Fábrica da Stellantis em Mangualde com “paragens pontuais” devido aos incêndios

"Constrangimentos logísticos" e ausência de funcionários para proteção de bens e auxílio às famílias afetadas pelos incêndios estão a afetar a produção da segunda maior fábrica automóvel em Portugal.

Fábrica da Stellantis em Portugal, anterior PSA Mangualde, está há mais de 60 anos nesta localidadeStellantis

A fábrica da Stellantis em Mangualde está a sofrer atrasos e paragens pontuais em resultado dos incêndios que assolam aquela região do país. “Existem constrangimentos pontuais logísticos”, explica ao ECO/Local Online o diretor de comunicação da Stellantis em Portugal. “A maior preocupação é a segurança do nosso pessoal e das famílias”, frisa Jorge Magalhães.

O responsável de comunicação do grupo nascido da fusão da PSA – Peugeot/Citroën com o grupo Fiat Chrysler diz que “é muito cedo para projetar se vai haver impacto na produção”. “Ainda podemos recuperar”, afirma. A expectativa é de que as perdas neste período possam ser colmatadas com reforço da produção mais tarde, não colocando em causa os objetivos definidos para a fábrica de Mangualde.

É muito cedo para projetar se vai haver impacto na produção. Ainda podemos recuperar.

Jorge Magalhães

Diretor de comunicação da Stellantis em Portugal

A fábrica da Stellantis, onde se fabricam pequenos furgões da Citroën, Fiat, Opel e Peugeot, é a segunda maior do setor no país. No ano passado, foi responsável pela produção de mais de 80 mil viaturas, apenas superada pelas 220 mil unidades da Autoeuropa, tendo atingido o seu recorde anual das seis décadas de existência logo no final de novembro de 2023. Com os investimentos ali realizados, a fábrica onde o grupo automóvel assinalou, em julho, o início da produção de veículos elétricos, após um investimento de 119 milhões de euros, exporta 95% da produção.

Com os cortes de estradas que se têm verificado nas principais estradas e autoestradas do centro e norte do país desde segunda-feira, dos quais se mantém o fecho de um troço da A25 — via que liga o litoral à fronteira com Espanha em Vilar Formoso, passando por Mangualde –, o abastecimento de componentes está a condicionar as operações.

Na terça-feira, a Luís Simões, um dos maiores operadores do país no transporte de mercadorias, explicou ao ECO/Local Online que a “preocupação está mais direcionada para o fluxo ibérico, pois as limitações na A25 e A24 estão a condicionar-nos, gerando atrasos ou desvios de muitos quilómetros. Também alguns fluxos industriais para a zona de Mangualde/Nelas ou foram suspensos pelos clientes ou estamos a fazê-los com fortes limitações”. A situação era, contudo, já menos gravosa do que na segunda-feira, quando as autoestradas de ligação do eixo Lisboa-Aveiro-Porto (A17, A29 e A1) estiveram encerradas em simultâneo. A A1 acabaria por abrir na íntegra apenas na noite desta terça-feira.

Alguns funcionários são bombeiros e são sempre libertados para o combate ao fogo. Aos colaboradores com família e bens em risco, é permitido acudir aos seus.

Jorge Magalhães

Diretor de comunicação da Stellantis em Portugal

À equipa da fábrica de Mangualde, a Stellantis está a permitir a ausência do trabalho “para acudir a bens e família”, afirma Jorge Magalhães. A fábrica tem mesmo algumas viaturas para quem necessite de se deslocar com urgência. “Alguns funcionários são bombeiros e são sempre libertados para o combate ao fogo. Aos colaboradores com família e bens em risco, é permitido acudir aos seus”, frisa o responsável da Stellantis em Portugal.

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Seis associações empresariais pedem alargamento do prazo para novas regras anti desflorestação

  • Joana Abrantes Gomes
  • 18 Setembro 2024

APED, CAP, FIPA, Centromarca, IACA e APEL alertam que burocracia e encargos financeiros podem levar empresas a incumprir regras que proíbem importação de produtos sujeitos a desflorestação após 2020.

Um conjunto de seis associações empresariais subscreveram um manifesto a apelar à extensão do prazo para a implementação das novas regras anti desflorestação da União Europeia (UE), que visam proibir a importação de produtos como carne de bovino, café ou madeira que sejam provenientes de regiões desflorestadas após dezembro de 2020.

O manifesto junta as assinaturas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a CAP – Confederação de Agricultores de Portugal, FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, Centromarca (Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca), IACA – Associação Portuguesa dos industriais de Alimentos Compostos por Animais e Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).

Em comunicado, as associações de setores diretamente visados pelo novo regulamento comunitário justificam o pedido com o “atraso” no desenvolvimento de um sistema informático próprio a cargo da Comissão Europeia, no qual as empresas têm de introduzir declarações de diligência devida (DDD) e a “falta de informação e orientações” que as ajudem a esclarecer dúvidas sobre a aplicação das regras.

Além do aumento da burocracia e dos encargos financeiros, as seis associações alertam que “existe um risco real de as micro e pequenas empresas não conseguirem cumprir o regulamento por incapacidade de adaptação, com impacto em toda a cadeia, designadamente no que se refere à produção nacional”.

Acresce que fornecedores de países terceiros podem vir a “redirecionar a sua oferta para outros destinos que não a UE por incapacidade ou falta de disponibilidade para cumprir” as novas obrigações e podem existir “disrupções na cadeia de fornecimento, de que poderão resultar escassez e aumento do preço dos bens à disposição dos consumidores”.

Nesse sentido, os signatários consideram ser “urgente” alargar o período de transição para a implementação do regulamento “para, pelo menos, seis meses após os sistemas informáticos e os critérios de classificação de risco estarem totalmente operacionais e harmonizados” e, por outro lado, dar seguimento a um trabalho de estreita cooperação com os diferentes elos da cadeia de valor, em conjunto com as entidades oficiais, que garanta um alinhamento claro com as necessidades práticas das empresas e a sua implementação sustentável”.

O regulamento anti desflorestação prevê que, a partir de 30 de dezembro, passe a ser proibida na UE a comercialização de produtos provenientes de regiões que tenham sofrido desflorestação após dezembro de 2020. Na lista de produtos abrangidos constam, por exemplo, a carne de bovino, o café, o cacau, a palmeira-dendém, a soja, a borracha, a madeira ou os produtos impressos.

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BEI concede empréstimo verde de 166 milhões à BNZ, que tem projetos fotovoltaicos em Portugal

O empréstimo financiará 17 projetos fotovoltaicos da BNZ espalhados por Portugal, Espanha e Itália, que vão fornecer energia limpa equivalente ao consumo anual de mais de 390 mil famílias.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) concedeu um empréstimo verde de 166 milhões de euros à empresa BNZ, que servirão para apoiar o desenvolvimento de 17 projetos fotovoltaicos em Espanha, Itália e Portugal.

Os 17 projetos que são agora apoiados vão fornecer energia limpa equivalente ao consumo anual de mais de 390 mil famílias, e serão instalados em zonas de coesão, nas quais o rendimento está abaixo da média europeia, informa ainda a nota enviada à imprensa pela instituição bancária.

