócio.

“A Comissão aprovou incondicionalmente a proposta de aquisição da Dorna Sports pela Liberty Media Corporation nos termos do Regulamento de Fusões da UE. A Comissão concluiu que a transação não suscitará problemas de concorrência no Espaço Económico Europeu (EEE)“, refere a Comissão Europeia em comunicado.

Foi ainda em março de 2024 que se soube que o grupo norte-americano Liberty Media, dona da F1, estava em processo de compra de uma participação maioritária de 86% da espanhola Dorna Sports, que tem os direitos exclusivos do MotoGP, por cerca de 4,3 mil milhões de euros.

A 19 de dezembro de 2024, Bruxelas iniciou então um processo de análise à operação, após ter concluído que a mesma suscitava “sérias dúvidas quanto à sua compatibilidade com o mercado comum”.

Agora, “com base nas provas reunidas”, a Comissão Europeia concluiu que as empresas “não são concorrentes próximas no licenciamento de direitos de transmissão de conteúdo desportivo” e constatou que, após a transação, as emissoras “vão continuar a poder licenciar uma série de outros desportos que atraem públicos maiores ou similarmente grandes”.

Além disso, também “não há provas suficientes” de que John Malone , o maior acionista da Liberty Media, “pudesse exercer influência decisiva sobre a Liberty Global”. “A Comissão concluiu que John Malone não exerce influência decisiva sobre a Liberty Global e que, mesmo que esse fosse o caso, a ligação entre o MotoGP e as atividades da Liberty Global criada pela fusão não impediria significativamente a concorrência efetiva”.

Esta aquisição permite à Liberty Media “acelerar o apelo internacional da MotoGP e levar corridas emocionantes a um público global mais amplo”, refere o grupo em comunicado, onde adianta que o negócio deverá ficar concluído até 3 de julho de 2025.

Além da MotoGP, a Dorna Sports também tem os direitos das Superbikes até 2036 e dos campeonatos do mundo de juniores e das motos elétricas até 2041.

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Vimeiro explica em campanha porque é a segunda água com gás mais vendida

  • + M
  • 23 Junho 2025

A Vimeiro evoca a concorrência para dizer o que não faz. A criatividade é da Coming Soon, com produção da Show Off Films / Mola e planeamento da Wavemaker.

A Vimeiro Gás está a explicar em campanha o motivo pelo qual é a segunda água com gás mais vendida do país. “O nosso desafio para esta campanha é muito significativo, pois há muito tempo que não promovemos a Vimeiro Gás. E o nosso objetivo é igualmente ambicioso: reforçar a ligação emocional com os consumidores que já nos conhecem e desafiar os demais a nos preferirem, destacando os atributos que fazem deste um produto de referência no mercado nacional, assente numa marca sólida, com história, que conquista pelo sabor e pela autenticidade”, aponta Diogo Abreu, CEO da Água do Vimeiro.

Com três filmes digitais, comunicação em rádio e superfícies comerciais, a criatividade é da Coming soon. “Para esta grande aposta publicitária, desafiámos quem melhor conhece os nossos desafios e, mais uma vez, elegemos a Coming Soon como agência responsável para defender as nossas cores. Estamos muito gratos à incrível dupla Marcelo Lourenço e Pedro Bexiga pela abordagem e trabalho desenvolvido”, prossegue a empresa em comunicado.

“A Vimeiro é uma daquelas marcas clássicas com as quais todo o criativo gostaria de trabalhar”, diz por seu turno Marcelo Lourenço, responsável pela campanha e co-fundador da agência. “Quando recebemos o briefing, uma informação logo se destacou: apesar de não fazer campanhas publicitárias há muito tempo, a Vimeiro Gás continua a ser a segunda água com gás mais vendida do país. Um produto tem que ser mesmo muito bom para alcançar esse destaque — ainda mais num mercado em que a concorrência comunica com tanta regularidade”, acrescenta o criativo.

A campanha fala então daquilo que a marca não faz, lançando uma piscadela à concorrência: “A Vimeiro Gás não faz anúncios com atores de Hollywood, nem com chefs de cozinha famosos. Não está no futebol, nos festivais de verão ou nas tradicionais campanhas que falam da natureza — um conceito tão caro a toda a categoria”, dizem os filmes. “Quem bebe, percebe”, conclui a assinatura, justificando assim as vendas.

Com produção da Show Off Films / Mola, os filmes contaram com realização de Luciano Ottani e sound design da Mute Sound Design. O planeamento de meios é da Wavemaker.

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Madalena Oliveira e Silva substitui Ricardo Arroja na presidência da Aicep

O Executivo justificou esta substituição, ao ECO, com a vontade de "imprimir uma nova dinâmica aos serviços, aproveitando os seus melhores recursos e mobilizando as equipas existentes".

