Lucro do banco polaco do BCP aumentou 25% em 2024 para 167,1 milhões de euros

Resultados do Bank Millennium continuam “condicionados pelos encargos relacionados com a carteira de créditos hipotecários denominados em francos suíços” e pela contribuição sobre o setor bancário.

O Bank Millennium na Polónia, controlado pelo português BCP, obteve em 2024 um resultado líquido de 719 milhões de zlótis (167,1 milhões de euros), o que representa um crescimento de 25% face ao lucro do ano anterior, anunciou ao mercado esta sexta-feira a instituição liderada por Miguel Maya.

O BCP sublinha que os resultados do Bank Millennium continuam “condicionados pelos encargos relacionados com a carteira de créditos hipotecários denominados em francos suíços”. Em causa estão as provisões de mais de 506 milhões de euros para o risco legal dos créditos denominados em francos suíços.

A pesar nas contas estiveram também “os custos com a contribuição sobre o setor bancário que ascenderam a 232 milhões de zlótis (54 milhões de euros) o ano passado.

Caso não fossem, sobretudo estas provisões, o lucro do Bank Millennium teria aumentado 7%, para 2,99 mil milhões de zlótis (659 milhões de euros).

Em comunicado à CMVM, o BCP revela que o seu banco na Polónia conquistou mais 146 mil clientes particulares, tendo terminado o ano com uma carteira de 3,1 milhões de clientes ativos. Já ao nível das empresas aumentou em 5% o crédito a empresas, face a 2023, reduziu em 3% os depósitos de empresas, aumentou em 7% do volume de negócio de factoring e aumentou o negócio de leasing em 5%.

Quanto à margem financeira (excluindo os custos relacionados com a prorrogação das moratórias sobre créditos hipotecários denominados em zlótis), o Bank Millennium registou um aumento de 7%, as comissões líquidas recuaram 1% e os custos operacionais subiram 13%.

O banco revela ainda que o rácio de crédito com imparidade (Stage 3) desceu ligeiramente: “fixou-se em 4,5% que compara com 4,6% no ano anterior” e o custo do risco subiu: “situou-se nos 40 p.b. em 2024 que compara com 39 p.b. em 2023”. Já o rácio de empréstimos face aos depósitos situou-se em 63,9%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hoje nas notícias: Novobanco, Banco de Portugal e pensões

  • ECO
  • 31 Janeiro 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BCP e o CaixaBank (dono do BPI) destacaram equipas internas para estudarem a compra do Novobanco. O Governo vai eliminar a necessidade de reportar juros e subsídio de refeição superiores a 500 euros na declaração de IRS relativa a 2024 e anos seguintes. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

CGD, CaixaBank e BCP destacam equipas para estudar Novobanco

A Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BCP e o CaixaBank (dono do BPI) destacaram equipas internas para estudarem a compra do Novobanco. Enquanto o banco público não comentou o interesse naquela instituição financeira, o presidente executivo do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, admitiu que o banco espanhol poderia participar numa aquisição na Península Ibérica, até porque é onde está o seu foco e os movimentos de consolidação “não são estranhos ao CaixaBank”, que reconhece o poder das fusões no aumento da sua quota de mercado.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Finanças eliminam obrigação de declarar juros e subsídio de refeição no IRS

O Governo prepara-se para aprovar em Conselho de Ministros um decreto-lei que elimina a obrigatoriedade de declarar, para efeitos de IRS de 2024 e anos seguintes, os rendimentos sujeitos a taxas liberatórias não englobados acima de 500 euros (como juros, mais-valias ou dividendos) e dos rendimentos não sujeitos a este imposto superiores a 500 euros (por exemplo, subsídios de alimentação, ajudas de custo, seguros). Segundo a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, “a eliminação destas obrigações evita um número significativo de declarações com erros”.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Centeno escolhe António de Sousa para a Comissão de Vencimentos

A pedido do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, vai designar o antigo governador António de Sousa para a comissão de vencimentos daquela instituição. A decisão ainda não é oficial, até porque, embora a lei indique que a comissão de vencimentos tem de incluir um antigo governador, este tem de ser designado para o efeito pelo Conselho Consultivo do banco central, que só na quinta-feira viu os novos membros aprovados pelo Governo em Conselho de Ministros.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Um quinto dos jovens nascidos em 1990 tem um ano ou menos de descontos

A Segurança Social só exige 120 dias de descontos para reconhecer um ano completo de carreira contributiva, mas, mesmo assim, 9% dos 152 mil contribuintes nascidos em 1990 chegaram aos 32 anos de idade, em 2022, sem um único ano de descontos, somando-se a estes 9,5% com apenas um ano de contribuições. Os dados, que constam das notas técnicas complementares ao Livro Verde para a sustentabilidade do sistema previdencial, sugerem que as gerações mais novas estão a criar carreiras mais curtas e frágeis do que as anteriores.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso indisponível)

“Se tivéssemos ido para o Governo já estaríamos fora ou com um enorme problema”, disse líder da IL

Na véspera da Convenção Nacional da Iniciativa Liberal (IL), o presidente do partido destaca a decisão de não ter entrado para um Governo que “tem demonstrado incapacidade”. “Não havia condições para uma verdadeira mudança e não trocámos as nossas ideias por cargos políticos”, afirma Rui Rocha, numa entrevista ao Diário de Notícias. Para o líder dos liberais, se tivesse havido ministros do partido neste Governo, “não estariam, seguramente, satisfeitos” ou teriam “um enorme problema em mãos”.

