Estamo recebe verbas do PRR para criar plataforma para inventariar o património do Estado

"Em apenas seis meses, foi possível operacionalizar a nova aplicação que permitiu inventariar e cadastrar mais de dois mil imóveis do Estado" por parte da Estamo, avançam as Finanças.

O Governo assinou esta terça-feira um contrato para financiar com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a criação de uma plataforma para inventariar o património imobiliário público.

Sem divulgar o valor do investimento, as Finanças avançam que, “em apenas seis meses, foi possível operacionalizar a nova aplicação que permitiu inventariar e cadastrar mais de dois mil imóveis do Estado” pela Estamo, que passou a ter competências legais em matéria de gestão do património imobiliário público.

Uma das funções da Estamo é “a realização do inventário e cadastro do património imobiliário (administração direta e indireta do Estado e setor empresarial)”.

Os dois mil imóveis do Estado foram “devidamente identificados ao nível do registo predial e matricial, incluindo a sua geolocalização, imagem e limites geométricos”, especifica o comunicado do Ministério das Finanças.

Este investimento faz parte de de um investimento mais vasto que passa pela criação de sistemas de informação sobre a gestão das finanças públicas. Este é composto “por subinvestimentos complementares que, em conjugação, deverão contribuir para a gestão integrada das receitas e despesas públicas”. Entre eles, preveem-se “melhorias suplementares nos sistemas de informação para contratação pública centralizada, bem como na gestão dos veículos e imóveis do Estado”. Como um todo o investimento concluído até junho de 2026.

A Estamos prevê que, até ao final de 2026, todo o património do Estado estará “inventariado, cadastrado e geolocalizado, num número total a rondar os 60.000 imóveis, acolhendo as Recomendações do Tribunal de Contas, com ferramentas adicionais que permitirão a sua permanente atualização e gestão global, de forma mais eficaz”.

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Governo não mexe na proposta salarial para a Função Pública em 2025. “Descontentamento vai ver-se nas ruas”

  • Lusa
  • 29 Outubro 2024

Executivo manteve a proposta apresentada na última reunião, que prevê um aumento de 55,26 euros (o equivalente a um nível remuneratório da Tabela Remuneratória Única) ou um mínimo de 2,1% para 2025.

A Frente Comum lamenta que o Governo não tenha melhorado a proposta de atualização geral dos salários da Função Pública para 2025, acusando o executivo de “falta de vontade política”, e avisa que a contestação social pode aumentar.

“A proposta do Governo não alterou uma única casa decimal da última reunião para hoje”, afirmou o coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (Frente Comum), indicando que a “única exceção é para 2028”, com o Governo a propor agora um aumento de 60 euros ou um mínimo de 2,3%.

“Este Governo não tem vontade nenhuma de valorizar os serviços públicos e usa os trabalhadores da Administração Pública como instrumento para os degradar“, afirmou Sebastião Santana, à saída da reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido, em Lisboa.

Sebastião Santana, coordenador da Frente ComumLusa

O coordenador da Frente Comum criticou ainda que aquilo que considera ser a pouca evolução que o Governo fez na atualização salarial para o próximo o ano face ao que está previsto no acordo assinado com o anterior executivo. “Passou de 2% para 2,1%, o que levou a Frente Comum a propor que deixasse de ser 15% e passasse a ser 14,9%”, ironizou.

De recordar que o Governo propõe um aumento de 55,26 euros (o equivalente a um nível remuneratório da Tabela Remuneratória Única) ou um mínimo de 2,1% para 2025.

“O problema aqui não é dinheiro é falta de vontade política”, defendeu Sebastião Santana, apontando que a contestação social pode aumentar. “É natural que o descontentamento se intensifique e que isso se veja nas ruas”, sublinhou, antecipando que “uma grande parte dos trabalhadores da Administração Pública” estará no próximo dia 9 de novembro na manifestação convocada pela CGTP.

Segundo o coordenador da Frente Comum, na reunião desta terça-feira, o Governo disse ainda “que se propunha a equacionar” nos próximos anos a “alteração do subsídio de refeição, ajudas de custo e abono para falhas”, não antecipando, no entanto, uma data concreta para eventuais mexidas.

A Frente Comum, afeta à CGTP, diz que vai agora avaliar se avança ou não com um pedido de reunião suplementar.

