Vendas da Jerónimo Martins dispararam 20,6% em 2023, superando o “marco” dos 30 mil milhões de euros

Dona do Pingo Doce justifica o “forte desempenho” de vendas no ano passado com o “foco na competitividade de preço e no crescimento em volume”. Portugal já só vale 20% das vendas do grupo retalhista.

Num ano marcado pela “progressiva redução da inflação alimentar e pela persistente contenção do consumo por parte das famílias”, o volume de negócios da Jerónimo Martins disparou 20,6%, para um total de 30.608 milhões de euros. Grupo retalhista justifica “forte desempenho” de vendas com “foco na competitividade de preço e no crescimento em volume”.

Pedro Soares dos Santos destaca que, pela primeira vez, o grupo superou o “marco dos 30 mil milhões de euros de vendas”, notando, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que “esta conquista traduz o reconhecimento pelos consumidores da consistência do foco das insígnias na liderança de preço e na melhoria contínua da oferta e da experiência de compra”.

“A prioridade dada às vendas, a clareza das políticas comerciais, o trabalho árduo das equipas, e a execução exemplar dos ambiciosos planos de expansão e remodelação pelas companhias permitiram somar, nos dois últimos anos, 10 mil milhões de euros ao volume de negócios consolidado”, acrescenta o presidente e administrador delegado da Jerónimo Martins.

A dona do Pingo Doce e do Recheio decidiu alocar no último trimestre do ano passado, “a título excecional”, um valor de 25 milhões de euros ao “reconhecimento do contributo das equipas operacionais, que acresce aos prémios de desempenho previstos”. A decisão é justificada na mesma nota com os “aumentos significativos do custo de vida para as famílias”.

Como o ECO noticiou em dezembro, a Jerónimo Martins deixou um “presente” no sapatinho de 25 mil dos seus trabalhadores: um bónus de 350 euros, que se vem juntar ao prémio de 750 euros que já tinha atribuído em abril. Estes cheques, salientou na altura, tiveram como propósito ajudar as famílias a enfrentar os “constrangimentos” que estão a sentir nos orçamentos.

Portugal já só vale 20% das vendas do grupo

O grande motor de crescimento da Jerónimo Martins continua a ser a Biedronka. A retalhista polaca faturou 21,5 mil milhões de euros no ano passado, uma subida de 22,3% em termos homólogos, passando a pesar 70% no volume de negócios global do grupo. Abriu 203 novas lojas (174 adições líquidas) e remodelou 375 localizações.

Apesar de ter sido o negócio do grupo que registou, em termos percentuais, o menor aumento de vendas (7,9%), o Pingo Doce segue como o segundo que mais contribui para as receitas totais: 4,9 mil milhões de euros em 2023. Num período em que abriu 11 novos supermercados e encerrou um, “reforçou o seu posicionamento de preço, mantendo uma forte intensidade promocional ao longo de todo o ano”.

Ainda em Portugal, que vale agora apenas um quinto (20,2%) das vendas globais – abaixo dos 22,3% que pesava em 2022 –, o Recheio beneficiou da atividade que se verificou durante o ano passado no canal da restauração e da hotelaria (Horeca) no país, tendo registado um “forte crescimento de vendas no ano”: +15,1%, para 1,3 mil milhões de euros.

No relatório de vendas preliminares relativas ao ano passado, divulgado esta quinta-feira, destaca-se ainda o disparo de 37,7% na Colômbia, em que opera com a insígnia Ara. Ascenderam a 2,4 mil milhões de euros, num mercado em que o grupo diz ter reforçado o “posicionamento de preço de uma forma assertiva, tendo em conta as necessidades das famílias colombianas”.

Ainda assim, neste negócio da América do Sul ficou ligeiramente abaixo das metas que tinha comunicado ao mercado em setembro. Nessa altura, o grupo referiu num comunicado à CMVM que esperava atingir os 2.500 milhões de euros de vendas e chegar às 1.300 lojas Ara na Colômbia. Apesar de ter inaugurado 200 localizações, terminou o ano a operar 1.290 lojas.

 

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Ministra da Justiça diz que relatório sobre corrupção em Portugal está “desatualizado”

  • Lusa
  • 11 Janeiro 2024

A ministra da Justiça desvalorizou as conclusões relativas a Portugal dorelatório do Grupo de Estados contra a Corrupção do Conselho da Europa, observando que se trata de um relatório com ano e meio.

A ministra da Justiça desvalorizou as conclusões relativas a Portugal do último relatório do Grupo de Estados contra a Corrupção (GRECO) do Conselho da Europa, observando que se trata de um relatório feito “há um ano e meio”.