O Governo nomeou uma nova liderança da Aicep. Ricardo Arroja sai e Madalena Oliveira e Silva, que já é administradora da agência, será a nova presidente, anunciou esta segunda-feira o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

“Foi aprovada uma resolução de Conselho de Ministros que aprova a substituição do presidente da Aicep, sendo a nova presidente uma administradora que já se encontrava em funções, Madalena Oliveira e Silva”, disse Leitão Amaro. Ricardo Arroja foi escolhido pelo anterior ministro da Economia, Pedro Reis, para liderar a Aicep a 3 de junho de 2024, ou seja, o economista cumpriu um ano e 19 dias de mandato.

Madalena Oliveira e Silva é um quadro da Aicep de há anos. Já tinha sido administradora entre abril de 2017 e junho de 2023 e voltou à direção pela mão de Pedro Reis. Agora, é o novo ministro da Economia e da Coesão que a promove a presidente.

Pedro Reis justificou há um ano a demissão da administração então liderada por Filipe Santos Costa por “uma questão de confiança e quando muito uma questão de opção”, disse no Parlamento. Filipe Santos Costa não chegou a completar um ano à frente da Aicep, o que contrasta com os seis anos de Luís Castro Henriques. O Executivo justificou esta substituição com a vontade de “imprimir uma nova dinâmica aos serviços, aproveitando os seus melhores recursos e mobilizando as equipas existentes”. Fonte oficial do Ministério da Economia e Coesão disse ao ECO que “a aposta no crescimento das exportações obriga a um papel mais ativo, mais ágil e mais presente por parte da Aicep. Um perfil mais próximo das empresas, que possa agilizar todos os processos de apoio ao tecido empresarial”.

Pretende-se imprimir uma nova dinâmica aos serviços, aproveitando os seus melhores recursos e mobilizando as equipas existentes. A aposta no crescimento das exportações obriga a um papel mais ativo, mais ágil e mais presente por parte da AICEP. Um perfil mais próximo das empresas, que possa agilizar todos os processos de apoio ao tecido empresarial.

Fonte oficial do Ministério da Economia e Coesão

O ECO tentou contactar o ministro Castro Almeida e o agora ex-presidente da Aicep, mas sem sucesso.

Para dar um novo impulso ao investimento, no regimento do Conselho de Ministros, aprovado esta segunda-feira, foi consagrada uma alteração: uma reunião de assuntos de investimento”. “Uma formação que já existiu no passado”, explicou Leitão Amaro, “presidida pelo ministro da Economia e da Coesão com um conjunto de secretários de Estado para focar o país e a Administração pública na aceleração de todas as decisões públicas relativas a processos de investimento”. O objetivo, explicou o ministro em conferência de imprensa no final da reunião de Conselho de Ministros, é “reforçar o acompanhamento do Governo nos processos de investimento”.

A escolha de Madalena Oliveira e Silva para regressar à administração da Aicep gerou alguma polémica porque a responsável estava na agência enquanto decorreu o alegado esquema fraudulento de obtenção, desde 2015, de milhões de euros para 14 projetos cofinanciados por fundos europeus. Um esquema batizado de Operação Maestro está a investigar o empresário Manuel Serrão.

Pedro Reis garantiu que Madalena Oliveira e Silva “nunca teve a verificação de incentivos” e “está completamente imunizada sobre essa matéria”, garantiu na altura o ministro. A nova presidente na altura estava com a área de atribuição e não de verificação dos incentivos — onde residiu o problema — que são departamentos segregados, precisamente para evitar potenciais conflitos de interesse.

Madalena Oliveira e Silva é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, tem um mestrado em Direito Internacional Público pela Universidade de Direito, de Economia e de Ciências Sociais de Paris (Paris II), uma pós-graduação em Direito Comunitário no Colégio da Europa, Bruges (Bélgica) e curso de Gestão para Executivos, Universidade Católica Portuguesa.

Na sua primeira passagem pela administradora da Aicep teve responsabilidades nas áreas jurídica, financeira, incentivos ao investimento e à internacionalização, custos de contexto e apoio comercial às empresas. Mas, anteriormente, nas funções diretivas que desempenhou, teve funções relacionadas com o acompanhamento e implementação de projetos de investimento, chefiou o gabinete do presidente do conselho da administração da Aicep em 2007, ano em que foi feita a fusão entre o ICEP a API. A responsável também já chefiou a área de gestão da rede externa da Agência. Uma rede que estava em vias de ser novamente aumentada, com duas novas agências.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Europ Assistance com cartão de escolhas para seguir viagem

  • ECO Seguros
  • 23 Junho 2025

Para quem não queira automóvel de substituição, a seguradora carrega um cartão digital para pagar comboio, autocarro, táxi, bicicleta ou qualquer outra opção de transporte disponível.

A Europ Assistance Portugal (EAP) acaba de lançar o Mobility Assistance Card, um cartão que considera “revolucionário” para a sua atividade de Assistência em Viagem. Na prática, o novo processo permite que, em caso de avaria e quando o veículo não possa ser reparado no local, os clientes podem utilizar o cartão de mobilidade para continuar a sua viagem ou como alternativa à viatura de substituição, através do meio de transporte que lhes for mais conveniente — seja comboio, autocarro, táxi, bicicleta ou qualquer outra opção disponível.