STE vai pedir reunião suplementar

Na ronda negocial desta terça-feira, o STE foi o primeiro a ser recebido. À saída, a líder deste sindicato indicou que não chegou a acordo com o Governo e disse acreditar que a proposta de atualização geral dos salários da Função Pública “pode ser melhorada”, pelo que vai avançar com um pedido de reunião suplementar.

“Não chegámos a acordo ainda. Acreditamos que a proposta que o Governo apresentou pode ser melhorada e, portanto, vamos requerer negociação suplementar”, afirmou a presidente do STE, que lidera a Frente Sindical, à saída da reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido, hoje em Lisboa.

O STE, afetado à UGT, acredita que o Governo “tem margem” para melhorar esta proposta, com o sindicato a defender agora um aumento salarial de 2,5% para todos os trabalhadores. “Já descemos de 2,75% para 2,5%”, precisou, sublinhando que a proposta do Governo não cobre a inflação prevista para o próximo ano (2,3%).

“Não podemos perder o conjunto”, afirma Maria Helena Rodrigues, lembrando que há carreiras na Administração Pública que já foram revistas este ano e que “vão ter também a atualização” e outras “que não tiveram nada e vão apenas ter a atualização”.

Acreditamos que a proposta que o Governo apresentou pode ser melhorada e, portanto, vamos requerer negociação suplementar.

Maria Helena Rodrigues

Presidente do STE

À saída da reunião, a líder do STE disse ainda que “há um conjunto de matérias que o Governo não esclareceu completamente”, nomeadamente no que toca à atualização do subsídio de refeição e das ajudas de custo.

Segundo Maria Helena Rodrigues, o STE tem agora “cinco dias” para requerer ao Governo a reunião suplementar, sendo que a líder do sindicato acredita que o encontro deve acontecer depois da votação da proposta de Orçamento do Estado para 2025, na generalidade, marcada para quinta-feira.

A secretária de Estado da Administração Pública vai ainda reunir-se esta terça-feira com o secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesap).

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DBRS sobe rating do Banco Montepio para “grau de investimento”

"Melhoria do risco, capitalização e rentabilidade" do Banco Montepio leva DBRS à terceira subida consecutiva do rating desde março de 2023, num total de quatro níveis.

Boas notícias para o Banco Montepio. A agência Morningstar DBRS acabou de subir os ratings do banco liderado por Pedro Leitão, com perspetiva de evolução positiva. No caso dos depósitos, isso significou passar da categoria “lixo” para o “grau de investimento”, segundo anunciou esta terça-feira ao mercado.

Em concreto, a agência de notação financeira melhorou o rating dos depósitos (long-term deposits) para BBB (low), uma classificação já dentro do “grau de investimento”.

Por seu turno, os ratings de longo prazo do emitente e da dívida sénior não garantida subiram para BB (high) e o rating dívida subordinada subiu para BB (low), classificações que se situam na categoria “especulativa”.

O banco lembra que se trata da terceira subida consecutiva do rating desde março de 2023, num total de quatro níveis durante este período.

Para esta última decisão contribuiu “a melhoria sustentada do perfil de risco, da capitalização e da rendibilidade do Banco Montepio”, segundo explica a instituição detida pela Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG).

“A agência destaca a redução significativa do stock de ativos não produtivos e o reforço da posição de capital alcançado através de geração orgânica”, nota o banco no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A tendência de melhoria do rating pode não ficar por aqui. “A agência considera que a manutenção da qualidade dos ativos e a melhoria da rendibilidade ao longo do tempo poderão originar um novo impulso positivo que resulte em novas subidas das notações, alcançando dessa forma o grau de investimento”, diz o Banco Montepio.

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Município de Baião requalifica pavilhão multiusos com mais de um milhão de euros

Câmara de Baião garantiu apoio do Governo em mais de 468 mil euros para a obra, no âmbito de um contrato-programa celebrado no final de 2022. Espera agora conseguir mais verbas do Portugal 2030.

A Câmara Municipal de Baião vai “finalmente” avançar com as obras de requalificação do pavilhão multiusos, num investimento de mais de um milhão de euros depois de ter encerrado parcialmente o espaço, desde o início do ano, por considerar que “não reunia condições de segurança”. A intervenção, com prazo de execução de 300 dias, já tem o visto do Tribunal de Contas para arrancar.

“Apesar da urgência reconhecida e dos esforços empreendidos pela Câmara Municipal, as várias etapas exigidas em processos desta natureza — incluindo o visto do Tribunal de Contas — concedido apenas no passado dia 11 de outubro –, não permitira como se desejava, que os trabalhos pudessem começar mais cedo”, explana o autarca Paulo Pereira.