Falando aos jornalistas à margem da sessão de apresentação da Estratégia Nacional para as Vítimas de Crime 2024-2028, Catarina Sarmento e Castro realçou que, desde então, houve uma “evolução muito positiva”, nomeadamente com a implementação do Mecanismo Nacional Anticorrupção.

Quanto à Entidade para a Transparência, a ministra sublinhou que “hoje também já tem o seu local de trabalho identificado em Coimbra”, estando “em condições para começar a trabalhar”.

No relatório, divulgado na quarta-feira, o GRECO reconhece que Portugal desenvolveu um extenso quadro jurídico e institucional anticorrupção, mas alerta que a eficácia deste quadro depende fortemente da plena operacionalidade do Mecanismo Nacional Anticorrupção e da Entidade para a Transparência, o que alega não ter ainda acontecido.

De acordo com Catarina Sarmento e Castro, as duas entidades apontadas no relatório foram “efetivamente postas no terreno”, sendo que o Mecanismo Nacional Anticorrupção é aquele que mais lhe diz respeito e com que lidou durante o seu mandato.

“Já está a lançar campanhas, tem pessoal que está devidamente alocado, tem um orçamento muito significativo que tem sido atribuído e que foi agora renovado neste novo orçamento (de Estado) e tem também verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)para construir a plataforma eletrónica”, frisou.

Ministra da Justiça, Catarina Sarmento e CastroLusa

No relatório da 5.ª ronda de avaliação, o GRECO apela a Portugal que melhore a eficácia do sistema para prevenir a corrupção nas principais funções executivas do Governo e nas agências de aplicação da lei. Sublinha que todas as pessoas com funções executivas de topo devem ser sujeitas a verificações de integridade eficazes antes de ingressarem no Governo, bem como a restrições pós-emprego, e devem ser obrigadas a apresentar declarações de bens e interesses.

Também apela a melhorias nos processos de consulta pública e no acesso das pessoas à informação pública. O cumprimento das 28 recomendações feitas pelo a Portugal será monitorizado pelo GRECO em 2025. Portugal é membro do GRECO desde 2002 e já passou por quatro rondas de avaliação centradas em diferentes temas relacionados com a prevenção e o combate à corrupção.

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Calçado exige novo Governo “mais amigo das empresas”. Conheça os 26 gestores à frente da indústria

A sofrer com “escassez de encomendas”, industriais do calçado pedem menos impostos e mais apoios ao Executivo que sair das eleições. Veja os novos órgãos sociais, que acompanham Luís Onofre até 2026.

O líder dos industriais do calçado espera que o próximo Governo, que irá resultar das eleições legislativas de 10 de março, seja “mais amigo das empresas” e que “não penalize tanto” os negócios portugueses com impostos, apontando como prioridade a descida da carga fiscal que incide sobre as empresas.

“Não se pode continuar decididamente a aumentar os impostos e exigir que as empresas criem riqueza, aumentem os salários e as exportações. É igualmente importante que sejam repensados os apoios às empresas em matéria de promoção externa. No plano laboral, num setor altamente sazonal, seria importante simplificar o acesso e melhorar as condições do lay-off”, elenca Luís Onofre.

Em declarações citadas pela associação do setor (APICCAPS), para a qual acaba de ser reeleito presidente numa lista única que obteve 337 votos, segundo dados fornecidos ao ECO, o empresário nortenho desabafa que “a maior preocupação está relacionada com a escassez de encomendas motivada pelo abrandamento” dos mercados externos. Exporta mais de 90% da produção para 173 países.

Luís OnofreRicardo Castelo/ECO

Até outubro, as vendas ao exterior estavam a descer 7% em valor e 10% em volume, em comparação com igual período do ano passado, que terminou com as exportações a saltarem pela primeira vez a barreira dos 2.000 milhões de euros. No novo plano estratégico do setor, composto por 1.500 empresas e emprega 40 mil pessoas, está inscrito o objetivo de chegar até 2030 aos 3.000 milhões de euros exportados.

Para este ano, a APICCAPS tem previstas 53 iniciativas de promoção externa (acima das 38 realizadas em 2023) nos 18 mercados escolhidos pela “apetência por calçado de alta qualidade, com forte componente de moda e design, e exigentes requisitos técnicos”: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Hong Kong, Itália, Japão, Marrocos, Nova Zelândia, Países Baixos, Polónia e Reino Unido.

Na associação empresarial fundada em 1975 e sediada no Porto, que representa toda a fileira – indústria de calçado, de componentes para calçado, de artigos de pele e comércio de bens de equipamento –, a acompanhar Luís Onofre no próximo mandato de três anos estará um grupo de 25 outros empresários, com Joaquim Moreira a liderar a Mesa da Assembleia Geral e Domingos Ferreira a assumir a presidência do Conselho Fiscal.

