Linha do Douro quer ser Património Mundial da Unesco

Associação Vale d'Ouro desafia região Norte a apoiar a atribuição da classificação máxima da Unesco à linha ferroviária construída no final do século XIX ao longo do rio Douro.

A Linha do Douro como Património Mundial classificado pela Unesco. O desafio foi lançado pela Associação Vale d’Ouro, que pretende valorizar o percurso sobre carris construído no final do século XIX e que acompanha grande parte do rio Douro. A classificação poderá reforçar o papel desta infraestrutura na região e atrair ainda mais visitantes, numa altura em que sobem de tom as críticas à falta de investimento nesta linha ferroviária.

A proposta foi lançada no debate dedicado à ferrovia, organizado pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial. Na Europa, há apenas duas linhas de comboios com esta distinção da Unesco, ambas montanhosas: a Semmering Bahn (Áustria) e a Ferrovia Rética (Suíça), onde foi fixado o recorde mundial de maior comboio de passageiros.

“Esta candidatura deverá ser o próximo desígnio da região para preservar este legado patrimonial de uma das maiores obras de engenharia portuguesas, delicadamente inserida numa paisagem trabalhada de forma sustentada pelo homem há mais de três séculos”, refere Alberto Aroso, especialista em transportes e vias de comunicação.

O Douro é uma obra de arte única à escala das outras linhas património mundial: do lado português tem 24 túneis e 40 pontes, e do lado espanhol tem 20 túneis e 13 pontes. É uma linha que integra um vasto conjunto de obras de arte, inseridas numa paisagem difícil”, sinaliza Alberto Aroso, um autores da ideia em conjunto com Luís Almeida.

O valor patrimonial da Linha do Douro é muito grande, como gesta de organização de uma região, como valorização do seu produto conforme foi aproveitado para o enoturismo. O processo tem de ser feito de forma muito criteriosa e rigorosa, porque o nível de exigência do Douro já é muito elevado.

Luís Braga da Cruz

Economista e antigo ministro da Economia

Apesar de ocupar o mesmo local desde os finais do século XIX, a Linha do Douro tem sido melhorada nos carris e nos sistemas de comunicação. Nada que impeça uma eventual classificação. “Todas as linhas classificadas foram eletrificadas e modernizadas. Está em causa a classificação da obra de engenharia e do património histórico. As modernizações valorizam a infraestrutura e acrescentam valor“, destaca, por sua vez, Luís Almeida, presidente da Associação Vale d’Ouro.

A proposta passa por classificar mais de 300 quilómetros de via férrea: além do lado português e espanhol da Linha do Douro (Ermesinde-La Fuente de San Esteban), também se pretende incluir o percurso entre a estação de São Bento (Porto) e Ermesinde. Desta forma, a ligação sobre carris pode unir quatro patrimónios mundiais da Unesco: o centro histórico do Porto, o Douro Vinhateiro, as Gravuras do Côa e a cidade antiga de Salamanca.

“O valor patrimonial da Linha do Douro é muito grande, como gesta de organização de uma região, como valorização do seu produto conforme foi aproveitado para o enoturismo. Há um conjunto de acréscimos sobre o valor patrimonial e natural existente que faz sentido continuar a ser valorizado. O processo tem de ser feito de forma muito criteriosa e rigorosa, porque o nível de exigência do Douro já é muito elevado“, comentou o economista e antigo ministro da pasta, Luís Braga da Cruz, após o lançamento do desafio. A economista Cristina Azevedo destacou, por seu turno, a “absoluta evidência” da “excelência do território” percorrido pela Linha do Douro.

Douro sofre com falta de poder

Para que a Linha do Douro possa firmar a candidatura a Património Mundial, primeiro será necessário eletrificar a restante linha e reabrir o troço Pocinho-Barca d’Alva. No caso de Portugal, falta uma autorização das Finanças para lançar o concurso público para elaboração do estudo prévio e do projeto de reativação da linha entre o Pocinho e Barca d’Alva, e a abertura das candidaturas para a eletrificação do troço Marco de Canaveses-Régua.

Está previsto para o terceiro trimestre de 2026 o arranque das obras entre Pocinho e Barca d’Alva. Para tal, será necessário um investimento de cerca de 75 milhões de euros, calculou a Infraestruturas de Portugal, num estudo técnico de abril de 2022. Figueira de Castelo Rodrigo, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta são os quatro municípios com ganhos diretos pela reabertura desta linha. Os benefícios da reabertura estendem-se ainda a outros 17 concelhos, como é o caso de Vila Real, Régua, Lamego, Tarouca, Alijó e Sabrosa.

Não há justificação para toda a Linha do Douro não ficar pronta daqui a quatro ou cinco anos“, sublinha o presidente da Associação Vale d’Ouro. Já a economista Cristina Azevedo culpa a centralização pela falta de atenção dada ao Douro, porque “a ferrovia é uma grande prioridade comunitária, mas a decisão sobre as prioridades regionais continua a estar condicionada por Lisboa. O planeamento regional perde-se por completo e não há capacidade de o fiscalizar“.

A economista considera ainda que a Infraestruturas de Portugal (IP) “enferma de um modus operandi que se pode qualificar como muito pouco transparente e certamente muito pouco convergente com as prioridades territoriais e mesmo políticas a cada momento. Não é raro perceber que os esforços dos que tutelam politicamente o setor, seja de que partido for, caiam vastas vezes em saco roto quanto à efetiva concretização”.

Já o presidente da Câmara Municipal da Régua, José Manuel Gonçalves, frisa que a IP “é maior do que qualquer ministério” e um “monstro dentro” da pasta das Infraestruturas. “Tenho sérias dúvidas sobre este modelo de organização para dar resposta aos investimentos públicos”, afirma o autarca.

