Rádio Comercial e RFM separadas por 3,8 pontos de audiência

A Bauer Media Audio Portugal obteve nos primeiros quatro meses do ano uma audiência acumulada de véspera de 29,9% e o Grupo Renascença Multimédia de 23,8%.

A Rádio Comercial manteve a fasquia dos 20% de audiência acumulada de véspera (AAV) nos primeiros quatro meses do ano. De acordo com a segunda vaga do Bareme Rádio de 2024, a estação da Bauer Media Audio Portugal obteve uma AAV de 20,3% (-0,4 pontos percentuais), um reach semanal de 39,6% (+0,8 pp) e um share de audiência de 24,7% (-1,6%).

A RFM, estação do grupo Renascença Multimédia, registou uma AAV de 16,5% (-0,6 pp), um reach semanal de 36% (-1,9 pp) e um share de 20,3% (-3,5 pp).

Na terceira posição mantém-se a M80, com uma AAV de 8,1% (+0,1 pp), um reach semanal de 19,1% (+0,5 pp) e um share de audiência de 10,5% (+1,7 pp).

A Rádio Renascença mantém-se na quarta posição, com uma AAV de 6,6 %, na quinta, com 5,6%, surge a Antena 1 e na sexta a Cidade FM, com regista 4,1% de AAV.

A TSF, que aguarda a decisão do regulador para sair do universo Global Media e passar para a Notícias Ilimitadas, obteve uma AAV de 4% (-0,1 pp), um reach semanal de 8,8% (+0,4 pp) e um share de audiência de 3,6% (-0,1 pp).

Mega Hits (2,6%), Antena 3 (2,1%), Smooth FM (1,5%) e Rádio Observador (1,5%) encerram o top 10.

Referidas no estudo são também a Rádio Nova Era (1,1%), a Antena 2 (0,7%), a Radar (0,5%) e a Estação Orbital (0,4%).

Por grupos, o Bauer Media Audio Portugal obtém agora uma AAV de 29,9% (-0,6 pp) e o Grupo Renascença Multimédia de 23,8% (-0,7 pp). O reach semanal do grupo liderado por Salvador Bourbon Ribeiro situou-se nos 53,2% (+0,7 pp) e o do grupo comandado por José Ramos Pinheiro foi de 49,6% (-1 pp). O share de audiência do grupo Bauer é de 40,7% (+0,2 pp) e o do grupo Renascença Multimédia de 28,3% (-2,6 pp).

O grupo RTP regista uma AAV de 7,9%, um reach semanal de 14,8% e um share de audiência de 9,6%.

As entrevistas que integram esta segunda vago do ano do Bareme Rádio, o estudo regular de audiências elaborado pela Marktest, foram recolhidas entre 4 de janeiro e 28 de abril. Para a vaga em análise foram consideradas válidas 6.034 entrevistas.

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Governo admite incluir propostas dos partidos no programa de habitação

Partidos reuniram com o Governo para debater o pacote Construir Portugal. Bloco e PAN revelam que Governo mostrou abertura para revisitar dedução de juros de créditos e compensar municípios.

O ministro das Infraestruturas admite vir a incluir propostas apresentadas por outros partidos no programa para a habitação Construir Portugal, apresentado pelo próprio na semana passada.

Em declarações aos jornalistas, após a conclusão do ciclo de encontros na Assembleia da República, Miguel Pinto Luz admitiu que está em cima da mesa “a perspetiva de podermos incluir muitas propostas apresentadas pelos partidos“, não detalhando ao certo a quais se refere. No entanto, de acordo com o Bloco e o PAN, o Ministério das Infraestruturas mostrou-se “disponível” para revisitar dedução de juros de créditos à habitação após 2011 e compensar municípios pela perda da receita do IMT, que resultará com a isenção da cobrança deste imposto aos jovens até 35 anos.

“O Governo já tem o processo legislativo em marcha e os partidos serão informados desses detalhes para poderem aportar valor às alterações que entenderem necessárias”, esclareceu o governante quando confrontado com as queixas dos partidos de que as medidas apresentadas pecam por falta de pormenor.

Questionado se o Governo irá optar por aprovar cada um dos diplomas em sede de Conselho de Ministros, ao invés de procurar aprovação no Parlamento, Pinto Luz afirma que “ficou acordado uma metodologia de trabalho aberta”. “Aquilo que tiver de passar pela AR, naturalmente terá de passar, e mesmo aquilo que não tiver de passar pela AR, estamos disponíveis para o diálogo”, vincou.

PS diz que propostas para flexibilizar arrendamento são “preocupantes”

A líder parlamentar do PS vê com “preocupação” as medidas apresentadas pelo Governo que visem flexibilizar as regras de arrendamento previstas no programa Construir Portugal, apresentado na semana passada. “A proteção dos inquilinos é essencial e é um ponto no qual dificilmente poderemos ceder“, disse Alexandra Leitão, após a reunião com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, na Assembleia da República.

Alexandra Leitão admite que o partido não acompanhará outras medidas previstas no programa programa Construir Portugal. Desde logo, a revogação de medidas direcionadas no alojamento local e que constavam do Mais Habitação, elaborado pelo anterior Executivo. E que, garantiu, “têm tido resultados muito positivos” nos últimos meses, nomeadamente ao nível do aumento de imóveis para arrendamento.

“Temos receio que essas medidas, nomeadamente a facilitação da transmissibilidade do registo do alojamento local no fim da contribuição, tenham o efeito contrário de retirar casas do mercado para a habitação, pondo-as noutros, como o do alojamento local”, disse a porta-voz socialista. “Este conjunto de medidas é muito preocupante para nós e é uma área em que dificilmente acompanharemos”.

Ainda assim, o PS mostrou-se “disponível para apresentar medidas” e “trabalhar” nos aspetos em que “dificilmente” acompanhará ao abrigo do programa Construir Portugal, disse Alexandra Leitão. “Veremos quais são os próximos passos”, concluiu.

