Trump condenado a pagar mais de 364 milhões de dólares por fraude

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

Esta decisão sem precedentes é acompanhada por uma proibição de três anos para o ex-presidente dos Estados Unidos de qualquer gestão empresarial no Estado de Nova Iorque.

O ex-presidente norte-americano e recandidato ao cargo, Donald Trump, foi condenado esta sexta-feira por um tribunal de Nova Iorque ao pagamento de uma multa de 364 milhões de dólares (337,7 milhões de euros) por fraude bancária. O juiz Arthur Engoron emitiu a sua decisão após um julgamento de dois meses e meio, estando em causa a acusação contra Trump de enganar os bancos com demonstrações financeiras que inflacionavam a sua riqueza.

Esta decisão sem precedentes é acompanhada por uma proibição de três anos para o ex-presidente dos Estados Unidos de qualquer gestão empresarial no Estado de Nova Iorque. A pena severa foi uma vitória para a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, uma democrata, que acusou Donald Trump por anos de práticas enganosas enquanto construía a sua multinacional de arranha-céus, campos de golfe e outras propriedades que catapultaram a sua riqueza e fama e lhe deram a Casa Branca.

Os advogados de Trump já tinham dito, antes mesmo da sentença, que iriam recorrer. Mas o político republicano enfrenta mais casos na justiça norte-americana. Na quinta-feira, foi decidido por um tribunal de Nova Iorque que o julgamento do ex-Presidente dos Estados Unidos sobre o alegado pagamento a uma ex-atriz pornográfica para ocultar um caso extramatrimonial vai iniciar-se conforme programado, em 25 de março.

O juiz Juan Manuel Merchan aproveitou um atraso num outro processo judicial – que decorre em Washington, em que Trump é acusado de conspirar para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020 e que ficou suspenso por causa de um recurso da defesa –para justificar o não adiamento deste julgamento.

A decisão anunciada significa que este caso será o primeiro de quatro processos criminais em que Trump está envolvido a seguir para julgamento, num total de 91 acusações.

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Lançado concurso para construção de dessalinizadora no Algarve

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

A construção de uma dessalinizadora em Albufeira, cujo preço base é de 90 milhões de euros, é uma das medidas de resposta à seca que afeta a região Sul de Portugal.

O concurso para a construção de uma dessalinizadora no Algarve, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi lançado esta sexta-feira, com a publicação do procedimento em Diário da República, anunciou a Águas do Algarve.

A construção de uma dessalinizadora em Albufeira, cujo preço base é de 90 milhões de euros, é uma das medidas de resposta à seca que afeta a região Sul de Portugal, prevendo-se que o equipamento tenha uma capacidade inicial de conversão de água do mar em potável de 16 hectómetros cúbicos.

Em comunicado, a Águas do Algarve, que gere o sistema multimunicipal de abastecimento de água na região, a obra fica preparada para o aumento da capacidade para 24 hectómetros (milhões de metros cúbicos) por ano. A empresa responsável pelo abastecimento de água em alta na região, que tem a seu cargo a gestão de infraestruturas como barragens ou Estações de Tratamento de Águas Residuais, salientou que a conclusão da obra está prevista para o final de 2026.

O ano de 2026 é o ano estabelecido como limite para a utilização de fundos do PRR, programa de apoio criado pela União Europeia para revitalizar a economia após a pandemia de covid-19. “Este projeto estrutural para a região visa garantir a resiliência do abastecimento público à população do Algarve, designadamente em períodos de seca prolongada, através de um acréscimo das disponibilidades hídricas”, destacou a empresa.

A mesma fonte observou que a Estação de Dessalinização de Água do Mar do Algarve está incluída num “leque de investimentos que a Águas do Algarve está a executar no âmbito do Plano de Eficiência Hídrica do Algarve, ao abrigo do PRR, e que vão permitir aumentar em mais de 69 milhões de metros cúbicos por ano as disponibilidades hídricas da região.