“O projeto vai impulsionar a oferta de energia e a segurança energética, ao mesmo tempo que contribui para a autonomia da Europa ao reduzir a dependência das importações de combustíveis fósseis”, comenta o diretor do BEI de Project Finance, Alessandro Izzo. Por seu lado, o CEO da BNZ, Luís Selva, afirma que este financiamento “demonstra a solidez do nosso negócio“, ao mesmo tempo que abre portas para a empresa “explorar a diversidade tecnógica e geográfica”.

Esta é a primeira fatia de um empréstimo total de 500 milhões de euros, aprovado pelo BEI, para financiar o lançamento de 1,7 gigawatts (GW) de capacidade no sul da Europa, até ao final de 2026. Este financiamento insere-se no InvestEU, um programa para mobilizar mais de 372 mil milhões de euros de investimento adicional de fundos do setor público e privado, com o objetivo de apoiar os objetivos para o período entre 2021 a 2027.

Tal como o ECO/Capital Verde avançou recentemente, a BNZ iniciou em setembro a construção do primeiro de nove projetos fotovoltaicos que pretende instalar no país. Os outros dois projetos mais avançados deverão entrar na fase de construção nos primeiros seis meses do próximo ano. Tecnologias de armazenamento e energia eólica também estão na calha.

 

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Bruxelas pede mais dinheiro e nova estratégia para responder a catástrofes como os incêndios em Portugal

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Comissário para a Gestão de Crises recorre aos incêndios em Portugal para alertar que a UE tem de “melhorar a sua capacidade de resposta”, o que exige "reforçar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

A Comissão Europeia reconheceu esta quarta-feira, exemplificando com os incêndios em Portugal, que é necessário financiamento adequado e uma estratégia inovadora para apoiar com eficácia Estados-membros e regiões afetados por fenómenos meteorológicos extremos, que deixaram de ser uma exceção.

“Do outro lado da Europa, milhares de hectares de florestas estão a arder em Portugal […], quero expressar a minha solidariedade para com as pessoas afetadas por estes desastres e enviar as minhas condolências às pessoas que perderam familiares”, disse o comissário para a Gestão de Crises, Janez Lenarčič, na abertura de um debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em França.

O comissário europeu reconheceu que “estes acontecimentos meteorológicos extremos, que antes ocorriam uma vez na vida, são hoje recorrentes, acontecem todos os anos”, por isso a União Europeia tem de “melhorar a sua capacidade de resposta”.

E isso só é possível, por enquanto, “reforçando a capacidade de resposta do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, assegurando o seu financiamento”, incentivando os eurodeputados a olharem para o futuro e para uma estratégia que consiga proteger as populações “quando acontecer o próximo desastre” e assegurar a recuperação das regiões afetadas.

Janez Lenarčič advertiu que já não é possível “voltar para um passado de segurança”, até porque a Europa “é a massa continental que mais está a aquecer”.

Um relatório de abril de 2024, da agência meteorológica das Nações Unidas e da União Europeia, identificou que o continente europeu é o que está a aquecer mais, cerca de duas vezes mais do que a média global.

Só com uma estratégia correta, alertou o comissário, vai ser possível evitar imagens como as de pessoas em desespero “com apenas a roupa que tinham nos corpos”. “Estas tragédias já não são anomalias, são a norma e assim serão no nosso futuro”, completou.

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Portugal financia-se em 500 milhões a 12 meses com juro abaixo dos 3%

Tesouro financiou-se esta quarta-feira em 750 milhões de euros, com os custos a baixarem significativamente. Pagou menos de 3% para emitir 500 milhões de euros em bilhetes a 12 meses.

Portugal financiou-se esta quarta-feira em 750 milhões de euros através da emissão de títulos de dívida de curto prazo, com os custos do financiamento a baixarem em relação ao anterior leilão.

O IGCP emitiu 500 milhões de euros com Bilhetes do Tesouro a 12 meses e pagou aos investidores uma taxa de juro de 2,794%, abaixo dos 3,451% do leilão realizado em maio. Desde julho do ano passado que a taxa a 12 meses ficou sempre acima dos 3%.

Já na linha a seis meses a agência liderada por Miguel Martín obteve 250 milhões de euros a uma taxa média de 3,161%, baixando em comparação com os 3,631% que pagou há apenas quatro meses.

Custos de financiamento baixam

Fonte: IGCP

Em ambas as linhas a procura revelou-se robusta, o que ajudou a baixar os custos do financiamento. O que era, de resto, já esperado em função do alívio das taxas de juro oficiais do Banco Central Europeu (BCE). Desde maio, a autoridade monetária da Zona Euro cortou as taxas diretoras por duas ocasiões — a última na semana passada — e a tendência será de desaperto da política de juros nos próximos meses perante a redução das pressões inflacionistas. A Reserva Federal americana deverá seguir hoje o mesmo caminho.

“A descida que verificamos acaba por refletir o movimento que temos tido no mercado e está em sintonia com as perspetivas dos bancos centrais”, explica Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.

“A inflação tem vindo a descer como se previa e por força das políticas monetárias que estavam em vigor, temos agora uma inversão das mesmas. As economias estão a ter o comportamento esperado, motivo pelo qual o discurso dos bancos centrais continue no modo de ver os dados futuros para depois darem as indicações sobre se e quando teremos novas descidas de taxas”, acrescenta o responsável.

Devido ao aperto da política monetária, os governos assistiram a um agravamento do custo da dívida pública nos últimos anos. No caso português, o custo da dívida emitida escalou dos 0,5% para 3,5% entre 2020 e 2023, de acordo com os dados do IGCP.

(Notícia atualizada às 10h58)

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Justiça da UE anula multa de 1.500 milhões à Google na publicidade online

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Em causa está uma multa aplicada em março de 2019 pela tutela da Concorrência da União Europeia (UE) por a ‘gigante’ tecnológica norte-americana ter cometido três infrações distintas.

O Tribunal Geral da União Europeia, de primeira instância, anulou uma multa de cerca de 1,5 mil milhões de euros à Google imposta pela Comissão Europeia há cinco anos por abuso de posição dominante na publicidade ‘online’.

Num acórdão divulgado esta quarta-feira, o Tribunal Geral anuncia que “anula a decisão pela qual [a Comissão Europeia] aplicou uma coima de quase 1,5 mil milhões de euros à Google, com o fundamento, nomeadamente, de que esta não teve em consideração todas as circunstâncias relevantes na sua apreciação da duração das cláusulas contratuais que considerou abusivas”.

Em causa está uma multa aplicada em março de 2019 pela tutela da Concorrência da União Europeia (UE) por a ‘gigante’ tecnológica norte-americana ter cometido três infrações distintas, que, segundo a argumentação da altura, constituíam uma infração única e continuada, de janeiro de 2006 a setembro de 2016. Na altura, a instituição acusou a Google de ter consolidado neste período o seu domínio na área dos anúncios ‘online’ no motor de busca e, dessa forma, através da imposição de restrições contratuais com sites terceiros.

Agora, Tribunal Geral afirma que “confirma a maior parte das conclusões da Comissão”, mas salienta que o executivo comunitário “cometeu erros na sua apreciação” do caso, ao “não ter demonstrado que as três cláusulas que tinha identificado [como violadas pela Google] constituíam, cada uma delas, um abuso de posição dominante e que, no seu conjunto, constituíam uma infração única e continuada ao artigo 102”.

O Artigo 102 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia proíbe a prática de abuso de posição dominante no mercado único. Por essa razão, o Tribunal Geral anula a decisão da Comissão Europeia na sua totalidade, sendo que esta decisão ainda pode ser sujeita a recurso, com a última palavra a caber ao Tribunal de Justiça da UE.

