Quebra de preços deixa cortiça nas árvores. Exportações estão a cair 7%

Cerca de 10% da cortiça ficou por extrair na campanha de 2024 na sequência da descida de 15% no preço médio pago à produção. Industriais alegam que “não foi suficiente para recuperar rentabilidade".

A campanha de extração da cortiça em 2024 resultou numa produção estimada na ordem de 4,5 milhões de arrobas em Portugal e de 3 milhões de arrobas em Espanha – como quase toda a cortiça do país vizinho é laborada em Portugal, entra também nas contas do aprovisionamento à indústria nacional. Este volume total próximo de 112.500 toneladas ficou em linha com a quantidade que tinha sido obtida no ano passado. No entanto, “por motivos de conjuntura de mercado”, adverte a Filcork, “algumas cortiças tiveram a extração adiada para 2025”.

O presidente da associação interprofissional desta fileira, adianta ao ECO que este ano ficou por extrair cerca de 10% da cortiça que estava disponível na árvore (só gera rendimento de nove em nove anos, a idade mínima para extração) devido à redução de 15% no preço médio pago à produção face ao ano anterior, em que tinha subido à volta de 20%. “Havendo um preço em quebra, algumas extrações foram adiadas na expectativa dos produtores de que para o ano as condições de mercado serão mais interessantes”, refere António Gonçalves Ferreira. Lembra que a cortiça na árvore não é perecível e, deixada mais um ano, até valoriza em termos de qualidade.

Havendo um preço em quebra, algumas extrações foram adiadas na expectativa dos produtores de que para o ano as condições de mercado serão mais interessantes.

António Gonçalves Ferreira

Presidente da Filcork

“Havia a expectativa de manter o nível de crescimento da retoma pós-Covid, mas que este ano não se verificou ao mesmo ritmo. Isso levou a que a indústria resfriasse de algum modo a sua pressão no mercado. Como houve menos procura do que era expectável, isso teve como consequência uma redução do preço”, resume o porta-voz da estrutura que junta seis organizações de agricultores e produtores florestais, e a associação da indústria transformadora (APCOR). Porém, salvaguarda que “houve a extração necessária para as necessidades da indústria”.

Sobre o impacto dessa decisão nos produtores de cortiça – há cerca de 15 a 16 mil em Portugal, embora muitos deles se dediquem também a outras atividades de exploração –, António Gonçalves Ferreira assegura que “não ficou nenhuma cortiça por extrair de um produtor que não quisesse extrair”. “Fê-lo por razões particulares, fê-lo por não haver um patamar de preço em que estivesse disponível para vender. Para quem quis ir, o mercado absorveu. Não temos indicação de que ficou cortiça por vender por não haver procura pela indústria. Não atingiu foi o patamar de preço para a perceção que tinham”, enquadra o líder da Filcork.

Indústria afasta descida do preço final dos produtos

Espalhado um pouco por todo o território nacional, mas com o volume principal concentrado no eixo Beira Interior, Ribatejo, Alentejo e até ao Algarve, onde há zonas com grande produção de cortiça, o montado de sobro ocupa uma área superior a 700 mil hectares, o que equivale a mais de 20% da floresta nacional. No que toca aos custos de extração em 2024, a campanha, que decorreu entre meados de maio e meados de agosto deste ano, manteve a tendência das anteriores, impactada pela inflação e pelo aumento dos salários médios.

Já a queda nos preços decorreu de uma “procura abaixo das expectativas do mercado a jusante, do mercado final das rolhas e dos vedantes, que é o destino final de uma parte muito substancial da cortiça e também de grande parte do valor acrescentado que a fileira consegue gerar”, pormenoriza António Gonçalves Ferreira, em entrevista ao ECO.

A pressão de margens continua a fazer-se sentir. O movimento de descida de preço da cortiça em 2024 não foi suficiente para recuperar a rentabilidade da indústria.

Paulo Américo Oliveira

Presidente da APCOR – Associação Portuguesa da Cortiça

Os preços médios caíram de 30 a 50 euros para uma amplitude de 25 a 40 euros por arroba, pressionados “essencialmente por uma menor procura pelas chamadas cortiças delgadas, que eram destinadas aos discos de champanhe e das rolhas técnicas, com um valor mais alto, [sendo] agora grande parte destinadas à granulação”. “Uma parte muito substancial da descida do preço tem a ver com esse fenómeno da aglomerização”, conclui.

Porém, esta descida não terá reflexos no bolso dos clientes das fábricas nacionais. Em declarações ao ECO, Paulo Américo Oliveira, presidente da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), calcula que o preço médio tinha subido perto de 45% no acumulado das duas campanhas anteriores (2022 e 2023) e “na medida em que não foi possível aumentar os preços de venda dos produtos finais em igual dimensão, a pressão de margens na indústria continua a fazer-se sentir”. “O movimento de descida de preço da cortiça em 2024 não foi suficiente para recuperar a rentabilidade da indústria. Nesse sentido não antevemos redução do preço final dos produtos”, atesta o porta-voz da indústria.