Chega admite votar a favor se foram adotadas novas propostas

À direita, o Chega, através do deputado Filipe Melo, reconheceu que “houve um esforço de aproximação” do Governo aos partidos neste pacote e que o seu partido votará a favor do diploma se este for ao encontro das suas ideias, que, diz, “foram recebidas com bastante agrado” pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

O Chega propôs, entre outras, a redução do IVA de construção para habitação a custos controlados, a obrigação de os investidores beneficiados pelos vistos gold destinarem 10% do valor do investimento a habitação acessível, e o fim do limite por idade da isenção de IMT na compra da primeira casa, que o Governo quer que abranja apenas os jovens com até 35 anos.

Liberais criticam regras de isenção no IMT

A Iniciativa Liberal também se mostrou disponível para continuar a trabalhar com o Governo para melhorar o programa, salientando, porém, que o voto favorável dos liberais a este pacote estará dependente “daquilo que for submetido”. Desde logo, referiu Mariana Leitão, a medida que visa isentar o pagamento de IMT e Imposto de Selo na compra da primeira casa para os jovens até aos 35 anos nos imóveis até a 316 mil euros.

“A proposta do Governo é de restringir a isenção a uma faixa etária, e outras condicionantes, e a nossa visão é diferente. O IMT é um imposto que não faz sentido, já se paga o IMI a vida inteira“, argumentou a líder parlamentar do partido, em declarações aos jornalistas.

Em sentido contrário, as medidas propostas que visam reverter as regras direcionadas ao setor do alojamento local permitem que haja uma “aproximação” entre a IL e o Governo.

“Esta reunião foi uma oportunidade para voltarmos a referir as sete propostas que já tínhamos apresentado e também para obter esclarecimentos sobre dúvidas que tínhamos. Esse diálogo irá continuar. Temos uma ambição maior que gostaríamos de ver refletidas no pacote de Governo”, afirmou a líder parlamentar.

Bloco quer deduções no IRS dos juros do crédito a habitação

Fabian Figueiredo considera ser uma “injustiça fiscal” que apenas os contratos de crédito a habitação, anteriores a 2012, possam deduzir os juros em sede de IRS, urgindo que o Governo possa “introduzir essa igualdade” no pacote Construir Habitação.

Segundo o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, o Executivo de Montenegro está, de facto, “disponível para revisitar esta matéria”, mas ainda assim os bloquistas vão procurar garantir uma “maioria” em sede na Assembleia da República para que “a medida passe”.

“Face ao aumento dos juros por causa da política irresponsável do BCE, hoje muitas famílias têm dificuldades em fazer face às prestações. É de elementar justiça que todos que tenham créditos a habitação possam descontar esses juros em IRS“, defendeu Fabian Figueiredo, em declarações aos jornalistas.

Apesar deste sinal de convergência, o Bloco mantém as críticas ao pacote apresentado na semana passada por Miguel Pinto Luz.

“O Governo quer revogar as as restrições ao alojamento local, não quer regulação ao turismo, nem adotar boas práticas na Europa de controlo de rendas”, enumerou o líder bloquistas. “Por essas mesmas razões somos muitos críticos do programa”, sublinhou.

Livre apela a mais habitação pública

A líder parlamentar do Livre considera que a “emergência” em resolver a crise da habitação não está a ser tratada como tal pelo atual Governo, urgindo, por isso, que o Executivo de Montenegro trabalhe nesse sentido.

Saudamos abertura para o diálogo mas a emergência da habitação não esta a ser tratada como uma verdadeira emergência“, afirmou Isabel Mendes Lopes, em declarações aos jornalistas, que sublinhou ter duas preocupações em relação ao programa Construir Portugal: A falta de “habitação pública” –principalmente no centro das cidades, de forma a “permitir que haja diversidade nos prédios, cidades e no país”– e a revogação de medidas destinadas ao controlo do alojamento local, argumentando que este setor “tem implicações diretas no aumento do preço das casas”.

Ademais, e à semelhança da Iniciativa Liberal, o Livre critica a proposta de isenção de IMT e imposto de selo para jovens, dizendo que “não é na redução ou isenção” destas matérias que se resolve “o problema da habitação para jovens”. “Quem tem dinheiro, consegue comprar uma casa, quem não tem não consegue. Isso tem de ser resolvido e não com a isenção do IMT. falta capacidade de dar entrada para a compra da casa”, sublinhou a líder da bancada do Livre.

PAN admite “aproximação” com o Governo para compensar municípios

Ao contrário da Iniciativa Liberal e do Livre, o PAN mostrou-se a favor da isenção do IMT e o imposto selo cobrado aos jovens na compra da sua primeira habitação, revelando que o Governo mostrou “abertura” e “aproximação” em compensar os municípios pela perda de receitas que resultaria do fim da cobrança destes dois impostos.

Inês Sousa Real adiantou ainda que esta “abertura” do Governo também incide sobre a renovação dos contratos de elegibilidade de apoio às rendas, no aumento da eficiência e combate à pobreza energética e no apoio ao arrendamento jovem e estudantil por via de uma bolsa pública.

“O PAN procurou contribuir para a discussão tendo em conta os interesses dos portugueses. Estamos disponíveis para trabalhar em prol do bem comum”, disse a líder parlamentar e deputada única do partido após a reunião com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

 

Notícia atualizada pela última vez às 15h11 com declarações do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz

Com Lusa

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Barras de ouro do Banco de Portugal valorizam 9,3% para 23 mil milhões de euros

Banco de Portugal não alterou a quantidade de onças de ouro nos seus cofres, mas a mais-valia potencial aumentou em 1.989 milhões de euros por conta da valorização do preço do ouro no mercado.