O presidente da Águas do Algarve, citado no comunicado, realçou o trabalho executado pelos trabalhadores da empresa e que permitiu dar resposta às exigências e prazos do projeto, “num momento de elevada complexidade de processos, inerente aos desafios que a escassez hídrica tem vindo a aportar à região”.

António Eusébio disse ainda que o esforço realizado é também exemplo do “compromisso contínuo da empresa com a eficiência hídrica e a sustentabilidade ambiental”. O Algarve está a ser afetado por uma seca que causou uma escassez das reservas hídricas e o Governo tomou medidas de restrição do consumo para serem aplicadas a partir de março, como cortes de 25% à agricultura e de 15% ao setor urbano.

Além da dessalinizadora, estão também em curso investimentos municipais no combate às perdas de rede, a redução ou eliminação da rega em espaços verdes ou a utilização de água tratada para rega de campos de golfe e limpeza de ruas. Paralelamente, há planos e propostas para fazer a captação de água do rio Guadiana no Pomarão e conduzi-la até à barragem de Odeleite, no sotavento (leste) algarvio, e a construção de uma terceira barragem naquela zona do Algarve, na ribeira da Foupana.

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Bank of America reforça posição no BCP para 6,3%

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

O banco passou a deter 1,670% de direitos de voto associados a ações e 4,659% associados a instrumentos financeiros, num total de 6,329%.

O Bank of America Corporation reforçou a sua posição no BCP para 6,3%, foi comunicado esta sexta-feira no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

De acordo com a informação remetida ao mercado, o banco passou a deter 1,670% de direitos de voto associados a ações e 4,659% associados a instrumentos financeiros, perfazendo um total de 6,329%. Esta posição foi atingida no dia 08 de fevereiro.

Antes desta operação, o Bank of America Corporation tinha uma participação de 0,910% no BCP. Na sessão de hoje da bolsa, as ações do BCP subiram 2,19% para 0,27 euros.

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“O Governo não pode” pedir à CGD para baixar o spread nos créditos à habitação, diz Pedro Nuno Santos

O secretário-geral do PS está disponível para entendimentos com o BE no pós-eleições, mas defende que as propostas socialistas são "mais equilibradas". Reveja aqui os principais momentos.

Estão quase a chegar ao fim os debates entre os partidos com assento parlamentar. Esta sexta-feira o secretário-geral do PS esteve num frente a frente com a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, num debate transmitido pela RTP 1.

Pedro Nuno Santos, conhecido por ter um posicionamento mais à esquerda, afirmou que o tempo da geringonça com BE e PCP, entre 2015 e 2019, “é boa memória”. Disponível para entendimentos com o BE, o líder do PS defende que tem “soluções mais equilibradas” e rejeita reverter privatizações, como defende Mariana Mortágua. Reveja aqui os principais momentos.

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Veja aqui a chave do Euromilhões. São 64 milhões em jogo

  • ECO
  • 16 Fevereiro 2024

Estava em jogo esta sexta-feira um jackpot de 64 milhões de euros, depois de quatro sorteios sem ninguém vencer o primeiro prémio.

Decorreu esta sexta-feira mais um sorteio do Euromilhões, onde estava disponível um jackpot de 64 milhões de euros, depois de quatro rondas em que ninguém ganhou o primeiro prémio.

Veja a chave do sorteio de 16 de fevereiro:

Números: 8, 13, 14, 24, 26

Estrelas: 1, 2

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Farfetch poderá despedir 1.000 pessoas em Portugal

Cerca de metade dos despedimentos da Farfetch poderão ser realizados em Portugal, segundo apurou o ECO. Negociações arrancaram esta sexta-feira.

O plano de despedimentos da Farfetch em Portugal poderá abranger cerca de 1.000 trabalhadores, metade das pessoas que poderão ser dispensadas pela tecnológica portuguesa fundada por José Neves a nível global. A confirmar-se, a tecnológica agora detida pela Coupang irá cortar os colaboradores no país para um terço.