Veja a lista completa dos novos órgãos sociais da APICCAPS

Direção

Presidente: Luís Onofre, Conceição Rosa Pereira

Vice-Presidente: Paulo Martins, Célita

Paulo Ribeiro, Atlanta

Ana Maria Vasconcelos, Vasconcelos & Cª

Secretário: José Azevedo Pinto, Design & More, S.A.

Tesoureiro: Reinaldo Teixeira, Carité

Vogais: Albano Fernandes, AMF, Lda

António Ferreira, A Ferreira & Pereira, Lda

David Braga, Eurodavil

Jorge Fernandes, Savana

José Alberto Silva, Tatuaggi

Mariana Santos, Tecmacal

Orlando Soares, Malas Peixoto Soares

Pedro Coelho, João Batista Pereira Coelho & Filhos

Pedro Pinto, Codenoir

Tiago Henriques, Lusocal

Vitorino Coelho, Vitorino da Silva Coelho

 

Assembleia-geral

Presidente: Joaquim Moreira, J Moreira, S.A.

1º Secretário: Carlos Alberto Rodrigues dos Santos, Zarco

2º Secretário: Avelino Fonseca, Protac

Suplentes: Guilherme Almeida, Guilherme da Silva Almeida & Filhos, S.A.

Fátima Henriques, Fernando J. Henriques

 

Conselho Fiscal

Presidente: Domingos Ferreira, Camilo Martins Ferreira & Filhos

Vogais: José Augusto Neto, Netos – Fábrica de Calçado

Filipa Couto, Trofal

Suplentes: Dulce Cardoso, José Fernandes Cardoso

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Finlândia prolonga por mais um mês encerramento da fronteira com a Rússia

  • Lusa
  • 11 Janeiro 2024

A Finlândia acusa a Rússia de conduzir deliberadamente os migrantes em direção à sua fronteira.

A Finlândia anunciou esta quinta-feira que vai prolongar por mais um mês o encerramento da fronteira com a Rússia devido a um alegado ataque à segurança do país nórdico por Moscovo através do envio de migrantes indocumentados pela fronteira comum.

O Governo da Finlândia encerrou a fronteira no final de 2023 após a chegada ao país desde setembro, através da fronteira, de 1.300 migrantes em situação ilegal, um número considerado anormalmente elevado e apenas alguns meses após a adesão da Finlândia à NATO. A Finlândia acusa a Rússia de conduzir deliberadamente os migrantes em direção à sua fronteira. O Kremlin negou as alegações e disse lamentar o encerramento dos postos fronteiriços pelos finlandeses.

A medida hoje anunciada deve prolongar-se até 11 de fevereiro, indicou em conferência de imprensa em Helsínquia o ministro do Interior, Mari Rantanen, acrescentando que as autoridades suspeitam que a Rússia continua a manipular os migrantes indocumentados. “Existem pessoas nas áreas circundantes e que aguardam a abertura da fronteira”, disse Rantanen.

Os migrantes que chegaram à Finlândia nos últimos meses são sobretudo provenientes do Médio Oriente e África – em particular da Síria, Somália e Iémen – e a maioria solicitou asilo na Finlândia. Permanecem de momento em centros de acolhimento de migrantes em vários pontos do país enquanto aguardam a decisão das autoridades.

Diversos responsáveis locais definem as alegadas ações de Moscovo como uma retaliação pela adesão do país nórdico à NATO em abril de 2023, mas peritos finlandeses na área da segurança consideram que o motivo desta atuação através dos migrantes permanece incerto.

O Governo do primeiro-ministro Petteri Orpo decidiu em novembro encerrar os 1.340 quilómetros da fronteira comum com a Rússia, ao alegar motivos de segurança e uma “guerra híbrida” movida por Moscovo. Posteriormente reabriu dois postos fronteiriços no leste e norte da Finlândia, para testar a situação, mas o afluxo de migrantes prosseguiu.

A totalidade dos oito postos fronteiriços entre a Finlândia e a Rússia destinados a passageiros estão encerrados desde 15 de dezembro. De momento, permanece em funcionamento o posto fronteiriço de Vainikkala, no sudeste do país e destinado ao transporte de mercadorias por via-férrea.

A Finlândia, com 5,6 milhões de habitantes, situa-se na fronteira externa da União Europeia no norte, e constitui uma parte significativa do flanco nordeste da NATO.

