Taxas de juro elevadas não travam subida de 4,6% do crédito pessoal

As famílias recorrem cada vez mais a créditos pessoais, apesar das altas taxas de juro. Em maio, os novos créditos superaram os 314 milhões de euros, mais 4,6% face a maio do ano passado.

Apesar das elevadas taxas de juro dos créditos pessoais, as famílias continuam a recorrer à banca para obterem financiamento para pagar as mais variadas despesas de consumo.

Em maio, o volume dos novos créditos pessoais concedidos pelos bancos aos particulares superou os 314 milhões de euros, mais 0,49% face aos números de abril e mais 4,63% em termos homólogos, segundo dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal.

Apesar deste aumento, trata-se de um crescimento mais moderado face aos números contabilizados em abril, quando o volume de novos créditos pessoais aumentou 2,01% em cadeia e quase 30% em termos homólogos.

A mesma dinâmica é verificada no crédito automóvel, com o volume dos novos créditos a situar-se nos 287 milhões de euros no final de maio, mais 8,3% face a abril, mas longe do aumento de 29% registado em abril face a fevereiro.

Os dados do Banco de Portugal revelam também que o número de contratos de crédito pessoal está a cair há quatro meses. Em maio, foram contratualizados 43,7 mil contratos, menos 4,12% face a abril e menos 1,34% face aos números registados em maio de 2023.

As taxas máximas aplicadas aos contratos de crédito pessoal em vigor para o terceiro trimestre situam-se entre os 9,2% para o pagamento de serviços associados a Educação, Saúde, Energias Renováveis e Locação Financeira de Equipamentos; e os 15,8% para outras finalidades.

As taxas máximas do crédito automóvel em vigor até setembro variam entre os 6,7% para situações de locação financeira ou ALD, e os 14,3% para créditos com reserva de propriedade na aquisição de carros usados.

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Um quarto dos diplomados com qualificações a mais para o emprego que têm

Sobrequalificação vem crescendo em Portugal: há mais trabalhadores com qualificações acima do necessário para os empregos que têm. Estudo do CoLabor nota que mulheres são mais afetadas.

Se há apenas algumas décadas a maioria dos trabalhadores portugueses tinha menos qualificações do que as necessárias para os empregos que exerciam, hoje a situação é a inversa. Um quarto dos trabalhadores que concluíram o ensino superior têm habilitações em excesso para os postos de trabalho que ocupam, revela um novo estudo do Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social (CoLabor). As mulheres são as mais afetadas por este fenómeno.

“Num contexto de aumento de qualificações no mercado de trabalho, a incidência da sobrequalificação, em particular entre os trabalhadores com ensino superior, tem crescido“, alertam os especialistas Frederico Cantante e Pedro Estêvão nesta análise.

Segundo eles, ainda que esta tendência seja expectável face à qualificação da população portuguesa, é importante monitorizar a sua magnitude, já que “traduz um desajustamento estruturalmente negativo“.

Enquanto em 1995 quase dois terços dos trabalhadores (65%) estavam numa situação de subqualificação — isto é, “tinham habilitações escolares inferiores às expectavelmente necessárias para o exercício das tarefas e funções exigidas pela sua profissão” –, em 2021 esse grupo tinha caído 39 pontos percentuais, para 26%.

Por outro lado, enquanto em 1995 a sobrequalificação tinha uma “incidência marginal”, em 2021 cerca de 14% dos empregados estavam nessa situação. Aliás, se olharmos apenas para os trabalhadores que concluíram o ensino superior, verifica-se que 25% têm habilitações a mais para os empregos que exercem.

“O aumento da sobrequalificação indica que uma parte relevante dos recursos humanos qualificados estão a ser desaproveitados — ou, pelo menos, a executar funções e tarefas com um nível de complexidade que não exigem ou formação de nível secundário ou formação de nível superior, com efeitos potenciais na exclusão de menos qualificados do mercado de trabalho“, assinala os especialistas do CoLabor.

Este fenómeno afeta particularmente as mulheres — pelo que pode ser um “indicador pertinente na análise das desigualdades de géneros — e os mais jovens. Já nos mais velhos é mais mais frequente a subqualificação.

Quanto aos setores de atividade onde a sobrequalificação é mais incidente, as atividades administrativas e os serviços pessoais, de proteção e segurança destacam-se, ao concentrarem 40% dos empregados com ensino superior sobrequalificados. Também o comércio e o setor financeiros apresentam “valores elevados” para este indicador”, sublinha o CoLabor.

Em remate, os especialistas alertam ainda que a sobrequalificação na entrada no mercado de trabalho “define em boa medida o restante trajeto“.

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A imigração e o risco da incapacidade do Estado

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  • 15 Julho 2024

Filipe Lobo d’Avila, Advogado, Country Manager Rödl & Partner, partilha a sua opinião sobre a extinção do SEF e o desempenho da AIMA.

Nos últimos tempos, o tema da imigração entrou no debate político e multiplicaram-se os comentadores especialistas numa realidade demasiadas vezes descrita a preto e branco, numa divisão entre humanistas e racistas ou entre tolerantes e xenófobos. Num tema em que reconhecidamente são fáceis as catalogações, os casos recentes de criminalidade também acabam por contribuir para o surgimento de discursos mais securitários ou divisionistas que não ajudam a abordar o tema naquele que deve ser o seu contexto.

A imigração não é um caso de polícia, mas é também verdade que a criminalidade mais ou menos organizada não tem exclusivo de nacionalidades.

No meio desta realidade, o processo de extinção do SEF podia correr mal e podia correr mal no pior momento possível. Era previsível e deveria ter sido antecipado por quem teve tempo mais do que suficiente para antecipar os problemas e reunir os recursos indispensáveis.

Não foi o que aconteceu e nem a escolha pessoal do novo responsável da AIMA (alguém do universo socialista, habituado a desafios exigentes) conseguiu salvar um processo gerido a passo de caracol e com um desfecho que politicamente era por demais evidente.

Vamos então por partes.