Desde 2003, a Google explora uma plataforma de publicidade ‘online’ AdSense, através da qual a empresa presta serviços como um de intermediação denominado AdSense for Search.

TJUE confirma multa de mais de 238ME à Qualcomm por abuso de posição dominante

A primeira instância do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) confirmou uma multa de mais de 238 milhões de euros aplicada pela Comissão Europeia à Qualcomm por abuso de posição dominante.

Num comunicado que acompanha o acórdão daquela instância judicial, o TJUE confirmou a aplicação da multa, mas reduziu o seu montante de 242 milhões de euros para 238,7 milhões de euros.

O TJUE concluiu que a Qualcomm, enquanto empresa que fabrica componentes essenciais para a maioria dos aparelhos eletrónicos de utilização diária, abusou da sua posição dominante no mercado para praticar preços muito mais elevados.

A Qualcomm é uma empresa norte-americana especializada em circuitos integrados e tecnologias sem fios. Os circuitos integrados são vendidos a empresas que fabricam telemóveis, computadores portáteis, módulos de dados, entre outros bens de consumo eletrónicos. Em junho de 2009, a Icera, uma sociedade britânica (na altura o Reino Unido ainda fazia parte do bloco comunitário), fez uma denúncia à Comissão Europeia contra a Qualcomm. Mais tarde, em 2012, a Nvidia, sociedade norte-americana que tinha adquirido um ano antes a Icera, forneceu dados complementares, acusando a Qualcomm de “preços predatórios”.

Em 18 de julho de 2019, a Comissão decidiu aplicar uma multa de 242 milhões de euros. A empresa contestou e levou o processo ao TJUE, pedindo a anulação na totalidade ou uma redução substancial do valor da multa. A primeira instância deste tribunal analisou os 15 argumentos apresentados e rejeitou-os “integralmente, com exceção de um relativo ao cálculo do montante da coima”.

Neste último, concluiu que a Comissão Europeia “se afastou, sem justificação, do método imposto” pelas orientações para calcular o valor da multa, fixando um novo valor.

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Mercadona cria hub tecnológico em Gaia. Retalhista já está a recrutar especialistas em software

Centro de desenvolvimento de software vai ficar instalado nos escritórios da sede da retalhista em Portugal, em Vila Nova de Gaia. Equipa da Mercadona IT conta com mais de 1.000 profissionais.

A Mercadona vai instalar um hub de desenvolvimento de software nos escritórios da sede em Portugal, localizados em Vila Nova de Gaia. Esta nova estrutura será integrada na Mercadona IT, responsável pela digitalização da retalhista de origem espanhola e que conta com mais de 1.000 profissionais.

“Neste hub, a equipa trabalhará da mesma forma e em proximidade com a equipa de Espanha, centrando-se na digitalização e na reengenharia dos mais de 300 sistemas internos e de aplicações utilizadas nos mais de 1.600 supermercados da cadeia, em Portugal e Espanha, bem como nos seus 17 blocos logísticos”, detalha.

Em comunicado, a Mercadona detalha que já se encontra a recrutar profissionais de Java Back Developer para este novo hub tecnológico em Portugal. Entre os perfis que compõem esta equipa tecnológica da empresa estão especialistas em áreas como desenvolvimento e arquitetura de software, cibersegurança, DevOps, gestão de dados, product management, product designers, cloud, infraestrutura IT ou design UX/UI.

A Mercadona abriu o primeiro supermercado em Portugal a 2 de julho de 2019 em Canidelo, Vila Nova de Gaia, calculando já ter investido um total de 1.000 milhões de euros no país e gerado perto de 6.000 novos empregos, apontando ao objetivo de chegar aos 150 espaços comerciais. Deste lado da fronteira, até ao final do ano irá chegar às 60 lojas e concluir o bloco logístico de Almeirim (Santarém).

Quanto às equipas de tecnologias de informação, refere ainda na mesma nota, têm como missão “definir, desenvolver e implementar as soluções tecnológicas que melhor se adaptam às necessidades da Mercadona, com um único objetivo: melhorar e otimizar os processos internos da empresa, desde a logística aos recursos humanos, passando pelo departamento financeiro ou obras”.

Em 2023, a cadeia de supermercados Mercadona faturou um total de 35.527 milhões de euros, dos quais 1.403 milhões de euros em Portugal, onde quase duplicou (+90%) as vendas face ao ano anterior e “pela primeira vez não [perdeu] dinheiro”, como destacou o presidente, Juan Roig.

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Startup de experiências para hotelaria Turneo levanta dois milhões e entra em Portugal

Startup fundada por croatas, e com sede em Londres, atua na área das experiências no setor hoteleiro. Portugal é "mercado prioritário".

Depois de levantar dois milhões de euros, a Turneo acaba de entrar em Portugal, considerado um “mercado prioritário” para a startup centrada em turismo de experiências. Espanha, França, Itália e África são outros mercados na mira.

“Embora estejamos em conversações com cadeias hoteleiras de todo o mundo, o nosso forte foco de outbound para os próximos 6-12 meses é o Mediterrâneo (Portugal, Espanha, França, Itália) e África (que é um mercado incrivelmente focado em experiências)”, adianta Fran Kauzlaric, cofundador da Turneo, ao ECO, quando questionado sobre os mercados na mira da startup.

Portugal também pode servir como um excelente impulso para o mercado africano, devido às ligações históricas, à proximidade geográfica e aos laços culturais. Dito isto, vemos um enorme potencial na Ásia, devido à elevada adoção do digital em todo o continente – por isso é o próximo no radar”, continua o cofundador.

A entrada no mercado nacional ocorre depois da startup, fundada em 2022 por croatas e com sede em Londres, ter fechado uma ronda de dois milhões de euros liderada pela Bessemer Venture Partners, líder mundial em capital de risco de early stage, com a participação da Underline Ventures.

A startup dá aos hóspedes a possibilidade de navegarem e reservarem atividades no site ou na aplicação do hotel e, ao mesmo tempo, fornece, aos hotéis, uma plataforma única onde toda a oferta de atividades internas e de parceiros é gerida, o que passa pela criação e publicação de novas experiências e de parcerias com fornecedores locais, análise de dados de atividades, informações e comentários dos seus hóspedes.

Hoje já trabalha com hotéis “espalhados da Croácia à Tanzânia e de Portugal à República Checa”. “Os nossos primeiros utilizadores eram hoteleiros inovadores que reconheceram que os viajantes de hoje escolhem os seus destinos de férias (e hotéis!) com base no que querem experimentar e que estão conscientes de que as experiências são fundamentais para as viagens”, diz o responsável, sem adiantar valores.

Um mercado em crescimento, dizem. Nos últimos anos, assistiu-se a um crescimento significativo do mercado do turismo experiencial, prevendo-se que atinja os 463 mil milhões de dólares até 2030, destes 172 mil milhões serão gerados através de unidades hoteleiras, segundo dados partilhados pela startup.

Portugal: objetivo até 20% do mercado hoteleiro

Em Portugal, os Açores é a primeira região onde passam a operar no país, através de uma parceria com a cadeia Azoris Hotels & Leisure, que conta com três unidades de quatro estrelas no arquipélago, que passa assim a oferecer uma gama diversificada de experiências de wellness e atividades ao ar livre através da plataforma da Turneo.