O líder da Liga dos Amigos do Douro também sinaliza a urgência da modernização da Linha do Douro e da reabertura do troço Pocinho-Barca d’Alva. “Mas primeiro é preciso que o ministro das Finanças lance o despacho para a obra começar no terreno”, nota António Saraiva. “Só depois se pode fazer uma candidatura à Unesco, um processo que exige tempo e meios financeiros“, conclui.

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Ministra da Justiça admite que nova forma de distribuição de juízes vai aumentar burocracia

  • Lusa
  • 28 Março 2023

A regulamentação da lei de distribuição eletrónica dos juízes nos tribunais judiciais e administrativos e fiscais vai aumentar a burocracia, reconhece a ministra da Justiça Catarina Sarmento e Castro.

A regulamentação da lei de distribuição eletrónica dos juízes nos tribunais judiciais e administrativos e fiscais vai aumentar a burocracia, reconheceu na segunda-feira, dia 29 de março, a ministra da Justiça, a propósito da publicação da portaria em Diário da República.

Numa conferência de imprensa realizada após uma reunião do Conselho Superior de Segurança Interna, onde foi analisado o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2022, Catarina Sarmento e Castro explicou que esta matéria, que tinha sido aprovada no parlamento no verão de 2021, é de “grande complexidade técnica” e exige uma avaliação da sua entrada em vigor, que está prevista para daqui a 45 dias.

“Antecipamos que, pela burocracia que passa ali a estar subjacente — embora tenhamos o objetivo de digitalizar também essa parte mais burocrática -, é necessário pensar um acompanhamento para fazermos uma avaliação daquilo que está hoje previsto na lei”, afirmou a governante aos jornalistas, salientando que a distribuição deixa de ser totalmente automática para passar a ser necessária a presença de diversas pessoas.

Segundo a nova regulamentação, a distribuição tem como intervenientes o presidente do tribunal, que designa “um juiz para presidir e um substituto, para os casos em que aquele se encontre impedido”, um magistrado do Ministério Público (MP), um oficial de justiça (e um substituto, designados pelo administrador judiciário ou secretário do tribunal) e um advogado.

“Vai empenhar uma série de pessoas que vão ter de estar presencialmente no tribunal para acompanhar a impressão daquilo que será o resultado (ou os sucessivos resultados) da distribuição. Portanto, significará que é necessário acompanhar esta evolução do ponto de vista do funcionamento dos tribunais”, disse Catarina Sarmento e Castro, sem deixar de notar que têm de ser feitas diversas atas do processo de distribuição.

A nova regulamentação, sustentou a ministra, “traz uma diferença muito grande de organização ao nível dos tribunais” que levou tempo a ser analisado e executado.

Foi também estabelecida na portaria publicada em Diário da República a obrigatoriedade de divulgar as decisões, deliberações, provimentos e orientações que, “nos termos da lei, podem condicionar as operações de distribuição, permitindo um escrutínio efetivo do resultado”.

“A publicação dos resultados da distribuição por meio de pauta é efetuada às 17 horas de Portugal continental na área de serviços digitais dos tribunais, acessível no endereço eletrónico https://tribunais.org.pt, durante um período de seis meses”, lê-se na portaria.

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Há empresas a usar meios ilegais para controlar teletrabalho

  • ECO
  • 28 Março 2023

Métodos violam diretrizes da Proteção de Dados. Entre as práticas mais frequentes "está o envio de emails e/ou SMS periodicamente e software de registo do início e fim da atividade laboral e pausas".

Quase metade dos trabalhadores remotos (49,3%) dizem que o respetivo empregador recorreu a métodos para controlar o horário do teletrabalho que violam as diretrizes definidas pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD). Entre as práticas mais frequentes “está o envio de emails e/ou SMS periodicamente e software de registo do início e fim da atividade laboral e pausas (71% e 38%, respetivamente)”.

Os dados foram avançados pelo Dinheiro Vivo, que cita o “Estudo sobre o teletrabalho e os seus desafios na nova conjuntura”, encomendado pela UGT e coordenado por Paulo Pedroso, professor do ISCTE-IUL e antigo secretário de Estado. Segundo o estudo, vários inquiridos afirmaram ainda que lhes foi pedido que mantivessem a câmara de vídeo ligada permanentemente (21%), além de “ter havido recurso a software de captura de imagem do ambiente de trabalho” (19%).

Para Paulo Pedroso, estes dados explicam-se pela existência de uma “visão antiga” por parte das empresas portuguesas, “que passa por uma gestão através do controlo horário e não em função dos resultados”. “É impressionante o facto de ainda haver entidades empregadoras que não ligam à proteção de dados e usam meios intrusivos, não aceitáveis para controlar o teletrabalhador”, diz. Já o estudo conclui que “fica evidente a necessidade de maior clarificação e acompanhamento dos procedimentos de vigilância/controlo do tempo de trabalho”.

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Pedro Alves é o novo country manager da Armatis

Profissional tem sob a sua responsabilidade três contact centers – Lisboa, Porto e Guimarães – e conta com uma equipa de mais de 1.100 colaboradores.

Pedro Alves é o novo country manager da Armatis em Portugal

Pedro Alves é o novo country manager da Armatis em Portugal, confirmou a ECO Pessoas junto à empresa que atua na área de costumer experience. A empresa tem três contact centers no mercado nacional e mais de 1.100 colaboradores.

“É um orgulho fazer parte da Armatis, principalmente num momento tão emocionante para a empresa e para o nosso setor. O principal objetivo é manter o foco na satisfação do cliente e dos nossos colaboradores. Continuar a proporcionar aos nossos clientes o melhor serviço, assim como ajudar os nossos parceiros a aumentarem a sua quota de mercado, o seu NPS e a sua rentabilidade através de estratégias personalizadas”, afirma Pedro Alves, novo country manager da Armatis.