João Horta e Costa: “Cada cliente escolhe a solução de mobilidade mais adequada à sua situação específica”.

Este cartão de crédito virtual, explica a AEP, é suportado pela Visa e compatível com as carteiras digitais dos utilizadores, sendo disponibilizado de forma imediata aos clientes elegíveis com o acesso instantâneo a um orçamento de mobilidade.

João Horta e Costa, Chief Commercial Officer da Europ Assistance Portugal, destaca o principal objetivo como o de “permitir que cada cliente escolha a solução de mobilidade mais adequada à sua situação específica, através de um processo simples, intuitivo e sem complicações”.

Esta nova solução, segundo a Europ Assistance, centra-se na liberdade de escolha, simplicidade e sustentabilidade. “Os clientes têm mais escolhas de mobilidade enquanto o veículo é reparado”, a resolução mais rápida, graças à emissão imediata de um cartão de crédito virtual, descarregável para a carteira digital do utilizador, não haverá custos diretos para o cliente, a Europ Assistance vai suportar diretamente os custos de mobilidade e vai promover escolhas de transporte mais ecológicas, promovendo hábitos mais sustentáveis.

Esta inovação, atualmente em fase piloto em França, Espanha e Portugal, faz parte de uma “transformação mais ampla nos hábitos de mobilidade”, como revela o mais recente Barómetro de Mobilidade da Europ Assistance. Segundo o estudo, um em cada três proprietários de automóveis considera abdicar da posse de veículo próprio — uma tendência particularmente forte em países como Espanha e Itália. Mais, 52% dos proprietários de automóveis na Europa mostraram interesse em utilizar o Cartão de Assistência à Mobilidade em vez de receberem um carro de substituição.

Os parceiros deste projeto da Europ Assistance são a Stripe como fornecedor de serviços de pagamento, a Visa que suporta os cartões virtuais o Apple Pay e Google Pay para integrar a carteira digital e a Instant System que fornece a plataforma digital para a geração e utilização dos cartões de crédito virtuais.

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Imigrantes condenados a cinco anos de prisão arriscam perder nacionalidade

Proposta de lei do Governo visa apenas imigrantes e não portugueses "de cidadania originária", e será sempre uma "sanção acessória decretada por um juiz para crimes de elevada gravidade".

O Governo pretende tirar a nacionalidade a imigrantes naturalizados há dez anos e condenados a pelo menos cinco anos de prisão efetiva por crimes de “elevada gravidade”, segundo uma proposta de lei aprovada no Conselho de Ministros desta segunda-feira, anunciou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro. A iniciativa legislativa ainda terá de passar pelo crivo do Parlamento.

O governante indicou que o Executivo aprovou a “introdução de um mecanismo de perda de nacionalidade” que se dirige “apenas a cidadãos naturalizados, não a portugueses de cidadania originária, sempre como sanção acessória, sempre que o juiz penal tenha detetado prisão efetiva igual ou superior a cinco anos num leque de crimes de elevada gravidade”, afirmou.

O anúncio foi feito no final da reunião de Conselho de Ministros desta segunda-feira, onde também foi decidido aumentar para até dez anos o prazo de residência para obtenção da nacionalidade portuguesa.

O novo regime aplica-se apenas a imigrantes naturalizados há dez anos e que “não tenham dupla nacionalidade, o que poderia gerar uma situação de apatridia, o que não é possível”, clarificou Leitão Amaro. Para além disso, atuará sempre como “sanção decretada por um juiz na sequência de crimes de elevada gravidade” como “crimes contra o Estado”, desde “espionagem a terrorismo ou traição”, mas também “crimes graves contra pessoas como homicídios, violação, ofensas muito graves à integridade física, situações de extrema violência contra pessoas e a sua liberdade em território nacional”, acrescentou.

Leitão Amaro afastou qualquer risco de inconstitucionalidade. “Não confundir este regime com regimes atabalhoadas de perdas automáticas de nacionalidade”, vincou. O mesmo responsável insistiu que a medida “não se aplica a cidadãos com nacionalidade originária”.

“Garantimos que não se aplica a pessoas que não tenham dupla nacionalidade, logo que gerasse situações de apatridia, o não é possível. Garantimos que há um juízo autónomo, específico e concreto na sequência de um processo, por isso, não há uma perda automática”, continuou.

A perda de nacionalidade ocorre apenas quando “há uma sanção” relativo a um crime de “elevada gravidade em abstrato e em concreto, ao nível da existência de uma pena de prisão efetiva”, salientou. Assim, Leitão Amaro considera que o Executivo conseguiu “um juízo de proporcionalidade totalmente conforme a Constituição, mais ainda quando se aplica a naturalizações nos últimos dez anos “.