Portugal é a área geográfica onde a Farfetch tem o maior número de colaboradores – cerca de 3.000 em Matosinhos, Braga, Guimarães e Lisboa – e deverá ser também a região mais afetada pelos despedimentos. Segundo apurou o ECO, poderão ser dispensadas cerca de mil pessoas no país.

A Farfetch confirmou ao ECO que vai reduzir entre 25% e 30% os seus colaboradores a nível global. O plano de despedimentos, que arrancou esta sexta-feira em Portugal, poderá levar à saída de cerca de 2.000 pessoas.

A tecnológica criada em 2008 pelo português José Neves, que ontem apresentou a sua demissão como CEO da empresa, está a realizar um programa de despedimentos, após a Coupang ter concluído, há cerca de duas semanas, a aquisição da Farfetch acordada no passado dia 18 de dezembro.

A empresa informou esta quinta-feira por email os trabalhadores que iria iniciar “o processo de despedida de colegas e amigos que foram partes importantes da jornada da Farfetch até agora. As conversas com as pessoas afetadas por estes despedimentos terão início em Portugal amanhã [esta sexta-feira]”.

Esta sexta-feira estiveram a decorrer reuniões com as pessoas visadas, sendo-lhes oferecida a possibilidade de saírem por mútuo acordo, mas sem subsídio de desemprego, ou esperar pelo programa de despedimento coletivo. Segundo mensagens partilhadas por trabalhadores num fórum da Internet, este programa poderá arrancar já em março.

“Alegadamente, as condições do acordo são standard para todos e não há margem para grandes negociações individuais. Data para decidir é até dia 23 de fevereiro. Quem indicar que não aceita, ou não responder, será incluído no despedimento coletivo que terá início na semana 12 de março”, refere um trabalhador da Farfetch nesse fórum, onde os colaboradores estão a trocar informações.

Neste momento persiste uma grande incerteza em relação ao futuro da empresa em Portugal e sobre a equipa que vai permanecer no país.

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António Domingues entra na administração do Unicredit

  • ECO
  • 16 Fevereiro 2024

Antigo presidente da CGD e vice-presidente do BPI, Domingues foi indicado para o board do gigante italiano, como administrador não executivo.

António Domingues foi indicado para o conselho de administração do banco pan-europeu Unicredit, segundo um comunicado da instituição esta sexta-feira. O gestor foi vice-presidente do BPI, depois, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), e está, desde 2022, como administrador não executivo no Banco CTT. A nomeação será formalizada na assembleia geral do banco, em abril.

“O conselho de administração aprovou por unanimidade uma lista de candidatos à nomeação dos membros do conselho de administração e do conselho fiscal, tendo em o número total ideal de membros do conselho, de 15 membros, incluindo quatro membros da comissão de auditoria, e a duração do mandato fixada em três exercícios”, de acordo com o comunicado do Unicredit.

Na lista de membros para o conselho de administração consta o nome de António Domingues. Pietro Carlo Padoan será o chairman e Andrea Orcel vai assumir as funções de CEO.

Nos últimos sete anos, António Domingues esteve na administração da telecom NOS, na administração do BFA, o banco angolano onde o BPI tem uma participação financeira de 49%, e exerceu o cargo de CEO da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em 2016, de onde saiu na sequência da polémica relacionada com a entrega de declaração de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional. Neste momento, integra ainda o conselho de administração do Haitong, o banco de investimento que era do BES.

O UniCredit é um banco comercial pan-europeu com presença em Itália, Alemanha, Europa Central e Oriental, com mais de 15 milhões de clientes em todo o mundo.

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Farfetch anuncia prémios, mas só para quem vai ficar na empresa

A empresa anunciou o pagamento de prémios aos trabalhadores que ficam fora dos despedimentos, destacando a necessidade de manter "pacotes de remuneração fortes".