“Encruzilhada” no vinho esvazia exportações

De acordo com os dados oficiais definitivos, este setor composto por mais de 800 empresas e que assegura cerca de 8.500 empregos diretos fechou o ano de 2023 com um valor de exportações de 1.211 milhões de euros, uma taxa de crescimento em valor quase nulo (0,1%). E este ano, até setembro, os números provisórios já libertados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) mostram um recuo de 7% nas vendas ao exterior face aos primeiros nove meses do ano passado, para 867 milhões de euros.

“Estes números são resultantes da atual conjuntura internacional complexa e de instabilidade política e económica, que impacta os consumos a nível global e as exportações de uma forma transversal a todos os setores. Para um setor que exporta mais de 90% da sua produção, os efeitos dessa instabilidade acabam por ser mais evidentes, ainda mais quando o mercado vinícola, nosso principal cliente, se encontra numa encruzilhada. (…) Menos vinho para engarrafar e comercializar equivale sempre a uma menor necessidade de rolhas, produto que representa mais de 70% das nossas exportações”, justifica Paulo Américo Oliveira.

Paulo Américo Oliveira, presidente da APCOR – Associação Portuguesa da Cortiça

E uma análise à tipologia de produto mostra precisamente que a quebra em valor está a ser mais significativa no segmento de rolhas, com valores próximos dos 9%, do que nas restantes aplicações da cortiça, em que as reduções de vendas rondam os 5%. Pela negativa, o também CEO da Amorim Florestal constata as perdas de “maior relevância” nos Estados Unidos e Espanha, ao passo que França e Itália deram “sinais de recuperação” no terceiro trimestre, ao caírem menos do que durante a primeira metade do ano (-4%) e a Alemanha a manter uma tendência de crescimento que se tem vindo a acentuar desde o primeiro trimestre do ano.

É neste cenário de perdas menos acentuadas face ao primeiro semestre que, a poucas semanas do fecho do exercício, assenta “alguma esperança” do sucessor do atual secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, no cargo de presidente da APCOR. Espera que “a reta final do ano possa vir a abrir caminho para que 2025 marque a recuperação do ritmo de crescimento das exportações reportadas ao longo dos últimos anos”.

“Embora a situação menos auspiciosa no mundo dos vinhos continue claramente a afetar as nossas exportações, acreditamos que a cortiça continua a ser o vedante técnico por excelência e, simultaneamente, responde a todos os desafios que a sociedade e os consumidores dos nossos principais mercados valorizam cada vez mais, exigindo produtos verdadeiramente sustentáveis e ecologicamente eficientes”, confia Paulo Américo Oliveira.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 11 Dezembro 2024

Dia ficará pela divulgação de indicadores económicos relevantes por cá e lá fora e pelo primeiro debate quinzenal de Luís Montenegro depois da aprovação do OE 2025.

Dia ficará pela divulgação de indicadores económicos relevantes por cá e lá fora e pelo primeiro debate quinzenal de Luís Montenegro e do Governo depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE 2025).

Montenegro regressa ao Parlamento

Esta quarta-feira, o Governo regressa à Assembleia da República para mais uma sessão plenária. Será o primeiro debate quinzenal depois da aprovação do OE 2025, alcançada graças à abstenção do PS. O debate servirá também para preparar o próximo encontro do Conselho Europeu, em Bruxelas, o primeiro presidido por António Costa desde que assumiu funções como presidente, no início do mês.

Inflação, desemprego e petróleo

A manhã fica marcada pela divulgação de um conjunto de indicadores pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nomeadamente, a evolução do índice de Preços no Consumidor (IPC), em novembro e a atividade dos transportes em outubro. Lá fora, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) dará conta dos dados mais recentes sobre a taxa de desemprego naqueles países, incluindo Portugal, já a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) divulgará o seu relatório mensal do mercado do petróleo.

Como evoluiu a inflação nos EUA?

Esta tarde, serão divulgados os dados sobre o índice de preço do consumidor (IPC), dos Estados Unidos, referente ao mês de novembro. Os dados vêm a público uma semana antes da última reunião do ano da Reserva Federal dos Estados Unidos, agendada para 17 e 18 de dezembro, e na qual deverá ser concretizado um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juro.

Savannah Resources vai ao Parlamento

Antes do debate quinzenal, a Comissão de Ambiente e Energia vai discutir o projeto lítio do Barroso liderado pela britânica Savannah Resources, liderada pelo português Emanuel Proença. As audiências vão começar por ouvir a Associação Povo e Natureza do Barroso e a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, sobre a questão da mineração, seguindo-se a própria empresa para prestar esclarecimentos.

Ministra da Saúde responde sobre o INEM

A crise no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e as alegadas mortes que resultaram da falta de operacionais no terreno ainda carece de esclarecimentos e, por isso, Ana Paula Martins, vai ser ouvida esta quarta-feira na Comissão de Saúde, na Assembleia da República, a pedido do Bloco de Esquerda e da Iniciativa Liberal.