Leia a entrevista completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo elimina obrigação de declarar juros e subsídio de refeição em IRS

Afinal, já não vai ser necessário declarar juros, subsídio de refeição e outros rendimentos em sede de IRS que estão isentos de tributação, revelou o ministro das Finanças ao ECO. Mas há uma exceção.

Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, em entrevista ao programa “O Mistério das Finanças”Hugo Amaral/ECO

O Governo vai apresentar um decreto lei para revogar a obrigação de entrega de mais um anexo em sede de IRS com rendimentos relativos a 2024, revelou ao ECO o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, no podcast ‘O Mistério das Finanças´, que estará disponível nas plataformas de streaming em breve e é transmitido na CNN Portugal ao sábado à tarde.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

A questão do anexo adicional não é nova, não surgiu esta semana. É uma decisão do orçamento do estado de 2024 que nós criticamos na altura, que tentamos eliminar no orçamento de 2025 com a exceção da parte dos offshores, de rendimentos que não são tributados e que teriam de passar a ser declarados, como o subsídio de refeição, [mas] a medida não passou com o chumbo da oposição, porque o orçamento é votado artigo a artigo. Portanto, a questão não é nova, estivemos a analisar, teríamos preferido que passasse no orçamento, [mas] vamos por decreto-lei revogar essa norma, com exceção da parte dos offshore, e com isso, na declaração de IRS que os contribuintes começarão a preencher a partir de abril, não estará esse anexo“, revela Joaquim Miranda Sarmento.

Depois dos receios de que seria mais complicado preencher a declaração de IRS relativa aos rendimentos do ano passado, decorrente da obrigação de apresentar um novo anexo de rendimentos, o ministro das Finanças explica, assim, que, afinal já não vai ser necessário declarar juros e subsídio de refeição, ajudas de custo, seguros, mais-valias ou dividendos superiores a 500 euros. A decisão de eliminar a obrigatoriedade de declarar os rendimentos sujeitos a taxas liberatórias não englobados e dos rendimentos não tributados em sede de IRS acima de 500 euros vai ser tomada num das próximas reuniões de Conselho de Ministros.

Mas há uma obrigação declarativa da qual o Executivo não abre mão: “ativos detidos em sociedades ‘offshore’. Do decreto lei que será aprovado constará uma lista do tipo de ativos detidos em paraísos fiscais que é preciso declarar. Esta obrigação decorre do que ficou definido no Orçamento do Estado para 2024, mas que o ministro das Finanças considerou não ter ficado suficiente claro.

Foi precisamente essa falta de clarificação que fez soar os alarmes porque a alteração ao código do IRS, introduzida pela lei do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), introduzia obrigações de reporte, embora não o pagamento de qualquer imposto adicional, para a declaração anual IRS um retrato mais geral dos rendimentos obtidos pelos contribuintes, facilitando a leitura dos que são elegíveis para a concessão de apoios que dependem do rendimento – como sucede, por exemplo, com o apoio à renda.

No entanto, esta nova obrigação de reporte teria de ser plasmada na portaria que aprova os modelos da declaração anual do IRS – que tem de ser publicada todos os anos. Mas o Ministério das Finanças decidiu deixar cair esta medida entendida pelos fiscalistas como uma “complexificação fiscal”.

A medida representaria igualmente um retrocesso para os contribuintes que recorrem ao IRS automático, porque obrigava à declaração de informações já detidas pela AT. A obrigação declarativa, que começaria a verificar-se na campanha de IRS, a começar no mês de abril, iria reduzir o número de sujeitos passivos que poderiam usar o IRS automático.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Arábia Saudita está empenhada na diversificação económica, na expansão do turismo e num compromisso firme com a sustentabilidade em 2025

  • Servimedia
  • 31 Janeiro 2025

O país está a impulsionar a sua transformação económica e social, consolidando o seu papel de referência no turismo, na sustentabilidade e na inovação.

A Arábia Saudita entra em 2025 com os olhos postos em continuar a impulsionar sectores-chave como a biotecnologia, a tecnologia e a logística, áreas essenciais para diversificar a sua economia e continuar a sua liderança regional e global.

Além disso, a expansão de projetos emblemáticos como o NEOM e as iniciativas de infra-estruturas verdes no Mar Vermelho serão pilares para continuar a expandir o setor do turismo do país e atingir 150 milhões de visitantes até 2030.

A Arábia Saudita entra em 2025 depois de um ano repleto de marcos que demonstram o seu empenhamento num desenvolvimento mais diversificado e sustentável. Estas realizações sublinham a influência do país como um ator-chave na economia global, no turismo e na inovação tecnológica, tudo no âmbito da sua estratégia Visão 2030.

Durante o ano passado, a Arábia Saudita registou progressos significativos na transformação da sua economia. A taxa de desemprego desceu para 7,8%, marcando uma recuperação do mercado de trabalho. Estes progressos refletem o sucesso das suas políticas destinadas a reduzir a dependência do petróleo, apoiadas por um crescimento de 4,2% das atividades não petrolíferas durante o terceiro trimestre de 2024.