Operando no mercado desde 1989, o grupo francês tem 21 contact centers, dos quais três em Portugal, em Lisboa, Porto e Guimarães. No mercado nacional conta com uma equipa de mais de 1.100 colaboradores, dos quais 66% destes são mulheres. Os contratos são, na sua totalidade, feitos diretamente com a Armatis, dos quais 81% são efetivos, segundo informa a empresa.

É esta a operação que Pedro Alves, até aqui multi site director da Armatis em Portugal, cargo que ocupava há mais de um ano, passa a assumir a liderança. Antes de integrar a Armatis, o profissional esteve durante quase uma década ligado ao ManpowerGroup em diversas funções, a última das quais como international account manager sales and corporate clients.

Licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais, pela Universidade Nova de Lisboa, Pedro Alves é ainda licenciado em Ciências Sociais e Humanas, com especialidade em Gestão e Ordenamento do Território, pela Université Paris-Sorbonne, tendo um mestrado em Geopolítica, pela mesma universidade.

Recebeu vários prémios, incluindo o Best Contact Center IT market e Certified Customer Experience Performance Leader COPC.

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Fundo para a economia azul perto de “fechar” 30 milhões para fazer crescer peixe, metal e têxtil

Miguel Herédia revela ao ECO que, apesar de não estar a ser fácil levantar capitais privados, o closing de 30 milhões do fundo Growth Blue I está muito próximo. A equipa de gestão está a investir 4%.

A Growth Partners Capital já está em conversação com várias empresas do setor do pescado, da metalomecânica e do têxtil para as apoiar a crescer através do fundo Growth Blue I, que foi apresentado esta segunda-feira. E já só faltam quatro milhões de capitais privados para chegar ao objetivo definido para o primeiro closing.

“O setor do pescado tem muitas pequenas empresas que ganhariam mais se estivessem juntas”, disse ao ECO Miguel Herédia, que, em conjunto com Juan José Navarro, vai gerir este novo fundo de 28 milhões de euros que visa apoiar o crescimento e a internacionalização de PME de elevado potencial e que desenvolvam atividades na área da economia azul. O responsável dá como exemplo a área da embalagem de produtos, que poderia ser feita de modo agregado para ganhar escala e competitividade. “Embalar peixe e bacalhau é o mesmo. Se as empresas se juntassem poderiam ganhar poder de compra nos materiais e negociar as vendas com mais força”, exemplifica.

Sem revelar os nomes das empresas específicas com as quais está a negociar, invocando “contratos de confidencialidade”, Miguel Herédia defende que “há oportunidades” ao nível das conservas, uma área que conhece bem, e que descreve como “muito interessante” porque “o mesmo produto com um marketing diferente pode atingir valores muito superiores”. “Os estrangeiros até levam latas de conserva como presentes”, sublinha.

A Growth Partners Capital está também a “olhar para algumas empresas” no setor do bacalhau. Apesar de haver muitas desta área que estão altamente endividadas, o que as exclui automaticamente de serem escolhidas para o portefólio do Growth Blue I.

Em análise está igualmente uma empresa do setor da metalomecânica que constrói turbinas eólicas, outra de reboque de navios e ainda uma empresa têxtil, cuja tecnologia permite reduzir o consumo de água e garantir que a água utilizada sai limpa após um processo de reciclagem.

Miguel Herédia revelou ao ECO que, apesar de não estar a ser fácil levantar capitais privados, o closing de 30 milhões está muito próximo. A equipa de gestão está a investir 4% e, neste momento, já só faltam cerca de quatro milhões para cumprir o objetivo definido, revela. “No evento de apresentação fechámos um”, conta, revelando que são todos investidores individuais. Embora estejam prestes a fechar com uma fundação, acrescentou.

O Growth Blue I tem um fundo público alocado de 28 milhões de euros, dos quais 14 milhões serão provenientes do Fundo Azul, e está na fase de levantamento de capital privado para atingir os 50 milhões de euros. A ideia é investir em oito a 12 empresas com bilhetes de capital ou quase-capital na faixa de 1,5 a 3,5 milhões de euros.

Miguel Herédia explicou que as dificuldades de captação de capital se prendem com o facto de ser um fundo a atuar ao nível da economia azul, concentrado preferencialmente em Portugal (mais de 85%). Houve mesmo dois potenciais investidores que rejeitaram participar por essas razões. O responsável da Growth Partners Capital lamenta que o conceito da economia azul esteja mais focado em fundos de impacto, quando o objetivo do Growth Blue I é garantir “retornos de private equity normais”, uma taxa de retorno superior a 25%.

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PS propõe portal da transparência com mais dados sobre gestão dos serviços públicos

  • Lusa
  • 28 Março 2023

Em relação ao portal "Mais Transparência", o PS entende que deve ser aprofundada a disponibilização em formato aberto dos dados constantes referentes a instrumentos de gestão dos serviços públicos.

O secretário-geral socialista encerra esta terça-feira, em Tomar, as Jornadas Parlamentares do PS, em que será apresentada uma resolução para que o Governo disponibilize no portal da transparência mais dados em formato aberto sobre gestão dos serviços públicos.

Este diploma em matéria de modernização da administração pública será divulgado no segundo e último dia de Jornadas Parlamentares do PS, antes da intervenção final de António Costa, que está prevista para o fim da manhã.

Em relação ao portal “Mais Transparência”, o Grupo Parlamentar do PS entende que deve ser aprofundada a disponibilização em formato aberto dos dados constantes referentes a instrumentos de gestão dos serviços públicos.