Para além disso, “este projeto legislativo foi preparado com vários constitucionalistas exteriores ao Governo”. “Sinceramente, estou mesmo convencido que é uma solução jurídica firme robusta e equilibrada”, rematou.

(Notícia atualizada às 16h43)

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Governo quer estender para até dez anos prazo mínimo de residência para obter nacionalidade

Cidadãos de países da CPLP terão de estar há sete anos em Portugal para pedir a nacionalidade, enquanto os restantes precisarão de dez anos de residência. É ainda introduzido exame à língua e cultura.

O Governo aprovou esta segunda-feira em Conselho de Ministros uma proposta de lei que aumenta o prazo mínimo de residência para obtenção da nacionalidade portuguesa. Para os cidadãos nacionais dos países de língua oficial portuguesa o prazo passa de cinco anos para sete anos, enquanto para os cidadãos dos restantes países esse prazo passa para dez anos. O diploma que altera a lei da nacionalidade será agora submetido à Assembleia da República, onde será discutido e votado.

“[A proposta aumenta o] prazo mínimo de residência legal para habilitar a obtenção de nacionalidade, fazendo uma diferenciação, com um prazo de sete anos para os cidadãos nacionais de países de língua oficial portuguesa e de dez anos para os cidadãos de outros países”, anunciou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa.

Segundo explicou o governante, esses prazos começarão a contar com a obtenção do título de residência, e não a partir do momento em que o cidadão manifesta essa vontade.

Em simultâneo, Leitão Amaro explicou que, nesse processo de naturalização, passará também a ser exigido conhecimento da língua e da cultura portuguesa, além do conhecimento dos direitos e deveres fundamentais inerentes à nacionalidade portuguesa.

Acresce que, com o pedido de naturalização, o cidadão terá de fazer uma declaração solene de adesão aos princípios do Estado de direito democrático, de acordo com a proposta que agora seguirá para o Parlamento.

No Conselho de Ministros desta segunda-feira, o Governo aprovou também uma proposta de lei que altera a lei da nacionalidade no que diz respeito aos descendentes, passando a exigir que os pais cumpram um prazo de residência mínimo de três anos para que o descendente possa avançar com o pedido. Além disso, frisou o ministro, a nacionalidade só será atribuída aos descendentes caso esses manifestem essa vontade, e não de forma automática.

Questionado sobre se estas limitações se aplicam aos pedidos que já estão a ser tratados, o ministro da Presidência esclareceu que a “lógica é de aplicação para o futuro, a processos novos“. A exceção são os pedidos de cidadania derivada, uma vez que a proposta de lei prevê que as alterações se apliquem aos pedidos apresentados a partir de 19 de junho.

“Portugal tem de ter polícia de fronteiras”

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, durante o briefing após reunião do Conselho de Ministros, no Campus XXI, em Lisboa.JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Outra das propostas aprovadas esta segunda-feira é a criação de uma Unidade de Estrangeiros e Fronteiras dentro da PSP. O Governo anterior apresentou esta proposta no Parlamento, mas esta foi rejeitada. O novo Governo de Luís Montenegro vai agora insistir, garantindo o ministro da Presidência que o país precisa mesmo de ter uma polícia de fronteiras.

“A solução não é criar de novo o SEF de raiz. Não é transformar a AIMA numa polícia. A solução é, na PSP, criar uma unidade nacional de estrangeiros e fronteiras“, assegurou Leitão Amaro, em declarações aos jornalistas, referindo-se por SEF ao antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

O Governo quer fazer mudanças também ao reagrupamento familiar. Só será possível fazer essa solicitação se o imigrante estiver em Portugal há pelo menos dois anos com título de residência.

Por outro lado, António Leitão Amaro adiantou que, relativamente às autorizações de residência para os cidadãos dos países de língua oficial portuguesa, ficará limitada a possibilidade do pedido a quem disponha de visto de residência. “Isto significa que com esta decisão deixa de ser possível pedir em território nacional autorizações de residência CPLP apenas com visto de turismo ou com isenção de visto“, anunciou o ministro.

Quanto ao conjunto das medidas aprovadas esta segunda-feira, o mesmo governante referiu que estas são “mudanças importantes“, que são guiadas pelo princípio de que “a regulação deve ser firme e humanista“.

“Há claramente um reforço da exigência da ligação efetiva à comunidade nacional e ao país, que permite a atribuição de direitos políticos a quem é nacional. Há um reforço na exigência, sempre pautado pelo respeito constitucional“, sublinhou o ministro da Presidência.

“Via verde” para contratação de imigrantes aberta a grandes empresas

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, o ministro da Presidência foi ainda questionado sobre o protocolo de cooperação para a migração laboral regulada, conhecido como “via verde” para a contratação de imigrantes por empresas portuguesas.