A autarquia já assinou o auto de consignação da obra que tem um prazo de execução de 300 dias e um custo superior a um milhão de euros. Entretanto, “o município já garantiu um apoio financeiro de 468.481,73 euros por parte do Governo, através de um contrato-programa celebrado no final de 2022, sendo o valor remanescente assegurado por receitas próprias”, detalha a autarquia. “Está ainda em aberta a possibilidade de recurso ao quadro comunitário Portugal 2030“, assinala.

A intervenção contempla uma remodelação total do edifício, designadamente a substituição integral da cobertura e melhoramentos nas paredes exteriores. O programa de obra inclui igualmente a beneficiação dos pisos assim como a renovação do balneário dos árbitros, bar e enfermaria, além de melhorias ao nível da eficiência energética e das condições térmicas e acústicas do edifício.

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Caso EDP. Como o Ministério Público calculou o confisco de bens no valor de 840 milhões

O Ministério Público requereu a perda de bens dos arguidos e de duas empresas do Grupo EDP (EDP S.A. e EDP Gestão de Produção de Energia, S.A.) no valor de 840 milhões de euros a favor do Estado.

Na acusação da investigação que envolveu António Mexia, João Manso Neto e Manuel Pinho, conhecida esta segunda-feira, o Ministério Público requereu a perda de bens dos arguidos e de duas empresas do Grupo EDP (EDP S.A. e EDP Gestão de Produção de Energia, S.A.), no valor de 840 milhões de euros, a favor do Estado.

Um valor que corresponde ao alegado benefício que terá sido concedido pelos arguidos acusados de corrupção passiva ao Grupo EDP. Segundo a acusação, a que o ECO/Advocatus teve acesso, os magistrados do MP chegaram a este valor através de pareceres técnicos que foram sendo juntos ao processo ao longo dos 12 anos em que durou a fase de investigação.

“Qualquer benefício económico resultante de um facto ilícito típico para o agente do crime ou para outrem, integra o conceito de vantagem confiscável”, explicam os magistrados, na acusação de 1.070 páginas. “As vantagens da prática do crime consistiam em poupanças patrimoniais concedidas à EDP Produção e, consequentemente, à EDP S.A., assim como acréscimos patrimoniais ao arguido Manuel Pinho (salários que recebeu da Universidade de Columbia suportados pela EDP), pelo que não é possível a sua apropriação em espécie, sendo necessário proceder ao confisco do respetivo valor”, diz o mesmo despacho de acusação do DCIAP. Assim sendo, o MP entende estarem verificados os pressupostos “para que se determine o confisco do valor das vantagens resultantes dos factos ilícitos típicos descritos na acusação”.

Assim, deverão a EDP Gestão de Produção de Energia S.A. e a EDP S.A. “serem condenadas a pagar ao Estado português o valor das vantagens que se materializaram diretamente na sua esfera patrimonial, solidariamente, com os arguidos no montante de 840 milhões de euros”, acrescentam.

Os magistrados socorrem-se do artigo 110º do Código Penal que determina que são declarados perdidos a favor do Estado “as vantagens de facto ilícito típico, considerando-se como tal todas as coisas, direitos ou vantagens que constituam vantagem económica, direta ou indiretamente resultante desse facto, para o agente ou para outrem”. O mesmo diploma diz ainda que “se os produtos ou vantagens referidos nos números anteriores não puderem ser apropriados em espécie, a perda é substituída pelo pagamento ao Estado do respetivo valor”.

A Lusa contactou a EDP que, de momento, não quis fazer comentários à acusação.

António Mexia e João Manso Neto são acusados pelo MP de terem corrompido Manuel Pinho, ex-ministro socialista da Economia, para obter 840 milhões de euros de benefícios para a EDP, segundo explica o comunicado enviado pela Procuradoria-Geral da República. O MP pediu ainda a perda de bens dos arguidos e de duas empresas do Grupo EDP (EDP, SA e EDP Gestão de Produção de Energia, SA) no valor desses mesmos 840 milhões de euros a favor do Estado.

De acordo com a acusação, os factos ocorreram entre 2006 e 2014 e, em síntese, relacionam-se com a transição dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE) para os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), designadamente com a sobrevalorização dos valores dos CMEC, bem como com a entrega das barragens de Alqueva e Pedrógão à Eletricidade de Portugal (EDP) sem concurso público e ainda com o pagamento pela EDP da ida de um ex-ministro para a Universidade de Columbia dar aulas.