Neste ponto, a bancada socialista quer que esteja em formato aberto “os planos estratégicos e operacionais, os indicadores do balanço social, relatórios de sustentabilidade e outros instrumentos relevantes para a cabal prestação de contas aos cidadãos face às missões de cada entidade e aos serviços a cidadãos e empresas pelos quais são responsáveis”.

Na sua resolução, o PS quer em primeiro lugar que o Governo aprove um diploma para a modernização administrativa “que atualize e reúna num único diploma as disposições transversais a toda a administração pública nesta área, incluindo a promoção a inovação, transparência e participação de partes interessadas”.

Um novo diploma que requer a revisão ou mesmo revogação de um decreto de 1999 e que deve ter como principal objetivo, segundo a bancada socialista, “preparar os organismos da administração pública para prestar serviços crescentemente digitais, mas acessíveis omnicanal, automatizados e proativos”.

Também de acordo com o PS, o executivo de António Costa deverá codificar por matérias “o acervo legislativo relativo à gestão pública que não envolva procedimento administrativo, integrando, designadamente, as dimensões de gestão financeira e não financeira, desde o planeamento de atividades, à monitorização e à avaliação de resultados”.

Na sua resolução, ainda numa “ótica de promoção da boa gestão pública”, os deputados socialistas defendem que o executivo deverá aprovar “um guia de boas práticas administrativas” já previsto no decreto que aprovou o novo Código do Procedimento Administrativo.

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Hoje nas notícias: IVA zero, salários e teletrabalho

  • ECO
  • 28 Março 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os supermercados serão obrigados a divulgar os produtos sujeitos à isenção do IVA. Mais de 60% dos jovens entre os 20 e 30 anos ganham menos de mil euros. Novo estudo revela que cerca de metade dos trabalhadores remotos indicam que a empresa adotou mecanismos ilegais para controlo do teletrabalho. O plano de atividades e orçamento dos hospitais do SNS ainda não foram aprovados.

Supermercados obrigados a publicitar preços que descem

Os supermercados terão de realizar ações de promoção e divulgação dos produtos que vão estar isentos de IVA. A ideia é que se reflita no preço a totalidade da descida do imposto (e não que se incorpore a descida do imposto na margem comercial). Também terão de prestar informação clara quanto à redução efetiva do preço. Responsável por zelar pela “aplicação dos compromissos” estará a Comissão de Acompanhamento criada para o efeito (e onde se insere a Autoridade da Concorrência, ASAE, Fisco, Direção-Geral das Atividades Económicas, APEC e CAP). A responsabilidade da fiscalização cairá nas três primeiras entidades.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Maioria dos jovens entre os 20 e os 30 anos ganha menos de mil euros

Mais de 60% dos jovens entre os 20 e 30 anos trabalhadores por conta de outrem têm um rendimento mensal líquido abaixo dos mil euros (números que excluem os trabalhadores independentes ou os casos de irregularidade laboral, como o caso dos “falsos” recibos verdes). Em 2022, os trabalhadores nesta faixa etária recebiam, em média, 843 euros mensais. Por outro lado, cerca de 58% tinham contrato sem termo (ou seja, estavam efetivos no seu local de trabalho), o que indica mais estabilidade laboral.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Empresas usam meios ilegais para controlo do teletrabalho

Cerca de metade dos trabalhadores remotos indicam que a empresa adotou procedimentos de vigilância para controlo do horário de trabalho que violam as diretrizes da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), de acordo com o “Estudo sobre o teletrabalho e os seus desafios na nova conjuntura”, encomendado pela UGT e coordenado pelo professor do ISCTE-IUL e antigo secretário de Estado socialista, Paulo Pedroso.

Leia a notícia completa no Dinheiro Vivo (acesso livre).

Metade das cotadas do PSI mudou de CEO desde 2019

Das 24 empresas cotadas no principal índice da bolsa de Lisboa nos últimos dez anos, metade mudaram de CEO desde 2019. É o caso da Altri, que desde 2020 tem José de Pina como CEO, Filipe Crisóstomo Silva na Galp Energia, Miguel Stilwell de Andrade na EDP e EDP Renováveis, Ricardo Pires na Semapa, Cláudia Azevedo na Sonae e Carlos Mota Santos na Mota-Engil.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Hospitais ainda sem os planos de atividades e orçamento aprovados

O plano de atividades e orçamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para este ano ainda não foram aprovados, ainda que as propostas tenham sido entregues em novembro do ano passado. “A informação que temos é a de que os planos de atividade e orçamento estão todos por aprovar e em análise no Ministério das Finanças, na Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial [UTAM]”, diz o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH). Ministério da Saúde alega que existem outros mecanismos que asseguram autonomia para a contratação de médicos.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

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De estofador a programador. Eles (re)programaram as suas carreiras para a indústria tecnológica

O Tiago, a Joana, a Luísa e o Francisco decidiram mudar de carreira, enveredando pela indústria tecnológica. Nenhum se arrepende da mudança e todos garantem ter ganho salário e qualidade de vida.

Tiago era estofador de bancos e assentos para carros numa fábrica. Joana era psicóloga, membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Luísa estava a fazer um doutoramento em Estudos Artísticos e Francisco estudava Turismo e Hotelaria. Em comum têm a decisão de reconverter as suas carreiras. Hoje em dia, são os quatro programadores em empresas de diferentes setores. Ganharam em salário e qualidade de vida. São mais valorizados e respeitados profissionalmente do que nunca, dizem.

Foi nas viagens de autocarro que fazia para a fábrica que Tiago Santos acabou por descobrir aquele que viria a ser o seu futuro profissional. “Tinha 28 anos e estava num emprego no qual não me revia: estofava bancos e assentos para carros. Os meus amigos tinham concluído a universidade e seguiam para os seus empregos de sonho. Enquanto eu estava num emprego em que não via futuro. Comecei a ler sobre programação e fui ganhando interesse pela área. Mais tarde, após sair do meu emprego como estofador, surgiu a oportunidade de entrar para uma escola de programação”, conta em conversa com a ECO Pessoas.