No meio de um ano financeiramente desafiador, o Banco de Portugal encontrou uma nota positiva nas suas reservas de ouro. De acordo com o Relatório do Conselho de Administração de 2023, apresentado esta quinta-feira, as reservas de ouro da instituição liderada por Mário Centeno registaram uma reavaliação em alta de 11%, subindo para 19.940 milhões de euros face aos 17.951 milhões de euros registados em 2022, que coloca do stock de ouro do Banco de Portugal nos 22.978 milhões de euros.

Esta valorização significativa de 1.989 milhões de euros é atribuída ao aumento do preço do ouro em euros, justifica o Banco de Portugal no relatório, sublinhando que “a quantidade de ouro detida pelo Banco não se alterou (382,6 toneladas), mas valorizou-se 9,3%.” Todavia, nota que “em 2023, o Banco de Portugal continuou a efetuar aplicações em ouro, que se traduziam, essencialmente, em swaps de ouro por moeda estrangeira e por euros, registados contabilisticamente como empréstimos colateralizados.”

Num ano marcado por um resultado antes de provisões e impostos (RAPI) negativo de 1.054 milhões de euros, a reavaliação das reservas de ouro proporcionou um alívio bem-vindo ao Banco de Portugal. Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, sublinha a importância desta valorização no relatório, destacando que “a gestão prudente e rigorosa” da instituição permitiu mitigar parte dos impactos negativos decorrentes das políticas monetárias restritivas e da redução da margem de juros.

As reservas de ouro do Banco de Portugal desempenham um papel crucial no fortalecimento do balanço patrimonial do banco central português. Em 2023, o aumento do preço do ouro no mercado internacional refletiu-se diretamente na valorização das reservas do banco central português.

Este fenómeno não só melhorou a posição financeira do Banco de Portugal, como também demonstrou a relevância de manter ativos em ouro como forma de proteção contra volatilidades económicas. As reservas de ouro representam 57,7% dos ativos de investimento próprio do Banco de Portugal, que registaram um “acréscimo de 8,6% em relação ao final de 2022”, nota a entidade liderada por Centeno.

O Banco de Portugal refere ainda que “os ativos da carteira de negociação aumentaram 2,8% em relação a 2022, devido aos resultados obtidos ao longo do ano, particularmente nos ativos denominados em euros.” A 31 de dezembro, os ativos denominados em euros representavam 77,1% do valor total desta carteira.

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Prestação média da casa agravou um euro em abril apesar da descida das taxas

Taxas implícitas dos empréstimos à habitação desceram, em abril, pelo terceiro mês consecutivo. Ainda assim, a prestação média agravou um euro.

A prestação média da casa agravou um euro em abril para os 404 euros, isto apesar de as taxas de juro para o conjunto de empréstimos à habitação terem descido pelo terceiro mês consecutivo.

A taxa de juro implícita dos contratos diminuiu para 4,606% em abril, traduzindo uma descida de 0,7 pontos base (p.b.) face a março (4,613%), revela esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Ainda que a mensalidade da casa tenha aumentado, para os contratos celebrados nos últimos três meses observou-se uma descida da prestação na ordem dos oito euros para os 611 euros no mês passado. Há seis meses que a taxa de juro associada a estes contratos mais recentes estão em queda, tendo baixado para dos 4,0% em março para os 3,91% em abril, de acordo com o gabinete de estatísticas.

As Euribor — que servem de base para o cálculo da prestação da casa em 90% dos contratos em Portugal — entraram numa trajetória descendente desde o final do ano passado, perante a perspetiva de que a escalada dos juros do Banco Central Europeu (BCE) terminou e se prepara agora para uma inversão de descida a partir de junho.

A próxima reunião do conselho de governadores realiza-se no dia 6 de junho, estando em cima da mesa um corte nas taxas diretoras depois de terem subido 450 pontos base nos últimos dois anos para controlar a escalada da inflação.

Ainda de acordo com o INE, dos 404 euros de prestação média registada em abril, a parcela relativa a juros representou 61% desse montante — o que compara com 48% em abril de 2023.

Por outro lado, o capital médio em dívida para a totalidade dos créditos à habitação aumentou 186 euros, para 65.577 euros.

(Notícia atualizada às 11h39)

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Salário médio sobe 3,8% em termos reais no primeiro trimestre

Remuneração mensal média subiu mais de 6%, nos primeiros três meses do ano, mas uma parte do aumento foi absorvida pela inflação. Resultado: salário médio valorizou 3,8% em termos reais.

Nos primeiros três meses do ano, o salário médio dos trabalhadores portugueses aumentou mais de 6%, para 1.443 euros brutos. Mas uma parte dessa valorização acabou por ser “absorvida” pela inflação. Assim, em termos reais, o salário médio subiu 3,8%, de acordo com os dados divulgados esta manhã pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

“Em março de 2024, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador aumentou 6,1%, passando de 1.361 euros em março de 2023 para 1.443 euros um anos depois“, observa o gabinete de estatísticas, no destaque publicado esta manhã.

Ainda assim, há que notar que houve um abrandamento ligeiro dos salários, já que no último trimestre de 2023 tinha sido registado um aumento de 6,2%.

Além disso, uma parte significativa da valorização das remunerações acabou por ser “absorvida” pela inflação, daí que, em termos reais, nos primeiro três meses do ano, o salário médio tenha subido 3,8% face ao registado há um ano.

“Em relação ao trimestre terminado em dezembro de 2023, assistiu-se a uma aceleração dos preços (de 1,7% para 2,2%) e a uma desaceleração das remunerações reais (de 4,4% para 3,8% no caso das remunerações totais)”, detalha o INE.

Salários aumentam mais nas indústrias extrativas

Os salários estão a subir no mercado de trabalho português, mas nem todos os setores estão a registar o mesmo comportamento. No primeiro trimestre, enquanto nas indústrias extrativas o salário médio subiu 12,9%, em termos homólogos, mas nas atividades financeiras e de seguros o aumentou foi de 1,9%, indica o INE.