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Euribor a seis meses cai para novo mínimo desde janeiro de 2023

  • Lusa
  • 29 Outubro 2024

Com estas alterações, a taxa a três meses, que avançou para 3,056%, continuou acima da taxa a seis meses (2,886%) e da taxa a 12 meses (2,577%).

A Euribor subiu esta terça-feira a três meses e desceu a seis e a 12 meses, no prazo mais curto para um novo mínimo desde janeiro de 2023. Com estas alterações, a taxa a três meses, que avançou para 3,056%, continuou acima da taxa a seis meses (2,886%) e da taxa a 12 meses (2,577%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro de 2023, recuou esta terça-feira para 2,886%, menos 0,019 pontos e um novo mínimo desde 19 de janeiro de 2023. Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a agosto mostram que a Euribor a seis meses representava 37,6% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,2% e 25,8%, respetivamente.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro de 2022, também baixou esta terça-feira, para 2,577%, menos 0,003 pontos do que na segunda-feira.
  • Em sentido contrário, a Euribor a três meses subiu esta terça-feira, ao ser fixada em 3,056%, mais 0,004 pontos.

A média da Euribor em setembro desceu a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em agosto e com menos intensidade nos prazos mais curtos.

A média da Euribor em setembro desceu 0,114 pontos para 3,434% a três meses (contra 3,548% em agosto), 0,167 pontos para 3,258% a seis meses (contra 3,425%) e 0,230 pontos para 2,936% a 12 meses (contra 3,166%).

Em 17 de outubro, o BCE cortou as taxas de juro em um quarto de ponto pela terceira vez este ano, a segunda consecutiva, para 3,25%, face a uma inflação que considera estar “no bom caminho” e a uma atividade económica pior do que o previsto.

Depois do encontro de 17 de outubro na Eslovénia, o BCE tem marcada para 12 de dezembro a última reunião de política monetária deste ano.

Em 18 de setembro foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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“Bónus orçamental”. PRR dá estímulo direto de 1% do PIB à economia sem agravar saldo

Conselho das Finanças Públicas considera que política orçamental em 2025 é expansionista, influenciada pelas subvenções do Plano de Recuperação e Resiliência.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) estima que a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) dá um impulso de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) à economia portuguesa sem que tal se reflita no agravamento do saldo e torna a política orçamental no próximo ano expansionista.

Na análise à proposta do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), publicada esta terça-feira, a instituição indica que a política orçamental em 2025 é expansionista, influenciada pelas subvenções do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Tal acontece porque os fundos disponíveis permitem financiar despesa sem que se recorra a aumentos de impostos, ou a empréstimos adicionais que limitariam a evolução favorável do rácio da dívida“, refere, considerando que se trata de “um bónus orçamental, já que a participação nacional nos custos do PRR será inferior ao que o país recebe neste contexto”.

Nas contas dos técnicos, a execução do PRR dá um impulso orçamental expansionista sobre a atividade económica de 1% do PIB. Já sem a receita da entrada destes fundos, a variação do saldo primário estrutural em 2025 passaria a apresentar uma deterioração de 1,1 pontos percentuais (pp.) do PIB, em vez de uma ligeira deterioração de 0,1 pp. do PIB.

O CFP considera, assim, que o PRR contribui para o excedente orçamental de 0,3% do PIB no próximo ano ao mesmo tempo que se reduz a dívida pública, enquanto o investimento público aumenta e se regista um desagravamento fiscal. Contudo, dá nota que se antevê que em 2025 a despesa financiada por fundos europeus atinja 6,8 mil milhões de euros, o montante anual mais elevado até ao fim deste plano.

No entanto, alerta que o crescimento económico pode ser superior à tendência, mas de forma temporária e que este não é “o grande objetivo do PRR”.

“Este impacto dependerá, crucialmente, da qualidade dos investimentos e da bondade das reformas que agora se tornam possíveis e necessários. Dependerá também da sua taxa de execução. Finalmente, o seu sucesso resultará ainda do que se vier a passar após o PRR”, aponta.

O CFP realça que “no plano orçamental estrito, o PRR está já a gerar necessidades de despesa futuras, incluindo despesa corrente e permanente do Estado, devendo ser avaliada e de antemão programada a forma como essa despesa vai ser realizada quando os fundos PRR terminarem”, considerando, além do mais, as regras orçamentais.