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Bancos portugueses são dos que mais cobram pelo crédito ao consumo e menos pelo crédito à habitação

Apesar dos juros altos e acima da média da Zona Euro, o apetite pelo crédito ao consumo em Portugal atinge níveis recorde, refletindo uma tendência crescente no endividamento das famílias.

O cenário do crédito bancário em Portugal apresenta um contraste marcante entre o crédito ao consumo e o crédito à habitação. Enquanto os bancos nacionais se destacam por cobrar das taxas de juro mais elevadas da Zona Euro no crédito ao consumo, oferecem simultaneamente das taxas mais competitivas no financiamento para a compra de casa. E esta situação ocorre num contexto de forte crescimento do crédito ao consumo, que atingiu níveis recordes nos últimos meses.

Segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal, a taxa de juro das novas operações de crédito ao consumo realizadas em outubro situou-se nos 8,91%, mais 0,37 pontos percentuais face aos 8,54% praticados no mesmo período do ano anterior. Este valor é significativamente superior à média da Zona Euro, que se fixou em 7,67% no mesmo mês, colocando Portugal entre os países com as taxas mais elevadas nesta modalidade de crédito.

Na hierarquia dos países da Zona Euro com as taxas de juro mais altas no crédito ao consumo, Portugal é superado apenas pela Letónia (13,96%), Estónia (13,32%), Grécia (10,86%), Eslováquia (9,75%) e Lituânia (9,59%), de acordo com dados do Banco Central Europeu (BCE).

É importante notar que esta posição de Portugal no topo da tabela não é recente. Há cinco anos, antes da pandemia de Covid-19, os bancos nacionais já figuravam entre os que cobravam mais pelo crédito ao consumo, embora na altura estivessem atrás da oferta dos bancos de países como Espanha e Irlanda.

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Apesar das taxas elevadas, o apetite dos portugueses pelo crédito ao consumo não parece ter diminuído. Pelo contrário, tem-se verificado um crescimento significativo nesta modalidade de crédito.

Segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal, o crédito ao consumo registou um aumento homólogo de 6,1% em outubro. Este crescimento marca o 12.º mês consecutivo de expansão nesta modalidade de crédito e representa “a maior taxa de variação anual desde novembro de 2018”, destaca a instituição liderada por Mário Centeno em comunicado.

Como resultado deste crescimento sustentado, o stock de empréstimos ao consumo e outros fins atingiu um valor histórico de 30,1 mil milhões de euros no final de outubro, o montante mais elevado desde o início da série estatística do Banco de Portugal em 1979. Este marco sublinha a tendência crescente do endividamento das famílias portuguesas para fins de consumo.

Bancos nacionais entre os mais competitivos no crédito à habitação

Em contraste com o cenário do crédito ao consumo, o panorama do crédito à habitação em Portugal apresenta-se muito mais favorável para os consumidores. Segundo dados do BCE, os bancos portugueses destacam-se por oferecerem das taxas de juro mais baixas da Zona Euro no financiamento para a compra de casa.

De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, a taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação diminuiu de 3,48% em setembro para 3,39% em outubro. Este valor não só representa o nível mais baixo desde janeiro de 2023, como também se situa 0,11 pontos percentuais abaixo da média da Zona Euro, que se fixou em 3,5% no mesmo período.

No contexto dos 20 Estados-membros da área do euro, Portugal posiciona-se de forma muito competitiva na oferta de crédito à habitação. Apenas seis países oferecem taxas médias mais baixas que Portugal na contratualização do crédito à habitação: Eslovénia (3,34%), Bélgica (3,28%), França (3,27%), Itália (3,27%), Espanha (3,2%) e Malta (1,81%). Esta posição favorável de Portugal no ranking europeu do crédito à habitação não é, contudo, uma novidade. No passado até já foi mais competitiva.

Há três anos, em outubro de 2021, a taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação praticada pela banca nacional era de apenas 0,83%, ficando apenas acima dos 0,75% cobrados pelos bancos finlandeses, e significativamente abaixo da taxa média de 1,31% praticada na Zona Euro. Um cenário semelhante em outubro de 2019, antes da pandemia de Covid-19, com a banca nacional também a cobrar apenas mais que os bancos finlandeses.

“Os bancos já antes da crise sempre fizeram muita concorrência entre si em quotas de mercado no crédito à habitação”, refere o economista António Nogueira Leite ao ECO, salientando que os bancos têm mais interesse em fazer crédito à habitação do que crédito ao consumo.

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O panorama do crédito bancário em Portugal revela assim uma dicotomia entre o crédito ao consumo e o crédito à habitação. Por um lado, os bancos nacionais praticam taxas de juro mais elevadas que os seus pares europeus no crédito ao consumo, mas por outro oferecem condições altamente competitivas no financiamento para a compra de casa, com taxas entre as mais baixas da área do euro.

António Nogueira Leite justifica estes dados por uma questão de “tradição comercial” da banca no cuidado de análise do crédito ao consumo, com os bancos a preferirem ganhar quota no crédito à habitação face ao crédito ao consumo. “É assim desde que me lembre”, refere o economista que foi vice-presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos entre 2011 e 2013.