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WPP considera vender os 40% que detém da Kantar. Negócio pode gerar até quatro mil milhões de dólares

Desde que foi noticiada a intenção de venda dos seus 40% da Kantar, as ações da WPP subiram 1,2%. A Bain também estará a equacionar a venda da Kantar Media.

A WPP está a equacionar vender os 40% que detém da Kantar. Segundo a Bloomberg, a multinacional encontra-se, em conjunto com um consultor, a ponderar colocar a sua participação à venda ou vendê-la diretamente à Bain, a outra acionista a quem já tinha vendido 60% da Katar em 2019, num negócio que avaliou a empresa de estudos de mercado em cerca de 3,2 mil milhões de libras (cerca de 3,7 mil milhões de euros). O negócio pode gerar entre três a quatro mil milhões de dólares (equity value, isto é, não incluindo a dívida).

A Kantar emprega mais de 25 mil pessoas globalmente e tem uma dívida de cerca de 4 mil milhões de dólares (cerca de 3,64 mil milhões de euros), refere a Bloomberg, citando pessoas conhecedoras do negócio.

No entanto a avaliação que está a ser feita pela WPP para uma possível venda ainda está numa fase primária, segundo as fontes citadas, pelo que a WPP ainda pode vir a decidir-se por manter a sua participação na Kantar, caso não encontre “opções viáveis” para o negócio.

Desde que foi noticiada a intenção de venda dos seus 40% da Kantar, as ações da WPP subiram 1,2%, refere a Reuters.

Por outro lado, a Bain também estará a equacionar a venda da Kantar Media – unidade da Kantar que desenvolve análise de media, como a medição de audiências, sendo inclusive responsável pelo BARB, sistema de medição de audiências televisivas no Reino Unido -, que pode valer cerca de mil milhões de libras (1,16 mil milhões de euros), avançou a Sky News.

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Com um valor de mercado de quase 3 biliões de dólares, Microsoft ultrapassa Apple e é a cotada mais valiosa do mundo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11 Janeiro 2024

A aposta da Microsoft na área da inteligência artificial impulsionou a gigante tecnológica norte-americana a atingir um valor de mercado de cerca de 2,9 biliões de dólares.

A Microsoft ultrapassou a Apple e tornou-se, esta quinta-feira, a cotada mais valiosa do mundo. O forte crescimento da empresa fundada por Bill Gates, cujas ações valorizaram mais de 50% no ano passado, foi impulsionado, sobretudo, pela aposta na inteligência artificial (IA), nomeadamente na OpenAI.

Na abertura das negociações em Wall Street, os títulos da Microsoft subiam cerca de 1%, o que elevou a sua capitalização em bolsa para 2,875 biliões de dólares. Por sua vez, as ações da fabricante do iPhone desvalorizavam quase 1%, para um valor de mercado de 2,871 biliões de dólares.

Se a nova vaga de IA generativa alimentou a subida das ações da Microsoft – que é o maior patrocinador da OpenAI, a criadora do ChatGPT –, a Apple tem enfrentado uma série de desafios, tendo encerrado 2023 com ganhos de 48%.

Apesar de ter apresentado planos na área da IA na segunda metade do último ano, a empresa fundada por Steve Jobs viu cair as vendas do iPhone, principalmente na China, o que contribuiu para o desempenho abaixo do nível da Microsoft.

É a primeira vez desde 2021 que a empresa de software supera a Apple. Com o mundo em plena pandemia de Covid-19, o negócio da Microsoft ganhou força durante o boom do teletrabalho, numa altura em que a produção do iPhone foi interrompida devido ao encerramento de fábricas e problemas de fornecimento.

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PRR

Eurodeputados do PSD questionam Bruxelas sobre aplicação do PRR em Portugal

  • Lusa
  • 11 Janeiro 2024

Carlos Coelho e José Manuel Fernandes querem saber “as preocupações" levantadas no relatório do TdC "suscitam algum plano de ação ou revisão por parte da Comissão Europeia.

Os eurodeputados do PSD Carlos Coelho e José Manuel Fernandes questionaram esta quinta-feira a Comissão Europeia sobre “a eficácia e eficiência da aplicação dos fundos europeus pelo Governo português”, na sequência de um relatório do Tribunal de Contas (TdC).

Os eurodeputados querem saber, nomeadamente, se “as preocupações levantadas pelo TdC (sobre a execução incipiente dos fundos e às deficiências e inconsistências nos registos contabilísticos e na monitorização) suscitam algum plano de ação ou revisão por parte da Comissão Europeia, para assegurar a correta e eficiente utilização dos fundos em Portugal”.