Mas a perspetiva é expandir a outras regiões do país e outras cadeias hoteleiras. “Ao entrar num novo mercado, a nossa empresa concentra-se em identificar hoteleiros que demonstraram liderança em hospitalidade experiencial nos destinos que mostram o maior potencial para este tipo de viagens, uma vez que o lançamento pode ter um impacto tremendo na indústria do turismo das comunidades locais”, diz o cofundador.

Com o nosso enfoque em hotéis experienciais e inovadores, estou confiante de que podemos conquistar 10-20% do mercado hoteleiro português no que diz respeito à distribuição de experiências.

“Em Portugal, praticamente todas as regiões preenchem estes critérios, e é por isso que estamos tão entusiasmados por entrar no mercado e colaborar com hoteleiros inovadores. Desde as planícies extensas, as cidades históricas e a cultura do vinho do Alentejo até às quintas centenárias do Douro. Caminhadas nas levadas da Madeira, observação de baleias e mergulho no deslumbrante arquipélago dos Açores, exploração das aldeias piscatórias tradicionais do Algarve ou aventuras na montanha em pousadas ecológicas da Serra da Estrela – as viagens experienciais estão no coração das razões pelas quais as pessoas visitam Portugal, e estamos entusiasmados por o termos escolhido como o nosso mercado prioritário“, continua.

Fran Kauzlaric mostra-se otimista quanto ao potencial do mercado português para a Turneo. “Portugal é um mercado incrível, tanto em termos de hotéis, como de experiências. Existem mais de 3.100 hotéis – quer independentes, quer integrados em cerca de 70-80 cadeias hoteleiras a operar no país. A maioria desses hotéis já oferece aos hóspedes algum tipo de atividades internas ou externas. A forma como o fazem é normalmente complexa do ponto de vista operacional para o hotel, para o organizador da experiência e, em última instância, para o hóspede”, diz.

“Estamos aqui para substituir ‘a caneta, o papel e o telefone’ e permitir que esses hotéis apresentem os seus destinos aos hóspedes digitalmente e que estes reservem experiências fantásticas online, antes ou durante a estadia”, diz ainda.

E tem objetivos de negócio concretos. “Com o nosso enfoque em hotéis experienciais e inovadores, estou confiante de que podemos conquistar 10-20% do mercado hoteleiro português no que diz respeito à distribuição de experiências”, aponta.

A startup tem oito pessoas a trabalhar a tempo inteiro e “um número de associados com quem trabalhamos quando necessário”, trabalhando remotamente em toda a Europa.

“O nosso plano é duplicar a equipa nos próximos dois anos. Como empresa de tecnologia, é incrível o quanto se pode escalar sem aumentar o número de funcionários graças à tecnologia que se está a construir”, diz ainda. Embora, admita que, dado o “incrível potencial dos mercados português e espanhol” irão “contratar uma pequena equipa focada exclusivamente nas relações com os clientes da Península Ibérica.” Nos “próximos meses, teremos certamente 2-3 membros da equipa baseados na Península Ibérica, um número que estou certo de que irá aumentar.

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Governo prepara plano de ação para os media. Como se apoia o jornalismo lá fora?

Numa fase em que o Governo prepara o plano de ação de apoio aos media - que deve ser apresentado até ao final do ano - o +M compilou alguns exemplos das iniciativas de alguns países europeus.

Portugal prepara-se para apresentar um conjunto de medidas para apoiar a comunicação social. Mas em que se traduz esse apoio noutros países do continente europeu, onde Portugal surge na cauda da tabela em termos de investimento público nos media?

Entre apoios diretos e indiretos, são várias as formas escolhidas pelos Estados de diferentes países para apoiar os media. Estas podem passar por apoios à contratação de profissionais e ao investimento em modernização, em ajudas ao transporte e distribuição ou pela criação de bolsas para jornalismo de investigação. A dedução fiscal dos investimentos feitos pelas empresas de media, o investimento em publicidade institucional ou até viagens de comboio gratuitas para jornalistas são outras das medidas colocadas em prática pelos governos para ajudarem os órgãos de comunicação social.

Recorde-se que recentemente, em Portugal, Luís Montenegro começou por admitir “algum” financiamento público para a comunicação social. “Aqueles que cumprem serviço público naturalmente que devem esperar do Estado o reconhecimento do serviço que prestam”, afirmou em junho o primeiro-ministro, sem detalhar.

Mais tarde nesse mês, o ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou que o plano de ação de apoio aos media estará fechado “até ao final do ano”, numa iniciativa que vai ouvir todos os intervenientes do setor e que deve ter medidas “de caráter muito diversificado”. Entretanto foi também criado o #PortugalMediaLab que, enquanto Estrutura de Missão para a Comunicação Social, visa “assegurar a coordenação da execução e a monitorização das políticas públicas no domínio da comunicação social, designadamente apoiando a conceção e a concretização do Plano de Ação para os Media”.

 

Já mais recentemente, na Universidade de Verão do PSD, Pedro Duarte defendeu que o Estado deve ter um papel perante a crise dos media que considerou estrutural, mas afastou do plano de ação para o setor que o executivo está a preparar um modelo de apoios diretos, como aconteceu com o anterior executivo no tempo da pandemia. “O plano de ação para os media vai ter essa linha vermelha, não vai ter nunca apoios diretos como aconteceu há uns anos”, assegurou.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) também já avançou com algumas recomendações para a definição de uma estratégia estatal de apoio à comunicação social, como a avaliação dos apoios e incentivos já existentes (em particular o sistema de apoio direto), a previsão de “mecanismos de avaliação ex post” dos apoios ou a opção por mecanismos de apoio que “garantam previsibilidade, com periodicidade plurianual”.

Como e em que medida se apoiam os media atualmente em Portugal?

Em 2023, o financiamento público ao serviço público de media em Portugal superou ligeiramente os 205 milhões de euros, num valor que se reparte entre 191,7 milhões de euros dados à RTP (através da Contribuição Audiovisual) e 13,6 milhões de euros relativos à compensação financeira dada pelo Estado à agência Lusa, conforme é referido no documento “Medidas de Apoio e Incentivos do Estado à Comunicação Social“, da autoria da ERC.

Portugal fica assim atrás da grande maioria dos países europeus em termos de investimento no serviço público de media. Na verdade, o país aparece na 21.ª posição entre os países da União Europeia, em termos de volume de financiamento per capita, segundo os dados da União Europeia de Radiodifusão (EBU).

Segundo uma análise feita com dados de 2022, nos países analisados pela EBU a contribuição pública mensal per capita foi de 3,28 euros, enquanto em Portugal foi de 1,5 euros, num valor que terá subido em 2023 para 1,6 euros mensais per capita (total anual de 19,2 euros), segundo cálculos da ERC.

No que diz respeito aos apoios dados ao setor privado – incluindo apoios diretos (incentivos à comunicação social) e apoios indiretos (incentivo à leitura de publicações periódicas) – o apoio concedido – conforme a dotação inscrita no Orçamento do Estado em 2023 – foi de 4,5 milhões de euros.a publicidade institucional representou uma despesa de 4,04 milhões.