Esta realidade esbate na composição do crédito bancário a particulares. De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira de novembro do Banco de Portugal, em junho de 2024, os empréstimos à habitação representavam uma fatia esmagadora de 77,3% do total de empréstimos bancários a particulares. O crédito ao consumo e para outros fins, apesar do seu crescimento recente, correspondia a 21,4% do total, enquanto os empréstimos a empresários em nome individual representavam apenas 1,3%.

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Angela Merkel apresenta as suas memórias no Auditório da RBA em Barcelona e reflete sobre o seu legado

  • Servimedia
  • 11 Dezembro 2024

Mais de 450 convidados entre os quais uma ampla representação das instituições e da sociedade civil e cultural, assistiram à apresentação do livro que gerou grande expectativa até chegar às livrarias.

O Auditório da RBA acolheu a apresentação de “Liberdade”, o livro de memórias em que Angela Merkel retrata a sua vida e o seu percurso político, desde a infância até aos seus mandatos como chefe do Estado alemão, e em que, ao longo das suas 800 páginas, defende o seu legado, as suas decisões, os princípios que a nortearam e a sua ideia de Europa num contexto global.

Publicado em espanhol pela RBA, Barcelona foi o cenário escolhido para o livro, que se insere na digressão mundial que a antiga líder está atualmente a realizar em vários países.

Em “Liberdade”, Merkel procura retratar, de forma clara, perspicaz e humana, como aquela menina que cresceu na República Democrática Alemã (RDA) acabou por se tornar a mulher com o cargo mais poderoso da Alemanha reunificada durante dezasseis anos. Duas vidas que são, de facto, uma só e cuja segunda parte não seria compreendida sem a primeira.

Durante uma conversa com a correspondente do La Vanguardia na Alemanha, María-Paz López, Angela Merkel passou em revista alguns dos temas centrais da sua obra, que escolheu, como escreve no prólogo, para facilitar a compreensão do funcionamento da política e dos mecanismos que a orientam.

A antiga chanceler recordou o que marcou um ponto de viragem no seu tempo à frente do Estado alemão e o que a levou a escrever o livro para que não fossem outros a explicar e interpretar o que aconteceu na noite de 4 de setembro de 2015, quando decidiu não impedir a passagem de refugiados, na sua maioria sírios, que chegavam da Hungria à fronteira germano-austríaca. Para Merkel, esta decisão marcou um ponto de viragem, e ela quis contar em “Liberdade” as razões dessa decisão, a sua ideia de Europa e de globalização.

Ao longo do livro, a autora convida-nos a refletir sobre a importância do conceito de liberdade, que é o título do livro. Angela Merkel recorda-nos que a liberdade exige condições democráticas, o Estado de direito e a defesa dos direitos humanos, e exorta-nos a preservá-la daqueles que a ameaçam.

GRANDE EXPECTATIVA

A apresentação do livro contou com uma grande presença institucional, incluindo o presidente da Câmara de Barcelona, Jaume Collboni; os vereadores Jaume Duch, Albert Dalmau e Ramon Espadaler; os antigos presidentes José Montilla, Artur Mas e Jordi Pujol, e uma grande representação de deputados e personalidades do mundo empresarial catalão. O Presidente da Generalitat, Salvador Illa, saudou o antigo Chanceler num breve encontro antes do início da apresentação no auditório, onde o Presidente da RBA, Ricardo Rodrigo, atuou como anfitrião.

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Recapturado em Itália mais um dos evadidos de Vale de Judeus

  • Lusa
  • 10 Dezembro 2024

A operação policial contou com a colaboração das autoridades italianas para recapturar o cidadão georgiano Shergili Farjiani.

A Polícia Judiciária (PJ) recapturou esta terça-feira, em Itália, Shergili Farjiani, que tinha fugido do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no início de setembro, adiantou esta força policial.

A operação decorreu em Pádua e permitiu a detenção de Shergili Farjiani, um dos cinco evadidos de Vale de Judeu e o terceiro a ser recapturado.

Em comunicado, a PJ adiantou que a captura de Shergili Farjiani, de 40 anos, resultou de “um persistente, complexo e ininterrupto trabalho de investigação e de recolha de informação”.

“A operação policial contou com a colaboração das autoridades italianas para recapturar este cidadão georgiano com extensa carreira criminal, como crimes de furto violento e falsificação de documentos”, pode ler-se.

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Rei Willem-Alexander aponta Portugal como “farol de esperança”

  • Lusa
  • 10 Dezembro 2024

"A história de Portugal é inspiradora para todos nós, uma história de como a liberdade, a tolerância e a cooperação podem florescer", disse o monarca neerlandês, ao lado do Presidente português.

O monarca neerlandês, Willem-Alexander, elogiou esta terça-feira o “desenvolvimento surpreendente” de Portugal nos últimos 50 anos e apontou o país como “farol de esperança” pela liberdade e tolerância, valores atualmente “ameaçados em muitos lugares do mundo”. Esta mensagem foi deixada durante um banquete no Palácio Real de Amesterdão oferecido pelos reis dos Países Baixos, Willem-Alexander e Máxima, ao chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a sua visita de Estado a este país.