Os signatários querem ainda saber se o executivo comunitário tem conhecimento de quaisquer esforços de Lisboa para resolver “atrasos recorrentes” identificados no relatório ‘Fluxos Financeiros entre Portugal e a União Europeia e execução de fundos europeus em 2022’ e que terão “custos adicionais de cerca de 45 milhões de euros em juros ao longo de dez anos”.

Na carta, encabeçada por Carlos Coelho e José Manuel Fernandes, mas subscrita pelos restantes quatro eurodeputados eleitos pelo PSD, a Comissão é ainda questionada sobre eventuais medidas recomendadas para assegurar a eficácia futura dos pagamentos, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O TdC apontou uma “incorreta e inconsistente” contabilização dos valores do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) na Conta Geral do Estado (CGE) em 2022 e registou, no relatório divulgado na terça-feira, que, no final de 2022, a disponibilização do PRR a beneficiários era de 1.410 milhões de euros, “o que representava 8,5% da dotação total prevista”.

No mesmo dia, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, insistiu esta quinta que a avaliação é referente a 2022 e que 2023 foi “um ano-chave para o arranque mais em força do PRR”. Vieira da Silva defendeu ainda não haver atrasos na aplicação destes fundos no país, considerando que cada projeto “tem um tempo próprio” que decorre da definição da ideia, da decisão do que fazer, da encomenda dos materiais e da sua execução em termos concretos.

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Presidente do Supremo Tribunal alerta para “aventuras legislativas” que comprometam independência judicial

  • Lusa
  • 11 Janeiro 2024

O presidente do STJ, Henrique Araújo, alertou para os riscos de possíveis intervenções do poder político que venham a comprometer a independência e o funcionamento dos tribunais.

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Henrique Araújo, alertou esta quinta-feira para os riscos de possíveis intervenções do poder político que venham a comprometer a independência e o funcionamento dos tribunais.

“Vejo no horizonte cada vez mais próximo a criação de um ambiente propício a aventuras legislativas, que podem comprometer a independência dos tribunais e o regular funcionamento do sistema de Justiça” afirmou o juiz conselheiro, considerando “letal para as democracias o enfraquecimento das estruturas judiciais”.

Num discurso proferido na cerimónia da tomada de posse da juíza conselheira Graça Amaral como vice-presidente do STJ, Henrique Araújo apontou “sinais evidentes de desgaste e deterioração” das democracias.

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Ação inspetiva a falsos recibos verdes vai abranger 20 mil trabalhadores

Ação inspetiva contra falsos recibos verdes começará por indivíduos que têm maior dependência relativamente às empresas às quais prestam serviços, indicou ministra do Trabalho.

A ação inspetiva que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) vai desencadear ainda este mês com vista a combater o falso trabalho independente vai abranger cerca de 20 mil indivíduos, avançou esta quinta-feira a ministra do Trabalho. Ana Mendes Godinho adiantou que, numa primeira fase, serão cobertos os recibos verdes com maior percentagem de dependência face às empresas às quais prestam serviços.

“Numa primeira avaliação que foi feita, esta ação abrangerá cerca de 20 mil trabalhadores“, informou a governante, que falava numa sessão promovida pela ACT para dar a conhecer o balanço provisório da atividade realizada em 2023. “Será feito por fases. Naturalmente, começará pelas pessoas que têm maior nível de dependência“, precisou Ana Mendes Godinho.

No outono, numa entrevista ao Público e à Renascença, a ministra do Trabalho já tinha indicado que seria feita uma ação de fiscalização ao falso trabalho independente. Na altura, a governante referiu que a fiscalização seria realizada ainda em 2023, mas tal acabou por não acontecer.

Tanto que esta semana, no Parlamento, Ana Mendes Godinho anunciou que, afinal, a ação inspetiva arrancaria este mês. “Neste momento, já foi feito o cruzamento de dados entre a ACT e a Segurança Social para deteção dos trabalhadores que são trabalhadores independentes economicamente dependentes”, explicou a ministra esta quinta-feira.

Segundo a responsável, neste âmbito, os trabalhadores independentes economicamente dependentes que têm mais de 80% de atividade para uma única entidade serão notificados ainda este mês.

Atualizada às 16h23

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Abreu Advogados lança documentário dos 30 anos

O documentário conta também com a participação de responsáveis de empresas (Imperial e Randstad) e especialistas académicos da NOVA School of Law e da Católica Global School of Law.

A Abreu Advogados lançou um documentário para celebrar os seus 30 anos de história, contado em três episódios por protagonistas da sociedade.