O regime de incentivos do Estado à comunicação social – que se destinam sobretudo aos meios de âmbito regional e local – contou com uma dotação de perto de um milhão de euros (997.520) em 2023. Estes incentivos distribuem-se entre os eixos “emprego e formação profissional” (0 euros atribuídos em 2023), “modernização tecnológica” (373.754 euros), “desenvolvimento digital” (564.230), “acessibilidade à comunicação social” (23.771), “desenvolvimento de parcerias estratégicas” (11.380, e “literacia e educação para a comunicação social” (24.385).

Criado no ano passado, o apoio à comunicação social da diáspora portuguesa tem como objetivo apoiar os órgãos de comunicação social da diáspora portuguesa, “comparticipando o custo de projetos cujos conteúdos sejam exclusiva ou maioritariamente em língua portuguesa”, podendo comparticipar até 80% ou 50% dos custos elegíveis, consoante se trate de conteúdos publicados exclusivamente ou maioritariamente em língua portuguesa. Em 2024 foram apoiados nove projetos neste âmbito no montante global de 111.280 euros.

Entre os apoios indiretos, em Portugal existe também um apoio à distribuição (porte pago), enquanto incentivo à leitura de publicações periódicas, que visa “apoiar o acesso à informação, comparticipando os custos postais suportados pelos assinantes residentes no território nacional ou no estrangeiro”. Esta comparticipação é de 40%, podendo ser majorada a 60% se a empresa proprietária ou editora tiver obtido incentivo ao desenvolvimento digital. Em 2022, foram alocados a esta medida cerca de 3,5 milhões de euros.

O Estado português promove também benefícios fiscais aplicáveis à comunicação social, como sejam uma taxa reduzida de IVA (6%) para livros, jornais, revistas de informação geral e outras publicações periódicas ou uma dedução de 15%, em sede de IRS, da totalidade do IVA suportado com a aquisição de assinaturas de jornais e revistas, incluindo digitais. Em 2023, as despesas dedutíveis apresentadas ao abrigo deste benefício somaram 655.364 euros.

O financiamento público total à comunicação social, no ano passado, rondou assim os 214 milhões de euros. No entanto, se for retirado da equação o financiamento dado ao serviço público de media em Portugal – que representa o grosso do apoio estatal -, o apoio dado pelo Estado aos media (privados) não chega a nove milhões de euros.

Quais os modelos de financiamento dos media privados adotados na Europa?

Entre os vários estados-membros da União Europeia vigoram diferentes modelos de apoio, que diferem entre si não só quanto ao volume de financiamento, como também às modalidades de apoio aplicadas, tal como explica o relatório da Comissão Europeia “Public financing of news media in the EU“, publicado em outubro de 2023, bem como o documento “Medidas de Apoio e Incentivos do Estado à Comunicação Social”, da ERC.

Alguns países, como a Áustria, Dinamarca, Suécia ou Luxemburgo, optam por um “modelo maximalista” que se caracteriza por um elevado volume de financiamento per capita, abrangendo media tradicionais e digitais, que além de apoios diretos conta com a redução das taxas de IVA enquanto principal apoio indireto.

Já com o “modelo misto“, adotado pela França e Itália, embora o volume de apoios diretos seja mais reduzido em relação ao maximalista, os mecanismos de apoio indireto são mais expressivos e diversificados, onde se incluem créditos fiscais, apoios à distribuição ou reduções das contribuições sociais.

Em países como a Letónia, Lituânia, Países Baixos, Croácia, Eslovénia e também Portugal, vigora sobretudo um “modelo seletivo“, através do qual o volume de financiamento é mais baixo e consiste sobretudo em apoios diretos direcionados, sob a forma de subvenções (ou outros regimes semelhantes), em conjunto com taxas reduzidas de IVA. O financiamento público nestes países centra-se no conteúdo, na qualidade e na inovação no setor dos meios de comunicação social, e não no apoio geral. Os níveis de financiamento são relativamente baixos“, acrescenta-se na publicação da Comissão Europeia.

Com o “modelo monomodal“, em vigor em países como Chéquia, Eslováquia, Polónia, Hungria, Estónia, Malta, Finlândia, Irlanda, Alemanha, Grécia, Roménia ou Bulgária, o apoio é feito sobretudo de forma indireta, através de taxas reduzidas de IVA. Alguns países dispõem ainda de apoios em pequena escala, dirigidos a órgãos de comunicação social em línguas minoritárias ou de atividades de nicho. Este grupo, no entanto, divide-se em dois, o dos países que dispõem de um ambiente noticioso robusto (Alemanha, Irlanda e Finlândia) e o dos países com um panorama mediático mais frágil, onde a existe uma maior propensão para a dependência da publicidade estatal.

A Comissão Europeia estimou que, em 2022, os governos dos estados-membros da União Europeia tenham gasto cerca de 690 milhões de euros em apoios diretos aos meios de comunicação social (excluindo o o financiamento de serviços públicos de media e apoios às agências noticiosas e a publicidade estatal).

Note-se que 94% dessa verba é atribuída por apenas sete países: Itália, França, Áustria, Suécia, Bélgica, Luxemburgo e Dinamarca, sendo estes os únicos países que atribuíram mais de dez milhões de euros aos meios de comunicação social em 2022.

França

No caso da França, em 2023, o Ministério da Cultura francês atribuiu um total de 204,7 milhões de euros em ajuda direta aos media. Este valor reparte-se entre a ajuda ao pluralismo (22,7 milhões de euros) – um método que visa “complementar os recursos dos títulos de imprensa que não dispõem de receitas publicitárias suficientes, para que a pressão dos mercados publicitários não determine as ideias que serão expressas no debate público” – a ajuda ao transporte e distribuição (133 milhões), e ajudas ao investimento para a modernização (19,1 milhões de euros).

Além disso, a tutela francesa distribuiu 30 milhões de euros no âmbito de uma ajuda excecional em 2023, cujo objetivo passou por compensar, ainda que parcialmente, o aumento dos custos de produção e do custo do papel que afetaram várias empresas e que levou muitas delas a limitar a sua paginação. Este sistema permitiu apoiar 504 publicações.

“Estas ajudas são regidas por textos regulamentares publicados no Diário Oficial [Journal officiel]” e “baseiam-se em critérios objetivos e transparentes que garantem a neutralidade e a imparcialidade das decisões de concessão”, assegura o ministério francês.

O estado francês aplicou ainda 84 milhões de euros no ano passado em ajudas indiretas. À taxa de IVA reduzida de que a imprensa francesa beneficia – que varia entre 0 e 2,1% – somam-se “diversas medidas fiscais específicas a favor de órgãos de comunicação social, vendedores ambulantes e transportadoras”.

Entre estas encontram-se a isenção do imposto territorial (CET) para os distribuidores de imprensa, a dedução fiscal dos investimentos efetuados pelas empresas de imprensa e a redução em sede de IRS para os donativos a empresas jornalísticas e nas subscrições de capital de empresas jornalísticas por particulares. Além disso, os jornalistas franceses podem beneficiar de descontos fiscais e de uma redução nos encargos com a Segurança Social.

No total, em 2023, foram 809 os títulos franceses que beneficiaram de algum apoio, num aumento significativo face a 2022 (446).

Itália

Em Itália, o apoio é feito tanto à imprensa como aos meios de audiovisuais (atribuídos a rádios e televisões locais, para lá daquilo que é o financiamento do serviço público de televisão), sendo que o total dos fundos atribuídos em regime de apoio direto representaram cerca de 198,2 milhões de euros em 2022.