Conforme avançou o ECO, já foi atribuído um visto através deste regime, daí que os jornalistas tenham pedido um novo balanço a Leitão Amaro. Em resposta, o governante não atualizou os números, mas frisou que o Governo “nunca elevou as expectativas” e “sempre desconfiou” das previsões que apontavam para a necessidade de muitos milhares de trabalhadores estrangeiros.

Por outro lado, o governante explicou que este protocolo está agora a ser aberto às grandes empresas (neste momento, só está disponível para as cinco confederações que o assinaram em abril), conforme já estava previsto.

Encetaremos com as instituições do ensino superior e as suas organizações representativas a proposta de negociação de um regime inspirado ao adotado com as confederações empresariais.

António Leitão Amaro

Ministro da Presidência

O Governo quer criar um mecanismo inspirado para agilizar a entrada de docentes, investigadores e professores estrangeiros em Portugal. “Encetaremos com as instituições do ensino superior e as suas organizações representativas a proposta de negociação de um regime inspirado ao adotado com as confederações empresariais”, assinalou Leitão Amaro.

Por outro lado, os vistos para procura de trabalho (vistos para vir para Portugal ainda sem contrato ou promessa de contrato de trabalho) “subsistirão apenas para funções altamente qualificadas“, frisou o mesmo responsável.

(Notícia atualizada às 19h19)

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Crédito à habitação deve contar com o custo do risco climático, defende estudo

Segundo um estudo desenvolvido pela Geneva Associacion, a concessão de crédito à habitação deve ter em conta o preço dos seguros contra fenómenos meteorológicos severos.

A expansão de medidas locais de prevenção contra fenómenos meteorológicos aliado a reformas nos sistemas de avaliação imobiliária e de crédito – incluindo critérios de resiliência climática no processo de concessão de crédito, são dois patamares de ações para reduzir as perdas financeiras em caso de catástrofe climática.

Segundo um estudo desenvolvido pela Geneva Associacion Safeguarding Home Insurance: Reducing exposure and vulnerability to extreme weather”, os dois patamares afastarão os consumidores de comprar imóveis em áreas vulneráveis face ao risco climático. A redução é justificada pelo aumento da consciencialização para o risco e porque ficarão sem acesso ao crédito habitação se não tiverem capacidades de cobrir os preços cobertos pelas seguradoras para os riscos que enfrentam.

Determinar as áreas de risco e tê-las em consideração na concessão do crédito vai diminuir o número de proprietários que que ficam sem capacidades financeiras para suportar o custo do seguro porque a avaliação do risco de incumprimento de pagar o crédito terá em conta essas variáveis.

As medidas propostas pelo estudo combatem os fatores que pesam no presumível aumento das perdas seguradas já neste ano para um valor de 200 mil milhões de dólares. Os fatores – sobre os quais é possível ativar planos de prevenção como os mencionados – são construção em áreas de risco, códigos de construção desatualizados, perda de ecossistemas naturais e, também, o impacto dos custos crescentes de reconstrução.

“Este relatório apresenta uma estratégia em duas vertentes, para reduzir os riscos das propriedades decorrentes de fenómenos meteorológicos extremos e salvaguardar o seguro de habitação, consistindo, por um lado, no alargamento de medidas de resiliência comprovadamente eficazes e, por outro, na reforma dos sistemas ligados ao setor segurador, em particular a valorização dos imóveis e o crédito hipotecário”, afirma Maryam Golnaraghi, diretora de Alterações Climáticas e Ambiente na Geneva Association.

Rui Esteves, cocoordenador do Impact Center for Climate Change da Fidelidade: O responsável considera que ao participar no estudo a seguradora contribui para que “o seguro de multirriscos habitação possa continuar a desempenhar a sua função social, num contexto cada vez mais exigente de fenómenos meteorológicos extremos”.

A Fidelidade contribuiu para a elaboração do estudo através da participação do Impact Center for Climate Change no Conselho Consultivo deste estudo. Para o estudo também contribuiu a Allianz, Axa, Chubb, Generali, Liberty Mutual, Mapfre, entre outras seguradoras.

Para Rui Esteves, co-coordenador do Impact Center for Climate Change da Fidelidade, “a participação da Fidelidade neste relatório permitiu partilhar de ideias com especialistas de todo o mundo e colaborar na construção de propostas para que diversas entidades contribuam para que o seguro de multirriscos habitação possa continuar a desempenhar a sua função social, num contexto cada vez mais exigente de fenómenos meteorológicos extremos”.

A Geneva Association é o principal think tank global da indústria seguradora, reunindo os CEO das maiores seguradoras e resseguradoras a nível mundial.

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Verspieren compra carteira de seguros da MCA

  • ECO Seguros
  • 23 Junho 2025

A corretora de seguros reforça a sua presença no Alto Minho com a aquisição da mediadora MCA ao seu fundador Amadeu Pereira. Assim, a VCS - Verspieren alarga o seu território em Monção e Melgaço.