“É sempre bem-vindo nos Países Baixos, mas uma visita de Estado este ano é uma ocasião especialmente festiva porque neste ano Portugal celebra o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, uma revolução que nos aproximou e que nós, nos Países Baixos, também vemos como um marco na história europeia moderna”, declarou o monarca.

Numa intervenção em inglês, Willem-Alexander comparou Portugal a uma flor que “durante demasiado tempo” ficou “ainda em botão” e que com o 25 de Abril de 1974 “revelou ao mundo as suas verdadeiras cores”, assumindo “a liberdade, os direitos humanos e a democracia como princípios orientadores” da sua nova Constituição.

“Depois de terem aderido à União Europeia em 1986, os nossos dois países tornaram-se ainda mais próximos. A história de Portugal é inspiradora para todos nós, uma história de como a liberdade, a tolerância e a cooperação podem florescer, e estamos-lhe gratos por isso. Numa altura em que valores como estes estão ameaçados em muitos lugares do mundo, o exemplo de Portugal oferece um farol de esperança”, afirmou.

“Nos últimos 50 anos, o seu país alcançou um ritmo de desenvolvimento surpreendente. O que me impressiona é o quanto se manteve fiel à sua herança cultural, mesmo enquanto progrediam”, elogiou o monarca.

A seguir, também em inglês, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que era um jovem no 25 de Abril e votou a Constituição de 1976 e realçou como Portugal conseguiu, uma década depois, juntar-se às comunidades europeias e mais tarde aderir à moeda única.

“Aprendemos com democracias antigas como a vossa, e aprendemos muito convosco, durante séculos. Claro que estaremos prestes a fazer 900 anos, muito em breve, mas a verdade é que já viviam um espírito de liberdade e de tolerância na altura da Inquisição, quando nós expulsámos do nosso território aqueles que vieram para o seu país”, acrescentou, recordando a expulsão dos judeus ordenada por D. Manuel em 1496.

Tanto Marcelo Rebelo de Sousa como Willem-Alexander lembraram o filósofo Espinosa, de origem portuguesa, que o monarca descreveu como “um pioneiro, abrindo caminho para a liberdade de pensamento e de expressão, um explorador, amante da paz, que se recusou a aceitar ideias enraizadas ou respostas fáceis”, comentando: “Às vezes penso que precisamos de um pouco mais de Espinosa”.

O chefe de Estado português, por sua vez, considerou que Espinosa “significa racionalismo, que é tão raro neste mundo de hoje de emoções e, por vezes, de irracionalidade”, assinalando como referência feita antes pelo seu homólogo demonstra “o significado que atribui a ser racional, ser livre, ser tolerante e dialogar com todos”.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou também “alguém que era aqui uma espécie de embaixador”, Damião de Góis, “conselheiro do rei, que explicava como era possível viver nos futuros Países Baixos de forma livre, de forma tolerante”. Ambos destacaram a “economia azul” como prioridade comum e propuseram aos presentes neste banquete de Estado que brindassem “à amizade” entre Portugal e os Países Baixos.

O monarca neerlandês qualificou os dois países como “aliados próximos” na NATO e União Europeia e “amigos de confiança na arena global”, de “mentalidade transatlântica e aberta”.

“Esta minha visita é uma forma de mostrar a força da nossa amizade, da nossa fraternidade, da nossa aliança, em todo o lado, sempre”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, realçando que há 35 anos não havia uma visita oficial de um chefe de Estado português aos Países Baixos.

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Biden adverte que políticas económicas de Trump serão um “desastre”

  • Lusa
  • 10 Dezembro 2024

“Rezo a Deus para que o Presidente eleito rejeite o ‘Projeto 2025’. Penso que é um desastre económico para nós e para a região”, disse o ainda Presidente dos EUA.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, criticou esta terça-feira a política económica planeada pelo Presidente eleito, Donald Trump, descrevendo-a como um “desastre”, num discurso de balanço do seu mandato.

“Penso que esta abordagem é um grande erro”, afirmou Biden, referindo-se ao aumento das tarifas aduaneiras que o seu sucessor pretende aplicar a todos os produtos importados do Canadá e do México, bem como aos produtos provenientes da China, os três maiores parceiros económicos dos Estados Unidos.

Biden defendeu o desempenho económico durante o seu mandato, apesar de a candidata do seu partido, a atual vice-Presidente Kamala Harris, ter sido derrotada nas eleições presidenciais de novembro, sobretudo devido à perceção da população relativamente ao elevado custo de vida nos últimos anos.

“Rezo a Deus para que o Presidente eleito rejeite o ‘Projeto 2025’. Penso que é um desastre económico para nós e para a região”, disse o Presidente, referindo-se ao programa ultraconservador que poderá vir a servir de guia para o segundo mandato do republicano. “Trump herda a economia mais forte da história moderna, uma economia que todos invejam”, acrescentou Biden.