Por uma questão ideológica (e por causa de um caso isolado inadmissível) decidiu-se aplicar a pena máxima de extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, ignorando prémios, reconhecimentos e procedimentos essenciais da responsabilidade do SEF.

Há muito tempo que algumas forças políticas, incluindo do centro-direita, queriam acabar com o SEF. Não sendo propriamente uma novidade, no tempo de Passos Coelho essa foi a única clivagem nos membros da coligação do Ministério da Administração Interna.

Depois veio o PS e o fim do SEF foi pré-anunciado, pré-anunciado novamente, anunciado, e dado a um processo de morte lenta. Sem prazo, sem método e sem conforto para inspetores, técnicos de imigração e funcionários envolvidos.

Um Serviço invejado por todos os serviços correligionários europeus, pelos prémios de excelência atribuídos, pelas evoluções tecnológicas, pela qualidade dos seus inspetores e colaboradores, mas também pela eficiência na sua ação (de análise documental, fiscalização e investigação criminal) era colocado em morte lenta.

Ao contrário da tese que se procura afirmar para justificar o injustificável, o modelo organizacional do SEF sempre foi invejado por todos os Países Europeus por se tratar de um serviço dotado de todas as vertentes relacionadas com imigração e estrangeiros. Um serviço completo e que, também por isso, sempre foi motivo de inveja, mesmo internamente. Um dos poucos serviços públicos que exportava, em simultâneo, conhecimento e tecnologia.

Quando a máxima que tantas vezes impera é a do “não te rales, mas não te enganes”, um serviço público com este dinamismo e com estas características nunca estaria imune a invejas, pressões ou tentativas de fusão por incorporação.

Ao abrigo destas teses, têm sido ditas algumas afirmações que causam enorme perplexidade.

Recentemente, um antigo Ministro da Administração Interna socialista dizia que o cidadão imigrante não podia ser exposto a um agente policial ao pretender tratar da sua regularização documental. Simplificando, uma coisa seria o tratamento da papelada, outra coisa seria o exercício de funções policiais. Isto até poderia ser assim, pelo menos do ponto de vista teórico ou doutrinário, se estes mesmos responsáveis políticos garantissem que a comunicação entre as duas componentes permanecesse inalterada, sem perturbações, sem interrupções e sem consequências absolutamente desastrosas. Conseguimos hoje garantir que a comunicação entre estas duas componentes subsiste?

Por outro lado, a natureza do procedimento nunca foi condicionada pela qualidade do agente público. Bem pelo contrário. A qualidade do agente nunca ditou a natureza do procedimento. A coberto de uma tese de acolhimento humanista e de não exposição do cidadão estrangeiro a um polícia desmantelou-se finalmente o SEF e criou-se a nova Agência, a AIMA.

Também a coberto da mesma tese, abriu-se uma caixa de pandora de muito difícil resolução (e que naturalmente alimenta – e alimentará – discursos mais extremistas, que vão encontrando na realidade percecionada pelos portugueses fundamentos de adesão).

A realidade é hoje demasiado complexa, com praticamente 400 mil processos pendentes, sem referir eventuais pedidos de reagrupamento familiar (os quais facilmente multiplicariam por duas vezes ou mais os números de candidatos à regularização em Portugal), com falhas graves de recursos humanos e com funções fundamentais do Estado deixadas ao abandono.

Filipe Lobo d’Avila, Advogado e Antigo Secretário de Estado da Administração Interna

O problema da opção ideológica e política da criação da AIMA não é apenas uma questão de “recursos e tempo”, como diria recentemente outro responsável socialista. É um problema de recursos, é um problema de tempo, mas é também um problema objetivo de competências que têm que ser exercidas e que deixaram de o ser.

Houve um abandono de determinadas funções que, hoje – e a prazo -, terão consequências gravíssimas. Basta perceber que ao longo da última década foram regularizadas cerca de 2,5 milhões de pessoas e que nem metade (será que um terço?) está já em Portugal.

Nas parcas estatísticas existentes e publicamente consultáveis alguém consegue descortinar onde estão essas pessoas? Os imigrantes que tanto poderiam ajudar hoje a economia nacional em determinadas áreas de atividade económica – e que já regularizámos – onde estão? A verdade é que a maioria destes imigrantes regularizados já não está em Portugal. A verdade é que Portugal tem sido uma plataforma de entrada para outros destinos. E esse é o primeiro problema que temos que ter consciência e que não podemos ignorar.

O segundo problema é naturalmente de recursos e de gestão de recursos.

O SEF tinha um corpo de inspetores altamente especializado na ordem das 7 a 8 centenas, os quais se encontravam territorialmente distribuídos, assumindo funções multidisciplinares (por exemplo: de tratamento documental, de fiscalização, natureza inspetiva, assim como de investigação criminal). A maioria destes quadros superiores de excelência transitou naturalmente para a Polícia Judiciária, como era obrigação política de antecipar e colmatar.

Nada contra a ideia de que quem trata de papelada não deve ser um polícia, mas se assim é não deveria isto também ter sido igualmente antecipado?

É óbvio para qualquer autoridade medianamente informada sobre a matéria que as funções anteriormente assumidas pelo SEF não poderiam ser satisfatoriamente asseguradas pela AIMA e que a escassez de recursos seria mais do que previsível, seria inevitável. Bastaria este facto relacionado com o corpo de inspetores para o perceber e nem o milagreiro socialista o poderia evitar.

Com tudo isto, houve funções e atividades que foram pura e simplesmente interrompidas ou mesmo abandonadas. Muitas das atividades de fiscalização e de natureza inspetiva eram anteriormente desempenhadas por estes inspetores do SEF e hoje são assumidas por quem? Sabendo-se que a PJ é uma polícia de investigação e que a PSP está sobretudo concentrada nos postos de fronteira e essencialmente em tarefas de segurança interna e de policiamento de proximidade, quem fiscaliza empresas, obras ou lojas? Estamos em condições de assegurar que estas tarefas inspetivas continuam a ser cumpridas?