Por outro lado, tendo por referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, em março de 2024, foram observadas variações reais positivas da remuneração total para todas as secções da Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (CAE), “com a exceção da secção das atividades financeiras e de seguros, que registou uma diminuição ligeira de 0,2%“, acrescenta o gabinete de estatísticas.

Contas feitas, no primeiro trimestre, o setor da eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio manteve-se como aquele que paga o maior salário bruto total: 3.237 euros. Já a agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca destacou-se pela razão inversa, com um salário médio de 902 euros.

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Francesa Greenyellow entra no solar em Portugal

A Greenyellow entra em terras lusas através da integração da portuguesa Grow Energy Management (GEM), especialista em energia fotovoltaica descentralizada.

A GreenYellow, especializada na produção solar fotovoltaica descentralizada e em eficiência energética, anunciou esta quinta-feira a integração da Grow Energy Management (GEM), especialista em energia fotovoltaica descentralizada com portefólio em Portugal e na Polónia.

A operação, que inclui duas carteiras de projetos, inclui cerca de 120 megawatt-pico (MWp) de projetos solares descentralizados, prontos a construir ou já em funcionamento, nos setores da distribuição industrial e comercial. Uma das carteiras de projetos, com uma capacidade de 100 MWc, serve a Biedronka, o braço polaco do grupo Jerónimo Martins.

A GEM e a GreenYellow Portugal tornar-se-ão uma única entidade (GreenYellow Portugal), com sede em Lisboa e controlada pela GreenYellow. Através desta nova entidade, as empresas continuarão a desenvolver a respetiva oferta. O objetivo é desenvolver mais de 100 MWp de projetos solares descentralizados nos próximos três anos. A GreenYellow prevê investir cerca de 150 milhões de euros nos próximos três anos em Portugal e na Polónia, para acelerar a transição energética dos clientes.

“A GreenYellow é o parceiro ideal para a próxima fase do nosso crescimento, trazendo tanto a capacidade financeira como a experiência técnica para acelerar o nosso desenvolvimento”, indica Miguel Almeida Henriques, CEO da GEM e co-CEO da GreenYellow Portugal, citado no comunicado enviado à imprensa. Miguel Almeida Henriques, Miguel Magalhães e Bernardo Matos vão co-liderar a GreenYellow Portugal, dando continuidade ao desenvolvimento iniciado com a GEM.

A GreenYellow é uma empresa francesa fundada em 2007, presente em cerca de 20 países em quatro continentes. A Grow Energy Management (GEM) foiresponsável,até à data, pela construção de cerca de 1.350 centrais solares e a implementação de nove projetos de eficiência energética.

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Se Portugal crescesse como a Sonae, PIB per capita “seria maior que o espanhol”, revela estudo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 16 Maio 2024

Estudo da Nova SBE revela que se a economia nacional tivesse crescido ao ritmo da Sonae entre 2009 e 2022, o PIB per capita em paridade de poder de compra "seria maior do que o espanhol" em 2022.

A Sonae gerou 8,9 mil milhões de euros na economia portuguesa em 2022, um número que equivale a um peso de 3,7% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo um estudo que analisou o impacto económico do grupo que detém a retalhista Continente, realizado pela Nova SBE.

Entre 2009 e 2022, o grupo apresentou um crescimento médio anual de 2,1%, acima da média do crescimento económico anual de Portugal (0,6%) no mesmo período. Significa que, se a economia nacional tivesse crescido ao ritmo da Sonae nesses 14 anos, o PIB per capita em paridade de poder de compra do país “seria maior do que o espanhol em 2022″, lê-se no relatório que é apresentado esta quinta-feira.

O trabalho dos investigadores Pedro Brinca, João Duarte e João Pedro Ferreira (Universidade da Virgínia) aponta também que, nesse caso, Portugal passaria da 20.ª posição para a 13.ª entre as maiores economias da Zona Euro. Por outro lado, realça que, nos anos de 2013 e 2014, no período crítico da intervenção da troika, a Sonae “recuperou da crise muito mais rapidamente do que a média nacional e contribuiu para uma mais rápida recuperação da economia”.

As vendas do grupo liderado por Cláudia Azevedo corresponderam a 1,8% do total de produção em território nacional, superando a produção combinada dos setores do vestuário e do calçado ou todo o setor da produção da pasta e do papel no país.

Se for somada a contribuição através das cadeias de valor, o contributo da Sonae atinge os 17,8 mil milhões de euros — ou seja, 3,8% do total da produção nacional. Divide-se entre 8,7 mil milhões de euros oriundos do efeito direto, 5,6 mil milhões de euros do efeito indireto e 3,4 mil milhões de euros do efeito induzido, calculam.

Por outro lado, o volume de negócios de 17,8 mil milhões de euros inclui cerca de 3,7 mil milhões de euros em salários, um valor “superior às remunerações pagas pelo setor do fabrico de automóveis em toda a economia nacional”, refere ainda o trabalho da Nova SBE.

No que toca à contribuição fiscal, o grupo nortenho paga mais de 1,6 mil milhões de euros em receitas fiscais a cada ano, dos quais 460 milhões de euros correspondem a impostos, 230 milhões a contribuições à Segurança Social e 115 milhões ao IRS retido pelos seus trabalhadores.

O valor das receitas fiscais equivale, de acordo com a comparação neste estudo, ao “dobro do valor do défice público registado em 2022” e “é superior aos investimentos feitos em Serviços Hospitalares pela Administração Pública nos anos de 2018 a 2021 (que incluíram a pandemia de Covid-19)”.