O Presidente norte-americano condenou ainda uma “nova redução de impostos para os mais ricos” que teria “um custo real, conduzindo mais uma vez a défices maciços ou a grandes cortes nos programas básicos de saúde, educação e benefícios dos veteranos”.

Joe Biden retirou-se da corrida à Casa Branca em julho, sob pressão de destacadas personalidades do seu partido após perder o debate com o candidato republicano, Donald Trump, passando a vice-presidente Kamala Harris a encabeçar a batalha eleitoral e a perder para o republicano nas eleições de 5 de novembro.

Desde então, o Presidente democrata comprometeu-se em fazer uma transição tranquila para Trump.

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Esta é a chave do Euromilhões. Jackpot é de 50 milhões de euros

  • ECO
  • 10 Dezembro 2024

O jackpot desta terça-feira ronda os 50 milhões de euros, depois de não terem sido registados vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Com um primeiro prémio no valor de 50 milhões de euros, decorreu esta terça-feira mais um sorteio do Euromilhões. O valor do jackpot subiu depois de não ter havido vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Veja a chave vencedora do sorteio desta terça-feira, 10 de dezembro:

Números: 5, 24, 25, 29 e 47

Estrelas: 5 e 9

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Lisboa vai devolver aos munícipes o máximo previsto em sede de IRS

  • Lusa
  • 10 Dezembro 2024

A medida, com um custo de 86 milhões de euros, teve os votos a favor do PSD, IL, MPT, PPM, Aliança, CDS-PP e Chega. O PS absteve-se. Participação em IRS passa para 0% em Lisboa.

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta terça-feira, no âmbito do orçamento para 2025, a devolução aos munícipes do total máximo previsto relativamente à participação no IRS, que é 5%, prescindo de uma receita estimada em 86 milhões de euros.

Apresentada pela liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa, a proposta de fixação de uma participação de 0,0% no Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), a vigorar no ano de 2025, foi aprovada na assembleia municipal, com os votos contra de BE, Livre, PEV, PCP, PAN e dois deputados independentes dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).

O PS absteve-se, o que permitiu a viabilização da proposta, que contou com os votos a favor de PSD, IL, MPT, PPM, Aliança, CDS-PP, Chega e deputada não inscrita Margarida Penedo (que se desfiliou do CDS-PP). No final da votação, os deputados que votaram a favor aplaudiram a aprovação da proposta de devolução do IRS aos munícipes de Lisboa.

Inserida no orçamento para 2025, que prevê uma despesa de 1.359 milhões de euros, a medida foi um compromisso da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) nas eleições autárquicas de 2021 e tem sido concretizada de forma gradual desde 2022, quando aumentou a devolução de 2,5% para 3%, tendo em 2023 passado para 3,5%, em 2024 para 4,5% e em 2025 passará para 5%, o máximo previsto.

De acordo com a liderança PSD/CDS-PP, nos quatro anos do mandato 2021-2025, a implementação da medida tem um orçamento total previsto de 267 milhões de euros, prevendo a devolução de 77 milhões em 2025 e de 86 milhões em 2026, com a devolução de 4,5% e 5%, respetivamente, uma vez que a medida aprovada só tem impacto no ano seguinte.

Em causa está a taxa de participação no IRS, em que, desde 2008, os municípios têm direito, em cada ano, a uma participação variável, de entre 0% e 5%, no IRS dos contribuintes com domicílio fiscal nos seus territórios, sendo que a mesma é fixada pelo executivo municipal.

Contra a proposta, BE, Livre, PEV, PCP, PAN e Cidadãos Por Lisboa criticaram a opção por esta medida que beneficia os munícipes mais ricos da cidade e “agrava as desigualdades sociais”, sublinhando que o dinheiro que o município prescinde de arrecadar ao fixar uma participação de 0% poderia ser utilizado para investimentos em áreas como a habitação e a cultura.

Além de os deputados municipais de PSD, CDS-PP, MPT, PPM e Aliança, que integraram a coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) nas eleições autárquicas de 2021, a medida de devolução do IRS aos lisboetas teve o apoio da IL e do Chega, partidos que defendem a revisão da carga de impostos cobrados aos cidadãos.

No âmbito do orçamento para 2025, a assembleia municipal aprovou ainda a proposta de PSD/CDS-PP para a contratação de um empréstimo de curto prazo para linha de tesouraria, com a obrigatoriedade do seu integral reembolso até ao final do exercício económico de 2025, no montante de 50 milhões, junto da Caixa Geral de Depósitos, com “um volume de juros previsionais na ordem dos 911,8 mil euros”.

A proposta teve os votos contra de BE, PEV, PAN e Cidadãos Por Lisboa, a abstenção de Livre, PCP, PS e IL, e os votos a favor de PSD, MPT, PPM, Aliança, CDS-PP, Chega e Margarida Penedo.