Deste bolo, 104,8 milhões de euros foram atribuídos em subsídios de apoio a rádios e televisões locais. Já ao apoio a jornais e publicações periódicas foram alocados 94 milhões de euros, num sistema de subsídios em que as dotações são concedidas através de pedidos de reembolso de despesas incorridas.

Este orçamento serviu para apoiar os media através de diferentes linhas de ação, entre medidas de apoio às bancas de jornais locais (15 milhões de euros), apoio baseado em exemplares vendidos no ano anterior (28 milhões de euros), apoio a publicações para italianos no estrangeiro (dois milhões), apoio à contratação de jovens profissionais e profissionais com competências digitais (12 milhões de euros), apoio a publicações para cegos e deficientes visuais (0,5 milhões), apoio a publicações periódicas de associações de consumidores (0,5 milhões) e apoio ao investimento em tecnologias inovadoras (35 milhões de euros).

Bélgica

O apoio à distribuição através de preços reduzidos nos serviços postais será o principal apoio dado na Bélgica ao setor privado dos media, mostra o documento da ERC, naquele que é um país que apresenta um volume elevado de apoios diretos e indiretos per capita em comparação com os congéneres europeus.

No país vigora ainda a isenção total de IVA (0%) para publicações periódicas informativas de caráter generalista, com periodicidade mínima de 50 edições por ano. No entanto, esta medida não é aplicável aos media digitais, o que tem suscitado críticas por não promover a inovação digital.

Na Bélgica, os jornalistas também beneficiam de viagens de comboio gratuitas no território nacional.

A nível regional, na Valónia, uma das três regiões belgas, existem apoios diretos dados à imprensa – que em 2018 totalizaram 9,69 milhões de eurose à rádio, num total de 1,51 milhões de euros atribuídos em 2019. Os subsídios à imprensa são calculados, tendo por base os resultados económicos de cada título, segundo um método de cálculo que privilegia os títulos menos rentáveis (40%).

No entanto, quase metade (48%) do apoio é dado visando a contratação de jornalistas, sendo os subsídios calculados com base no número de jornalistas profissionais assalariados e os valores de circulação.

Já 5% dos fundos são destinados a apoiar a criação de títulos ou grupos de imprensa diários durante os seus primeiros três anos de existência.

Outros 5% da verba destinada ao apoio aos media é aplicada para incentivar o desenvolvimento de programas originais de incentivo à leitura de jornais, sendo que o governo belga distribui os apoios em função dos pedidos e da qualidade dos projetos que lhe são submetidos. A menor fatia do apoio (2%) é dirigida ao apoio a projetos de adaptação às novas tecnologias de comunicação.

Além disso, na Valónia também há um apoio concedido sob a forma de subsídios e bolsas para jornalismo de investigação, na ordem dos 275 mil euros.

Luxemburgo

No Luxemburgo, o novo regime de apoio à imprensa, revisto em 2022, conta com uma dotação no valor de 10,5 milhões de euros, concedida dentro de diferentes categorias.

Na categoria de “manutenção do pluralismo“, o governo apoia os meios de comunicação que tenham pelo menos cinco jornalistas profissionais, numa dotação anual calculada com base nos números de jornalistas e com um limite máximo de 200 mil euros.

Já com o apoio que visa a “promoção do pluralismo” e que é dirigido a meios emergentes com uma equipa editorial composta por pelo menos dois jornalistas profissionais, o governo disponibiliza uma verba máxima de 100 mil euros, cuja concessão é limitada a três anos consecutivos e a um teto máximo de 50% de cobertura das despesas.

O governo do Luxemburgo disponibiliza ainda um subsídio anual máximo de 100 mil euros para apoiar projetos relacionados com a educação para os media e cidadania.

Entre os critérios aplicados para a elegibilidade dos órgãos de comunicação aos apoios, encontram-se, além do número de jornalistas empregados, a necessidade de 50% dos conteúdos serem produção própria, a existência de um plano de formação para jornalistas, a tomada de ações a favor da educação para os media, a transparência nos conteúdos pagos e de publicidade, a existência de medidas na luta contra conteúdos ilegais, e a publicação do estatuto editorial e de um relatório anual que inclua as ações realizadas em prol da educação mediática.

Dinamarca

Em 2022 a Dinamarca aplicou 72,1 milhões de euros no apoio direto aos media privados, que se distribuiu entre o apoio à produção editorial (70%) destinado à imprensa em papel e digital, apoio à televisão e rádio comunitárias (10%), apoio à distribuição de publicações periódicas associativas e temáticas (4%), apoio à inovação, como a criação de startups e desenvolvimento de projetos associados a meios já existentes (4%), e apoio à produção de documentários (12%).

Já a publicidade estatal, em 2023, representou um investimento total de 200 milhões de euros. No país vigora ainda uma isenção total de IVA (0%) tanto para os jornais em papel como em suporte digital, o que se traduz num valor estimado anual de 42 milhões de euros.

Finlândia

A Finlândia, que apresenta um volume baixo de apoio em comparação com outros países semelhantes, dispõe de um apoio direto a jornais publicados em línguas minoritárias no valor de 500 mil euros (com limite de comparticipação de 40% dos custos operacionais e sendo apenas elegíveis jornais com circulação máxima de 15 mil cópias).

De forma a garantir a assinatura de periódicos culturais, o país nórdico assegura também subvenções dadas a bibliotecas, numa medida que conta com uma dotação de 800 mil euros. Além disso, o país tem em vigor reduções fiscais de IVA (10%) para jornais e revistas em papel e digital.

Em 2023 foi aprovado um novo regime de financiamento direto – por enquanto, temporário -, com dotação de sete milhões de euros em 2023. Para breve prevê-se a aprovação de apoios à distribuição de jornais impressos, num valor de 15 milhões de euros.

Atualmente, em vigor no país está um grupo de trabalho de apoio aos meios de comunicação social, que propôs recentemente que os meios de comunicação que fornecem notícias e conteúdos de atualidade comecem a receber subsídios permanentes, tal como acontece noutros países nórdicos, segundo o jornal finlandês Itä-Savo.

Este grupo propõe que seja dado um maior apoio direcionado à produção editorial (aos custos do trabalho jornalístico, como salários), bem como – embora numa percentagem menor – um apoio ao desenvolvimento, que poderia ser concedido a meios de comunicação em fase de arranque ou a projetos de desenvolvimento de meios de comunicação já estabelecidos.

É ainda proposto um apoio especial aos meios de comunicação social comunitários, o qual poderia ser concedido a meios que produzam conteúdos para públicos imigrantes ou a órgãos que não são contemplados pelos apoios a publicações em línguas minoritárias nacionais ou a revistas culturais.

Áustria

A Áustria apresenta vários apoios diretos, que têm como principal destinatário a imprensa em papel, e que vão desde apoios gerais (distribuídos equitativamente por todos os jornais diários elegíveis) a apoios especiais à diversidade (dirigidos a jornais diários que não são dominantes no mercado, ou seja, com leitores e receitas de publicidades abaixo de limiares definidos) e apoio a meios de comunicação social de qualidade (para órgãos que desenvolvem atividades enquadradas em critérios de qualidade, como a formação de jornalistas, a contratação de correspondentes estrangeiros ou a oferta gratuita de jornais a escolas).