Por outro lado, a empresa investiu em Portugal mais de 700 milhões de euros “por vários anos consecutivos”, inclusive “em períodos críticos” para o país e em valores “muito superiores” aos de outros setores industriais tradicionalmente referidos como importantes motores da economia nacional.

Maior empregador privado chega aos 259 mil postos de trabalho indiretos

Em 2022, a Sonae contava com 47 mil trabalhadores, sendo que a atividade do grupo criou 212 mil empregos no resto da economia. Isto é, a dona do Continente, que tem sede na Maia, é responsável por um total de 259 mil postos de trabalho no país, independentemente do tempo de contrato.

Este número representa 4,2% do total do emprego no país e 4,8% dos empregos do setor privado em Portugal, com impacto em um em cada 23 empregos, o que confirma a Sonae como o “maior empregador privado” no país, indica o documento.

Da contribuição gerada pela Sonae nos vários setores de atividade, o mais relevante é associado às pequenas e médias empresas (9,7 mil milhões de euros), sendo que 2,9 mil milhões de euros corresponderam ao volume de negócios no setor da indústria agroalimentar. E 126 mil dos 212 mil empregos criados no resto da economia foram em PME localizadas em território nacional.

Apresentação dos resultados de 2023 do grupo Sonae - 13MAR24
João Gunther Amaral, CDO da Sonae, na apresentação dos resultados de 2023 do grupoRicardo Castelo/ECO

Em termos geográficos, o estudo da Nova SBE conclui que o conglomerado nortenho contribui para a coesão territorial do país ao ter uma “presença determinante para a vitalidade económica” de metade dos 308 municípios portugueses, sublinhando que são privilegiados, igualmente, territórios de baixa densidade e concelhos onde o poder de compra está abaixo da média nacional.

“Estes resultados ajudam a quantificar o impacto da nossa atividade na vida das pessoas e revelam que os bons resultados do Grupo Sonae são positivos para o país. Estamos determinados a continuar a gerir e a crescer de forma responsável, promovendo mais e melhor emprego, fomentando a inovação na economia, contribuindo para o desenvolvimento regional, sendo mais inclusivos e equitativos e respeitando os limites do planeta”, comenta João Günther Amaral, administrador executivo da Sonae.

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Desemprego desce, mas continua acima da média da OCDE

México e Japão são os países com as taxas de desemprego mais baixas. E Portugal? A taxa ficou em 6,5% em março, acima da média da OCDE. É o 13.º valor mais elevado entre os vários países.

Ainda que tenha recuado em março, o desemprego português manteve-se bem acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mostram os dados divulgados esta quinta-feira. Portugal tem, neste momento, a 13.ª taxa mais elevada entre os vários Estados-membros.

A taxa de desemprego da OCDE estabilizou em 4,9% em março de 2022, o que significa que há dois anos que está abaixo de 5%”, revela o destaque estatístico enviado esta manhã às redações.

Em contraste, em Portugal a taxa de desemprego situou-se em 6,5% em março, abaixo dos 6,6% registados no mês anterior, mas acima tanto da média da OCDE (os tais 4,9%), como da própria média da União Europeia (6%).

Entre os demais países que compõem a OCDE, foi Espanha que registou a maior taxa de desemprego em março (11,7%). No topo da tabela, estão também a Colômbia (11,2%) e a Grécia (10,2%).

Já do outro lado do ranking, aparecem o México, com uma taxa de desemprego de 2,6%, e o Japão, com uma taxa idêntica. Em destaque estão ainda a Coreia (2,8%), a Polónia (2,9%), a República Checa (2,9%) e a Eslovénia (3,1%).

A nota enviada esta quinta-feira salienta ainda que, contas feitas, dos países da OCDE, 15 registaram taxas iguais ou abaixo dos 5%, incluindo a Alemanha, o Japão, o México e os Estados Unidos.

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Banco de Portugal usa provisões para anular perdas de 1.054 milhões de euros

Em 2023, o Banco de Portugal registou prejuízos operacionais de 1.054 milhões devido à redução da margem de juros e a um pior desempenho na repartição do rendimento monetário.

O ano de 2023 apresentou-se desafiador para o Banco de Portugal, que registou um resultado antes de provisões e impostos (RAPI) negativo de 1.054 milhões de euros. Este valor foi influenciado por uma redução significativa na margem de juros e um pior desempenho na repartição do rendimento monetário, justifica a entidade liderada por Mário Centeno no Relatório do Conselho de Administração, apresentado esta quinta-feira.

Segundo o Banco de Portugal, foram duas as razões que levaram à contabilização de resultados operacionais em 2023 do banco central:

  • Redução da margem de juros, que atingiu -666 milhões de euros. Este declínio abrupto é atribuível ao aumento dos juros a pagar, especialmente relacionados com as “responsabilidades para com as Instituições de Crédito, para com o setor público e para com o Eurosistema, e relativos às operações colateralizadas realizadas com o objetivo de recomposição a estrutura de financiamento”. Entre todas as estas componentes, destacam-se os números relativos aos juros a pagar aos bancos, decorrentes da “subida acentuada das taxas de juros diretoras” que se traduziu nas contas do Banco de Portugal com um impacto negativo de -1.274 milhões de euros, comparado com -84 milhões de euros em 2022.
  • Deterioração do resultado líquido da repartição do rendimento monetário que caiu para -184 milhões de euros. Esta queda deveu-se, em grande medida, às contribuições do Banco de Portugal relacionadas com os “juros a pagar dos depósitos às instituições de crédito e às facilidades de depósito terem sido inferiores à proporção do Banco no total destes juros a pagar pelo Eurosistema.” Esta situação levou o Banco de Portugal a assumir uma posição pagadora.

Para mitigar o impacto dos resultados operacionais negativos, o Banco de Portugal explica que recorreu à “Provisão para Riscos Gerais”, cobrindo assim completamente o RAPI, que se traduziu num saldo nulo desta rubrica. A “Provisão para Riscos Gerais” foi assim reduzida em 27% para 2.858 milhões de euros no final de 2023, após uma utilização de 1.054 milhões de euros para anular os resultados operacionais negativos.