Entre os setores emergentes, o setor da logística destaca-se como um importante contribuinte para o desempenho económico. Além disso, a atração de empresas estrangeiras continua a ser um dos fatores-chave. Só no ano passado, 517 multinacionais estabeleceram as suas sedes regionais no país, reforçando a posição do país como um polo regional estratégico para os negócios.

TURISMO

Outro grande mercado em crescimento é o turismo. A Arábia Saudita está empenhada em continuar a crescer como um destino preferido dos turistas internacionais. Em 2024, as suas chegadas atingiram 30 milhões de visitantes, crescendo quase 70% em relação a 2019. A estratégia para impulsionar ainda mais o setor equilibra a promoção da sua riqueza cultural, com oito sítios do Património Mundial da UNESCO, e o desenvolvimento de novas experiências.

Entre os novos destinos destacam-se Sindalah, na ilha futurista de NEOM, e os resorts Shebara e Desert Rock, no Mar Vermelho, concebidos como estadias de luxo em harmonia com o ambiente. Além disso, a Arábia Saudita continua a reafirmar a sua relevância na arena desportiva, confirmando-se como anfitriã do Campeonato do Mundo de Futebol de 2034 e acolhendo o primeiro Campeonato do Mundo de Esports, em que a equipa saudita se sagrou campeã.

INOVAÇÃO

A Arábia Saudita consolidou o seu compromisso com a sustentabilidade, plantando mais de 96 milhões de árvores e reabilitando 244 000 hectares de terra até 2024. Estes esforços foram complementados pela criação de 1,8 milhões de metros quadrados de espaços verdes e urbanos, equivalentes a 250 campos de futebol, melhorando o bem-estar dos seus cidadãos e a paisagem urbana. Além disso, o lançamento da Estratégia Nacional para a Sustentabilidade do Mar Vermelho constitui já um marco na proteção dos ecossistemas marinhos desta região.

O desenvolvimento tecnológico e científico é também um dos principais objetivos da estratégia saudita. Continuar a posicionar o país como uma referência académica e de investigação e desenvolvimento é um dos objetivos para 2025. Um esforço que está em linha com as conquistas alcançadas, como o facto de a Universidade Rei Saud estar entre as 100 melhores universidades do mundo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Telefónica recupera o seu preço antes da chegada de Murtra

  • Servimedia
  • 31 Janeiro 2025

A partir dos mínimos registados na sessão de sexta-feira passada, a empresa subiu mais de 5% na bolsa, após a chegada da calma aos mercados.

Menos de duas semanas após a nomeação de Marc Murtra como presidente da Telefónica, a empresa espanhola de telecomunicações recuperou, no fecho da sessão de quinta-feira, a cotação anterior à sua chegada à empresa.

Desde a sua chegada à Telefónica, Murtra teve várias reuniões com os principais executivos da empresa nos seus principais mercados, presidiu à primeira reunião do Conselho de Administração e deslocou-se a Riade (Arábia Saudita) para falar com o CEO da STC. O grupo saudita controla 4,9% do capital da empresa e tem a aprovação do governo para uma participação de 9,97%.

Estes contactos foram bem recebidos pelos investidores e analistas, que manifestaram uma confiança renovada na ação. A este respeito, alguns analistas recordam o trabalho de Marc Murtra à frente da Indra. Sob a sua presidência, a empresa subiu quase 160% na bolsa, apesar das dúvidas iniciais, com o mercado a aplaudir a sua estratégia de se tornar um campeão da defesa nacional.

“Se olharmos para a Indra, a estratégia é orientada para o crescimento e para o posicionamento da empresa como um campeão nacional. É verdade que Murtra não tem experiência no setor das telecomunicações, mas parece ter fortes relações com vários dos principais acionistas da Telefónica, lidou com situações complexas e sensíveis na Indra e parece estar interessado em estratégias orientadas para o crescimento”, salienta a JP Morgan.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 31 de janeiro

Ao longo desta sexta-feira, 31 de janeiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ex-secretário de Estado de Costa vai ser chamado ao DCIAP para explicar pen encontrada nas buscas

A pen foi confiscada e analisada no dia da busca, a 7 de novembro de 2023. Mas só um ano depois, já com Amadeu Guerra como PGR, é que o Ministério Público deu início a esta investigação autónoma.

O antigo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e também ex-chefe de gabinete de António Costa, Francisco André, vai ser ouvido no DCIAP no âmbito da investigação da pen encontrada em São Bento, depois das buscas a São Bento, em novembro de 2023 da Operação Influencer. O ECO/Advocatus sabe, junto de fonte ligada ao processo, que o agora embaixador da União Europeia UE no México, vai prestar declarações perante os magistrados do Ministério Público.

Esta quinta-feira, o Ministério Público interrogou Vítor Escária no âmbito da investigação que foi aberta à alegada violação de segredo de Estado e de segredo fiscal. O ex-chefe de gabinete de António Costa é agora arguido também nesse inquérito.

Em causa suspeitas de violação de segredo de Estado depois de ter sido encontrada uma pen drive, em novembro de 2023, nas buscas à residência oficial do então primeiro-ministro, António Costa, num cofre no gabinete de Vítor Escária, então chefe de gabinete de Costa. Segundo avançou a revista Sábado, essa pen drive contém alegadamente nomes e outros dados pessoais de centenas de agentes dos SIS e SIED, Polícia Judiciária e quadros das Finanças. O procurador-geral da República confirmou que o Ministério Público (MP) está a investigar estas suspeitas de violação de segredo de Estado, que decorre da investigação do processo Operação Influencer.