No mesmo dia em que arrancou com um plano de despedimentos que pode resultar na eliminação de 2.000 postos de trabalho a nível global, a Farfetch enviou uma mensagem aos trabalhadores que ficam de fora deste programa, informando-os que irão receber um prémio trimestral. As pessoas na lista de despedimentos não recebem, mesmo que ainda estejam na empresa aquando desse pagamento.

“À medida que fazemos mudanças estruturais importantes como as anunciadas ontem, também acreditamos que é profundamente importante reconhecer e recompensar a equipa que proporcionará as melhores experiências do setor para as marcas, boutiques e clientes que servimos, garantindo que nossos talentos recebem fortes pacotes de remuneração“, escreveu a Farfetch às pessoas que não estão incluídas nos despedimentos. E continua: “Para reconhecer o incrível sucesso que esperamos alcançar, tenho o prazer de compartilhar que recebeu o prémio de talento de 2024″.

Este prémio será pago em maio, agosto, novembro e fevereiro de 2025. Mas, a mensagem enviada aos trabalhadores não termina sem avisar que aqueles que estão incluídos no processo de despedimento – em negociações ou à espera do plano de despedimento coletivo – não irão receber estas compensações, mesmo que na data de pagamento ainda estejam na empresa.

A atribuição destes prémios surge no mesmo dia em que a empresa começou a negociar os termos da saída que pode incluir centenas de pessoas em Portugal.

Segundo apurou o Eco, na reunião que decorreu esta manhã foram colocadas duas possibilidades aos trabalhadores de saída das operações em Portugal. A primeira opção passa saída com mútuo acordo, com a companhia a propor o pagamento de 30 dias por cada ano de contrato e tudo o que têm direito no acerto de contas com a empresa, mas quem aceitar esta proposta fica sem direito a subsídio de desemprego.

A segunda possibilidade em cima da mesa é esperar que a Farfetch avance com um processo de despedimento coletivo, para o qual não há data ainda. Nesta situação, as pessoas envolvidas receberão o valor legal definido (14 dias por cada ano de contrato) e têm direito à inscrição no subsídio de desemprego.

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Supremo decide. Estado obrigado a pagar 218 milhões à EDP por causa do Fridão

Em julho de 2022, o tribunal arbitral determinou que a EDP tinha direito ao reembolso dos 218 milhões investidos em 2009 pelo direito a explorar a barragem, mas o Governo recorreu.

O Estado está mesmo obrigado a pagar 218 milhões à EDP por causa da barragem do Fridão, depois de ter perdido o recurso no Supremo Tribunal Administrativo (STA), numa decisão proferida a 7 de dezembro, apurou o ECO junto de duas fontes conhecedoras do processo. Agora, está pendente uma execução para o Estado devolver esse valor que já deveria ter sido pago logo após a decisão. Até dezembro, o processo esteve parado precisamente devido a este recurso. Questionada pelo ECO, a EDP diz que não comenta esta decisão.

A decisão do Supremo chega precisamente um mês depois da demissão do primeiro-ministro António Costa, a 7 de novembro, na sequência da operação Influencer, e está a ser mantida em segredo precisamente por causa da crise política e das legislativas, marcadas entretanto para 10 de março. É um desfecho que causa desconforto político ao PS, especialmente por causa da pressão dos partidos à esquerda, BE e PCP, que voltaram a admitir a possibilidade de uma geringonça com o novo líder socialista, Pedro Nuno Santos. E que se soma à discussão política sobre o não pagamento de IMI relativo à venda de 160 barragens. O imposto relativo a 2019 já caducou e, já este ano, um requerimento do BE levou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Nuno Félix, ao Parlamento para dar explicações sobre a atuação da Autoridade Tributária.