A corretora de Seguros VCS, empresa do grupo Verspieren, concluiu a aquisição da carteira da MCA – Mediação de Seguros, numa operação com foco nos concelhos de Monção e Melgaço. Esta aquisição aumenta a presença da VCS, que passa a contar com dois escritórios, depois da aquisição da João Maria e Silva, há cerca de dois anos.

Paulo Ferreira Almeida, Diretor Comercial Norte, e a CFO da VCS, Anabela Azevedo, com Carlos Pereira, filho do fundador da CMA e Rogério Dias, CEO da Verspieren Portugal, no fecho do acordo.

A operação foi concretizada com Carlos Pereira, filho de Amadeu Pereira, o fundador da MCA Seguros que celebra 90 anos de vida e 50 anos de atividade como mediador.

A mediadora multimarca tem uma carteira composta por mais de 2.100 clientes e 3.200 apólices com um volume global de carteira de 620 mil euros em seguros não vida e cerca de 4,4 milhões de euros em seguros de vida, PPR e aplicações financeiras obtendo uma receita de comissões superior a 100 mil euros em 2024.

“Acreditamos profundamente no valor das relações locais. afirma Paulo Ferreira Almeida, diretor Comercial Norte da VCS Corretores de Seguros, acrescentando que “esta operação permite-nos consolidar a nossa presença numa região com forte identidade e relevância estratégica, levando a nossa proposta de valor a mais pessoas”.

O fundador da MCA, Amadeu Pereira, afirmou: “Não se trata de um adeus, mas de uma despedida carregada de memórias e emoções”, concluiu.

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Sumol homenageia praias portuguesas com edição especial de limão e campanha

  • + M
  • 23 Junho 2025

A edição especial “Sumol Limão, Edição Praias” é a protagonista da nova campanha da Sumol, que lançou ainda uma mini série com o surfista e influenciador João Kopke. A criatividade é da McCann.

A Sumol lançou a edição especial “Sumol Limão, Edição Praias”, que dá a conhecer 46 praias portuguesas nas suas embalagens. Esta edição especial é também a protagonista da nova campanha da marca, que tem como mote “Descobre a tua praia com Sumol Limão”.

Com o objetivo de “despertar as memórias que cada um de nós tem da sua praia favorita”, a campanha pretende ser “uma verdadeira ode às praias portuguesas narrada em estilo poético”, até porque “temos em nós todas as praias de Portugal”.

A campanha conta com diferentes peças “que ajudam a compor toda a história, através dos diferentes pontos de contacto da marca”, incluindo uma narrativa principal que “pode ser vista, e vivida, em digital, conteúdos nativos, tanto de behind the scenes, como de desafios levados a cabo pela comunidade de co-criadores da marca, e execuções mais curtas para televisão”, refere-se em nota de imprensa. A estratégia e criatividade são da McCann, a produção da Playground e o planeamento de meios a Initiative.

O surfista profissional e influenciador digital João Kopke é o responsável por complementar esta história, ao dar vida a uma mini-série de três episódios, ao longo da qual percorre várias praias de Portugal com a carrinha pão de forma Sumol e vive diferentes experiências que passam pelo surf, mergulho, gastronomia.

A Sumol permite ainda aos consumidores criarem a sua própria lata, incluindo o nome da sua praia favorita, através de uma landing page, com os mesmos a habilitarem-se também a ganhar um fim de semana com três amigos e a carrinha pão de forma de Sumol, para viverem “novas experiências numa praia portuguesa”.

Demos vida a um conceito criativo de descoberta da ‘nossa praia’, ao que nos liga verdadeiramente àquele sítio que nos traz memórias épicas. Fazemo-lo desde a embalagem, com uma série de praias que podemos colecionar, até à diversidade de histórias que trazemos, das mais poéticas às mais reais, da nossa vivência por estas praias tão icónicas em Portugal. Tudo isto com um toque de limão, um sabor super refrescante, cítrico, ideal para os dias de calor que pedem um Sumol Limão Edição Praias bem fresquinho”, diz Rita Geraldes, marketing manager da Sumol, citada em comunicado.

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Associação de elétricas espanhola culpa má gestão do operador da rede do país pelo apagão

  • Lusa
  • 23 Junho 2025

A associação de empresas de energia de Espanha, que integra a EDP, Endesa e Iberdrola, atribuiu a responsabilidade pelo colapso energético à Red Elétrica (REE), por má gestão e programação.

A associação de empresas de energia de Espanha (Aelec), que integram EDP, Endesa e Iberdrola, atribuiu o apagão de abril à má gestão do operador da rede elétrica espanhola no controlo de flutuações e sobrecarga de tensão.

A causa principal do zero elétrico foi uma falha grave no controlo de tensão do sistema elétrico” por “má programação“, por não terem sido ativadas suficientes instalações de produção por parte da empresa Red Elétrica (REE), a operadora do sistema de Espanha, apesar de haver capacidade instalada e recursos suficientes, disse esta segunda-feira a dirigente da associação Marta Castro, numa conferência de imprensa em Madrid.