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Cerveira cria centro de inovação e prepara centro de negócios para 2025

  • Lusa
  • 29 Outubro 2024

Vila Nova de Cerveira formaliza, esta quarta-feira, o protocolo de cooperação com as empresas Brunswick, Ezpeleta, Vanguard Marine e Pralisa/MarFrio, no âmbito do projeto futuro centro de inovação.

Vila Nova de Cerveira vai ter um Centro de Inovação empresarial até ao fim do ano e um Centro de Negócios e ‘Coworking’ em 2025, num investimento superior a um milhão de euros, revelou esta terça-feira o presidente da autarquia, Rui Teixeira.

Queremos ser uma referência em investigação e desenvolvimento. Dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte colocam Vila Nova de Cerveira como o 15.º concelho mais exportador da região Norte, entre 86 municípios. Queremos agora captar investimento e recursos humanos especializados”, explicou, em declarações à Lusa, Rui Teixeira, presidente daquela câmara do distrito de Viana do Castelo.

O Centro de Inovação junta já quatro empresas “a trabalhar em projetos de inovação” e, “até ao fim do ano”, deve ocupar o espaço que lhe está destinado no edifício da antiga escola superior Galaecia, atualmente a sofrer “obras de adaptação” de cerca de 100 mil euros.

Queremos ser uma referência em investigação e desenvolvimento. Dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte colocam Vila Nova de Cerveira como o 15.º concelho mais exportador da região Norte, entre 86 municípios.

Rui Teixeira

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira

“Já temos demonstração de interesse de mais empresas e podemos alargar a todas as empresas de Vila Nova de Cerveira ou de outros concelhos”, explicou o autarca, que na quarta-feira formaliza o protocolo de cooperação Centro de Inovação – Clube dos Fundadores, entre o município e as empresas Brunswick, Ezpeleta, Vanguard Marine e Pralisa/MarFrio, as quatro firmas que desde o início se associaram ao projeto.

De acordo com a autarquia de Vila Nova de Cerveira, o Clube dos Fundadores vai ser gerido “por um Conselho Diretivo composto por representantes da câmara e do tecido empresarial, responsáveis pela definição de estratégias e aprovação de projetos”.

O clube deve reunir-se “com uma periodicidade mínima de três meses” e o protocolo terá uma vigência de 36 meses.

Também no âmbito do Centro de Inovação, o Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) da Universidade do Minho, sediado em Guimarães, vai ter um núcleo em Vila Nova de Cerveira, ao abrigo de um protocolo assinado em abril, acrescentou o autarca.

Já o Centro de Negócios e ‘Coworking’, que representa um investimento de um milhão de euros do município, tem conclusão prevista para maio de 2025, adiantou Rui Teixeira. “Será um espaço para empresas ou para jovens empresários que precisem, por exemplo, de uma sala de reuniões”, esclareceu.

A intenção do autarca é “apoiar as empresas na inovação e desenvolvimento”, levando ao crescimento de Vila Nova de Cerveira, nomeadamente no centro da vila.

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Exportações portuguesas aumentaram 10% no terceiro trimestre, acima das importações

  • Joana Abrantes Gomes
  • 29 Outubro 2024

Entre julho e setembro, as exportações e importações de bens terão crescido 9,9% e 6,6%, respetivamente. Trabalhos por encomenda explicam estimativa rápida do INE.

As exportações de bens terão aumentado 9,9% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, uma estimativa que fica acima da previsão de crescimento para as importações (6,6%), segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A estimativa rápida, divulgada esta terça-feira pelo gabinete estatístico, ressalva, porém, que “estas variações refletem, em grande medida, acréscimos significativos nas transações de bens com vista a ou na sequência de trabalhos por encomenda, sem mudança de propriedade”.

Variação homóloga trimestral das exportações e importações

Fonte: INE

A confirmarem-se os dados do INE, significa que as transações de bens aumentaram entre julho e setembro pelo segundo trimestre consecutivo, depois de nos três meses anteriores as exportações e importações terem registado aumentos homólogos de 2,9% e de 0,8%.

O aumento nas transações de bens no período entre abril e junho inverteu um período de quatro trimestres consecutivos de variações negativas, quer nas exportações quer nas importações, segundo o INE.