“As provisões que o Banco de Portugal tem é uma almofada muito significativa para fazer face precisamente a este momento em que nos encontramos.” Por essa razão, Mário Centeno considera que os resultados operacionais negativos apresentados em 2023 “não coloca nenhuma dificuldade à gestão patrimonial do Banco de Portugal.”

“Com o aumento das taxas de juro, entrámos numa fase temporária de resultados negativos no Eurosistema”, refere Mário Centeno no relatório, sublinhando ainda que “no Banco de Portugal, as provisões acumuladas cobriram os resultados operacionais negativos, demonstrando a importância de uma gestão rigorosa e prudente.”

No decorrer da apresentação do relatório, Centeno revela ainda que “as provisões que o Banco de Portugal tem é uma almofada muito significativa para fazer face precisamente a este momento em que nos encontramos.” Por essa razão, o governador do Banco de Portugal considera que os resultados operacionais negativos apresentados em 2023 “não coloca nenhuma dificuldade à gestão patrimonial do Banco de Portugal.”

Sobre os próximos anos, o governador não se compromete com o regresso aos lucros do banco central. Refere apenas que “os próximos anos continuarão a ser moldados pelo que a política monetária determinar”, sublinhando que “um banco central não existe em função dos seus resultados, mas do seu mandato e objetivos de política monetária.”

O relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal mostra também que o balanço da instituição liderada por Centeno registou uma reavaliação em alta de 10% das reservas do ouro, que aumentaram para 19.940 milhões de euros face aos 17.951 milhões de euros em 2022. “Esta valorização de 1.989 milhões de euros deveu-se ao aumento do preço do ouro em euros”, justifica o Banco de Portugal.

Os números mostram também um aumento de 0,8% dos gastos de natureza administrativa, que totalizaram 197 milhões de euros, “continuando a refletir uma política de racionalização e contenção de despesas”, justifica o banco central, tomando em conta a taxa de inflação de 4,3% em 2023. “Cerca de dois terços da nossa despesa são gatos com pessoal”, nota Centeno, referindo ainda que, atualmente, “temos uma força de trabalho menor do que tínhamos em 2019” e que como “não há renegociações salariais no Banco” a atualização salarial dos seus funcionários acompanha a tendência do setor.

Destaque ainda para uma redução de 6,3% dos títulos detidos para fins de política monetária da carteira APP (Asset Purchase Programme), que caíram 5.484 milhões de euros para 80.508 milhões de euros no final de 2023. Esta diminuição foi alinhada com a decisão do BCE de reduzir os reinvestimentos do programa de compra de ativos a partir de julho de 2023.

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BE junta-se a Iniciativa Liberal e Chega a pedir inquérito à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

O BE junta-se à Iniciativa Liberal e ao Chega a pedir inquérito à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para investigar investimentos feitos.

A Iniciativa Liberal propôs esta quinta-feira a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão financeira e à tutela política da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), considerando imperativo investigar os “investimentos ruinosos” feitos desde 2015. Também o Chega e o Bloco defendem uma CPI à Santa Casa.

Em declarações à agência Lusa, a líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Mariana Leitão, afirmou que o partido decidiu avançar com esta proposta por considerar que as várias audições que têm sido feitas no parlamento sobre a SCML não têm “clarificado muita coisa”.

“O que percebemos é que, apesar nenhum dos intervenientes e de todas as pessoas que foram às várias audições solicitadas até agora poderem dizer que não têm responsabilidades, nenhum assumiu as responsabilidades relativamente a este processo“, afirmou.

Mariana Leitão considerou que, na SCML, se verifica um “triângulo perverso”, composto por “investimentos ruinosos”, que têm causado “prejuízos avultados”, uma “estrutura de custos completamente desfasada do que se espera de uma instituição com uma gestão eficiente”, e a permeabilidade “a interferências político-partidárias, nomeadamente por conta das nomeações e das várias chefias que existiam”.

Nesse âmbito, a IL decidiu apresentar uma comissão parlamentar de inquérito à “gestão financeira e à tutela política da SCML”, cobrindo um período que começa em 2015, no final do executivo do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e vai até ao executivo atual, liderado por Luís Montenegro.

Mariana Leitão explicou que a IL optou por este período por ser precisamente em 2015 que começou uma política de “investimentos ruinosos”, em particular através de um investimento em apostas hípicas, quando Pedro Santana Lopes era provedor da SCML, que “deu prejuízos de vários milhões”.

“Queremos perceber não só esse investimento, como depois todo o processo de internacionalização, os vários investimentos que foram feitos em infraestruturas da Saúde”, disse, acrescentando que essa gestão da SCML é “transversal a vários governos e também é da responsabilidade de vários provedores que foram gerindo a Santa Casa”.

A líder parlamentar da IL considerou imperativo perceber que avaliações de risco estiveram por detrás desses investimentos, o que é que os motivou e quais são os prejuízos que causaram à SCML, “de forma também a perceber o que é que é preciso corrigir”.

“A verdade é que, ao longo destes anos, estas decisões foram sendo tomadas, os alarmes foram somando, mas nunca houve uma ação efetiva, concreta, com planeamento de médio, longo prazo, para resolver as questões financeiras”, afirmou.

Questionada sobre quem é que a IL admite chamar caso a comissão de inquérito seja aprovada, Mariana Leitão respondeu que deverão ser ouvidos “os provedores responsáveis por todos estes investimentos e os vários ministros da tutela” desde o XIX Governo Constitucional, de Passos Coelho.

“Esses parecem-me óbvios. Os primeiros-ministros dependerão também da informação e do nível de detalhe que se consiga chegar e, se se justificar, obviamente que tomaremos essa decisão de os chamar”, disse.