Quando, em 2019, terminou o prazo de suspensão da obra, o então ministro do Ambiente, Matos Fernandes, fez saber que o Governo considerava não ter de devolver qualquer verba, porque a EDP também já não tinha, ela própria, interesse em avançar com a barragem, mas o presidente executivo da companhia, António Mexia, rejeitou qualquer possibilidade de a EDP abdicar desse montante. A solução foi o recurso para um tribunal arbitral Antes, em 2018, organizações como a GEOTA contestaram a construção daquela barragem e os riscos associados para Amarante.

Em julho de 2022, o tribunal arbitral determinou que a EDP tinha direito ao reembolso dos 218 milhões de euros investidos em 2009 pelo direito a explorar a central nunca construída. Uma decisão que fez com que o Ministério das Finanças recorresse junto do STA, acreditando que “não é a EDPP [EDP Produção], mas o Estado, que tem direito a ver resolvido o Contrato de Implementação”. O Ministério do Ambiente e da Ação Climática esperava também que o STA reconhecesse ao Estado o direito a uma “indemnização em montante equivalente ao valor da contrapartida”, ou seja, cerca de 218 milhões de euros (ou, subsidiariamente, no montante de 150 milhões).

No total, o valor pedido pela EDP no processo arbitral rondava os 350 milhões de euros. O valor incluía não só o cheque pago ao antigo Governo de Sócrates (que criou o Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico), mas também a compensação por outros encargos associados à barragem que nunca chegou a ganhar forma. “Mas a decisão acabou por ser suportada na caducidade do contrato, como se lê no acórdão a que o ECO teve acesso (já depois da publicação desta notícia). “Acordam os Juízes da Secção de Contencioso Administrativo em negar provimento ao recurso, mantendo a decisão arbitral de condenação do Estado a restituir à A… a quantia de €217.798.000,00 mas com fundamento em caducidade do contrato de implementação“.

A cronologia de uma barragem

A barragem do Fridão, no rio Tâmega, cancelada pelo Governo em abril, é o mais recente jogo de xadrez entre a EDP e o Executivo, mais de dez anos depois de ter sido adjudicada à elétrica por 218 milhões de euros.

O aproveitamento hidroelétrico do Fridão, que abrangia cinco concelhos — Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena –, teria uma potência de 242 Megawatts (MW) e uma produtibilidade média anual de 290 Gigawatts/hora (GWh). Agora, contudo, a sua “produtibilidade” poderá ser a devolução de 218 milhões de euros à EDP, além de uma indemnização de “várias dezenas de milhões de euros” à conta dos lucros cessantes e danos emergentes pelo não avanço do projeto.

Mas afinal, como é que se chegou a este ponto? Hora de revisitar os vários episódios desta novela com mais de dez anos:

2008
30 de abril

Lançamento do concurso público destinado à atribuição de concessões para os aproveitamentos hidroelétricos do Fridão, Alvito e Almourol (este último não recebeu propostas).

5 de setembro

A proposta apresentada pela EDP vence o concurso público, em que também participaram a Iberdrola, Endesa e Union Fenosa.

17 de dezembro

Celebração do contrato de adjudicação provisória à EDP.

2009
6 de janeiro

EDP paga 231,7 milhões de euros pelas concessões do Fridão e Alvito.

2013
22 de outubro

EDP solicita a suspensão da implementação da barragem do Fridão, por um período máximo de três anos, justificando o pedido com a deterioração das perspetivas de equilíbrio económico-financeiro, em que aponta a subida do custo de financiamento e dificuldade no acesso à dívida.

2014
6 de janeiro

EDP é notificada da conformidade do RECAPE, que corresponde à licença necessária à produção.

2 de maio

EDP é notificada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que os pedidos de suspensão não foram aceites com fundamento nos compromissos ambientais do país e na recuperação das condições económicas e financeiras.

2015
30 setembro

Data agendada para a assinatura do contrato de concessão do Fridão e do acordo de revogação do Alvito, que, segundo a EDP, acabou por ser desmarcada pelo Estado.

