Ações da EDPR tombam 11%. CEO diz estar “muito confiante” sobre crescimento nos EUA
A EDP está confiante de que a procura por energia nos Estados Unidos continuará a suportar o crescimento das energias renováveis no país, apesar da vitória de Trump.
O CEO da EDP e EDP Renováveis, Miguel Stilwell de Andrade, afirma que a empresa vai estar atenta às políticas da administração de Trump e implicações “no curto prazo”, mas não conta com “cortes substanciais” na legislação e afirma-se confiante de que a empresa continuará a crescer neste mercado “chave”.
“Acreditamos firmemente que os Estados Unidos se mantêm um mercado chave para o desenvolvimento de energias renováveis”, afirma Miguel Stilwell de Andrade. Apesar disso, concede: “Estaremos obviamente a analisar eventuais implicações para a execução no curto prazo e para o crescimento, dadas as naturais incertezas que existem em tempos de transição”.
Estas declarações foram feitas numa chamada com analistas, realizada no rescaldo da apresentação de resultados da subsidiária de energias limpas do grupo EDP. A EDP Renováveis. A EDP Renováveis registou uma queda homóloga de 53% nos lucros nos primeiros nove meses, para 210 milhões de euros, face aos 445 milhões alcançados no mesmo período do ano passado.
No fecho, as ações da EDP Renováveis tombaram 11,08% para 11,24 euros, mínimos de abril, enquanto as da ‘casa mãe’ EDP desciam 7,10% para 3,32 euros. Os títulos do grupo pesaram no índice PSI, que recuou 3,27%.
Nas próximas semanas e meses a empresa estará atenta às “pessoas chave” que serão nomeadas e as políticas para o setor. Na visão de Stilwell, os benefícios que o Inflation Reduction Act traz ao país “tornam improvável que a legislação sofra cortes substanciais“. O responsável financeiro da cotada (CFO), Rui Teixeira, assinalou na mesma chamada que existem questões ligadas ao hidrogénio verde que ainda não estão consolidadas em termos legislativos.
Este pacote, lançado pelo ex-presidente Joe Biden, que inclui fortes incentivos ao setor renovável, foi fortemente criticado por Donald Trump, recém-eleito como presidente dos Estados Unidos. Ainda em maio, Trump anunciou que, caso chegasse ao poder, iria terminar a aplicação do IRA: “Vou cancelar todos os fundos que ainda não tenham sido despendidos no âmbito do mal-designado Inflation Reduction Act”.
No entanto, o líder da EDP relembrou que o setor das renováveis norte-americano experienciou “um crescimento forte” durante a primeira presidência de Donald Trump, e muitos dos maiores investimentos de energias limpas estão localizados em estados republicanos. A empresa, recorda o gestor, está presente nos EUA desde 2007, tendo por isso experienciado diversos ciclos políticos e económicos e tendo vindo a reforçar o crescimento. Nos últimos 12 meses, o crescimento das empresa nos EUA foi de 20%.
Para já, a mensagem é de confiança no crescimento neste mercado. Nos primeiros nove meses do ano, a EDPR instalou 1 gigawatt de capacidade renovável nos Estados Unidos, e não pretende ficar por aqui. “Estamos muito confiantes em atingir aproximadamente 2 gigawatts em adições de capacidade até ao final do ano“, disse Stilwell. A empresa tem mais de 1 GW de capacidade assegurada para 2025.
“Continuamos a ver um crescimento significativo da procura por eletricidade nos EUA nos próximos anos”, argumentou ainda Stilwell, olhando para a procura criada por exemplo por centros de dados e atividades industriais. Em paralelo, a EDP Renováveis América do Norte “está muito bem posicionada” em termos de potenciais incrementos nas tarifas sobre as importações, dado que tem “um peso elevado de fabrico local dos projetos de renováveis”.
Junção EDP com EDP Renováveis “nunca estará fora da mesa”
Confrontado com a “tentação” que poderia existir em juntar as duas cotadas do grupo EDP, olhando para a evolução de ambas em bolsa, o CEO atirou: “Por definição o nosso trabalho é olhar para todas as opções. Nunca estará fora da mesa”. No entanto, acabou por concluir que a administração está “satisfeita” com a estrutura atual.
Stilwell reconhece que a EDP Renováveis “é uma ação mais volátil” e que o dia após as eleições dos Estados Unidos está a ser marcado por uma quebra relevante. “Está, claramente, a arrastar-nos para baixo, e significativamente”, concedeu. Enquanto a EDP Renováveis chega a descer 12%, a EDP fica-se por uma quebra de 7%. Contudo, “também teve fases em que esteve a subir”, contrapôs. Além disso, a separação entre as duas empresas tem a vantagem de aumentar o grau de visibilidade e transparência sobre o negócio, “o que ajudou a captar capital no passado”, sublinha.
“Estes ciclos [políticos] acontecem e estamos focados em executar, entregar megawatts, cortar os custos, crescer o negócio lucrativamente”, concluiu Stilwell de Andrade.
(Notícia atualizada com as cotações de fecho da EDP, EDP Renováveis e PSI)
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