Parece impossível e, não querendo também acreditar nisso, tudo indica que não houve um decréscimo de atividades, mas sim um abandono de uma parte muito significativa da atividade inspetiva. Não será isso relevante num Estado de Direito democrático que pretende ser humanista e que pretende assegurar a melhor integração possível, sem exploração laboral e com respeito pela dignidade da pessoa humana?

O modelo do SEF permitia agilizar a comunicação. Permitia uma consulta rápida e atual das bases de dados. Permitia que essas mesmas bases de dados permanecessem atualizadas. E, naturalmente, permitia uma ação pronta, caso fosse necessária. O modelo da AIMA é o oposto.

Procurando explicar melhor:

Se um inspetor do SEF se deparasse com um imigrante com um mandato de detenção europeu emitido em seu nome, esse mesmo inspetor tinha os instrumentos necessários para atuar de forma imediata. Ao invés, se um funcionário da AIMA estiver hoje perante a mesma situação o que é que faz? Chama as autoridades? Pede ao cidadão para aguardar enquanto chama as autoridades policiais?

Mas mais.

Como é que se explica que hoje não existam praticamente processos de expulsão administrativa ou de afastamento administrativo? Deixaram de existir cidadãos nessas circunstâncias ilegais ou pura e simplesmente o Estado não consegue detetar em tempo e atuar? Ou por uma questão antiga de oposição à figura do “retorno” – de uma determinada esquerda – foi mais fácil pura e simplesmente acabar com ela?

Se um Tribunal decretar uma pena de expulsão a um cidadão estrangeiro e se for necessário executar a decisão (como é normal que, por vezes, possa acontecer), qual é a autoridade que hoje trata do processo concreto de expulsão? Quem é que do ponto de vista operacional cumpre a pena de expulsão? Que aptidões e conhecimentos têm para o fazer?

Se um cidadão documentado com um passaporte falso for confrontado com o facto na fronteira de entrada em Portugal e em simultâneo solicitar asilo no País, o que sucede? Que tipo de procedimento é seguido? Há notícia do crime de falsificação documental? O cidadão requerente de asilo fica instalado provisoriamente – e em liberdade – onde? Por quanto tempo?

Quando se fez a reforma dos Governos Civis houve o cuidado de alterar 44 diplomas legais e de se atribuir mais de 220 competências a entidades concretas, num trabalho minucioso competência a competência. Alguém fez um levantamento de todas as competências do SEF e garantiu continuidade nas funções e atribuições com os meios necessários?

Este processo de extinção do SEF foi um total desastre e, se não abrirmos os olhos em tempo, atrevo-me a dizer que restarão sempre os mais extremistas para falar daquilo que infelizmente se começa a tornar óbvio para todos os portugueses: a incapacidade do Estado em garantir humanismo na integração, adequação nas condições de vida, no trabalho e na segurança de todos nós, incluindo daqueles que nos procuram como destino para uma nova vida.

Temos a responsabilidade de o evitar.

Filipe Lobo d’Avila, Advogado e Antigo Secretário de Estado da Administração Interna

 

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Transporte aéreo cresce 6,3% em maio. Aeroportos movimentaram 6,5 milhões de passageiros

Dados do INE mostram que no quinto mês do ano passaram pelos aeroportos portugueses 6,5 milhões de pessoas. Maioria (69,9%) é proveniente do continente europeu.

Em maio, os aeroportos portugueses movimentaram 6,5 milhões de passageiros, o que representa um crescimento de 6,3% face ao mesmo período de 2023, segundo os dados publicados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Maio registou um desembarque médio diário de 106,4 mil passageiros, o que corresponde a um aumento de 6,2% face ao registado em maio de 2023 (100,2 mil).

De acordo com o gabinete estatístico, 82,4% dos passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais em maio corresponderam a tráfego internacional, ou seja, 2,7 milhões de pessoas, o que representa um crescimento de 6,3% face a maio de 2023. A maioria (69,9%) é proveniente do continente europeu, o que reflete um aumento de 5,3% face a maio do ano passado. A segunda principal origem é o continente americano ao contabilizar 8,8% do total de passageiros desembarcados (mais 9,7% em relação ao mesmo mês de 2023).

Nos primeiros cinco meses de 2024, o número de passageiros movimentados nos aeroportos nacionais aumentou 5,1% face ao mesmo período de 2023 (+33,6% em 2023). O aeroporto de Lisboa movimentou 52% do total de passageiros, ou seja 13,6 milhões, o que corresponde a um aumento de 5,6% comparando com o mesmo período de 2023. O aeroporto do Porto concentrou 22,8% do total de passageiros movimentados (cerca de seis milhões) o que representa um subida igualmente de 5,6%. O aeroporto de Faro registou um crescimento de 2,6% no movimento de passageiros, totalizando 3,2 milhões.

Considerando o volume de passageiros desembarcados e embarcados em voos internacionais nos primeiros cinco meses de 2024, o Reino Unido foi o principal país de origem e de destino dos voos, tendo registado crescimentos no número de passageiros desembarcados (+2,4%) e embarcados (+2,8%) face ao mesmo período de 2023. No sentido contrário, França registou decréscimos no número de passageiros desembarcados (-2,1%) e embarcados (-2,4%) e ocupou a 2ª posição. Espanha, Alemanha e Itália ocuparam a 3.ª, 4.ª e 5.ª posições, respetivamente, como principais países de origem e de destino.

Em maio registou-se ainda um aumento de 10,8% no movimento de carga e correio nos aeroportos nacionais. Nos primeiros cinco meses de 2024, registou-se um crescimento de 13,1% no movimento de carga e correio nos aeroportos nacionais (-0,6% em 2023). O movimento de mercadorias no aeroporto de Lisboa representou 77,1% do total, atingindo 78,6 mil toneladas (+16,7% face ao mesmo período de 2023).

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Maria Cavaleiro Brandão é a nova sócia contratada da PRA

Maria Cavaleiro Brandão integra a PRA na qualidade de sócia contratada, passando a integrar a equipa de Laboral do escritório do Porto. A advogada transita da VdA.

A PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados reforçou a equipa com Maria Cavaleiro Brandão. A advogada integra a equipa de Laboral do escritório do Porto na qualidade de sócia contratada.

Para Miguel Miranda, managing partner, esta contratação segue a estratégia da sociedade de manter um “rigoroso padrão de exigência no recrutamento, sempre com profissionais de excelência, o que nos permite manter a elevada qualidade de resposta aos clientes”

Após 12 anos na PLMJ e mais recentemente na Vieira de Almeida (VdA), de onde transita, a advogada tem uma vasta experiência de mais de 25 anos na área de Laboral. Ao longo dos anos tem assessorado empresas nos mais diversos setores de atividade, tais como gestão de resíduos urbanos, saúde e farmacêutico, indústria destacando-se pela competência negocial na mediação de conflitos.

Para além disso, tem prestado assessoria e aconselhamento jurídico a clientes no âmbito do direito do trabalho e segurança social, com destaque em temas como contratação de trabalhadores, políticas remuneratórias, organização dos tempos de trabalho, procedimentos disciplinares, procedimentos tendentes à cessação de contratos de trabalho, reestruturações de empresas e auditorias laborais.

Maria Cavaleiro Brandão vê na PRA “novas oportunidades de crescimento e um marco significativo na sua carreira” e espera manter “a proximidade com os clientes”.

Já Joana de Sá, sócia coordenadora da área de Laboral, considera esta entrada uma mais-valia, acrescentado “que a consolidada experiência e conhecimento do mercado da sócia contratada trará novas competências, e será fundamental para o crescimento da equipa.”

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Turismo acelera em maio. Receitas crescem 15,5%

Turismo registou 7,7 milhões de dormidas em maio. Os valores de rendimento médio por quarto ocupado tocaram novos máximos históricos na Grande Lisboa e no Norte.

Depois de ter abrando em abril, o turismo português voltou a acelerar em maio: acolheu 3,1 milhões de hóspedes e 7,7 milhões de dormidas, o que representa um crescimento de 9,4% e 7,5%, respetivamente, face ao período homólogo, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Nesse mês, as receitas totais cresceram 15,5%.

“Em maio de 2024, o setor do alojamento turístico registou 3,1 milhões de hóspedes (+9,4%) e 7,7 milhões de dormidas (+7,5%), gerando 660,8 milhões de euros de proveitos totais (+15,5%) e 505,9 milhões de euros de proveitos de aposento (+15,5%)”, adianta o gabinete de estatísticas. No entanto, face a abril, o número de hóspedes e de dormidas recuou 3,7% e 3,4%, respetivamente.

A impulsionar a atividade turística em Portugal, estiveram, sobretudo, os turistas estrangeiros. Das 7,7 milhões de dormidas registadas nesse mês, 5,2 milhões foram de turistas estrangeiros, o que representa um aumento de 7,5% face ao período homólogo, enquanto os turistas nacionais contribuíram com 1,9 milhões de dormidas (+7,6% face a maio de 2023).

Já no que toca às receitas do turismo estas dispararam 15,5% em maio, face ao período homólogo, e impulsionadas pela Grande Lisboa, responsáveis por 33% dos proveitos totais. De notar que foi nesse mês, que Taylor Swift deu dois concertos no estádio da Luz. A capital, aliás, concentrou quase 20% do total de dormidas em maio, (10,2% do total de dormidas de residentes e 22,9% de não residentes), com um acréscimo de 5,4% (-0,2% nos residentes e +6,3% nos não residentes).

No quinto mês deste ano, o rendimento médio por quarto disponível dos alojamentos turísticos a nível nacional situou-se em 78,3 euros, o que representa um aumento de 12% face ao mesmo mês de 2023, enquanto o rendimento médio por quarto ocupado atingiu os 123 euros, isto é, uma subida de 9,4% face ao período homólogo.

Os valores de rendimento médio por quarto disponível mais elevados foram registados na “Grande Lisboa (138,1 euros), tendo atingido um novo máximo histórico nesta região”, seguida pela Região Autónoma da Madeira (92,5 euros).

Por sua vez, no que toca ao rendimento médio por quarto ocupado, também neste caso o valor mais elevado foi registado na Grande Lisboa (171,4 euros), “seguida do Norte (118,8 euros), tendo sido atingidos novos máximos históricos em ambas as regiões”. Já tinha sido noticiado que a vinda da cantora norte-americana fez disparar os preços das reservas em hotéis e alojamento locais.

Em termos acumulados, entre janeiro e maio deste ano, foram registados quase 11,3 milhões de hóspedes e quase 27,7 milhões de dormidas em território nacional, o que representa uma subida de 5,3% e 4,4%, respetivamente, face a igual período do ano passado.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h57)

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PLMJ e CMS na compra da BOL pela SIC

A equipa da PLMJ envolvida na operação foi liderada pela sócia da área de Corporate M&A, Bárbara Godinho Correia, e por Ânia Cruz e Rita Pereira Jardim, associadas seniores da mesma área.

A PLMJ assessorou a SIC na realização de um investimento conjunto com o fundo CREST II – FCR para adquirirem uma participação do capital social da Etnaga – Consultores Sistemas de Informação, empresa detentora da bilheteira online BOL.

A equipa da PLMJ envolvida na operação foi liderada pela sócia da área de Corporate M&A, Bárbara Godinho Correia, e por Ânia Cruz e Rita Pereira Jardim, associadas seniores da mesma área.

“Com este acordo, a SIC passará a deter uma participação indireta de 27% na empresa Etnaga. Este investimento enquadra-se no plano estratégico da SIC, que estabeleceu como objetivos prioritários acelerar a transformação digital e diversificar as fontes de receita da SIC”, explica a PLMJ em comunicado.

A CMS Portugal assessorou o fundo CREST II. A equipa responsável pela assessoria foi composta pelos sócios de Corporate M&A, João Caldeira e Tiago Valente de Oliveira, pelo associado sénior André Guimarães e pela associada Ana Rita Santos.