Porém, essa pen já estaria no gabinete de Escária antes de este ter começado a função de chefe de gabinete de Costa. Por isso, o DCIAP quer também ouvir Francisco André, antecessor no cargo de Escária. O antigo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação – cargo que exerceu depois de deixar o de chefe de gabinete, em 2022 – foi nomeado em abril do ano passado como embaixador da União Europeia (UE) no México.

O ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e ex-chefe de Gabinete de António Costa, Francisco André.Lusa

O próprio procurador-geral da República já garantiu que serão ouvidas “as pessoas necessárias” para apurar a verdade sobre a possível violação de segredo de Estado. “Vão ser ouvidas as pessoas necessárias para nós sabermos a verdade”, afirmou Amadeu Guerra, em declarações aos jornalistas, à margem da visita que realizou à comarca Porto Este, em Penafiel. “Estamos a investigar. A investigação tem a ver apenas com uma ‘pen’ que estava lá”, anotou, negando haver mais ‘pens’ na posse do MP.

O advogado de António Costa, João Cluny, também já veio esclarecer que o ex-primeiro-ministro, atual presidente do Conselho Europeu, desconhece “em absoluto do que se trata”. Ao que o ECO sabe, António Costa não foi chamado, pelo menos para já, pelo DCIAP.

Pen drive encontrada em novembro de 2023. Mas só um ano depois é aberto inquérito

A Operação Influencer foi tornada pública a 7 de novembro de 2023, quando a PSP, Rosário Teixeira, do DCIAP e o juiz de instrução Nuno Dias Costa fizeram buscas ao gabinete do então chefe de Gabinete, Vítor Escária. Nessas mesmas buscas, foi encontrada uma pen drive – confiscada e aberta pela autoridades presentes – em que se percebeu que continha nomes e outros dados pessoais de centenas de agentes dos SIS e SIED, Polícia Judiciária e quadros das Finanças. Porém, apesar desse conteúdo sensível, o Ministério Público decidiu só um ano depois (outubro de 2024) abrir uma investigação, autónoma da Operação Influencer.

O ECO/Advocatus sabe que esse inquérito foi aberto dias depois da tomada de posse do novo PGR, Amadeu Guerra. O porquê desta ‘espera’ de um ano para abrir a investigação permanece no segredo dos deuses. Questionado pelo ECO sobre esse atraso em concreto, o gabinete oficial de Amadeu Guerra não quis prestar esclarecimentos.

Mais estranho ainda é o facto de Vítor Escária, quando ouvido pelo DCIAP no âmbito da Influencer, não ter sido questionado sobre essa pen drive. Nem tão pouco António Costa, quando meses depois foi prestar declarações ao Ministério Público. O antigo primeiro-ministro, António Costa, que surgiu associado a este caso, foi alvo da abertura de um inquérito no Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão do cargo – logo no dia das buscas a São Bento – e a marcação de eleições antecipadas. Investigação que decorre agora no DCIAP mas que ainda não teve qualquer desenvolvimento e em que Costa nem sequer é arguido. Apenas suspeito de prevaricação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dos despedimentos à negação: o que pode estar em causa na investigação ao Bloco de Esquerda?

Bloco de Esquerda pode enfrentar um processo alegado crime de falsificação de documento e de fraude contra a Segurança Social. PGR abriu inquérito para investigar o caso dos alegados despedimentos.

O Bloco de Esquerda (BE) já não pode fugir à polémica. Esta quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu um inquérito para investigar o caso dos alegados despedimentos que aconteceram no partido. Em concreto, para investigar o caso das trabalhadoras que foram despedidas após terem sido mães e em que dois casos terão sido alvo de contratos-fantasma. Acusações que o partido já negou e que fez com que Mariana Mortágua, a líder do BE, viesse explicar que a atuação do Bloco teve um único propósito: “proteger aquelas duas trabalhadoras e encontrar condições para as proteger”.

Mas, afinal, o que pode estar em causa neste processo-crime?

À Advocatus, a associada sénior da Antas da Cunha Ecija, Isabel Araújo Costa, refere que, a confirmar-se que foram “assinados falsos ou aparentes contratos de trabalho” e que tenham sido usados de forma a “iludir disposições legais”, pode estar em causa um crime de falsificação de documento.

Podemos estar diante de um crime de fraude contra a Segurança Social, na medida em que, tanto quanto parece ter sucedido, se ficcionou a prestação de trabalho e respetivo enquadramento contributivo. Isto é, não terá, tanto quanto se veicula, existido prestação de trabalho, mas terão sido feitos os descontos legais para a Segurança Social. Descontos esses de trabalho não prestado, logo a que as trabalhadoras não teriam direito”, revela.

Para Isabel Araújo Costa, constitui contraordenação muito grave a celebração de contratos a termo cujo motivo justificativo e respetiva necessidade temporária não sejam verdadeiros, “como se diz ter sido o caso”.