2016
18 de abril

No âmbito da revisão do Plano Nacional de Barragens, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, comunica a decisão de adiar a barragem do Fridão pelo período de três anos.

5 de dezembro

Assinatura do memorando de entendimento entre o Estado e a EDP que revoga a implementação do Alvito (pela qual a elétrica tinha pago cerca de 14 milhões de euros, de que abdica) e suspende o Fridão, pelo prazo máximo de três anos, iniciando-se a contagem em 18 de abril deste ano.

2017
11 de abril

Assinatura dos acordos de revogação do Alvito e da suspensão do Fridão, depois da APA ter prorrogado o RECAPE até ao final de 2020.

2018
13 de julho

EDP escreve ao Ministério do Ambiente a propor uma “análise conjunta de solução alternativas que melhor se adequassem ao contexto atual”, quando falta menos de um ano para o fim do prazo de suspensão da construção do Fridão.

11 de setembro

EDP diz que tinha agendada reunião para debater Fridão que foi desmarcada pelo Governo.

28 de setembro

EDP envia nova carta ao Governo a propor análise conjunta de alternativas, em que refere “a celebração de um acordo entre o Estado e o promotor para a não construção do Fridão, a análise conjunta de um projeto de menor impacto ambiental e social”.

2019
16 de abril

O ministro do Ambiente anuncia no parlamento que a barragem do Fridão, no rio Tâmega, não será construída e que não há razões para devolver contrapartidas pagas, alegando o desinteresse da EDP no projeto.

17 de abril

EDP envia carta ao Ministério do Ambiente a rejeitar o alegado desinteresse no projeto do Fridão e declarou estar em condições para avançar com a sua construção caso seja essa a decisão do Estado.

30 de abril
EDP envia carta a três ministérios — Ambiente, Finanças e Economia — reafirmando a disponibilidade para avançar com Fridão, interpelando o Estado para dar cumprimento aos contratos no prazo de 30 dias.

29 de maio

O ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, considera que os argumentos da EDP sobre a barragem do Fridão não convencem, afastando a hipótese de restituir as contrapartidas pagas pela elétrica por esta concessão.

5 de junho

O presidente da EDP, António Mexia, volta a afirmar, agora no parlamento, que a elétrica está disponível para avançar com a barragem do Fridão, que nunca considerou não construir sem ser ressarcida do valor pago, admitindo que em “algumas semanas” a questão chegue a Tribunal Arbitral.

2022
julho

O Tribunal Arbitral deu razão à EDP e decidiu que o Estado tem de devolver os 218 milhões de euros, mas a EDP rondava os 350 milhões de euros, valor que incluía também outros encargos e juros.

10 de novembro

O ministro Duarte Cordeiro anunciou que o Estado recorreu para o Supremo Tribunal Administrativo da decisão de tribunal arbitral que obriga a devolver 218 milhões de euros à EDP por suspensão da barragem do Fridão. E garante que só paga após decisão.

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Sonae só conseguiu 42,96% da Musti e “prolonga” OPA até 6 de março

Os resultados preliminares da OPA sobre a Musti mostram que a Sonae já conseguiu 42,96% das ações da empresa nórdica, com a empresa a deixar cair o requisito de ficar com mais de 90% do capital.

A Sonae conseguiu ficar com 42,96% do capital da Musti, na sequência da oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre a empresa nórdica e que terminou no dia 15 de favereiro, segundo dados preliminares divulgados pela empresa à CMVM. Face a estes resultados, e caso se confirme que a empresa ficou com mais de 40% da Musti, a Sonae irá estender a oferta até ao próximo dia 6 de março e deixa cair a condição de obter 90% do capital na operação.