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Tesouro corta desconto no juro do crédito bonificado para compra de casa

Taxa de referência baixa 0,25 pontos, de 4,504% para 4,255%, no segundo semestre do ano, para os empréstimos dos regimes bonificados, segundo um aviso publicado em Diário da República.

O Estado decidiu cortar em 0,25 pontos percentuais o desconto nos juros dos créditos bonificados para compra de casa. A taxa de referência para o segundo semestre do ano baixou de 4,504% para 4,255%, refletindo, assim, a trajetória de descida da Euribor a seis meses, segundo um aviso assinado pela subdiretora-geral do Tesouro e das Finanças, Maria de Lurdes Castro, e publicado esta segunda-feira em Diário da República.

“A taxa de referência para o cálculo das bonificações (TRCB) a vigorar entre 1 de julho e 31 de dezembro de 2024 é de 4,255%”, lê-se no diploma. Este valor é inferior ao do semestre anterior, que se situava em 4,504%. Na prática, a TRCB é um “desconto” que é aplicado sobre a taxa de juro de mercado que está associada aos empréstimos bancários que beneficiam deste regime.

Apesar da descida de 0,249 pontos percentuais face à taxa que vigorava no semestre passado, a taxa (4,255%) praticamente equipara-se à que foi aplicada no período homólogo de 2023, isto é, nos últimos seis meses do ano passado: 4,221%.

De lembrar que estes descontos são bem superiores aos do primeiro semestre de 2023. Entre 1 de janeiro e 30 de junho do ano passado, a taxa era de penas 2,906%.

A TRCB é definida semestralmente pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças que tem como base a Euribor a seis meses no primeiro dia útil do mês anterior ao início do semestre acrescida de um spread de 50 pontos base.

O crédito com juros bonificados para compra de habitação própria e permanente ou para obras de conservação ou de beneficiação do imóvel aplica-se a pessoas portadoras de deficiência, com um grau de incapacidade superior a 60%. Desde 2002, os bancos não estão obrigados a conceder empréstimos ao abrigo deste regime. No entanto, é possível pedir a conversão mais tarde.

A mudança do regime geral para o regime de crédito bonificado só é realizada até ao montante máximo de 190 mil euros, valor que é atualizado, desde 2015, com base na taxa de inflação e desde que o rácio entre o capital em dívida e o valor do imóvel não seja superior a 90%.

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Euribor a seis meses cai para mínimos de um ano

  • Lusa
  • 15 Julho 2024

As taxas usadas no cálculo da prestação da casa continuam a cair. A Euribor a seis meses, o indexante mais usado em Portugal, baixou para o valor mais baixo do último ano.

As taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa continuam a cair. No caso da Euribor a seis meses, o indexante mais usado em Portugal nos contratos de empréstimo à habitação com taxa variável, baixou esta segunda-feira para o valor mais baixo desde julho do ano passado.

  • A taxa Euribor a seis meses baixou para 3,635%, menos 0,027 pontos e um novo mínimo desde 12 de maio de 2023, depois de ter atingido 4,143% em 18 de outubro, um máximo desde novembro de 2008.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses caiu para 3,662%, menos 0,002 pontos e um novo mínimo desde 20 de julho de 2023, depois de em 19 de outubro, ter subido para 4,002%, um máximo desde novembro de 2008.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também recuou para 3,522%, menos 0,042 pontos do que na sessão anterior, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se na quinta-feira. Os investidores antecipam uma manutenção das taxas nesta reunião, mas uma nova descida na reunião de setembro e depois outra em dezembro.

O BCE desceu em 06 de junho as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado dez aumentos desde 21 de julho de 2022.

Uma descida das taxas diretoras deverá provocar um recuo a um ritmo moderado das taxas Euribor e assim baixar a prestação do crédito à habitação.

Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Com a responsabilidade de saber que tem de contribuir positivamente para a sociedade, João Pedro Clemente, da Coca-Cola, na primeira pessoa

China, Singapura, Brasil ou Japão são alguns dos países percorridos por João Pedro Clemente ao longo da sua carreira. O responsável de marketing da Coca-Cola tem agora um novo desafio: ser pai.

“A Coca-Cola é uma marca com um impacto tal na sociedade que tudo aquilo que fazemos pode ter um impacto bom ou menos bom, portanto temos sempre de pensar muito bem para que tenha um impacto positivo. Esse é o principal papel quando se trabalha uma marca como a Coca-Cola: a responsabilidade de saber que temos de contribuir positivamente para a sociedade porque o peso da sociedade já lá está, e esse é incontornável“, considera João Pedro Clemente, responsável de marketing da Coca-Cola em Portugal.

Numa conversa com o +M, poucos dias depois de a Coca-Cola ter promovido um concerto “único” da artista Karol G em Lisboa, que “não vai acontecer em mais nenhum país da Europa”, João Pedro Clemente explica que trabalhar uma das marcas mais conhecidas do mundo (se não a mais conhecida), além de uma “grande responsabilidade”, é também um “privilégio”.

“Há coisas que não basta querer, é preciso ter toda uma série de condições para poder fazer. E a marca Coca-Cola, pela sua relevância, efetivamente traz e permite muita coisa, que com outras marcas é difícil fazer. Algo único da Coca-Cola é que deve ser das poucas marcas que realmente consegue falar e ser relevante para todos os consumidores. A Coca-Cola é para mais velhos, é para mais novos, é para homens ou mulheres, é realmente algo único”, afirma.

Aliás, a Coca-Cola foi mesmo a responsável por levar João Pedro Clemente a escolher uma carreira no marketing. É que depois de terminar a licenciatura em Gestão, na Universidade Católica, já tinha “alguma ideia” de que queria ir para a área de marketing, mas achou por bem ter primeiro uma experiência profissional nessa área.

Acabou por entrar na Coca-Cola (pela primeira vez) em 2011 como marketing trainee, período que coincidiu com a celebração dos 125 anos da marca, pelo que teve a “oportunidade” de realmente conhecer a história e o ADN da marca. “Tive o privilégio de ter uma primeira experiência no marketing em cheio e a verdade é que estive lá por volta de nove meses e foi no fim dessa experiência que percebi que era claramente a área do marketing que queria seguir“, diz.