Interrogada sobre como é que espera que esta proposta seja acolhida junto dos restantes partidos, Mariana Leitão recordou que os requerimentos para audições sobre a SCML foram aprovados com os votos favoráveis de vários partidos.

“Portanto, estamos confiantes de que, eventualmente, os restantes partidos também estarão disponíveis para que se faça esse escrutínio que é tão importante”, disse, recusando adiantar desde já se a IL vai procurar recolher as 46 assinaturas necessárias para impor este inquérito parlamentar.

“Logo veremos quais serão os próximos passos, de acordo também com aquilo que for a situação desta primeira discussão e votação”, disse.

Mariana Leitão defendeu que este inquérito parlamentar é importante do “ponto de vista da defesa do dinheiro dos contribuintes”, para perceber “o volume de prejuízos” que estes investimentos causaram ao Estado, mas também porque a SCML é “uma instituição extremamente importante pelo papel social que tem e que é preciso salvaguardar”.

E a melhor forma de salvaguardar a instituição é garantir que chegamos ao fundo da verdade relativamente a todos estes investimentos que foram feitos, aos prejuízos que já causaram, para se conseguir também corrigir e permitir que a SCML tenha uma saúde financeira que lhe permita ter prosperidade”, afirmou.

Chega também propõe comissão de inquérito à Santa Casa e apela ao PSD que a aprove

Horas depois do anúncio da IL, também o Chega anunciou que avançou com um pedido de uma CPI à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), considerando “grave” os “dados que têm vindo a ser conhecidos de uso de ajudas de custo e de salários” de responsáveis ligados à instituição e “o dinheiro que foi desbaratado em investimentos no Brasil e noutros países”, justificou André Ventura.

“Isto é grave e merece uma investigação. Porque, eventualmente, este caso é ainda mais grave do que o da TAP em termos de dinheiro envolvidos e de prejuízo para o erário público”, afirmou o líder do Chega, em declarações transmitidas pelas televisões, apontando que o partido não poderia “usar um critério para a TAP e um diferente para a Santa Casa”.

O presidente do Chega apelou ainda ao PSD que viabilizasse a CPI de modo a que o seu partido e os social-democratas “possam aprová-la nos próximos dias, nomear para ela os representantes parlamentar e começar a trabalhar imediatamente”. E garantiu que a ideia não é “banalizar” as CPI, até porque “este instrumento deve ser amplamente salvaguardado”, mas “poder apurar a verdade de uma série de acusações graves e de uso indevido de dinheiro público”, rematou.

PS pede que não se esgote papel das CPI

A líder parlamentar do PS ainda não esclareceu se o partido acompanhará a IL na votação de uma CPI à gestão da Santa Casa da Misericórdia, no entanto recordou que as atuais comissões parlamentares têm “ferramentas legais” que permitem fazer o escrutínio a determinados assuntos, sem que seja necessário recorrer a uma CPI.

“Começamos esta legislatura há dois meses e já tivemos uma CPI que vai avançar [caso da gémeas brasileiras] e duas que foram propostas, mais esta”, contextualizou Alexandra Leitão. “Temos de analisar bem”, disse por fim, não admitindo, porém, qual será o posicionamento do PS nesta matéria.

BE fala em investimentos “estranhos e duvidosos”

O deputado do Bloco de Esquerda (BE), José Soeiro, avançou que o partido também vai propor uma comissão de inquérito à Santa Casa da Misericórdia. O deputado justificou a decisão com o facto de ter havido “investimentos ruinosos, nomeadamente associados à estratégia de internacionalização, no Brasil, que foram feitos com o argumento de equilibrar as contas, de diversificar o financiamento da Santa Casa, mas o que criaram foi um enorme buraco“.

José Soeiro assinalou que foram feitos “investimentos incompressíveis como [aconteceu com] produtos financeiros estranhos”. Por isso mesmo, o BE quer “conhecer em detalhe esses investimentos”.

“Queremos fazer este escrutínio” para “conhecer os factos”, saber “quem são os responsáveis e porque é que foram feitos esses investimentos de forma tão pouco cuidada, e investimentos tão estranhos e duvidosos“.

(Notícia atualizada às 21h30 com declarações do deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro)

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Elevado endividamento deixa Europa em risco de “choques adversos”, alerta BCE

  • Lusa
  • 16 Maio 2024

Embora a estabilidade financeira da Zona Euro tenha beneficiado da melhoria das expectativas económicas, as perspetivas continuam "frágeis", diz Banco Central Europeu.

O Banco Central Europeu (BCE) advertiu esta quinta-feira que, embora a estabilidade financeira da Zona Euro tenha beneficiado da melhoria das expectativas económicas, as perspetivas continuam “frágeis”.

O BCE publicou o relatório semestral de estabilidade financeira, concluindo que as perspetivas para a estabilidade financeira continuam frágeis porque a margem para choques económicos e financeiros é alta num ambiente de grande incerteza geopolítica e política.

“Embora as condições de estabilidade financeira tenham melhorado em consonância com a redução dos riscos descendentes e a descida da inflação, continua a ser crucial reforçar a resistência do sistema financeiro“, afirmou o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos.

De acordo com o relatório, os mercados financeiros permanecem vulneráveis a novos choques, uma vez que, embora a flexibilização da política monetária tenha impulsionado o otimismo dos investidores, o sentimento pode mudar rapidamente.

"Embora as condições de estabilidade financeira tenham melhorado em consonância com a redução dos riscos descendentes e a descida da inflação, continua a ser crucial reforçar a resistência do sistema financeiro.”

Luis de Guindos

Vice-presidente do BCE

A este respeito, o BCE dá como exemplo o facto de uma tensão geopolítica aguda, num contexto marcado pelas guerras na Ucrânia e em Israel, poder criar uma reação exagerada do mercado e arrastar para baixo instituições não bancárias com fragilidades estruturais de liquidez.