Esta minissérie documental conta a história e revela pormenores sobre o ADN da Abreu que, ao longo destas três décadas, “passou por transformações significativas , criando dinâmicas diferenciadoras, que vieram contribuir para reforçar o seu papel como uma das sociedades mais inovadoras no mercado português. Este documentário inclui declarações exclusivas de alguns dos principais intervenientes na história da Abreu, que explicam na primeira pessoa aquele que foi e tem sido o desenvolvimento da sociedade ao longo dos anos”, segundo comunicado do escritório.

O documentário conta também com a participação de responsáveis de empresas (Imperial e Randstad) e especialistas académicos da NOVA School of Law e da Católica Global School of Law.

O lançamento deste documentário marca, desta forma, o fim da celebração dos 30 anos da Abreu Advogados que, durante todo o ano de 2023, promoveu diversas iniciativas.

De algumas das iniciativas desenvolvidas durante o ano, destacam-se a criação de imagens dos valores da Abreu Advogados, com recurso a uma ferramenta de inteligência artificial, e a organização da conferência “O Futuro: Evolução das Organizações na era da Inteligência Artificial”, um evento que juntou mais de 300 pessoas na Fundação de Serralves, no Porto, para debater o futuro das profissões com recurso a novas tecnologias de IA. O documentário da Abreu Advogados poderá ser visualizado na sua totalidade no Youtube.

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Estratégia nacional para semicondutores com orçamento de 121 milhões até 2027

  • Lusa
  • 11 Janeiro 2024

Deste montante, 39 milhões de euros podem já ser aplicados este ano para alcançar os objetivos da estratégia.

A Estratégia Nacional para os Semicondutores conta com um orçamento de até 121 milhões de euros, 39 milhões dos quais a serem aplicados já este ano, anunciou esta quinta-feira o Governo.

A resolução do Conselho de Ministro […] autoriza a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e a Agência Nacional de Inovação (ANI) a executar um gasto de até 121 milhões de euros, entre 2024 e 2027, para reforçar esta atividade”, adiantou o adjunto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Diogo Vaz, que apresentou a Estratégia Nacional para os Semicondutores, em Lisboa.

De acordo com este especialista em semicondutores, deste montante, 39 milhões de euros podem já ser aplicados este ano para alcançar os objetivos da estratégia. Para o próximo ano estão orçamentados 36 milhões e para 2026 e 2027 quase 23 milhões de euros anuais. “Acreditamos que esta estratégia terá um impacto muito grande no ecossistema nacional e que dará frutos”, assinalou Diogo Vaz, durante a sessão que decorre no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

O adjunto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior lembrou que este setor tem dado muito que falar, tendo em conta a sua importância, sobretudo nos últimos anos, e também pelo facto de os semicondutores estarem presentes na maioria dos dispositivos que utilizamos. Contudo, recentemente verificaram-se algumas irregularidades no que toca à distribuição de semicondutores, sobretudo, devido à pandemia e aos conflitos internacionais.

Atualmente, a produção de semicondutores está concentrada em áreas específicas e, segundo o mesmo, havendo um problema nestas áreas, “toda a cadeia mundial colapsa”. Neste sentido, o ‘European Chips Act’, iniciativa europeia para impulsionar a competitividade e resiliência da União Europeia em matéria de semicondutores, vai mobilizar cerca de 43.000 milhões de euros, com investimento público e privado.

O desenvolvimento da estratégia de Portugal para os semicondutores começou pela análise daquilo que o país “faz de bom” nesta temática. Destacam-se as áreas do design e encapsulamento, sendo que Portugal tem a maior fábrica da Europa para a produção de alto volume de encapsulamento e teste – a Amkor.

Por sua vez, Lisboa, Porto, Aveiro e Setúbal são os principais clusters de semicondutores no país. Esta estratégia tem por objetivo “o fortalecimento da investigação e desenvolvimento, mas também da parte industrial, de modo a construir um framework onde as empresas possam captar as potencialidades do ‘Chip Act’”.

Para Diogo Vaz, após o lançamento da estratégia, Portugal tem condições “mais do que suficientes” para captar estas oportunidades. A estratégia prevê ainda a criação de um Centro Nacional de Competências, a identificação de sinergias para que possa haver um crescimento do desenvolvimento, inovação e produção e a criação de linhas de ação concretas.

Dentro desta, foram definidos três eixos, sendo o primeiro dedicado ao treino especializado, uma vez que “há falta de skills [competências] em semicondutores”. O segundo eixo aborda a expansão da capacidade de desenho de ‘chips’ e o encapsulamento avançado. “Foi identificada a necessidade de aumento do número de engenheiros, em particular, para estas duas áreas”, detalhou.