A escola escolhida foi a 42 Lisboa, que promove uma formação 100% gratuita e sem necessidade de background académico ou experiência em programação. Embora não haja requisitos de entrada, a formação não é para todos. Para entrar na 42 é necessário completar dois testes online e a piscine, um bootcamp de 26 dias intensivos nas instalações da escola, em que os candidatos aprendem as bases de programação e descobrem se esta é a escola ideal para si. Tiago passou por todas estas fases e, nem mesmo depois de concluí-las com sucesso, o grau de exigência abrandou.

Na 42, Tiago Santos aprendeu linguagens como C e C++.

“O processo de aprendizagem para executar os projetos propostos pela escola foi um dos maiores desafios que enfrentei. Aprender de forma autónoma, trabalhar em equipa e a capacidade de filtrar a informação pesquisada são palavras-chave no processo de aprendizagem da 42”, recorda.

Hoje, no cargo de lifeguard da 42 Lisboa, onde acabou por ficar a trabalhar, tem a certeza que enveredar por uma carreira nas tech foi a melhor decisão que tomou. “Formar-me na 42 abriu-me novas portas para um mundo profissional com melhores condições e uma boa perspetiva de carreira. Antes da entrada na 42, só conseguia trabalhos temporários, não qualificados ou precários.”

Formar-me na 42 abriu-me novas portas para um mundo profissional com melhores condições e uma boa perspetiva de carreira. Antes da entrada na 42, só conseguia trabalhos temporários, não qualificados ou precários.

Tiago Santos

Lifeguard da 42 Lisboa

Apesar de vir de uma área bem distinta, a artística, Luísa Castro e Almeida também se fartou, a certa altura da sua vida, de trabalhos precários e com pouco retorno. “Sentia que, a nível financeiro, chegava mesmo a estar com a corda ao pescoço e sem perspetivas de melhoria”, admite.

Apesar de um percurso que muitos apelidavam de “brilhante” — é mestre no Iscte, em Empreendedorismo e Estudos da Cultura, recebeu uma bolsa para ir para Londres, onde também fez um mestrado em Painting & Research, na UA-London, e regressou a Portugal para ingressar num doutoramento na Universidade Nova de Lisboa, em Estudos Artísticos – Arte e Mediações — a profissional não encontrou a compensação financeira que pretendia. Entrar na Academia de Código passou assim a ser uma opção, ainda que o seu o único contacto com algo do género tivesse sido através do jogo Super Mário.

“Não foi uma decisão nada fácil, depois de tanto investimento na minha carreira em artes e investigação, mas era o momento de parar. Questionei o que poderia aprender para me dar uma melhor qualidade de vida e perspetivas de carreira. A tecnologia surgiu como resposta óbvia”, diz.

Aprender Java foi um autêntico desafio, mas que valeu totalmente a pena. “Foram muitos os momentos em que pensava ‘o que é que eu estou a fazer’, porque a mudança foi realmente um choque face ao que conhecia antes. Até ali, os meus pontos fortes, até ao momento, tinham sido competências muito diferentes como discussão de ideias ou pensamento crítico, e no bootcamp não eram essas as mais importantes. Por isso, toda a minha forma de pensar teve de ser alterada, obrigando-me a ter de ‘reprogramar’ o meu cérebro.”

Contudo, o que achava ser uma desvantagem face aos colegas, alguns já com algumas noções de programação, acabou por ser um fator diferenciador. “Fui-me apercebendo que as competências humanas que já tinha eram extremamente valorizadas pelas empresas tecnológicas, o que foi um ponto diferenciador no momento de procura de emprego pós bootcamp.”

Esta opção de carreira deu-me imensa liberdade, e não só a nível monetário e de perspetivas de carreira, mas também na relação entre a vida pessoal e profissional. Encontrei um ambiente tranquilo e positivo, onde tenho conhecido pessoas fantásticas.

Luísa Castro e Almeida

Microservices developer da Tyson Foods

Aliás, antes ainda de acabar o bootcamp, Luísa já tinha recebido (e aceite) uma proposta de trabalho na Capgemini Engineering como junior IT consultant, onde esteve durante cerca de um ano, até ingressar na Tyson Foods, onde trabalha atualmente, na função de microservices developer.

“Esta opção de carreira deu-me imensa liberdade, e não só a nível monetário e de perspetivas de carreira, mas também na relação entre a vida pessoal e profissional. Encontrei um ambiente tranquilo e positivo, onde tenho conhecido pessoas fantásticas”, reflete. E deixa ainda uma dica para quem está, agora, a passar pelo bootcampo ou a pensar ingressar: “Vão em frente, sempre com persistência e foco no objetivo, e aprendam a rir das vossas frustrações porque vão ser muitas.”

O bootcamp na Academia de Código inspirou Luísa Castro e Almeida a cumprir outras metas, tais como andar de skate, um sonho antigo que estava por realizar. “Se consegui aprender Java, de certeza que também consigo aprender a andar de skate.”

Luísa Castro e Almeida é, assim, uma das 1.674 pessoas a quem a Academia de Código já mudou a vida em apenas 14 semanas, ajudando-as a ingressar num mercado de trabalho altamente valorizado e cada vez mais carenciado de novos talentos.