A Aelec apresentou as conclusões de um estudo de “peritos técnicos independentes”, com o título “Análise dos acontecimentos que conduziram ao zero elétrico de 28 de abril de 2025”, que afetou toda a Península Ibérica, feito pela consultora Compass Lexecon com o INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Tecnologia, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Marta Castro disse, no final da apresentação do estudo por dois dos autores (ambos da Compass Lexecon), que a Aelec está “totalmente de acordo com o diagnóstico dos peritos independentes” – e também com o da comissão sobre o apagão constituída pelo Governo de Espanha – e atribuiu a responsabilidade pelo colapso à REE.

A REE é “a única responsável” por garantir a segurança do abastecimento de eletricidade em Espanha e “também de controlar os níveis de tensão na rede”, sublinhou.

O problema do dia 28 deveu-se a que a Red Eléctrica não ativou todos os recursos disponíveis que tem ao seu alcance para evitar flutuações de tensão na rede de transporte, que se registaram não apenas momentos antes, mas também nos dias e horas anteriores ao apagão“, afirmou Marta Castro.

A dirigente da Aelec negou, por outro lado, que centrais de produção de empresas associadas desta organização se tenham desligado em 28 de abril de forma “indevida” ou que tenha havido incumprimento de obrigações por parte das elétricas, como acusou, na semana passada, a REE e como sugere também o relatório da comissão criada pelo Governo espanhol.

Marta Castro garantiu ainda que todas as instalações fotovoltaicas de empresas da Aelec na zona de Badajoz funcionaram normalmente durante e antes do apagão e continuam a funcionar, com autorização e por solicitação da REE.

A comissão criada pelo Governo e o relatório interno da REE sobre o apagão identificaram uma oscilação grande e anómala numa unidade fotovoltaica na zona de Badajoz no dia do apagão, que a imprensa espanhola diz ser da Iberdrola. As empresas associadas da Aelec representam 45% da capacidade de geração instalada em Espanha e 78% das redes de distribuição, segundo informação divulgada.

O estudo da Compass Lexecon é o terceiro a ser divulgado em Espanha relativo ao apagão, depois dos relatórios da comissão criada pelo Governo e do relatório interno da REE.

“Existe um consenso nestes relatórios em que a origem do apagão foi um problema de controlo de tensão, em concreto, um problema de sobretensão”, disse um dos autores da análise apresentada hoje na Aelec, Antón Garcia.

Segundo esta análise, houve “flutuações relevantes” de tensão no sistema nos dias, horas e minutos anteriores ao apagão, que ocorreu às 12:33 (11:33 em Lisboa) de 28 de abril.

Mas também “em anos anteriores” e, sobretudo, desde 2021 têm aumentado “os episódios de sobrecarga de tensão na rede de transporte” de eletricidade, devido à maior entrada de renováveis, que por causa do quadro legal e regulatório não têm obrigações nem incentivos para controlo da tensão, que cabe a outros tipos de tecnologias (a designada geração convencional).

Apesar das flutuações e sobrecarga no sistema nos dias anteriores, foi programada para o dia 28 de abril “a menor capacidade de controlo de tensão do ano” e especialmente “escassa” no sul do país, onde se iniciou o apagão, segundo a análise apresentada hoje na sede da Aelec.

Nesse dia não existia, assim, “suficiente geração convencional para controlar a tensão” e deu-se o apagão, lê-se na análise divulgada aos jornalistas. Os autores do estudo dizem que as conclusões são preliminares porque para “uma análise mais exaustiva” é necessária “informação adicional” que só a Red Eléctrica tem.

Ainda assim, dizem que em relação à desconexão das centrais de produção “parecem pouco prováveis falhas simultâneas sem uma causa sistémica” (a sobrecarga de tensão não controlada) e realçam que nos dias seguintes ao apagão, quando foi ativada mais geração convencional, “diminuíram as flutuações”.

Para além da programação da REE, a análise – e a direção da Aelec – questionam porque não foram ativadas, no sudoeste de Espanha, na manhã do apagão e quando havia já níveis altos de sobrecarga, centrais hidráulicas, que têm capacidade de se ligar ao sistema em pouco tempo, tendo a REE optado por solicitar uma unidade de ciclo combinado, que precisa de horas para se incorporar à rede e já não conseguiu estar ativa antes do colapso.

Na semana passada, num comunicado, a Aelec já tinha garantido que as empresas do setor cumpriram com todas as obrigações legais no dia do apagão.

No dia anterior, o Governo de Espanha apresentou as conclusões da comissão de investigação que constituiu para apurar as causas do apagão e revelou que o colapso elétrico se deveu a uma “combinação de fatores” que causaram elevada sobrecarga de tensão que o sistema foi incapaz de controlar ou absorver, apesar de haver infraestrutura suficiente de resposta.