Ao mesmo tempo, as condições financeiras tensas continuam a testar a capacidade de resistência das famílias, empresas e governos vulneráveis da Zona Euro.

De um modo geral, os rácios da dívida das famílias e das empresas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) desceram abaixo dos níveis anteriores à pandemia, reduzindo as preocupações com a dívida sustentada.

O BCE espera que a dívida soberana estabilize em níveis mais elevados do que antes da pandemia, tornando as finanças públicas mais vulneráveis a choques, acreditando que os custos do serviço da dívida podem continuar a aumentar em todos os setores económicos no futuro, uma vez que os passivos vencidos continuarão a ser reavaliados às taxas em vigor.

Além disso, acredita que está a ocorrer um abrandamento nos mercados imobiliários, especialmente no setor comercial, que continua a sofrer uma correção substancial dos preços e não exclui novas quedas.

De acordo com o BCE, os bancos mantiveram-se resistentes nos últimos seis meses, mas as suas baixas avaliações sugerem que os investidores estão preocupados com a durabilidade da rentabilidade. Especificamente, os bancos terão de lidar com preocupações crescentes sobre a qualidade dos ativos, custos de financiamento elevados — mesmo que as taxas comecem a descer — e melhores rendimentos operacionais devido a um maior crescimento.

A instituição liderada por Christine Lagarde considera também que o sistema bancário está “bem preparado para fazer face a estes riscos, dadas as suas fortes posições de capital e liquidez”, embora tenha aconselhado as autoridades macroprudenciais a manterem as atuais reservas de capital para garantir que estas estejam disponíveis para os bancos em caso de ventos contrários.

Setor bancário enfrenta “ventos contrários” nos próximos meses

O BCE acredita que o setor bancário terá de enfrentar “ventos contrários” nos próximos meses, depois de os altos lucros obtidos com o aumento das taxas terem começado a diminuir. Numa conferência de imprensa para apresentar as perspetivas de estabilidade financeira da instituição, Luis de Guindos sublinhou que os bancos contribuíram para manter a solidez do sistema porque têm níveis muito elevados de capital e liquidez.

No entanto, pediu para não se ser complacente, olhar para o futuro e tentar aproveitar a boa rendibilidade das instituições para reforçar as reservas de capital.

Neste sentido, salientou que a rendibilidade dos bancos começou a diminuir, depois de ter estabilizado no último trimestre de 2023. “Acredito que os dados do primeiro trimestre vão na mesma direção e que há ventos contrários que o setor bancário tem de enfrentar nos próximos meses”, disse.

Guindos realçou também o aumento do número de empréstimos e dos custos de financiamento e o baixo crescimento, apontando também que o BCE verificou que, em alguns países europeus, as autoridades compreenderam que era o momento certo para aumentar as reservas de capital dos bancos e tomaram medidas importantes para reforçar as suas posições.

Durante o seu discurso, Guindos referiu-se também às entidades não bancárias, que, na sua opinião, estão a ganhar peso no mercado financeiro europeu, razão pela qual o BCE está atualmente a prestar-lhes mais atenção. O economista espanhol considerou que a supervisão destas entidades deveria ser reforçada, uma vez que estão ligadas aos bancos, pelo que os seus problemas teriam repercussões no sistema.

(Notícia atualizada às 12 horas)

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Transitários pedem “verdadeiro hub de carga” no novo aeroporto e “cidade logística” em Alcochete

A APAT - Associação dos Transitários de Portugal defende a construção de um “verdadeiro hub de carga aérea” e de uma nova “cidade logística” em redor do futuro aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete.

A APAT – Associação dos Transitários de Portugal lembra ao Governo que o novo aeroporto em Alcochete deve ser “acompanhado pela construção de um verdadeiro hub de carga aérea que permita que as empresas que exportam e importam o façam de forma mais ágil e mais competitiva”.

“Simultaneamente, a construção de uma nova ‘cidade logística’ em seu redor permitirá que Portugal, mediante a sua ímpar situação geográfica, se torne também um parceiro fundamental nos fluxos de carga aérea na Europa e no mundo”, acrescenta a organização liderada por António Nabo Martins.

Num comunicado em que se congratula pela decisão do Executivo relativa à nova infraestrutura que deve também “potenciar maior intermodalidade na circulação de bens e mercadorias”, a associação setorial disponibiliza-se para apoiar a conceção do novo hub de carga aérea e da envolvente logística em redor do novo aeroporto.

“A APAT, usando toda a sua experiência e dos associados que usam diariamente as infraestruturas aeroportuárias existentes, estará atenta aos desenvolvimentos do tema e disponível para colaborar na conceção de uma infraestrutura adequada aos novos tempos e que auxilie na resolução dos problemas que o país atualmente enfrenta referentes ao trânsito e transporte de mercadorias por via aérea”, acrescenta.

António Nabo Martins, presidente executivo da APAT

O primeiro-ministro confirmou na terça-feira a escolha do Campo de Tiro de Alcochete para a localização do novo aeroporto da região de Lisboa, um tema que está na gaveta há quase 50 anos. “O Governo assume o aeroporto único como a solução mais adequada aos interesses do país. Alcochete garante margem de expansão física, acomodação de procura até praticamente o triplo da atual, salvaguarda da manutenção e crescimento possível do hub da TAP em Portugal”, afirmou o primeiro-ministro.

Como o ECO noticiou no final do ano passado, as empresas exportadoras portuguesas estão a desviar a expedição de mercadorias que são transportadas por via aérea para aeroportos de Espanha e até do norte da Europa, como os Países Baixos, que “operam sem as ineficiências” que estão a afetar a movimentação deste tipo de carga nas infraestruturas de Lisboa e do Porto.

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