A assembleia viabilizou ainda, com os votos contra de BE, IL e Chega e os votos a favor dos restantes, a proposta para manter a aplicação de uma derrama de 1,5% sobre o lucro tributável sujeito e não isento de Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), gerado no município de Lisboa, para os sujeitos passivos com um volume de negócios superior a 150 mil euros.

Quanto à taxa de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), em 2025 continuará em 0,3% para os prédios urbanos, com uma majoração de 30% para prédios ou parte de prédios urbanos degradados, uma redução de 30% para prédios urbanos classificados de interesse público, de valor municipal ou património cultural e uma redução para famílias com dependentes no agregado familiar do proprietário, de 30 euros, 70 euros e 140 euros para, respetivamente, um, dois e três ou mais dependentes a cargo.

No próximo ano, será igualmente mantido um percentual de 0,25% relativo à Taxa Municipal de Direitos de Passagem.

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Proposta de referendo sobre alojamento local em Lisboa é “guerra política”, afirma ALEP

  • Lusa
  • 10 Dezembro 2024

O presidente da Associação de Alojamento Local de Portugal considera que houve "algum grau de manipulação de alguns partidos que veem no referendo uma arma para as próximas autárquicas”.

A Associação de Alojamento Local de Portugal (ALEP) considerou esta terça-feira que a proposta de um referendo sobre a atividade em Lisboa “é uma guerra política” a pensar nas próximas eleições autárquicas, lembrando que já existe regulação para o setor.

“É uma guerra política onde houve alguma manipulação e direcionamento de algumas pessoas que são ativistas em várias áreas, inclusive na área da habitação”, disse o presidente da ALEP, Eduardo Miranda, em declarações à Lusa à margem do 3.º Congresso de Alojamento Local do Oeste, em Peniche, no distrito de Leiria.

Salientando que a realização de um referendo em Lisboa sobre o alojamento local “é um erro”, Eduardo Miranda considerou que o Movimento do Referendo pela Habitação, promotor da recolha de assinaturas para a consulta popular, “sofreu algum grau de manipulação de alguns partidos que veem no referendo uma arma para as próximas autárquicas”.

Segundo o responsável, “mais de metade” dos imóveis ocupados pelo alojamento local nas zonas históricas da capital são “pouco propícios para habitação” por serem pequenos e pela falta de acessos e de estacionamento para automóveis. “Em Santa Maria Maior, antes do alojamento local, 44% das casas não eram usadas para habitação permanente”, exemplificou, adiantando que ainda existem casas vagas.

Por outro lado, continuou, não se pode referendar o encerramento de uma atividade, mas sim regular e, em Lisboa, a Câmara Municipal já aprovou o regulamento do alojamento local. Eduardo Miranda alegou ainda que referendar o alojamento local “é ilegal”, pois “não é possível alguém por referendo destruir uma parte de economia”.

Por estes motivos, a associação considera que o Tribunal Constitucional não irá validar a realização do referendo, mas deixará de estar atenta “aos sinais de ataque” de partidos que “continuam a apostar eleitoralmente no fim do alojamento local para dizer que fizeram algo pela habitação”, acrescentou.

A Assembleia Municipal de Lisboa já entregou no Tribunal Constitucional o processo para a realização de um referendo na capital sobre o alojamento local, “para efeitos de fiscalização preventiva da constitucionalidade e legalidade”, divulgou esta terça o órgão autárquico.

Em causa está a iniciativa popular promovida pelo Movimento Referendo pela Habitação (MRH), que propõe duas perguntas: Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local no sentido de a Câmara Municipal de Lisboa, no prazo de 180 dias, ordenar o cancelamento dos alojamentos locais registados em imóveis destinados a habitação? Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local para que deixem de ser permitidos alojamentos locais em imóveis destinados a habitação?

A conversão da iniciativa popular em referendo local resultou de uma deliberação aprovada há uma semana pela Assembleia Municipal de Lisboa, com votos a favor de PS, BE, PEV, PAN, Livre e deputados não inscritos Miguel Graça e Daniela Serralha (Cidadãos por Lisboa), contra de PSD, CDS-PP, IL, PPM, Aliança, Chega e deputada não inscrita Margarida Penedo, e abstenção do PCP e do MPT.

A proposta para um referendo ao alojamento local em Lisboa foi lançada em dezembro de 2022 e, na documentação entregue na AML, constava “um total de 6.550 cidadãos eleitores recenseados no município”, segundo o relatório da comissão eventual criada para apreciar a iniciativa popular de referendo local.

Já depois da aprovação da proposta, o grupo municipal do PSD na AML entregou “um pedido de nulidade da votação” para a realização do referendo sobre o alojamento local.

Com base na “verificação administrativa” da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PSD justificou o pedido de nulidade com o facto de as discrepâncias encontradas reduzirem “o número de assinaturas válidas para 4.863, abaixo do mínimo legal obrigatório de 5.000”.

Por isso, argumentaram os sociais-democratas, não estão reunidas “as condições estabelecidas na legislação” para as petições populares.

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Fábrica espanhola na Maia coloca 900 trabalhadores em lay-off

Empresa catalã Ficosa, que produz componentes para automóveis, avançou com a medida nas unidades de Itália e Portugal devido à quebra de encomendas.