O período da OPA sobre a Musti, lançada pela Flybird Holding Oy, subsidiária da Sonae, terminou no passado dia 15 de fevereiro de 2024, confirmou a Sonae em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “Com base no resultado preliminar da oferta hoje conhecido, o total de aceitações da oferta juntamente com as ações adquiridas ou detidas pela oferente (incluindo as ações a serem aportadas à Oferente pelos membros do Consórcio) representam cerca de 42,96% das ações e dos direitos de voto na empresa, calculados numa base totalmente diluída”, informa a empresa portuguesa liderada por Cláudia Azevedo.

Perante estes resultados, a companhia “decidiu abdicar da condição de conclusão mínima de atingir mais de 90% das ações e direitos de voto na empresa, concluir a oferta de acordo com os seus termos e condições e iniciar um período de oferta subsequente, desde que o resultado final da Oferta, que será anunciado no dia 20 de fevereiro de 2024, confirme que as Ações das aceitações durante o Período da Oferta, juntamente com as Ações adquiridas ou detidas pela Oferente (incluindo as Ações a serem aportadas à Oferente pelos membros do Consórcio), representam mais de 40% das Ações e dos direitos de voto da Empresa, calculados numa base totalmente diluída”.

Este “prolongamento” da oferta deverá, assim, iniciar-se a 21 de fevereiro e prolongar-se até dia 6 de março, “permitindo que os acionistas da Musti que não tenham aceitado a Oferta durante o Período da Oferta possam fazê-lo no Período Subsequente”.

A Sonae anunciou no passado dia 29 de novembro o lançamento de uma OPA sobre a Musti, num consórcio com três membros do conselho de administração da empresa, propondo-se pagar 26 euros por cada ação da companhia nórdica, uma contrapartida que avalia a empresa cotada na bolsa de Helsínquia em 868 milhões de euros.

A oferta foi anunciada no final de novembro e está a ser realizada através da Flybird Holding Oy, uma empresa constituída na Finlândia, em consórcio com Jeffrey David, presidente do conselho de administração da Musti, Johan Dettel, membro do conselho de administração, e o CEO David Rönnberg.

A expectativa inicial da Sonae era que a operação estivesse concluída no final do primeiro trimestre, contudo a companhia colocava como condição para a conclusão a obtenção do controlo de mais de 90% das ações e dos direitos de voto na Musti.

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Trabalhadores da Autoeuropa exigem nova proposta de aumentos salariais

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

"Ao fim de sete reuniões não houve propostas concretas que reconheçam o esforço, mas apenas 'migalhas'. Não é de todo compreensível e aceitável", indica o sindicato.

A Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa exigiu esta sexta-feira à administração da empresa que apresente uma proposta de aumentos salariais para 2024 na próxima semana, face ao impasse sobre esta matéria nas negociações iniciadas em janeiro. “A CT exigiu à empresa uma resposta ao ponto dos aumentos salariais; se essa resposta não for dada irão ser marcados imediatamente plenários”, adverte, em comunicado, aquele Órgão Representativo dos Trabalhadores (ORT) da Autoeuropa.

“Ao fim de sete reuniões não houve propostas concretas que reconheçam o esforço, mas apenas `migalhas´. Não é de todo compreensível e aceitável que depois de um ano de sucesso do T-Roc e com reconhecimento nacional e internacional, a empresa não tenha mais nada para oferecer aos trabalhadores do que argumentos que põem em causa a paz social que todos valorizamos”, lê-se no comunicado da CT da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, no distrito de Setúbal.

De acordo com a CT, nas reuniões já realizadas foram discutidas matérias pecuniárias do caderno reivindicativo, como a reposição da perda de poder de compra dos trabalhadores, dado que os aumentos salariais dos últimos dois anos não acompanharam as taxas de inflação de 2021 (1,3%) e de 2022 (7,8%), mas sem que a empresa tivesse avançado, até agora, uma proposta de aumentos salariais para 2024.