Já o terceiro eixo pretende aumentar a transferência de tecnologia em áreas emergentes, como a cointegração de tecnologias e a manufatura de sensores a larga escala. Em dezembro de 2023, o Governo aprovou a Estratégia Nacional para os Semicondutores, em que estabelece os “objetivos e eixos estratégicos” para promover o crescimento do setor em Portugal e maximizar a participação portuguesa na lei europeia dos chips.

De acordo com um comunicado do Conselho de Ministros, tal irá potenciar “novas oportunidades de cooperação institucional, industrial e de investigação” e contribuir para “o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e competitivas no mercado internacional”.

Estratégia para semicondutores dará “contributo valioso” para competitividade

O presidente da Agência Nacional de Inovação (ANI), António Grilo, defendeu esta quinta-feira, em Lisboa, que a estratégia nacional para os semicondutores dará um “contributo valioso” para a competitividade da economia de Portugal.

“Estou convicto de que esta estratégia dará um contributo valioso […] para tornar a economia nacional mais competitiva”, afirmou António Grilo, que falava na apresentação da Estratégia Nacional para os Semicondutores, que decorre no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

Para o presidente da ANI, o ‘European Chips Act’, iniciativa europeia para impulsionar a competitividade e resiliência da União Europeia em matéria de semicondutores, vai permitir impulsionar a autonomia tecnológica, criar mais valor e a reduzir a dependência de países terceiros. Conforme sublinhou, a investigação e a inovação são fatores-chave para a criação de valor, bem como a colaboração “com os melhores, a nível nacional e internacional”.

De acordo com os dados citados por este responsável, desde 2021 e até hoje, Portugal captou cerca de 800 milhões de euros de financiamento no âmbito do Horizonte Europa, programa para a investigação e inovação. “As entidades nacionais participam em 1.300 projetos e coordenam 300. Um em cada cinco projetos submetidos terá oportunidade de ter financiamento no Horizonte Europa”, acrescentou.

António Grilo, que deixou uma mensagem de agradecimento à ministra da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, destacou também o compromisso da ANI e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) na implementação da estratégia, ao criarem condições para que os stakeholders (partes interessadas) possam participar e “ter uma presença ativa” nas oportunidades do Horizonte Europa.

Por sua vez, a presidente da FCT, Madalena Alves, lembrou a “importância estratégica” dos semicondutores para o desenvolvimento de novos materiais, dispositivos tecnológicos e aplicações digitais. “Os semicondutores estão presentes em, praticamente, todos os equipamentos tecnológicos modernos”, vincou.

Para esta sessão de abertura estava também prevista a intervenção do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, que não está presente. Em dezembro de 2023, o Governo aprovou a Estratégia Nacional para os Semicondutores, em que estabelece os “objetivos e eixos estratégicos” para promover o crescimento do setor em Portugal e maximizar a participação portuguesa na lei europeia dos chips.

De acordo com um comunicado do Conselho de Ministros, tal irá potenciar “novas oportunidades de cooperação institucional, industrial e de investigação” e contribuir para “o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e competitivas no mercado internacional”.

No dia 21 de setembro do mesmo ano, entrou em vigor na União Europeia (UE) o regulamento europeu para impulsionar o setor dos semicondutores, o qual visa garantir a segurança do aprovisionamento e reforçar o investimento, num apoio de 3,3 mil milhões de euros em fundos comunitários.

Um dos principais âmbitos da nova lei europeia visa a transferência de conhecimentos dos laboratórios para as fábricas, colmatando o fosso entre a investigação e a inovação e as atividades industriais e promovendo a exploração industrial de tecnologias inovadoras pelas empresas europeias.

Semicondutores são a designação corrente para os circuitos integrados que permitem que os dispositivos eletrónicos que utilizamos, sejam telemóveis, micro-ondas ou elevadores, processem, armazenem e transmitam dados, fazendo parte de quase todos os objetos à nossa volta.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h38)

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Portugal tem de publicar online as 36 respostas dos futuros membros do Governo. São 28 as recomendações para combate à corrupção

O Conselho da Europa, através do GRECO, põe em causa questionário de 36 perguntas para futuros membros do Governo português criticando a confidencialidade das respostas.

O Grupo de Estados contra a Corrupção (Greco) do Conselho da Europa põe em causa o questionário de 36 perguntas criado pelo Governo português – em janeiro de 2023 – para avaliar a idoneidade e integridade dos futuros membros do Governo, pondo em causa a confidencialidade das respostas. E assumindo que essas mesmas respostas devem ser avaliadas por entidades externas – como a Entidade Para a Transparência – e devem ficar disponíveis online.