“Assim, e para além do enquadramento criminal, também há uma potencial sujeição a um quadro contraordenacional – esse já da competência da Autoridade para as Condições do Trabalho -, cujas coimas podem variar entre o mínimo de 2.040 euros e um máximo de 61.000 euros, dependendo do volume de negócios da empresa e do grau de culpa do infrator”, acrescenta.

Já Madalena Caldeira, advogada da Gómez-Acebo & Pombo, defende que, apesar de desconhecer em absoluto os factos concretos, “o que estará em causa será a situação de dois alegados contratos-fantasma, em que o Bloco é suspeito de dar contratos a termo a duas funcionárias para não ter de as indemnizar pelo despedimento”.

“A ser assim, o que poderá estar em causa é que foi declarado à Segurança Social uma coisa e foram apresentados à Segurança Social documentos que atestam uma relação laboral que não existe e que, portanto, é falsa, eventualmente com o objetivo de obter uma vantagem e que seria a de não pagar a indemnização devida pela cessação do contrato”, assume.

Segundo a advogada, pode ainda questionar-se se ao “manter uma relação laboral que não existiu e no contexto da qual se efetuaram contribuições que vão beneficiar trabalhadoras em sede de prestações sociais e de reforma, quando na realidade estas estão desempregadas, não existe igualmente uma intenção de defraudar a lei”.

O procurador-geral da República, Amadeu Guerra, admitiu esta quinta-feira que havia condições para abrir uma investigação e que os “indícios que também temos são de falsificação, mas isso não significa que que se venha provar”. “Portanto, o que vamos fazer é investigação, como fazemos em todas as situações”, disse.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua. RODRIGO ANTUNES/LUSARODRIGO ANTUNES/LUSA

Uma coisa é certa, a líder do partido, Mariana Mortágua voltou a sublinhar esta quinta-feira, após a abertura de inquérito por parte do Ministério Público, que não houve qualquer forma de contornar a lei e que querem prestar todos os esclarecimentos para apurar a verdade. Em declarações ao país, avançou que o Ministério Público não contactou o BE e, portanto, não pediu qualquer informação ou esclarecimento diretamente ao BE.

“Vemos com bons olhos esta investigação porque vai permitir, por um lado, desmentir um conjunto de medidas falsas que têm saído sucessivamente em vários órgãos até de comunicação social. Por outro lado, vai permitir também confirmar que a atuação do BE teve um único propósito: proteger aquelas duas trabalhadoras e encontrar condições para as proteger que fossem mais favoráveis às condições associadas à extinção do vínculo da comissão de serviço”, referiu.

Mortágua explicou que os trabalhadores no BE estão num estatuto de comissão de serviço que está associado aos “ciclos de financiamento” e que pode ser terminado a qualquer momento. “Naquele processo em que o BE teve de extinguir mais de 30 postos de trabalho, porque perdeu mais de metade do financiamento, essas comissões de serviço foram extintas e, nesse momento, fomos confrontados com uma decisão que era de tentar proteger duas trabalhadoras que tinham sido mães à pouco tempo”, disse. Uma versão que, no entanto, também é questionada pelo menos por uma das trabalhadoras alvo deste despedimento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Control Space prepara mais duas compras de imóveis para ‘arrumar’ negócio das despensas

A sociedade da Incus Capital e Colares Capital, dedicada ao aluguer de espaços de arrumação, vai fechar a nona aquisição em fevereiro. A escolha recaiu sobre Lisboa, onde está a maioria do portefólio.

O negócio de comprar armazéns para alugar despensas está a mexer com o setor imobiliário em Portugal. A empresa Control Space, uma sociedade conjunta (joint venture) criada entre a Incus Capital e a Colares Capital, prepara-se para fechar mais duas aquisições de imóveis – um em Lisboa e outro na zona sul do país – de um envelope de 50 milhões de euros que tem para investir e depois abrir “lojas” de espaços para arrumação.

O cofundador da empresa de armazenamento autónomo (self-storage) Albano Costa Lobo confirmou ao ECO que o próximo armazém terá cerca de 10 mil metros quadrados (m2) e será o maior dos atuais oito no portefólio, mas recusou adiantar o valor, uma vez que a transação ainda não está concluída e só deverá ser assinada em fevereiro. O objetivo é atingir a maior quota de mercado em Portugal.

“O processo irá continuar como o que temos tido: comprar [imobiliário] e abrir [‘loja’]. O nosso tipo de armazéns inspira-se no que se faz lá fora: nos Estados Unidos, em Inglaterra, em Espanha… Armazéns grandes. Os armazéns pequenos não deixam de ser concorrência, até porque são muitos, mas os nossos têm outras dimensões. Esta indústria dos arrumos não deixa de ser um negócio de retalho. Começamos a competir com retalhistas no imobiliário”, afirmou Albano Costa Lobo.

A indústria dos arrumos não deixa de ser um negócio de retalho. Começamos a competir com retalhistas no imobiliário

Albano Costa Lobo.

Cofundador da Control Space

A Control Space tem sentido falta de oferta de armazenamento nestas áreas metropolitanas e ainda este mês comprou um novo armazém na zona de Lisboa, com cerca de cinco mil m2 na região de Sintra-Cascais. Localizado em frente ao centro comercial Alegro Sintra, o imóvel está praticamente pronto para instalar ‘salas’ de arrumação – a que designam de boxes – e abrir ao público ainda este ano.