Ainda esta semana, um novo estudo do ManpowerGroup concluiu que 84% dos empregadores nacionais estão a ser afetados pela escassez de talento, sendo que o setor das Tecnologias da Informação (TI) é um dos mais afetados, com 87% dos empregadores a admitirem que sentem dificuldades na contratação. Em termos de competências técnicas, 30% dos empregadores portugueses colocam as skills relacionadas com TI e Data no topo das suas necessidades, tendência que já se registava em 2022, mas que este ano cresce quatro pontos percentuais.

Qualquer pessoa, não sendo preciso conhecimento ou experiência prévia em tecnologia ou programação, ou um nível académico específico, pode ingressar no bootcamp da Academia de Código. Quem não tem a possibilidade de realizar o pagamento a pronto, pode recorrer à parceria com a Fundação José Neves e com o Banco Montepio, que permitem adiar o pagamento do curso para uma fase posterior à sua conclusão.

A valorização profissional (que não encontravam)

À semelhança de Luísa, Joana Cruz demorou algum tempo a decidir mudar de vida. “Andei a marinar a ideia durante cerca de ano e meio. Fui-me informando não só sobre programação, mas também sobre as oportunidades na área das tecnologias e as habituais condições de trabalho”, lembra.

A pesquisa e a reflexão levaram-na a demitir-se para aprender, a full time, a programar. E colocaram-na onde está hoje: Microsoft Power Platform e Dynamics 365 Associate, na área de Consulting Solutions, na PwC Portugal.

Joana Cruz tinha 37 anos quando tomou a decisão de reconversão de carreira. Fez o bootcamp de Web Development na Le Wagon de julho a setembro de 2022.

Formada em Psicologia, Joana Cruz trabalhava em Psicologia Clínica e Comunitária e também em áreas mais ligadas à formação em competências comportamentais e investigação. Sentia-se, contudo, insatisfeita com diversos aspetos dos trabalhos que ia desempenhando.

Hoje, depois de ter realizado o bootcamp de Web “Development na Le Wagon, acredita que foi uma escolha “feliz”. “Nesta indústria, os trabalhadores são mais valorizados e têm melhores condições laborais, mesmo quando ainda estão a começar. Acabei o bootcamp em meados de setembro e no final de novembro tinha duas propostas de trabalho em cima da mesa”, afirma.

De qualquer forma, Joana diz que não sente que tenha trocado uma área pela outra. Sente, antes, que adicionou novas competências ao seu reportório que a permitem movimentar-se numa indústria diferente. “A ciência psicológica é-me útil todos os dias e tem um contributo importante a dar ao mundo tecnológico. Afinal, são pessoas que criam produtos tecnológicos, que os vendem, que os compram e que os usam.”

Nesta indústria, os trabalhadores são mais valorizados e têm melhores condições laborais, mesmo quando ainda estão a começar. Acabei o bootcamp em meados de setembro e no final de novembro tinha duas propostas de trabalho em cima da mesa.

Joana Cruz

Microsoft Power Platform e Dynamics 365 Associate, na área de Consulting Solutions, na PwC Portugal

Apesar de ter recorrido a uma escola diferente, a Ironhack, Francisco Duarte, que estudava Turismo e Hotelaria, também encontrou a valorização profissional depois de concluir um bootcamp. Trocou aquela que poderia ter vindo a ser uma carreira num grupo hoteleiro pelo código. E não se arrepende, nem por um momento.

A Ironhack abriu-me portas para hoje estar num trabalho a ganhar um salário acima da média em que consigo viver uma vida confortável a fazer algo que adoro e que me dá a flexibilidade de trabalhar onde quiser com o meu próprio horário“, diz.

“Há cerca de um ano e meio, estava na faculdade desmotivado e triste por me aperceber que o turismo não era o caminho que queria seguir. Hoje, trabalho numa startup chamada Sanjow como full stack engineer e em part-time na Ironhack como professor assistente do bootcamp de Web Development”, conta.

“Se tivesse de voltar atrás no tempo, faria tudo de novo sem qualquer hesitação.”

Francisco Duarte juntou-se à Ironhack em 2022 para realizar o bootcamp de Web Development em full-time. Continua na escola até hoje, agora como professor assistente desse mesmo bootcamp.

Desde o seu primeiro bootcamp, em 2019, a Ironhack já realizou mais de 60 cursos intensivos, tendo recebido mais de 800 alunos, de 25 nacionalidades diferentes, nas modalidades de presencial e remoto, a tempo inteiro ou em pós-laboral.

À semelhança da Academia de Código — apenas a 42 tem um modelo completamente diferente — os preços dos bootcamps na Ironhack e na Le Wagon variam entre os 6.500 e os 7.500 euros, e podem ser pagos através de diferentes planos de pagamento, com opções de financiamento. Os candidatos não precisam de experiência na área e os bootcamps podem ser realizados a tempo inteiro ou em pós-laboral.

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Produtos com “IVA zero” sujeitos a campanhas comerciais reforçadas

  • Lusa
  • 28 Março 2023

Pacto sobre "IVA zero" vai vigorar por seis meses, com campanhas comerciais reforçadas e uma nova comissão que vai zelar pela redução de preços.

O pacto sobre IVA zero, assinado na segunda-feira entre o Governo, a distribuição (APED) e os agricultores (CAP), prevê vigorar por seis meses, com campanhas comerciais reforçadas e uma nova comissão que vai zelar pela redução de preços.

“O presente pacto vigorará por um prazo de seis meses desde a data da sua assinatura e será sujeito a avaliação intercalar ao fim de três meses”, lê-se no documento, a que a Lusa teve acesso, que foi assinado pelo primeiro-ministro, António Costa, e por representantes da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) e da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

A distribuição compromete-se no pacto assinado, a reduzir o preço dos 44 bens alimentares isentos do IVA que constam no anexo ao documento, não incorporando a descida do imposto na margem comercial, e a reforçar as campanhas comerciais, “por um período mínimo de seis meses”, sobre os preços de venda isentos do IVA, com vista a promover estas vendas e, assim, “contribuir para a estabilização” dos preços, dentro dos limites legais.