Em vigor no país, desde 2020, está também um imposto de de 5% sobre a publicidade digital (Digital Tax Act), que abrange empresas com um volume de negócios mundial superior a 750 milhões de euros e um volume de negócios nacional superior a 25 milhões, proveniente de serviços de publicidade online. Este imposto financia um apoio à transformação digital, que visa a transformação e digitalização dos órgãos de comunicação social tradicionais.

Na Áustria, a publicidade do Estado assume também montantes elevados, tendo atingido os 225 milhões de euros em 2022. No entanto, não se sabe quais os beneficiários de um terço deste montante (em resultado das regras de transparência aplicáveis a campanhas consideradas de baixo valor).

Estes apoios diretos em vigor no país são frequentemente criticados por favorecerem os títulos de grande circulação e por excluírem os meios digitais.

No país vigoram ainda deduções fiscais (IVA à taxa de 10%) que incluem o papel e o digital.

Espanha

Em Espanha, a publicidade institucional é uma das principais fontes de receitas de muitas empresas jornalísticas. No entanto, “atualmente não são conhecidos os critérios seguidos para a sua distribuição, nem os seus limites“, refere a RTVE.

Atendendo à particularidade de o financiamento dos media em Espanha variar entre regiões, a verdade é que apenas algumas instituições regionais detalham o dinheiro que atribuem a cada meio de comunicação, denuncia.

Foi também este facto que levou o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, a defender em julho a limitação do financiamento público de meios de comunicação e uma maior transparência. Entre as medidas do seu “Plano de Ação pela Democracia” encontrava-se assim a proposta de limitação do financiamento público de media privados, o que em Espanha se faz através de publicidade institucional, de forma a evitar que haja títulos com “mais financiadores públicos do que leitores e que partidos políticos comprem linhas editoriais com o dinheiro de todos os contribuintes”.

Além disso, Sánchez anunciou 100 milhões de euros de fundos europeus para apoios à digitalização de meios de comunicação, com o objetivo de serem criadas bases de dados, melhorarem a melhorar a produtividade ou reforçarem a cibersegurança.

Recorde-se que a Comissão Europeia aprovou em março um regulamento sobre a liberdade dos meios de comunicação social que procura proteger os jornalistas da pressão e da interferência governamental, bem como promover a transparência sobre os grupos empresariais que controlam os meios de comunicação social. Neste sentido, os meios de comunicação social terão de informar sobre os fundos públicos que recebem e garantir um financiamento sustentável, previsível e transparente.

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Baixa literacia financeira penaliza rendimento na reforma e acesso à saúde

  • ECO
  • 18 Setembro 2024

Falta de literacia financeira, aversão ao risco e ausência de planeamento reduzem rendimento disponível na reforma e capacidade para cobrir despesas de saúde inesperadas, aponta estudo da Nova SBE.

A baixa literacia financeira em Portugal, nomeadamente nas faixas etárias mais velhas, prejudica a reforma, agrava a situação económica das pessoas idosas e dificulta o acesso à saúde, segundo um estudo realizado pelo Observatório da Despesa em Saúde em parceria com a Fundação ‘La Caixa’, o BPI e a Nova SBE.

O estudo, divulgado na terça-feira, aponta que a maioria das pessoas em idades acima dos 50 anos tem uma “natureza maioritariamente ilíquida da riqueza” que “condiciona a sua capacidade de cobrir despesas diretas em saúde inesperadas e avultadas”. Esta população idosa tem tendência a fazer poupanças a longo prazo em ativos com baixo rendimento, não investindo em ações ou fundos de investimento e evitando ter risco financeiro. Além disso, concentra quase todo o seu dinheiro na habitação própria e não faz uma preparação a longo prazo para a reforma.

O aumento da esperança média de vida, a redução da natalidade, a diminuição dos números da mortalidade e a redução significativa da Taxa de Substituição Bruta das Pensões de Velhice, valor médio das novas pensões como percentagem do último salário dos indivíduos, são fatores para o empobrecimento das pessoas idosas na reforma e para a insustentabilidade do sistema de pensões, aponta o estudo da autoria dos economistas Pedro Pita Barros e Carolina Santos, investigadores da Nova SBE.

Estes fatores, segundo o estudo, indicam ser necessário mais conhecimento financeiro em Portugal, nomeadamente na população mais idosa, para uma melhor transição financeira para a reforma e melhor rentabilidade das poupanças dos portugueses.

Poupanças e investimentos pouco rentáveis

O relatório divulgado esta terça-feira assinala que “a população com 50 anos ou mais residente em Portugal demonstra uma baixa diversificação dos seus ativos, com grande parte da riqueza concentrada na habitação própria”. Quase 80% das pessoas acima dos 50 anos, em 2022, têm habitação própria, representando 75% da riqueza bruta desta faixa etária.

Nas poupanças a longo prazo, só 25% das pessoas com mais de 50 anos é que têm poupança-reforma, contas poupança-habitação e seguros de vida. Por sua vez, apenas 8,8% dos idosos portugueses com habitação própria é que possui investimentos em títulos, ações, obrigações e fundos de investimento, que representam apenas 0,75% da sua riqueza. As pessoas entre os 60 anos até aos 69 são as que mais investem neste tipo de títulos (11,4%) e só 5,9% das pessoas entre os 50 até aos 59 anos fazem este investimento.

O relatório aponta que “os ativos financeiros correspondiam, em média, a 17,31% da riqueza total bruta dos agregados em 2022, em Portugal” sendo que o peso médio de contas bancárias, contas à ordem, contas poupança ou certificados de aforro na riqueza bruta total representam 14,16%.

A maioria da faixa etária com mais de 50 anos, 88,52%, indica “não estar disposto a correr riscos financeiros”, em contraste com outros países europeus. Os portugueses têm, além disso, um planeamento das suas poupanças reduzido, sendo que a maior fatia (48,9%) só poupa para os meses seguintes.

Saúde representa despesa “permanente” na reforma

O estudo refere que um dos aspetos mais importantes do planeamento e da poupança a longo prazo são as despesas inesperadas ou até permanentes relacionadas com a saúde, que ocupam parte do orçamento das pessoas com mais de 50 anos. Segundo dados da OCDE, citados no relatório, “Portugal é o terceiro país da OCDE em que o peso da despesa direta em saúde no consumo final das famílias é mais elevado”. Nos idosos com mais de 70 anos, as despesas diretas em saúde ultrapassam os 8% do rendimento líquido anual por pessoa do agregado familiar.

O relatório ainda alerta para o perigo de “situação de pobreza ou risco de pobreza devido a despesas em saúde”, que pode atingir 6% dos idosos com cerca de 80 anos.

A faixa etária das pessoas com mais de 50 anos tem aumentado desde 2011, de 16,35% para 23,43% em 2022. Em contraste, conforme as projeções da Comissão Europeia, a Taxa de Substituição Bruta das Pensões de Velhice vai passar de 69,4% em 2022 para 38,9% em 2070 em Portugal.

O estudo reforça, por isso, a importância da literacia financeira para melhor preparar a transição para a reforma sem perder riqueza. Aponta ainda como essenciais a estratégia de literacia financeira digital para Portugal elaborada pela OCDE para o Banco de Portugal e a introdução de uma unidade curricular de literacia financeira no ensino secundário.