O espaço permite abrir 600 unidades de arrumação, que podem ter apenas um metro quadrado ou 100-200, dependendo da procura. “É muito difícil encontrar ativos como este, sobretudo naquela zona e com aquele tipo de disposição, ao tráfego da IC19, uma das estradas com mais movimento em Portugal e até na Europa”, disse Albano Costa Lobo.

O portefólio da ControlSpace conta atualmente com oito imóveis com um total de 30 mil m2 brutos, dos quais aproximadamente 20 mil m2 com boxes de arrumação, num valor acumulado de 30 milhões de euros. Além dos clientes individuais que precisam de espaço para mobiliário, livros, tralhas e relíquias de família, e representam 80% do negócio, a clientela está a diversificar-se para o setor empresarial. Ou seja, pequenas e médias empresas com necessidades de armazenamento de arquivos ou mais organização logística.

O negócio global do armazenamento – e que esta sociedade pretende replicar em Portugal – pode resumir-se em quatro D’s, em inglês: D de Divorce (divórcio), D de Dislocation D (mudanças), D de Death (morte) e D de Downsizing (casas pequenas com pouco espaço).

Na prática, as quatro principais fases do ciclo da vida humana e nas quais as pessoas são confrontadas com a necessidade de arrumar coisas e, comummente, se confrontam com o problema do espaço. É aí que surge esta indústria de vender ou alugar prateleiras/salas, enquanto este segmento de “self storage” [armazenamento autónomo] aparece numa etapa posterior, onde a tecnologia reina. É sem chave e através de uma aplicação no telemóvel que o cliente abre e fecha as portas da despensa que alugou – imagine um modelo de subscrição Netflix para espaços para caixotes.

Quatro espaços em Lisboa e Porto abrem em 2025

O plano de aberturas para o segundo semestre de 2025 inclui o espaço de Sintra (por não requerer muitas obras), Porto – um armazém ao lado do GaiaShopping e outro no centro da cidade (Rua da Alegria) e outro na margem sul do Tejo, perto do Fórum Montijo. Seguem-se aos de Campo de Ourique, Alfragide, Alcântara e zona industrial do Porto, que estão de portas abertas.

Os novos ativos têm um foco particular na sustentabilidade com a implementação de iluminação LED com sensores de movimento, painéis solares para eficiência energética e pontos de carregamento para veículos elétricos.

Temos andado a ganhar robustez e estamos a contratar. Também é importante o facto de alguns terem espaços lá fora, além do espaço de armazenagem. Vamos poder alugar para estacionamentos de (auto)caravanas, atrelados, food trucks [carrinhas de refeições]. É algo que não temos em todos os armazéns, mas é relevante”, explica o gestor ao ECO.

A holding Colares Capital, detida por Albano Costa Lobo, Vasco Fino e Francisco Parreira do Amaral, é proprietária da Control Space desde a fundação da empresa, em 2021. Desde meados de maio de 2024, detém-na com a Incus Capital, no âmbito desta joint venture.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lei de Bases do Clima faz três anos com vários pontos por cumprir. Fiscalização e credibilidade em causa

O Governo destaca os avanços em Portugal na ação climática mas assume-se “empenhando em concretizar os pontos em atraso”.

praticamente uma mão cheia de iniciativas previstas na Lei de Bases do Clima que ainda não foram cumpridas, três anos depois da respetiva entrada em vigor, a 1 de fevereiro de 2022. O Governo destaca que já foram, contudo, dados passos relevantes na ação climática e assume-se “empenhando em concretizar os pontos em atraso”.

Por cumprir estão a apresentação dos Planos Municipais e Regionais de Ação Climática, o lançamento de uma Estratégia Industrial Verde e dos Planos Setoriais de Mitigação e de Adaptação às Alterações Climáticas, no que diz respeito aos setores considerados prioritários e, finalmente, o Relatório de Avaliação Inicial de Impacte Climático Legislativo.

“Todas estas medidas têm prazos específicos na própria lei para a sua execução, os quais estão ultrapassados há mais de um ou dois anos”, acusa a organização ambientalista Zero, na voz da analista de políticas climáticas Susana Militão.

Além disto, há medidas nas quais se deram alguns passos, como a aprovação da criação do Conselho para a Ação Climática (CAC), que já remonta a agosto de 2023, mas cujo conselho ainda não está operacional, “comprometendo importantes dispositivos previstos na legislação”, destaca a Zero.

De momento ainda não se conhecem os membros deste conselho, e a organização ambientalista afirma que está a ser travado por “um impasse relacionado com a garantia de paridade de género na sua composição”. “Tem de haver um Conselho para a Ação Climática, senão, o sistema de planeamento e avaliação não funciona”, alerta Miguel Costa Matos, coautor da proposta de lei que deu corpo à atual Lei de Bases do Clima.

Filipe Duarte Santos que, como presidente do CNADS – Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, é automaticamente nomeado membro do CAC, afirma-se “surpreendido” de ainda não ter sido convocada qualquer reunião para este último conselho. Da existência deste órgão está dependente, por exemplo, a aprovação dos Orçamentos de Carbono, que estabelecem limites de emissões de gases de efeito de estufa para o país até 2030, e que estão agora em consulta pública.