O executivo atribuiu responsabilidades a uma “má planificação” por parte da Red Elétrica de Espanha e a falhas na resposta a que estavam obrigadas empresas produtoras de energia, com suspeitas de incumprimento dos protocolos previstos para situações de sobrecarga de tensão.

a Red Elétrica atribuiu o apagão a incumprimentos de obrigações por parte das empresas produtoras de energia, mas rejeitou as acusações de “má planificação”.

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Porto e Junta da Galiza defendem importância estratégica de linha de alta velocidade

  • Lusa
  • 23 Junho 2025

O autarca portuense afirma que o projeto da ligação de alta velocidade assume uma importância estratégica que "extravasa o âmbito regional e as circunstâncias da eurorregião".

O presidente da Câmara do Porto defendeu esta segunda-feira que o Norte de Portugal e a Galiza devem continuar “a sensibilizar, em uníssono”, os governos de Portugal e Espanha para a importância estratégica da alta velocidade entre Porto e Vigo.

Rui Moreira considerou que as revindicações da eurorregião “são certamente mais audíveis e mais convincentes falando a uma só voz”.

O autarca independente do Porto entregou esta segunda-feira as Chaves da Cidade ao presidente da Junta de Galiza, Alfonso Rueda, numa cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

Segundo Rui Moreira, este projeto da ligação de alta velocidade assume uma importância estratégica que “extravasa o âmbito regional e as circunstâncias da eurorregião”.

“Este projeto ferroviário também produz efeitos de arrastamento e externalidades positivas, quer no todo nacional dos dois países quer na própria União Europeia”, referiu.

Assim, sublinhou o autarca portuense, “a linha de alta velocidade Porto-Vigo deve ser encarada como um desígnio regional, mas também nacional e europeu”.

Em seu entender, a alta velocidade irá transformar a mobilidade no Eixo Atlântico, tornando-a mais “eficiente e sustentável”.

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do PortoFERNANDO VELUDO/LUSA

“O efeito imediato desta mobilidade será uma coesão regional e territorial e dessa coesão resultam, por seu turno, mais oportunidades de cooperação económica, investimento empresarial e relações comerciais”, acrescentou.

Resultam também “mais oportunidades de fluxo turístico, mobilidade laboral e abastecimento logístico, mais oportunidades de relacionamento social, cultural e académico e mais oportunidades de intercâmbio de talento, tecnologia e inovação”, disse.

“Em suma, a alta velocidade é um fator crítico de desenvolvimento regional, capaz de potenciar a competitividade das empresas, o bem-estar das populações e a qualidade do meio ambiente”, frisou Rui Moreira.

O presidente da Junta da Galiza afirmou que “não se pode esperar mais” e que a eurorregião “precisa e merece um comboio moderno, um comboio rápido, um comboio eficiente, que multiplique as oportunidades”.

Em finais de fevereiro, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou que a ligação ferroviária de alta velocidade entre Porto e Vigo fica concluída em 2032, fazendo com que o Norte de Portugal e a Galiza fiquem com “uma posição geoestratégica única”.

“Porto-Vigo [por alta velocidade] não é um estudo. É uma concretização. Vamos fazer o investimento e vamos concluir em 2032. E acreditamos que Espanha tenha então concluído o investimento do lado espanhol”, afirmou o ministro Miguel Pinto Luz, em Vigo, onde participou no encontro Conectando el Noroeste, promovido pela Confederação Empresarial de Pontevedra, e na qual participou também o presidente da Junta de Galiza, Alfonso Rueda Valenzuela.

Quanto aos prazos da alta velocidade Porto-Vigo, o ministro explicou que as ligações Braga-Valença e Campanhã-Aeroporto (Porto) terminam em 2032, o que permitirá a ligação entre o Porto e a fronteira de Valença.

A ligação Porto-Vigo prevê uma nova ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e um troço Braga-Valença (distrito de Viana do Castelo).

Esta segunda-feira, Alfonso Rueda defendeu também que devem ser fixados “prazos realistas que possam ser cumpridos”.

“Claro que, a partir da Galiza, estamos a tempo de exercer toda a influência” necessária à concretização deste projeto, disse o autarca galego, que chamou também a atenção para outros projetos específicos entre as duas regiões, designadamente o que se refere ao estatuto do trabalhador transfronteiriço.

Segundo Rueda, são cerca de “14 mil trabalhadores”, galegos e portugueses, que “criam economia nos grupos fronteiriços, que criam riqueza em toda a fronteira”, mas que continuam a defrontar-se com “obstáculos burocráticos e administrativos”.

Sobre a entrega das Chaves da Cidade do Porto ao autarca galego, Rui Moreira referiu que é mais do que um momento simbólico: “traduz-se em novas oportunidades de relacionamento transfronteiriço”.

De acordo com informação disponível no site da Câmara do Porto, as Chaves da Cidade representam um alto galardão municipal para distinguir personalidades que, pelo seu prestígio e pela sua ação, tenham elevado o nome da cidade e do país aos mais altos patamares internacionais.

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