Voltou então para a Católica para fazer o mestrado com especialização na área do marketing, ao que se seguiu a entrada na Gallo Worldwide, num programa de trainees “bastante diversificado”, com uma duração de 18 meses, que permitia desempenhar diferentes funções, em diversas áreas e em diferentes países, em períodos de seis meses. Depois deste programa, viria mesmo a integrar a Gallo Worldwide, sempre trabalhando mercados internacionais.

Logo numa fase inicial da sua carreira – e sendo o Brasil um dos maiores mercados da marca Gallo – João Pedro Clemente esteve deslocado durante seis meses em São Paulo para “entender a cultura daquilo que era um dos consumidores mais relevantes para a marca a nível global”. Mas foi também no país brasileiro que enfrentou um “choque cultural“.

“Posso dizer que foi uma experiência surpreendente no sentido de que muitas vezes acreditamos que existe uma grande semelhança – por todas as coisas que temos em comum – com a cultura do Brasil, mas na verdade tive um choque cultural muito grande. Enquanto nós entendemos o idioma com alguma facilidade, eu quando cheguei lá a falar português de Portugal não me fazia entender tão bem como eu acreditava antes de ir, e houve ali um processo de adaptação ao início”, refere.

No entanto, “foi uma experiência incrível, porque realmente deu para perceber, nos mais diversos aspetos, que por mais que nós pensemos que sim, até ver os consumidores de perto nós não os conhecemos. Foi logo uma grande lição para a minha carreira, que é a de não subestimar as diferenças culturais que existem“.

No âmbito do seu percurso profissional na Gallo Worldwide teve a oportunidade de visitar muitos outros países como China, Singapura, Arábia Saudita, Indonésia ou Japão. E foi precisamente com os mercados asiáticos que João Pedro Clemente teve novamente um “banho de realidade“, ficando com a certeza de que “é preciso conhecer os consumidores em vez de às vezes se trabalhar sobre o suposto ou até preconceitos que existem“, defende.

Quando trabalhamos uma marca global é fundamental olharmos para todo o nosso marketing mix e pensar qual é a resposta que a marca tem mais adequada para as necessidades do consumidor naquele mercado. Não pôr em causa a consistência estratégica da marca, mas ter a flexibilidade e agilidade de adaptar tudo aquilo que seja possível no marketing mix para maximizar a relevância local“, considera ainda.

A certa altura, João Pedro Clemente decidiu que queria trabalhar o mercado do país onde vivia pelo que, dentro do mesmo grupo, foi para a Jerónimo Martins Distribuição (JMD), cujo modelo de negócio é “distribuir marcas internacionais cá em Portugal e fazê-las crescer e desenvolver”.

Poucos anos depois, no âmbito de uma restruturação da Coca-Cola, teve a oportunidade de voltar a juntar-se à marca que o fez enveredar pelo marketing, sendo o responsável de marketing em Portugal desde há três anos. O desafio passa por conseguir que tanto marcas tão estabelecidas como a própria Coca-Cola, como outras lançadas recentemente como a Royal Bliss, consigam “vingar, ganhar tração e relevância, crescer e responder às necessidades dos consumidores portugueses“.

Para lá do tempo dedicado ao marketing e ao trabalho, o responsável da Coca-Cola gosta também de praticar desporto. Tendo sido incentivado desde pequeno à prática desportiva, João Pedro Clemente faz desporto de competição desde os 15 anos. “O desporto é uma verdadeira paixão e é algo que moldou a pessoa que sou ao nível de hoje, tanto a nível pessoal como profissional“, afirma.

Depois de praticar polo aquático durante mais de 10 anos – desporto que deixou por falta de disponibilidade – começou a jogar padel, tendo-se federado e começado a jogar em competição. Nos últimos cinco anos passou a fazer triatlo, naquele que é um estilo de competição um pouco diferente, “onde mais do que querer ganhar um jogo é querermos continuar desafiarmo-nos a nós mesmos”.

À parte do trabalho e do desporto, o (pouco) tempo que sobra é passado com os amigos e a família, o que pode ser feito tanto através de “almoçaradas e jantaradas” como de idas à praia ou a festivais e concertos.

A questão da família adquiriu todo um outro significado e passou a representar uma “fatia maior” recentemente, o que levou a que agora seja “menos praia e menos festivais de música”. É que, há dois meses, João Pedro Clemente foi pai pela primeira vez, de uma menina chamada Maria Helena.

É uma nova etapa, tem naturalmente os seus desafios, mas sem dúvida também se pode aplicar a palavra paixão nesta fase que estou da minha vida pessoal, numa forma um bocadinho mais pequenina e concentrada, mas com toda uma outra dimensão ainda maior“, diz.

A experiência da paternidade está também novamente a ensinar a necessidade de “sair da zona de conforto constantemente” e de “saber lidar com algo sobre o qual não se tem controlo”. “Obriga sempre a uma adaptação constante e a reiventarmo-nos um bocadinho, é super estimulante, estou a adorar esta primeira experiência como pai”, relata.

A gastronomia também assume um papel importante na sua vida. “Sou uma pessoa que aprecia boa comida e que adora comer bem. Um bom almoço ou jantar fora, principalmente ao pé da praia, é algo que ajuda sempre a espairecer e a energizar”, diz. Como pratos de eleição elege camarão tigre grelhado, com um pouco de limão, e um naco de carne na pedra com um bocadinho de sal e ervas. “São dois pratos que se forem bem feitos não precisam de muita coisa e fazem-me extremamente feliz”, acrescenta.