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Cecília Meireles deixa a advocacia para projeto “fora da política”

A ex-deputada Cecília Meireles vai abraçar um novo desafio profissional, "fora da advocacia e da política". "Uma oportunidade de explorar novas áreas no setor privado e corporativo", disse.

Após dois anos de trabalho como advogada e sócia da Cerejeira Namora Marinho Falcão, Cecília Meireles vai abandonar o escritório. Segundo a firma, a ex-deputada vai abraçar um novo desafio profissional, “fora da advocacia e também da política”. A saída oficial acontecerá no dia 30 de setembro, onde irá começar uma nova etapa no setor privado e corporativo.

Segundo Cecília Meireles, tomar uma decisão desta natureza “nunca é fácil”. “Quando saí do Parlamento, abraçar este projeto foi a oportunidade de me dedicar a uma missão, e fazer algo novo, diferente e único na minha vida até então. Além disso, permitiu-me regressar às minhas origens, ao norte, sem ter de abandonar totalmente a minha vida em Lisboa. Olhar para a sociedade quando entrei e ver agora o quanto ela cresceu, o desenvolvimento do projeto de Lisboa, a evolução de todo o escritório e a forma como impactou a minha vida, bem como a de outras pessoas, deixa-me um sentimento muito gratificante”, sublinha.

Com uma carreira parlamentar de quase 20 anos, Cecília Meireles decidiu deixar a Assembleia da República, tendo regressado à advocacia em 2022, altura em que se juntou à Cerejeira Namora Marinho Falcão. Durante o período em que integrou a sociedade, Cecília Meireles liderou o escritório de Lisboa e a área de responsabilidade social corporativa, tendo sido mais tarde promovida a sócia da firma.

A vida é feita de etapas e fui confrontada com uma oportunidade de explorar novas áreas no setor privado e corporativo, num desafio que será muito brevemente conhecido e que era simplesmente irrecusável. Saio com a sensação de missão cumprida e com a certeza de que deixo aqui mais de uma centena de novos amigos que, seguramente, continuarão a fazer parte da minha vida. Gostaria de agradecer a todos os sócios com quem partilhei trabalho e momentos pessoais, em especial aos sócios fundadores, que me acolheram, integraram e incentivaram calorosamente desde o primeiro dia nesta sociedade”, acrescentou.

Nuno Cerejeira Namora, sócio fundador da Cerejeira Namora Marinho Falcão, vê esta mudança como um “ciclo natural na vida de pessoas talentosas, de grande coração e com a inquietação de procurar criar impacto no que fazem”. “Foi um privilégio contar com uma mulher como Cecília Meireles. Não tinha dúvidas de que o seu impacto seria notável e que se adaptaria na perfeição ao nosso projeto. É uma líder nata e isso ficou patente na forma como geriu a nossa operação em Lisboa, comandou a área social e contribuiu para o desenvolvimento de projetos que verão a luz do dia, mesmo após a sua saída”, disse.

Já Pedro Marinho Falcão, também sócio fundador, descreve Cecília Meireles como “uma pessoa de extrema simpatia, tanto com os clientes, como com a nossa equipa. Ela é o elo perfeito entre as organizações e as pessoas, não apenas pelo seu humanismo, mas também pela sua qualidade técnica e vasta experiência”. “Mesmo com a sua saída, a Cecília terá sempre as portas abertas na nossa casa: é um mero até já”, conclui.

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Hoje nas notícias: incêndios, lítio e corrupção

  • ECO
  • 18 Setembro 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A reforma das florestas levada a cabo na sequência dos grandes incêndios de 2017 teve bons resultados, mas as metas para 2030 estão a falhar, sobretudo no cuidado dos espaços rurais. Liga dos Bombeiros Portugueses, autarcas e comandantes denunciam falta de apoio nos incêndios por parte de equipas de concelhos vizinhos, resultante da nova organização da Proteção Civil em comandos sub-regionais, em vez de distritais. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta quarta-feira.

Reforma florestal derrapou e falha no cuidado dos espaços rurais

O plano de ação que levou à reforma de 2017/2018 permitiu a aposta na prevenção e reduziu o flagelo dos fogos. No entanto, está a falhar as metas previstas para 2030. Apesar dos bons resultados, a agência nacional que coordena e monitoriza as ações de combate e de prevenção (AGIF) do Sistema de Gestão Integrada dos Fogos Rurais (SGIFR) fazia um aviso severo há dois anos: “Estamos apenas a ganhar tempo. Temos de tomar mais medidas já”, em especial no que toca a “cuidar dos espaços rurais”, que incluem operações sensíveis como a limpeza das matas, a proteção das imediações dos espaços urbanos ou a intervenção na gestão da paisagem.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Falhas no comando impediram ajuda de bombeiros a concelhos vizinhos

A organização no combate aos fogos nos últimos dois dias, especialmente a reforma da Proteção Civil em comandos sub-regionais e não distritais, está a ser alvo de críticas de parte a parte. A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), por exemplo, diz que esta forma de organização levou a que não tivesse sido dado apoio em Vila Real e Viseu, quando havia equipas paradas nos concelhos vizinhos, enquanto um comandante em Vila Pouca de Aguiar também denunciou que havia bombeiros parados no concelho vizinho de Vila Real que não deram apoio por falta de articulação.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Crise na Northvolt lança novas dúvidas sobre refinaria de lítio

A crise na Northvolt, que viu o Governo da Suécia recusar um resgate financeiro para ajudar a equilibrar as contas da empresa, deixa no ar dúvidas sobre eventuais consequências para a construção da refinaria de lítio em Setúbal, prevista para 2028 e na qual a gigante sueca de baterias elétricas faz parceria com a Galp. A petrolífera portuguesa garante que o projeto continua a andar, mas ainda sem decisão final de investimento, mas os receios crescem quanto à Northvolt após esta ter anunciado milhares de despedimentos e o possível adiamento de novas fábricas. “Há um projeto potencial de construção de uma refinaria de lítio em Portugal que poderá ser descartado ou adiado”, afirmou Andy Leyland, cofundador da empresa especialista em cadeias de abastecimento do lítio SC Insights, citado pela Reuters.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Campanha do PSD para as eleições regionais de 2023 sob suspeita

A “Operação Ab Initio”, levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ) na Madeira, resultou na terça-feira na detenção do ex-secretário regional da Agricultura, Humberto Vasconcelos; do presidente da Câmara da Calheta, Carlos Teles; do antigo diretor regional da Agricultura, Paulo Santos; de dois funcionários públicos; e ainda dos empresários Humberto Drumond e Miguel Nóbrega, da Dupla DP. Em causa estão contratos públicos realizados por diferentes organismos e autarquias com esta empresa privada, no âmbito da campanha eleitoral para as eleições regionais de setembro de 2023, existindo suspeitas de “simulação de procedimentos e de empolamento de custos nos procedimentos adjudicados de forma a saldar dívidas de um partido político resultantes de campanha eleitoral”.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Oi pede devolução de 14 milhões de euros ao Fisco

A ex-Portugal Telecom SGPS, atual Pharol, avançou no final de agosto com um processo de impugnação no valor de 13.644.583,23 euros contra a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Trata-se, porém, de um processo da Oi que a Pharol, segundo o acordado, tem de subscrever a pedido da operadora brasileira, e não dos processos fiscais que a Pharol tem interposto contra o Fisco por impostos cobrados antes de 2014 e que têm sido em grande parte favoráveis à empresa portuguesa.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

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