O pacto assinado prevê também a constituição de uma Comissão de Acompanhamento, tendo em vista “zelar pela aplicação dos compromissos” do acordo, comprometendo-se as partes a colaborar entre si na partilha de informação.

No anexo ao pacto, a lista de produtos com IVA zero inclui pão, batata, massa, arroz. Nas hortícolas, cebola, tomate, couve-flor, alface, brócolos, cenoura, curgete, alho francês, abóbora, grelos, couve portuguesa, espinafres e nabo. Nas frutas, o IVA zero está previsto para a maçã, banana, laranja, pera e melão. Nas leguminosas está previsto o feijão vermelho, feijão-frade, grão-de-bico e ervilhas. Nos laticínios, leite de vaca, iogurtes, queijo.

Também há IVA zero na carne de porco, frango, carne de peru, carne de vaca. Nos peixes, o bacalhau, sardinha, pescada, carapau, atum em conserva, dourada, cavala. Ainda previsto IVA zero para os ovos de galinha e, nas gorduras e óleos, para o azeite, óleos vegetais e manteiga.

“No quadro da estratégia refletida no Pacto para a estabilização e redução de preços dos bens alimentares, em articulação com os setores da produção e distribuição alimentar, o presente diploma procede à aplicação, por um período de seis meses, de uma taxa zero de IVA num cabaz de bens alimentares definido com base em critérios de saúde e padrões de consumo das famílias em Portugal”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros extraordinário que aprovou a medida.

A aplicação da taxa de 0% de IVA a este cabaz e o reforço dos apoios à produção vão custar cerca de 600 milhões de euros, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa, na cerimónia de assinatura do pacto.

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TAP contrata quatro aviões a companhias estrangeiras para evitar atrasos e cancelamentos

  • Ana Petronilho
  • 28 Março 2023

Entre as contratadas estão duas companhias búlgaras, a Bulgaria Air e a Fly2Sky (antiga Via Airways) que, pelo menos até 30 de abril, vão operar várias rotas na Europa e em África.

A TAP contratou quatro aviões a três companhias estrangeiras por falta de aviões. Em causa estão, por exemplo, duas companhias búlgaras, a Bulgaria Air e a Fly2Sky (antiga Via Airways) que foram contratadas pela companhia bandeira em regime de ACMI (aluguer de aviões, incluindo os pilotos, tripulação, manutenção e seguros), segundo o site Routes, que se dedica à atualização de movimentos de aeronaves e voos na aviação comercial.

Sem data para a entrega dos três Embraer à Portugália e que estão em falta, a transportadora decidiu avançar com as novas contratações – que, para já, vão vigorar até 30 de abril – para impedir que se repita o cenário de rutura na operação, que ocorreu verão do ano passado, com 40% de voos atrasados e largas dezenas de cancelamentos.

Ao ECO, fonte oficial da TAP confirmou que esta decisão serve para “mitigar vários fatores” como “o atraso na entrega de aviões” a que se somam “os constrangimentos do aeroporto de Lisboa, com os índices de pontualidade mais baixos da indústria”. Acresce ainda a “dificuldade de contratação nos handlings ou nos serviços aeroportuários” numa altura em que se prevê “um aumento de operação no Verão de 2023 para níveis próximos de 2019”.

Por revelar fica qual será a terceira companhia contratada e os valores envolvidos nos contratos com cada uma das transportadoras.

De acordo com o Routes, o contrato com a Bulgaria Air envolve dois aviões (um Airbus A320 e um Embraer E190) que irá operar nas rotas de Lisboa para Dacar (Senegal), Praia (Cabo Verde) e Varsóvia (Polónia). O Embraer E190 vai voar entre Lisboa e Barcelona, Bruxelas, Casablanca, Faro, Madrid, Málaga, Nice, Porto, Sevilha e Valência.

Já o avião alugado à Fly2Sky, um Airbus A321, vai garantir as rotas entre Lisboa e Dakar, Roma, Oslo e Estocolmo.

Esta já não é a primeira vez que a TAP recorre aos serviços da Bulgaria Air. Desde abril do ano passado que a TAP tem vindo a renovar sucessivamente os contratos em regime ACMI com esta companhia. Nessa altura, a Portugália tinha alugado “três aeronaves E190 à Bulgaria Air”, que estavam a operar, respetivamente, desde 11 de abril, 17 de maio e 18 de julho, e o contrato tinha o prazo previsto para 30 de setembro.

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Futuro CEO da TAP acompanhou negociações com pilotos

  • Ana Petronilho
  • 28 Março 2023

O ECO sabe que na reunião que resultou no pré-acordo com os pilotos marcou presença uma pessoa da confiança de Luís Rodrigues. Futuro CEO também já fez contactos informais com os tripulantes.

O futuro chairman e CEO da TAP, Luís Rodrigues, acompanhou as negociações entre a TAP e os pilotos que resultaram no pré-acordo das medidas que irão ser inscritas no novo Acordo de Empresa.

O ECO sabe que Luís Rodrigues esteve a par dos desenvolvimentos das negociações entre a companhia e os pilotos, através de uma pessoa da sua confiança, externa à atual administração da TAP, que esteve presente na última reunião, que resultou no pré-acordo.

O futuro CEO da TAP terá concordado com as medidas que vão ser inscritas no novo Acordo de Empresa dos pilotos.

Além dos pilotos, a TAP tem ainda em curso reuniões para negociar os novos contratos coletivos com os tripulantes de cabine e com o Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA), mas as conversações com este último não têm vindo a ser acompanhadas pelo futuro CEO da TAP.