João Pedro Clemente em discurso direto

1. Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

No que diz respeito a campanhas internacionais, tenho de falar da Barbie, o rebranding mais bem-sucedido dos últimos anos. Todos os que trabalham marketing lutam para tentar passar uma mensagem num vídeo de 30” ou menos e aqui, fizeram um autêntico all-in ao lançar um filme com estrelas de Hollywood com um plano muito bem trabalhado.
Relativamente a campanhas locais, tenho de viajar 47 anos atrás de volta ao lançamento da Coca-Cola em Portugal com o slogan criado por Fernando Pessoa, “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Não sendo o slogan mais “sexy” e muito menos “marketiniano”, este confere a ligação profunda que a marca cria com os consumidores, e é tão icónico que ainda hoje é utilizado em contextos completamente alheios à marca.

2. Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Atualmente, dada a evolução exponencial da sociedade, um marketeer é exposto a mais informação que nunca, mas também a novas oportunidades seja pelas mudanças no comportamento do consumidor, ou pelas ferramentas disruptivas que podemos usar no marketing. Nesse contexto, é mais difícil escolher as oportunidades que realmente acrescentam valor às marcas e aos consumidores a médio-longo prazo. Portanto, é crucial para um marketeer definir prioridades, e decidir quais as oportunidades a investir seriamente e quais deixar passar de forma consciente.

3. No (seu) top of mind está sempre?

Ser melhor. Melhor pai, marido, amigo, profissional, desportista, entre outros aspetos relevantes da minha vida. Desde cedo fui incentivado pelo meu pai a praticar desporto, até descobrir o polo aquático, que me introduziu ao mundo da competição. Na competição, aprendi que treinar é essencial para sermos melhores e que só com uma mentalidade de treino e crescimento, podemos atingir os nossos objetivos. Essa mentalidade ajuda-me em todos os aspetos e também evoluiu com o tempo. Na vida profissional, por exemplo, não posso fazer duas campanhas de verão ou Natal sem melhorar algo em relação ao ano anterior.

4. O briefing ideal deve…

No início da minha carreira, tive um chefe que me fez reescrever um briefing mais vezes que outro qualquer porque, para que ele, uma a duas páginas de Word, tinha que ser suficiente independentemente da complexidade do desafio. Hoje, com mais alguns anos de experiências, e apesar de todas as mudanças no mundo do marketing, um bom briefing ainda precisa de um objetivo bem definido, um problema claro, um público-alvo, guias sobre a marca e contexto necessário para que quem recebe o briefing entenda a marca e o público-alvo. Agora também sou defensor que, se um briefing exceder duas páginas, a mensagem não está concisa e/ou as palavras não foram escolhidas criteriosamente.

5. E a agência ideal é aquela que…

A agência ideal deve combinar criatividade e inovação com um forte racional estratégico e, para poder ser estratégica, é obrigatório ter um profundo conhecimento da marca. A equipa deve compreender profundamente a marca, os seus valores, público-alvo e objetivos de negócio. Com isto, deve saber traduzir este conhecimento em campanhas eficazes e relevantes, nunca perdendo a capacidade de trazer ideias originais e dinâmicas. Finalmente, a agência deve ter excelente comunicação e espírito colaborativo para poder ser ágil na hora da execução sem comprometer a ideia inicial.

6. Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

São as duas igualmente importantes, o que é fundamental é saber quando é a altura ou campanha certa para jogar pelo seguro e quando devemos arriscar. Lembro-me de no pós-Covid, todas as conversas andarem à volta do que vai mudar e a preocupação do que as marcas têm de mudar para acompanhar as tendências até que, num determinado estudo, saiu que estávamos a viver um período de incerteza e consequentemente, era importante para o consumidor saber as coisas (marcas neste caso) que não iam mudar porque respondem às suas necessidades e eles confiam nelas. Posto isto, há alturas certas para tudo, o importante é ter um bom pulso do que está a acontecer no mercado e tendências do consumidor de modo a perceber as suas necessidades e trabalhar para aumentar a relevância das marcas.

7. O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Confesso que o budget, a meu ver pelas várias empresas onde trabalhei, não é o principal fator que nos limita no marketing. Temos exemplos de campanhas incríveis feitas com pouco budget, como temos campanhas feitas com níveis de budget astronómicos cujo resultado está longe de ser espetacular. Portanto, se pudesse ter algo ilimitado seria ambição porque aí sim acredito que, quanto maior é a ambição (do cliente e agência) melhor é o resultado. E, se pudesse pedir algo mais, mesmo que não fosse ilimitado, seria tempo, para poder extrair o melhor de cada pessoa na construção de uma campanha e analisar os resultados com o mesmo afinco.

8. A publicidade em Portugal, numa frase?

A publicidade em Portugal é, mais do que nunca, uma publicidade sem fronteiras. Para além de termos cada vez mais talentos portugueses a desenvolver e participar em campanhas internacionais de marcas globais, o que é fenomenal, temos diversas marcas globais a utilizar Portugal como palco de campanhas internacionais. Temos o exemplo de Coca-Cola que, tanto no Natal passado em Cascais com Merry Birthday, como agora no verão com Karol G e Coke Studio em Lisboa, foram criados conteúdos em território nacional para o mundo e devemos orgulhar-nos disso.

9. Construção de marca é?

Criar uma identidade única tal como a nossa. Uma identidade que seja reconhecível por todas as variáveis do marketing mix e, tal como as pessoas estabelecem relações de amizade ou amorosas porque sentem que a outra pessoa acrescenta valor à sua vida, uma marca só se constrói se tiver um papel e valor claro na vida do consumidor. Uma vez tendo isto claro, uma marca de qualquer setor, é um conjunto das experiências que proporciona aos seus consumidores logo, para construir esta identidade que temos pensada, temos de garantir que, a mesma se reflete nas diversas interações com o consumidor ao longo do tempo.

10. Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Acho que seria arquiteto. Lembro-me perfeitamente de ter feito um trabalho no liceu que consistia em desenhar o edifício que nos apetecesse com a técnica de pontos de fuga. Diria que foi dos trabalhos que mais gostei de fazer e tive uma excelente nota com aquilo que era a casa dos meus sonhos. Isto foi no nono ano e até equacionei seguir a carreira de arquiteto, mas segui marketing e adoro o que faço.