O pagamento do trabalho por turnos em condições mais vantajosas do que o previsto na contratação coletiva do setor, prémio de objetivos para 2024 e seguro de saúde, são outros temas na mesa de negociações. A fábrica da Volkswagen Autoeuropa produziu 220.100 automóveis em 2023, o que representa um aumento de mais de 14% relativamente ao ano anterior, em que produziu 180.909 veículos T-Roc, único modelo da Volkswagen em produção na fábrica de Palmela.

De acordo com o grupo alemão Volkswagen, o T-Roc foi o terceiro carro mais vendido na Europa em 2023.

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Sindicato dos trabalhadores da CGD convoca greve para 1 de março

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

O banco público, segundo o sindicato, "persiste" em propostas de aumentos "salariais irrisórios e absurdos" que traduzem uma "manifesta a desvalorização do fator trabalho" perante "lucros recorde".

O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) convocou esta sexta-feira uma greve para 1 de março, após a proposta da administração do banco para aumentos salariais de 3,25%, que o sindicato considera “inadmissível”.

Em comunicado, o STEC refere que esta greve foi decidida durante um plenário realizado após a terceira ronda negocial com a administração da CGD, que respondeu com um aumento salarial de 3,25% para 2024 à proposta do sindicato de aumentos de 5,9% com um mínimo de 110 euros.

Para o STEC, a administração do banco público “persiste” em propostas de aumentos “salariais irrisórios e absurdos” que traduzem uma “manifesta a desvalorização do fator trabalho” perante os “lucros recorde que a CGD se prepara para apresentar”. Para o dia da greve está também marcada uma concentração frente ao edifício sede da CGD, em Lisboa, para a qual o STEC convoca não apenas os trabalhadores, mas também os pré-reformados e reformados.

No comunicado, a estrutura sindical refere que na origem desta greve está não apenas o “valor inadmissível” proposto para aumentos salariais, mas também a redução de milhares de trabalhadores e encerramento de balcões ou a contratação de “milhares de trabalhadores” em regime de outsourcing.

O STEC refuta ainda os dados apresentados pela administração da CGD após a terceira ronda negocial, realizada na quinta-feira, considerando que os mesmos têm “origem duvidosa”, pretendem “subverter a realidade dos factos” e “denegrir a imagem pública dos trabalhadores e reformados da CGD e omitir a real perda de poder de compra acumulada nos últimos anos”. Em comunicado emitido esta quinta-feira, a Caixa Geral de Depósitos diz que propôs um aumento salarial médio de 3,25% (aumentos entre 3% e 6,74% consoante os níveis salariais), o que foi recusado pelos sindicatos.

Segundo a CGD, a proposta “reflete o reconhecimento pela Caixa do contributo dos colaboradores para os resultados alcançados, mas tem igualmente em conta o atual contexto económico e as orientações conhecidas” para o setor empresarial do Estado (aumento da massa salarial global até 5% sendo a referência por trabalhador de 3%) e está acima do que propõe a generalidade do setor (2%).

A CGD diz ainda que, no banco, a remuneração mensal mínima bruta (antes de pagar impostos) é de 1.458 euros e que a remuneração bruta média (excluindo a administração) é de 2.618 euros, valores que já incluem subsídio de refeição. Para 2024, a CGD propõe que o subsídio de refeição passe de 12,50 euros para 12,91 euros.

A Caixa Geral de Depósitos ainda não apresentou as contas de 2023, mas os resultados até setembro, de lucros de 987 milhões de euros, permitem antever um ano histórico. O banco público tem contratação coletiva autónoma, pelo que negoceia com sindicatos à parte da maioria da banca (também BCP tem negociação própria). Em 2023, STEC e CGD acordaram um aumento de 76 euros na tabela salarial.

Os bancos subscritores do Acordo Coletivo de Trabalho do setor bancário (são cerca de 20, caso de Santander Totta, Novo Banco e BPI) têm uma mesa comum de negociação salarial comum, tendo proposto 2% enquanto os sindicatos afetos à UGT exigem 6%.

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