A empresa espanhola Ficosa, que produz componentes para automóveis, decidiu colocar os 900 trabalhadores da sua fábrica na Maia em lay-off, devido à quebra nas encomendas, avançou esta terça-feira o Jornal de Negócios.

A informação foi confirmada pelo jornal espanhol El Economista, que noticiou esta terça-feira, que a Ficosa se viu obrigada a apresentar um ERTE (Expediente de Regulação Temporal de Emprego), o equiparável em Portugal ao regime de lay-off, para o seu pessoal nas fábricas de Portugal e Itália devido à redução de encomendas.

“Foi implementado um ERTE nas instalações de Itália e Portugal devido a um ajustamento temporário nas necessidades de produção, causado pelo complexo contexto global da indústria automóvel“, explicaram fontes da empresa ao El Economista.

“Esta medida temporária, que será revista mensalmente, foi tomada para garantir a sustentabilidade futura das nossas operações nestes mercados”, acrescentam as mesmas fontes citadas pelo jornal.

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Para já, Apax Partners mantém-se firme no capital da GamaLife

As administrações do Crédit Agricole Assurances e da GamaLife em Portugal desconhecem eventuais conversações sobre aquisição. Apax reafirma foco no desenvolvimento da seguradora em Portugal e Itália.

Logo após o anúncio da venda da AssuredPartners, a 10.ª maior corretora de seguros do mundo, à concorrente Gallagher, 3.ª maior a nível global, em que a gestora Apax Partners vai receber uma parte dos 13,45 mil milhões de dólares do negócio, a imprensa italiana especula sobre conversações entre a Apax Partners e o Crédit Agricole Assurances para a aquisição da GamaLife, seguradora Vida com sede em Portugal e já com negócios em Itália.

O CEO Matteo Castelvetri em Milão a apresentar a GamaLife ao mercado italiano no final de novembro.

A possível aquisição foi indicada pelo jornal italiano El Sole 24 Ore como negociação em curso. No entanto, depois de em julho passado terem sido apontadas negociações idênticas com o Novobanco, nada se confirmou.

A GamaLife fez uma forte apresentação em Milão no último dia 25 de novembro apresentando novos produtos para aquele mercado e com o CEO Matteo Castelvetri a apontar o futuro para o negócio em Itália.

Fonte próxima da Apax Partners indica que o grupo continua firme na GamaLife e no desenvolvimento do negócio em Portugal e Itália.

No entanto, também é conhecido o interesse do Crédit Agricole Assurances em Itália após ter adquirido, no final de 2023, 65% do capital Banco BPM Assicurazioni, um operador importante. Em Portugal tem a Mudum (ex-GNB Seguros).

Em recente entrevista ao ECOseguros, o CEO da Mudum Afonso Themudo Barata questionado sobre a possível expansão da CA Assurances comentou que o grupo “é campeão em França, campeão na Europa e no mundo. Não posso falar pelo grupo enquanto acionista, mas o Crédit Agricole está claramente com uma perspetiva de investir na Península Ibérica e, portanto, acho que a tudo o que forem oportunidades o grupo vai claramente olhar. Mas isso é uma questão do acionista, não da Mudum”, disse.

A informação faria sentido dada essa vontade de expansão do grupo francês em Itália e Portugal, mas – também em recente entrevista a ECOseguros – Matteo Castelvetri demonstrava vontade de liderar aquisições, não em a GamaLife ser adquirida.

Avançou que em Portugal “provavelmente batemos em todas as portas que podíamos bater”, disse, “a expansão através de fusões e aquisições faz parte da nossa estratégia principal com todo o apoio dos nossos acionistas”. Trata-se agora de encontrar o parceiro que queira fazer a transação connosco. Acrescentou “quando começámos a estudar Itália, percebemos que também lá há mais oportunidades e continuamos a olhar para o resto da Europa. Penso que ainda há muito a fazer em consolidação, quer em Portugal, quer em Itália, há mais de 20 ou 25 companhias de seguros de vida a operar no mercado”.

Se a lógica do negócio da Apax Partners é investir numa aquisição, desenvolver até atingir a maturidade e depois entrar na fase da “colheita”, um prazo que normalmente medeia 5 a 7 anos em relação ao momento inicial, relembre-se que o investimento na GamaLife começou em 2019.

De facto, a Apax acabou de vender a sua participação minoritária, que tinha mantido, quando vendeu a maioria do capital da AssuredPartners à GTCR, gestora de fundos de investimento. Exatamente em 2019. Com este negócio vai realizar parte dos 13,45 mil milhões de dólares que a concorrente Gallagher vai pagar pela totalidade da empresa.

Ainda detém na área seguradora a corretora PIB Group, também uma das maiores do mundo que adquiriu à Carlyle em 2021.

Para concluir a mesma fonte próxima da Apax prevê que mais se vai especular sobre interessados na GamaLife no próximo ano: “Haverá interessados em comprar, mas nada garante que se venda”, conclui.

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