No arranque do ano, as exportações portuguesas de bens ficaram 4,2% abaixo do registado nos primeiros três meses de 2023, enquanto as importações registaram uma diminuição de 6,2%, o que fez com que, no primeiro semestre, o saldo da balança comercial acumulasse um défice de 5.692 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 12h03)

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Moody’s atribui rating de Ba3 a obrigações que TAP pretende emitir

Agência americana considera que a nova emissão de obrigações que a companhia pretende realizar é "neutra" em termos de classificação de crédito.

A Moody’s atribuiu esta terça-feira um rating de Ba3 à emissão de 350 milhões de euros em obrigações que a transportadora pretende colocar no mercado. A classificação é a mesma já atribuída à companhia aérea.

“A TAP responde às próximas necessidades de refinanciamento com a transação proposta, enquanto os seus indicadores de crédito permanecerão praticamente inalterados. Não esperamos uma mudança significativa nos custos de juros da empresa, mas vemos um risco de aumento dos títulos propostos”, afirma a nota da Moody’s, acrescentando que considera “que a transação é neutra em termos de crédito“.

A companhia aérea anunciou na segunda-feira a intenção de emitir e vender títulos no montante global de 350 milhões de euros, com maturidade em 2029. A Moody’s antecipa que o financiamento será usado para “refinanciar 375 milhões em obrigações [que chegam à maturidade em dezembro] e 76 milhões em empréstimos bancários.

A Moody’s reviu em alta o rating da TAP em julho, para Ba3, um nível considerado de elevado risco. Já depois da decisão, a companhia aérea apresentou os resultados do primeiro semestre, que a agência americana considera que, “de um modo geral, foram ao encontro das expectativas”.

“A empresa conseguiu aumentar a receita em 3% na primeira metade de 2024 em comparação com o mesmo período em 2023, com base num maior número de passageiros e rendimentos ligeiramente superiores”, destaca a Moody’s.

“No entanto, os custos de pessoal mais elevados devido a novos acordos coletivos de trabalho, bem como custos pontuais com pessoal, levaram a sua rentabilidade, medida pela margem EBIT ajustada da Moody’s, a diminuir para 10,5% face aos 11,5% nos últimos 12 meses até junho de 2024”, nota a agência. A rentabilidade “mantém-se estruturalmente mais elevada em comparação com o período pré-pandemia, devido a várias medidas implementadas”, acrescenta.

A Moody’s espera que o rácio entre a dívida líquida e o EBITDA se mantenha abaixo de 4 vezes nos próximos 12 a 18 meses e destaca o “perfil de liquidez muito mais robusto“, com 1,2 mil milhões de euros no balanço, o que compara com 426 milhões em 2019.

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Valor dos instrumentos de controlo da despesa equivale a 1,5% do PIB, estima CFP

CFP estima que total desses instrumentos ascende a 4.13,2 milhões de euros em 2025 e assinala que parte é explicada por a proposta orçamental não prever um conjunto de exceções. 

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) calcula que o valor total dos instrumentos de controlo da despesa pública em 2025 mais do que duplica face ao aprovado em 2024, para um valor equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Na análise à proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), divulga esta terça-feira, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral explica que parte é explicada por a proposta orçamental não prever um conjunto de exceções.

O CFP estima que o total desses instrumentos ascende a 4.13,2 milhões de euros em 2025 e que compara com os 2.480,2 milhões de euros em 2024.

“Trata-se de um acréscimo de 1.833 milhões de euros que decorre sobretudo do aumento das cativações iniciais (de 1.244,1 milhões de euros, maioritariamente nos programas de Infraestruturas, Defesa e Finanças) e da dotação centralizada destinada à regularização de passivos e aplicação de ativos (aumento de 588,9 milhões de euros na despesa com ativos financeiros)”, explica.

Os técnicos dão ainda nota que para o aumento das cativações iniciais terá contribuído não só o aumento das dotações inscritas, mas também o facto de o OE2025 “não prever um conjunto de exceções que existiam anteriormente, reforçando assim o poder discricionário dos ministros setoriais”.

Assinala ainda que foi também eliminada a norma que limitava a aplicação de cativações iniciais, resultantes do OE2025 e do decreto-lei de execução orçamental, a um máximo equivalente a 90% dos cativos iniciais aprovados em 2017.

“A eliminação desse limite (que correspondia a cerca de 1,7 mil milhões de euros e que vigorou desde o OE2018) permite que as cativações iniciais para 2025 atinjam um novo máximo de 2,5 mil milhões de euros, um valor que supera os 1,9 mil milhões de euros, registados em 2017 e que corresponde a mais do dobro do montante aprovado para 2024″, indica.