Com os tripulantes de cabine, desde o anúncio da saída de Christine Ourmières-Widener que as negociações com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) pararam. Mas também com os tripulantes o futuro CEO já estabeleceu contactos informais, sabe o ECO.

O pré-acordo do contrato coletivo com o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) foi anunciado na semana passada, depois de largos meses de negociações, com os pilotos a dizer que estão de “boa fé” e a “dar um voto de confiança” ao futuro CEO da transportadora.

Apesar de considerarem as medidas acordadas “insuficientes”, o sindicato avançou que no novo Acordo de Empresa fica excluída a “intenção do despedimento coletivo” e ficou fixado o reforço de contratações. Ficou ainda firmado o pagamento, com retroativos a junho de 2021, do subsídio devido aos oficiais de piloto com funções de comando em cruzeiro, vai ser reposto o pagamento da assistência geral no aeroporto e simuladores e, a partir de abril, as ajudas de custo complementares (per diem) vão ser atualizadas.

Estes foram alguns dos pontos que resultaram no novo pré-acordo entre a TAP e os pilotos ao qual o ministro das Infraestruturas, João Galamba, deu luz verde. Mas estas medidas não mereceram o aval imediato do ministro das Finanças, tendo levado o SPAC a avançar com um pré-aviso de greve entre os dias 7 e 10 de abril, o fim de semana da Páscoa.

O protesto deverá ser desconvocado, depois de o ministério liderado por Medina ter dado esta segunda-feira luz verde ao pré-acordo.

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Alexandra Reis ainda não sabe quanto tem de devolver à TAP

A antiga administradora executiva ainda aguarda a indicação do montante exato que terá de devolver à companhia aérea, mais de 20 dias depois da divulgação do relatório da IGF.

A Inspeção-Geral de Finanças (IGF) considerou nulo o acordo de cessação de funções celebrado entre a TAP e Alexandra Reis, determinando a devolução de 450 mil euros pela antiga administradora. Só que a ex-secretária de Estado ainda aguarda que a companhia determine o valor exato que terá de reembolsar.

Fez esta segunda-feira três semanas que os ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram que a avaliação da IGF tinha considerado “nulo” o acordo de cessação de relações contratuais celebrado com a engenheira Alexandra Reis em janeiro de 2022, mandatando a TAP para recuperar as verbas indevidamente pagas. Ao que o ECO apurou junto de uma fonte conhecedora do processo, a companhia aérea ainda não indicou o montante exato da devolução.

Embora a compensação global bruta que consta do acordo assinado entre a CEO da TAP, o chairman e a antiga administradora envolva uma compensação global de 500 mil euros, a IGF considerou que Alexandra Reis tinha direito ao montante relativo à cessação do contrato individual de trabalho com a companhia aérea (56.500 euros). O que baixaria o total a entregar pela ex-secretária de Estado do Tesouro para cerca de 443,5 mil euros.

Só que no âmbito do acordo, a antiga administradora executiva continuou a beneficiar de algumas regalias já após cessar funções no final de fevereiro de 2022, como seguro de saúde, facilidades no valor das passagens aéreas da TAP, seguro de vida, portabilidade do número de telemóvel, aquisição de telemóvel e computador portátil, ou viatura de serviço/comodato. O relatório da IGF detalha que “foram utilizados, pelo menos, o correspondente a 6.610,26 euros”, sem “fundamento legal”, que terão de ser também devolvidos. O que significa que a antiga gestora tem a devolver 450.110,26 euros.

O deve e haver não fica por aqui. A entidade de auditoria do Ministério das Finanças diz que Alexandra Reis tem “direito ao abono dos dias de férias não gozados” na qualidade de administradora. Segundo a informação prestada pela TAP à IGF, Alexandra Reis não gozou qualquer dia no que se refere às férias vencidas em janeiro de 2021 e de 2022. Tem também direito ao proporcional das férias que venceriam em 2023.

Por outro lado, os 450.110,26 euros que a IGF indica que terão de ser devolvidos são brutos e a gestora recebeu o valor líquido de impostos, como consta do recibo de vencimento anexo ao relatório. Na conta de Alexandra Reis só entraram efetivamente 312.396,75 euros. Ou a TAP ou a antiga gestora terão de fazer o acerto de contas com a Autoridade Tributária, que recebeu 201.140 euros em IRS retido.

No mesmo dia em que Fernando Medina anunciou que o acordo tinha sido considerado nulo, a sua ex-secretária de Estado do Tesouro divulgou um comunicado onde afirma que discorda das conclusões da IGF mas que entregará o montante devido. “Como afirmei desde o início, não quero ter um euro sobre o qual recaia a mínima suspeita”, escreveu.

Falta saber exatamente quantos euros serão. Ao que o ECO apurou, o facto de não ter ainda sido indicado à antiga gestora um valor estará relacionado com o período de transição de liderança na companhia aérea. Questionada, a companhia não tinha ainda respondido até à publicação do artigo.

O processo de demissão da ainda CEO, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do conselho de administração, Manuel Beja, poderá estar concluído até ao fim do mês. Luís Rodrigues, que irá ocupar os dois cargos em simultâneo, disse a semana passada não ter ainda fechada uma data para entrar na transportadora aérea.

O inspetor-geral de finanças, António Ferreira dos Santos, será o primeiro a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à TAP, esta quarta-feira. Alexandra Reis responderá aos deputados no dia 5 de abril.

A IGF considerou o acordo celebrado com a TAP nulo por o Estatuto do Gestor Público não prever “a figura formalmente utilizada de ‘renúncia por acordo’ e a renúncia ao cargo contemplada naquele Estatuto não conferir direito a indemnização, pelo que a compensação auferida pela cessação de funções enquanto administradora carece de fundamento legal”.

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