No caso dos Planos Climáticos, também não está tudo por fazer, mas sim a maior parte. No final de 2023, os dados mais recentes que a consultora Get2C, responsável pela monitorização, tem disponíveis, contam-se 184 municípios que ainda não tinham entregue o respetivo Plano Municipal de Ação Climática, o correspondente a 60% dos municípios em Portugal.

O Ministério do Ambiente sublinha, contudo, “o percurso notável de Portugal” na elaboração de planos de adaptação ao nível das áreas metropolitanas e comunidades intermunicipais, que cobrem atualmente a quase totalidade do território nacional.

O ministério da tutela diz-se “empenhando em concretizar os pontos em atraso” e destaca os pontos que foram sendo concretizados. Por exemplo, no ano passado, foi assumida a antecipação da meta de neutralidade climática para 2045, tal como previsto na Lei de Bases do Clima. Afirma ainda que “está em revisão o Roteiro para a Neutralidade Carbónica (2050) e em breve será iniciada a revisão da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC)”.

Clima, credibilidade e fiscalização: as grandes perdas

Portugal arrisca-se a transformar uma lei pioneira em mais um exemplo de promessas políticas não cumpridas no campo climático, com consequências graves não só para a sua reputação, mas principalmente para o futuro de todos, incluindo o das próximas gerações”, acusa a Zero.

“O Governo está empenhado no cumprimento da Lei de Bases do Clima e a dar passos no sentido do reforço das políticas de ação climática, incluindo na definição de metas mais ambiciosas”, afirma, por seu lado, o Governo.

O executivo realça que Portugal é atualmente uma referência ao nível do desempenho climático, tendo conseguido a 15.ª posição mundial no Climate Change Performance Index for 2025 (CCPI), situando-se no grupo de países com classificação alta. Na avaliação do Tribunal de Contas, “a avaliação das ações públicas relacionadas com as alterações climáticas foi, na generalidade das componentes, muito positiva em Portugal”.

“Há certas obrigações na Lei do Clima, que são uma validação daquilo que está a ser feito [a nível climático], que seria muito importante assegurar”, afirma Filipe Duarte Santos, referindo-se ao Relatório de Avaliação Inicial de Impacte Climático Legislativo.

Também Miguel Costa Matos considera que “a principal vitória desta Lei está por cumprir – um regime rigoroso, de base científica, de planeamento, execução e avaliação das políticas climáticas, de forma transversal”, e que seja aplicado também no setor financeiro, no setor agrícola, até na política externa. “Até lá, estamos vulneráveis ao greenwashing”, alerta.

Sobre a falta de uma estratégia industrial verde, Miguel Costa Matos entende que esta se nota, por exemplo, na perda de projetos na área do hidrogénio verde. Ainda esta semana, a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, assumiu que os projetos de hidrogénio verde apresentam uma “grande dificuldade” na execução, mas justificou com a corrida à compra de eletrolisadores no mercado europeu e mundial.

Pela positiva, o Governo destaca ainda a criação da Agência para o Clima, que vai concentrar em si todos os fundos ligados à ação climática. Filipe Duarte Santos concorda que a existência desta agência “é um passo importante” e que pode ajudar a dar resposta às exigências da lei.

“É muito importante ter uma cooperação entre os ministérios”, entende o presidente do CNADS, olhando por exemplo a setores afetados pelas alterações climáticas, como a agricultura, e outros que contribuem para a descarbonização, como as florestas, e que não estão na esfera política do Ambiente.

O que falta, então, para concretizar a lei em pleno? “Para desbloquear, há que pôr a funcionar o CAC e que haja um maior diálogo e cooperação nos temas da agricultura, água e florestas, e também ao nível dos financiamentos”, acredita Filipe Duarte Santos. Do ponto de vista da Zero, falta apenas “vontade política”.

“Depois de ter declarado em abril do ano passado a implementação da Lei de Bases do Clima como uma prioridade, o Governo precisa agora, com urgência, de transformar palavras em ações concretas e mensuráveis”, urge Susana Militão.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prestação da casa alivia em fevereiro para o valor mais baixo em dois anos

Lagarde frisou que os juros ainda estão elevados e a passar fatura às famílias com crédito à habitação. Ressalvou que BCE vai continuar a aliviar as taxas nos próximos meses.

A prestação da casa vai voltar a cair no próximo mês. As famílias poderão contar com descidas que podem chegar aos 95 euros, no caso de um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos. As contas feitas pelo ECO mostram que os encargos com o empréstimo à habitação vão descer para o valor mais baixo em dois anos ou mais, dependendo do indexante associado ao contrato. Os próximos meses trarão mais descidas com a perspetiva de mais cortes dos juros da parte do Banco Central Europeu (BCE).

Há meses que a prestação da casa está em queda por conta do desagravamento da política monetária do banco central. Que ainda está longe de estar terminado.

Após ter cortado as taxas pela quarta vez seguida, Christine Lagarde afirmou esta quinta-feira que em Frankfurt ainda não se pensa num travão na descida dos juros por duas razões: a inflação vai em rota descendente a caminho da meta dos 2% e a economia da Zona Euro dá cada vez mais sinais de fragilidade.

Neste momento ainda estamos em território restritivo. Não discutimos sobre quando temos de parar” o movimento de descida de juros e é prematura esta discussão, referiu a presidente do BCE.