No seu relatório anual, o Grupo de Estados contra a Corrupção (GRECO), o organismo do Conselho da Europa contra a corrupção, faz 28 recomendações a Portugal, nomeadamente a melhoria da eficácia do seu sistema de promoção da integridade e de prevenção de corrupção no Governo e nas instituições de autoridade.

Em janeiro de 2023 foi aprovado e publicado em Diário da República um questionário com 36 perguntas que os candidatos a governantes vão ter de preencher antes de aceitarem o cargo. Os governantes terão de fazer uma cruz no “sim” ou “não” em 36 perguntas sobre a situação profissional e fiscal, a participação em empresas, atividades dos familiares, conflitos de interesse e envolvimento em processos judiciais.

É o caso da questão em que se pergunta ao candidato se “exerceu, nos últimos três anos, funções em entidades públicas ou em que o Estado tenha posição relevante?”, onde, no caso de a resposta ser afirmativa, se deve “indicar qual a função que exerceu e em que entidade; qual a causa da cessação da função, e se, por força dessa cessação, recebeu qualquer tipo de compensação que, atenta a nomeação para o cargo que é proposta/o, deva devolver, total ou parcialmente)”.

A pergunta, que é feita também para os membros do agregado familiar, surgiu no seguimento do caso da ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, que terá violado o estatuto do gestor público quando foi para a administração da NAV e não devolveu parte da indemnização de 500 mil euros que recebeu quando deixou a TAP.

A ex-CPO, ex-CFCO e ex CCO da TAP, ex-presidente do CA da NAV e ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, durante a sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito, na Assembleia da República, em Lisboa, a 5 de abril de 2023.ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Assim, o GRECO sugere ainda que esse mesmo questionário deve ser para todos os que ocupam posições de topo no Estado, e não apenas os futuros membros do Governo. “O GRECO recomenda que as regras sobre verificações de integridade se apliquem a todas as pessoas com funções executivas de topo, antes da sua nomeação, a fim de identificar e gerir conflitos de interesses existente e potenciais”, indica o relatório da quinta ronda de avaliação.

De acordo com o organismo, os resultados devem ser difundidos no momento da tomada de posse. A área de competência e os deveres específicos de todos os membros dos gabinetes ministeriais, incluindo o do primeiro-ministro, devem ser “publicados online e mantidos atualizados”, sustenta.

A equipa de peritos do GRECO concluiu ainda que a Estratégia Nacional Anticorrupção (ENA) ficou aquém do necessário visto que não contempla um plano de ação específico que descreva “tarefas precisas, funções das autoridades responsáveis, prazos para a implementação de tarefas e indicadores de realização”. Também, de acordo com a entidade, a ENA não estabelece requisitos de apresentação de relatórios de monitorização.

O GRECO refere que, entre 2019 e 2021, Portugal criou mecanismos de combate à corrupção mas que todo o processo foi prejudicado por atrasos sucessivos, recomendando um “redobrar de esforços” para tornar o seu sistema de combate à corrupção mais eficaz. E reconhece que Portugal só vai ver resultados dessas medidas quando o Mecanismo Anti-Corrupção Nacional e a Entidade para a Transparência estiverem a funcionar em pleno, “o que não é ainda o caso”, refere o sumário do relatório.

É ainda pedida uma maior transparência para contactos entre membros do Governo e lobistas. Uma recomendação que surge num contexto de crise política e com eleições legislativas à porta – marcadas para 10 de março –, depois das suspeitas de terem existido favores e influências por parte do ex-chefe de gabinete de Costa, Vítor Escária, e do advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de Costa, junto do Governo, no processo da Operação Influencer, que levou à demissão de António Costa e à queda do Governo.

Vitor Escária e Diogo Lacerda Machado

O GRECO acrescenta que a “receção de presentes, ofertas, hospitalidade, convites ou outros benefícios” deve ser registada num registo central e o acesso do público à informação melhorado, apelando para a revisão dos procedimentos de consulta pública relativos aos decretos-lei.

No relatório é lembrado que, segundo o Índice de Perceção da Corrupção (CPI), da Transparência Internacional, Portugal ocupou a 33.ª posição entre 180 países em 2022, obtendo uma pontuação de 62 num total de 100 (0 corresponde a países com um elevado nível de corrupção e 100 para países com baixo nível corrupção).

De acordo com o Barómetro Global da Corrupção na União Europeia (UE) 2021, da Transparência Internacional, 88% dos portugueses pensam que a corrupção no Governo é um grande problema, uma percentagem superior à média da UE (62%).

Portugal é membro do GRECO desde 2002 e já passou por quatro rondas de avaliação centradas em diferentes temas relacionados com a prevenção e o combate à corrupção.

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