Na segunda-feira, ao longo de uma audição no Parlamento, a generalidade dos partidos, à exceção dos que suportam o Governo, questionaram o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, sobre o valor das cativações. O governante repetiu diversas vezes que os valores de 2024 e 2025 não são comparáveis e que ao fazê-lo se “está a comparar maçãs com peras“.

Na apreciação do OE2025, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) voltou a criticar a utilização dos instrumentos de controlo de despesa não convencionais, alertando que são opacos e entrópicos e se sobrepõem aos tetos de despesa aprovados pelo Parlamento. A unidade coordenada por Rui Baleiras alertou para o impacto negativo nos serviços públicos.

Os instrumentos não convencionais, tal como as cativações, são exemplos deprimentes da Administração Pública a trabalhar para si própria“, pode ler-se no relatório entregue no fim de semana ao Parlamento pelos técnicos que dão apoio aos deputados.

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Acusação a Mexia e Manso Neto é “uma fuga para a frente”

É uma acusação que surge "porque tinha de surgir, sob pena de os titulares da investigação perderem a face", sublinham os advogados João Medeiros, Inês Almeida Costa e Rui Costa Pereira.

A defesa de António Mexia e João Manso Neto considera que a acusação do processo dos CMEC é “frágil e sem fundamento”.
Ao fim de mais de 12 anos de inquérito e depois de mais de 24 adiamentos para a conclusão da investigação, o Ministério Público proferiu “inevitavelmente um despacho de acusação relativo ao Caso EDP-CMEC. É uma acusação que surge porque tinha de surgir, sob pena de os titulares da investigação perderem a face”, sublinham os advogados João Medeiros, Inês Almeida Costa e Rui Costa Pereira.

AS equipa de defesa garante que estamos perante “uma acusação sem fundamento: as regras relativas à implementação
dos CMEC e à extensão do Domínio Público Hídrico foram fixadas em momento anterior à entrada de António Mexia e João Manso Neto no Conselho de Administração da EDP, não geraram qualquer benefício à empresa, as decisões foram sempre colegiais; e foram devida e amplamente escrutinadas, em particular pela Comissão Europeia”, diz a equipa de defesa da MFA Legal, em comunicado.

António Mexia e João Manso Neto são acusados pelo Ministério Público (MO) de terem corrompido Manuel Pinho, ex-ministro socialista da Economia, para obter 840 milhões de euros de benefícios para a EDP, segundo explica o comunicado enviado pela Procuradoria-Geral da República. O MP pediu ainda a perda de bens dos arguidos e de duas empresas do Grupo EDP (EDP, SA e EDP Gestão de Produção de Energia, SA) no valor desses mesmos 840 milhões de euros a favor do Estado.

De acordo com a acusação, os factos ocorreram entre 2006 e 2014 e, em síntese, relacionam-se com a transição dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE) para os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), designadamente com a sobrevalorização dos valores dos CMEC, bem como com a entrega das barragens de Alqueva e Pedrógão à Eletricidade de Portugal (EDP) sem concurso público e ainda com o pagamento pela EDP da ida de um ex-ministro para a Universidade de Columbia dar aulas.

Não tendo um Ministério Público persecutório sido capaz de tomar a única decisão objetivamente sustentável – o arquivamento do processo –, saudamos, no entanto, que, 12 anos depois, o processo possa transitar para a Magistratura Judicial. Desta forma e finalmente, António Mexia e João Manso Neto terão, pela primeira vez, a oportunidade de provarem a sua inocência e de se pronunciarem perante um interlocutor isento sobre os erros da “investigação” levados à acusação, de contribuírem para a clarificação de perceções públicas erróneas e de contarem com a análise de uma entidade competente e imparcial. Terminou a fase do arbítrio. Agora, é o momento da Justiça”

João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa, advogados de Mexia e Manso Neto

O comunicado destaca assim cinco pontos que dizem ter sido ignorados pelo MP:

  • “A legislação relativa à transição do regime dos CAE (Contratos de Aquisição de Energia) para os CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual) – supostamente lesiva do Estado português – foi aprovada em 2004 e, nessa altura, nenhum dos arguidos estava na Administração da EDP”;
  • “A implementação da legislação de 2004, feita em 2007 pelo Governo que Manuel Pinho integrou como Ministro da Economia, não só não beneficiou a EDP como a prejudicou em benefício do Estado. Isto porque introduziu um fator corretivo não antecipado em 2004, que obrigou a EDP a proceder a um pagamento suplementar não previsto no valor de 755 milhões de euros (que acresceu aos 1356 milhões de euros, relativos ao valor residual das centrais, que a EDP tinha direito a receber no
    final dos CAE, mas do qual abdicou, como forma de pagamento pela extensão do domínio público hídrico, tal como já estava previsto desde 2004)”;
  • “O acerto das decisões quanto à avaliação dos CMEC e do domínio público hídrico, e respetivos pressupostos – que o Ministério Público coloca em xeque na acusação –, já foi confirmado a posteriori pela Comissão Europeia em duas decisões proferidas no âmbito de processos de investigação: (i) Decisão de 18.09.2013, que confirmou a legalidade do regime dos CMEC (já antes assegurada por Decisão da mesma Comissão de 22.09.2004); (ii) Decisão de 15.05.2017, que declarou que o processo levado a cabo a propósito da (inerente) extensão da utilização dos recursos hídricos para a produção da energia hidroelétrica também não apresentava qualquer dúvida de legalidade, seja em procedimento, seja em valor, considerando adequados os critérios de avaliação adotados e justo o valor pago”;
  • “A atribuição à EDP dos direitos de exploração das centrais do Alqueva e de Pedrogão, sem realização de concurso público, mais não foi do que a concretização de direitos reconhecidos à EDP desde há vários anos, designadamente desde a publicação do Decreto-lei 116/73 de 22 de março”;
  • “Todas as decisões que o Ministério Público aponta como ilegais foram decisões colegiais, ratificadas pelo Conselho Geral de Supervisão (órgão máximo da companhia) e que era presidido pelo representante designado pelo próprio Estado,
    e nunca apenas tomadas por qualquer um dos arguidos”.

Segundo os advogados, o Ministério Público sempre negou o óbvio, “varrendo para debaixo do tapete as múltiplas provas que
existem no processo e que demonstram a legalidade da atuação dos arguidos, que se limitou à defesa dos interesses da EDP e do Estado, seu, então, principal acionista, circunstância que não é, de forma alguma, despicienda”, diz o mesmo comunicado.

António Mexia, CEO da EDP, em entrevista ao ECO - 22JAN20
Esta acusação é uma “fuga para a frente”, que assenta numa investigação não isenta, que se foi arrastando e que nunca teve como propósito o real apuramento da verdade. Não tendo um Ministério Público persecutório sido capaz de tomar a única decisão
objetivamente sustentável – o arquivamento do processo –, saudamos, no entanto, que, 12 anos depois, o processo possa transitar para a Magistratura Judicial. Desta forma e finalmente, António Mexia e João Manso Neto terão, pela primeira vez, a
oportunidade de provarem a sua inocência e de se pronunciarem perante um interlocutor isento sobre os erros da “investigação” levados à acusação, de contribuírem para a clarificação de perceções públicas erróneas e de contarem com a análise de uma entidade competente e imparcial. Terminou a fase do arbítrio. Agora, é o momento da Justiça.

Assistimos a tudo isto “num processo declarado acelerado, onde a atividade do Ministério Público foi periodicamente escrutinada pela hierarquia que, não podendo tolerar mais desculpas para o prolongamento do inquérito, fixou um prazo máximo para que fosse proferido um despacho final. Agora, ao fim de mais de uma década, o embaraço da enormidade dos recursos canalizados para investigação ou o esgotamento da tolerância hierárquica ou ambos, não permitiram ao Ministério Público continuar a protelar a acusação, sem mais indícios do que aqueles que tinha em 2017 e autonomizando do processo os assuntos que para ele
tinham sido artificialmente transferidos”, acrescentaram os advogados.

Quais os crimes imputados a cada arguido?

  • António Mexia — Ex-presidente executivo da EDP: um crime corrupção ativa para ato ilícito de titular de cargo político.
  • João Manso Neto — Ex-presidente da EDP Renováveis e ex-administrador da EDP: um crime corrupção ativa para ato ilícito de titular de cargo político.
  • Manuel Pinho — Ex-ministro da Economia do Governo socialista de José Sócrates: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.
  • João Conceição — Ex-assessor do ministro Manuel Pinho no Ministério da Economia: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.
  • Miguel Barreto — Ex-diretor-geral da Energia: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.
  • Rui Cartaxo — Ex-assessor de Manuel Pinho no Ministério da Economia: um crime corrupção passiva para ato ilícito de titular de cargo político.

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