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“À Prova de Futuro”. Ouça o novo podcast sobre empresas e tecnologia

No novo podcast do ECO, Sandra Maximiano, presidente da Anacom, fala sobre os desafios e as oportunidades que as novas tecnologias trazem no campo da cibersegurança.

A cibersegurança é o tema em destaque na estreia do “À Prova de Futuro”, o novo podcast do ECO com o apoio da Altice Empresas, nomeadamente o papel da regulação e das empresas para atenuar os riscos que as novas tecnologias acarretam.

Mas antes, uma apresentação: o novo podcast do ECO é dedicado à tecnologia e às empresas. Vamos falar sobre como as empresas — sejam elas micro, pequenas, médias ou grandes — têm de se preparar e adaptar para estarem prontas para as novas tendências tecnológicas. Vamos analisar também como podem criar estratégias para ganharem vantagem competitiva através da tecnologia.

Ouça o episódio no leitor abaixo ou através deste link.

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A primeira entrevista é com Sandra Maximiano, presidente do Conselho de Administração da Anacom, a Autoridade Nacional das Comunicações.

Sandra Maximiano, Presidente do Conselho de Administração da ANACOM, em entrevista ao podcast do ECO "À prova de Futuro" - 10JUL24
Sandra Maximiano, Presidente do Conselho de Administração da ANACOM, em entrevista ao podcast do ECO “À prova de Futuro”Hugo Amaral/ECO

 

Destaque ainda para os empreendedores na rubrica “Gestores sem medo” e uma conversa com Rui Shantilal, managing partner da DevoTeam Cyber Trust.

Rui Shantilal, Managing Partner da Devoteam Cyber Trust, em entrevista ao podcast do ECO "À prova de Futuro" - 10JUL24
Rui Shantilal, Managing Partner da Devoteam Cyber Trust, em entrevista ao podcast do ECO “À prova de Futuro”Hugo Amaral/ECO

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#29 O final perfeito e a crueldade. Foi um prazer, Euro 2024

O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.

A Espanha ganhou o Euro 2024 e dizem que o futebol venceu. E venceu, depois de um Lamine Yamal e Nico Williams abençoarem os relvados alemães com pura magia. Venceu depois de Rodri, Fabián Ruiz e Dani Olmo dominarem o meio-campo. Venceu por Pedri e Gavi, que deram tanto e lesionaram-se. Venceu por Marc Cucurella, de criticado e patinho feio a amado pelos adeptos. Venceu pelo atrativo e ofensivo estilo de jogo de Luis de la Fuente. Contudo, também foi cruel, como sempre tem sido para Harry Kane e Inglaterra. Quase que parece um grito do universo: o futebol não vai para “casa”, porque o futebol é de todos.

Os quatro cantos da final

Do económica à primeira classe

É comum, numa final, haver uma entrada mais cautelosa, pois ninguém quer dar um pé em falso. A primeira parte foi assim: pouco futebol, poucas oportunidades e um ritmo mais baixo (favorável à Inglaterra). A Inglaterra esteve sólida a nível defensivo e a controlar o jogo sem bola (John Stones em bom plano), condicionando o meio-campo da Espanha (Foden atento a Rodri) e o seu processo ofensivo. A resposta espanhola passava porventura por uma maior iniciativa dos defesas-centrais na construção (Laporte em condução) e recuo de Morata para dar superioridade e apoiar os colegas.

A segunda parte começou ligada à corrente – golo de Nico Williams e assistência de Lamine Yamal. Viu-se uma Espanha melhor, apostando na capacidade dos extremos (Yamal a aparecer por dentro) e houve mais oportunidades. Foi um melhor jogo de futebol e comprova-se pelos últimos minutos. Cole Palmer entrou e fez um grande golo (deu sinais de vida à Inglaterra), mas Mikel Oyorzabal foi herói e ofereceu a vitória à Espanha. Puro cinema.

Prémio de melhor jogador do torneio para Rodri? Não

Rodri é o melhor médio defensivo do mundo e, no geral, um dos melhores jogadores da atualidade. Nesta caminhada do Euro 2024, mostrou muita qualidade e teve um papel fundamental no meio-campo da Espanha, mas não foi (opinião) o melhor jogador do torneio. Aliás, já teve melhores rendimentos noutras fases, por exemplo no ano passado em que o Manchester City venceu a Champions League. Lamine Yamal, Fabián Ruiz e Dani Olmo tiveram mais influência na conquista e acredito que teria sido mais justo; nota também para o excelente Europeu de Nico Williams. Ainda assim, Rodri é um grandíssimo jogador e merece destaque pelas suas exibições. Simplesmente não tanto neste torneio.

Lamine Yamal é louco

Lamine Yamal tem 17 anos e está a apenas quatro assistências de igualar o recorde do jogador (Cristiano Ronaldo, 8) com mais assistências da história de Campeonatos da Europa. Ao servir Nico Williams na final contra a Inglaterra, Yamal igualou também o máximo de assistências numa edição do Europa (4), partilhando com Steven Zuber (Suíça, 2021), Aaron Ramsay (País de Gales, 2016), Eden Hazard (Bélgica, 2016), Karel Poborsky (Chéquia, 2004) e Ljubinko Drulovic (Sérvia, 2000). E claro é o mais novo campeão de uma grande competição de seleções. Se havia quem não conhecesse Lamine Yamal, agora depois deste Euro 2024 é impossível.

Final Perfeito

Como já se sabe, a Espanha venceu todos os jogos pela frente, incluindo Itália, Alemanha, França e Inglaterra, através de um futebol ofensivo e cativante. Além disso, quebraram o recorde de golos numa edição de um Campeonato da Europa: marcaram 15 golos e superaram a França de 1984, que tinha sido a única seleção a terminar um Europeu totalmente invicta. Agora já não. E como se não bastasse, a Espanha tornou-se na seleção com mais Europeus de toda a história (4). Já a Inglaterra é a primeira equipa a perder finais consecutivas nesta competição, continuando sem nunca ter ganho…. Segue também a maldição de Harry Kane. O futebol é bonito para uns e cruel para outros.

Foi um prazer, Euro 2024.

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