Para os analistas do banco ING, “mesmo que alguns argumentem que a política monetária pode fazer muito pouco para resolver os problemas estruturais, a instabilidade política e a incerteza, em muitos países obrigarão o BCE a continuar a levantar o peso”.

“Por enquanto, parece que a viagem do BCE rumo à neutralidade vai continuar e mais cortes nas taxas se seguirão”, acrescentam.

Lagarde não se comprometeu quanto ao destino final da viagem. Mas o consenso entre os economistas e o mercado situa as taxas neutras entre 1,75% e 2,5%. Ou seja, a porta continua aberta para mais descidas de juros, tendo em conta que a taxa principal ainda se encontra nos 2,75%.

São esperados novos cortes até junho, com o mercado a apontar para cortes acumulados de 100 pontos base até ao final do ano, caso a inflação se mantenha controlada, de acordo com a XTB.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Juros ainda pesam, mas famílias já sentem alívio

Christine Lagarde salientou que as recentes descidas de taxas estão a aliviar os custos de financiamento para empresas e famílias. Ainda assim, lembrou que a política monetária do BCE continua em níveis restritivos e que as subidas de juros passadas ainda estão a pesar sobre o bolso de quem está a pagar o empréstimo ao banco.

As simulações realizadas pelo ECO mostram que a prestação da casa para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e com um spread de 1% vai cair em fevereiro para o valor mais baixo em dois anos. Longe do pico observado no final de 2023, mas também do que se verificava no início de 2022, quando as taxas estavam em terreno negativo.

As contas são estas:

  • Euribor a três meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá descer para 691,27 euros, menos 39,37 euros (-5,39%) relativamente à prestação que pagava desde novembro;
  • Euribor a seis meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses rondará os 683,32 euros, uma descida de 89,6 euros (-11,59%) em relação à prestação que pagava desde agosto;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá cair para 675,75 euros, menos 94,02 euros (-12,21%) face à prestação que pagou no último ano.

Para o ajudar a calcular a prestação do seu crédito à habitação, o ECO preparou um simulador. Faça as contas para o seu caso e se o seu contrato for revisto agora, saiba quanto irá pagar a menos.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o simulador.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Site para cessar contratos com operadoras terá novas funcionalidades em 2025, após atraso de mais de um ano

A Direção-Geral do Consumidor garante ao ECO que é este ano que avança a atualização da plataforma online, que deveria ter sido feita até setembro de 2023.

A plataforma que permite cessar contratos com as operadoras de telecomunicações pela Internet vai ter novas funcionalidades ainda em 2025, mais de um ano depois do prazo que estava previsto na lei. O site, que atualmente só permite rasgar contratos através de queixa, permitirá fazê-lo por fim do prazo ou comunicar a morte de um titular, disse ao ECO a Direção-Geral do Consumidor (DGC).

“A implementação da segunda fase da plataforma de cessação de contratos está agendada para 2025, estando previsto que a futura versão passe a disponibilizar aos consumidores outras funcionalidades, tais como, pedidos de suspensão, caducidade e resolução do contrato, bem como a possibilidade de comunicação do óbito do titular do contrato”, refere a DGC.

A repartição pública encarregue de salvaguardar os direitos dos consumidores diz que o objetivo é que a plataforma permita “cessar o contrato sempre que se verifiquem, designadamente, situações relativas a alterações do titular do contrato, alterações das condições contratuais pela empresa que oferece os serviços, ou outras que determinem a suspensão e caducidade do contrato”, nos termos da Lei das Comunicações Eletrónicas.

Em novo compasso de espera fica a autenticação através dos dados de acesso do Portal das Finanças, uma funcionalidade que também estava prevista no plano da segunda atualização da Plataforma de Cessação de Contratos.

Desde que entrou em vigor, a plataforma recebeu 15.474 pedidos de informação contratual, com taxa de resposta de 97% por parte dos prestadores de serviços (15.042 respostas). No que diz respeito à cessação do contrato, foram registados 3.051 pedidos e 2.913 respostas, o que se traduz numa taxa de resposta de 95%.

Que o prazo desta atualização não seria cumprido sabia-se desde o verão de 2023, quando o anterior Governo confirmou ao ECO que as inovações na plataforma não iriam ficar na gaveta, mas estavam atrasadas em relação à data prevista pela lei.

“Neste momento, a implementação da segunda fase está a ser articulada com o regulador e a respetiva associação do setor das comunicações eletrónicas”, disse, na altura, fonte oficial do Ministério da Economia e do Mar, que tutela a DGC. O gabinete de António Costa e Silva não se comprometeu com nova data para a segunda fase, mas referiu que seria “desenvolvida com o apoio do Fundo Para a Promoção dos Direitos do Consumidor”, que só foi “atribuído em agosto de 2023.

A Plataforma de Cessação de Contratos foi disponibilizada pela DGC, em colaboração com a Anacom e a Apritel, a 24 de novembro de 2022, sem integrar todas as funcionalidades previstas no projeto. Atualmente, tal como no início, só permite a cessação de contratos de comunicações eletrónicas por via de denúncia. O segundo pacote de funcionalidades úteis aos consumidores devia ter sido implementado até setembro de 2023.

O intuito da mesma é agilizar “a disponibilização de informação aos consumidores sobre os seus contratos de comunicações eletrónicas, assim como o exercício dos seus direitos relativamente a tais contratos, em particular em matéria de cessação”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.