Bancos devem “aproveitar bons resultados” para investir de forma “inteligente”

Vice-governadora do Banco de Portugal lembrou a “evolução fabulosa” que o setor teve na última década e meia. Agora deve aproveitar bons resultados para investir de forma “inteligente”.

Os bancos tiveram uma “evolução fabulosa” na última década e meia, mas devem aproveitar os bons resultados para investirem de forma “inteligente” para responder aos desafios tecnológico e ambiental, defendeu a vice-governadora do Banco de Portugal esta terça-feira.

É tempo de investir, é a altura certa para se pensar no negócio. Será determinante para o futuro dos bancos”, referiu Clara Raposo na conferência Money Summit, organizada pela EY.

“É o momento de olharem para o modelo de negócio e definirem onde querem investir e serem inteligentes, é isso que o Banco de Portugal quer”, acrescentou logo a seguir, apontando para os vários desafios que o setor enfrenta, incluindo o desafio tecnológico e ambiental.

Segundo a vice-governadora, os bancos devem “aproveitar os bons resultados para olharem para o futuro” e definir “que banco querem ter daqui a 15 anos”.

“As necessidades de investimento são significativas (…) mas são importantes”, frisou.

Clara Raposo sublinhou que as novas tecnologias vão dar a oportunidade aos bancos para inovarem e apresentarem ofertas diferenciadas, personalizar produtos e serviços, permitindo aumentar a eficiência e a proteção contra ataques informáticos.

“Para as instituições de menor dimensão o desafio é ainda maior tendo em conta proporção e os ganhos de escala”, avisou a supervisora.

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Fintechs nacionais já levantaram 1,16 mil milhões de euros

Este ano já nasceram mais 37% fintechs nacionais do que em 2023, que foi acompanhado por um crescimento de quase 2% do investimento acumulado, revela o "Portugal Fintech Report 2024".

O ecossistema fintech português atingiu um investimento acumulado de 1,16 mil milhões de euros este ano, com 85% das companhias a contar com investidores internacionais, segundo o “Portugal Fintech Report 2024”, conhecido esta terça-feira. Este ano nasceram mais fintechs, uma subida de 37% relativamente ao ano anterior.

Desde o nosso primeiro relatório em 2017, o cenário do setor fintech evoluiu significativamente, não só pela disrupção tecnológica como em adoção do mercado. No entanto, os desafios dos longos ciclos de vendas e de escalar internacionalmente continuam a necessitar de atenção. A Inteligência Artificial continua a atrair investidores, sublinhando-se o facto de 71% dos fundadores indicarem o seu impacto positivo na eficiência e produtividade do setor”, diz Mariana Gorjão Henriques, membro da direção da Portugal Fintech, citada em comunicado.

Depois de em 2023 o ecossistema ter atingido um investimento acumulado de 1,14 mil milhões de euros, este ano esse valor sobe 1,8% para 1,16 mil milhões, com 11% das fintechs a serem criadas neste ano, uma recuperação face a 2023, ano de menor registo (3%).

Fonte: Portugal Fintech Report 2024.

Os números da Portugal Fintech revelam também que o peso dos investidores internacionais aumentou. “No ano passado, apenas 42% das empresas tinha investidores internacionais, mas este ano esse valor subiu para 85%, revelando um crescimento significativo no interesse global e apoio às fintechs portuguesas”, destaca o relatório.

Lisboa acolhe mais de metade das fintechs, mantendo-se com 60% do maior fintech hub para as empresas nacionais, seguido do Porto (16%) e Braga (5%). Fora de Portugal, destaque ainda para o Reino Unido que agrega cerca de 8% das fintechs nacionais.

 

Fonte: Portugal Fintech Report 2024.

Apesar do crescimento do investimento no ecossistema, a exigência de métricas de vendas e tração (41%), seguido pela capacidade de escalar internacionalmente (21%) e o país onde está sediado, devido a questões fiscais ou legislação laboral, por exemplo (13%), são os principais obstáculos listados pelos fundadores na hora de levantar capital.

“Dado o pequeno mercado de Portugal, é fundamental fortalecer as estratégias de go-to-market internacionais, com suporte em diplomacia económica e na diáspora para superar os longos ciclos de vendas, sobretudo no setor bancário, onde os processos de procurement podem ser demorados”, refere comunicado.

Ao nível de talento, as necessidades das fintechs mudaram substancialmente. Em 2024, a dificuldade em contratar talento na área tech diminuiu de 75% para 44%, enquanto os desafios de recrutamento em marketing e vendas aumentaram de 8% para 20%, “refletindo uma transição no ecossistema fintech de desenvolvimento de produto para vendas e expansão comercial.”

Fonte: Portugal Fintech Report 2024.

Quando se trata de colaboração com incumbentes, 28% das fintechs apontam a disparidade cultural como um obstáculo, e 67% referem que as parcerias demoram mais de um ano a serem fechadas. “Para acelerar este processo, é essencial melhorar o canal de interação e startups com incumbentes”, destaca o comunicado.

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Governo quer arrancar obras no Humberto Delgado a 25 de novembro

  • ECO
  • 5 Novembro 2024

O Executivo prevê assinar o auto de consignação das obras ainda este mês. ANA está na fase final de escolha do consórcio que fará a construção.

As obras no aeroporto Humberto Delgado deverão arrancar até ao final do mês. O Governo prevê assinar o auto de consignação no dia 25 de novembro, segundo notícia o Jornal de Negócios.

Segundo a mesma publicação, a ANA já selecionou os consórcios construtores que, nos próximos dias, vão ser chamados a apresentar as suas melhores ofertas finais. Em disputa pelo investimento, que supera os 300 milhões de euros, estão consórcios de empresas portuguesas e espanholas.

A intervenção no Humberto Delgado inclui a ampliação do terminal 1, alterações na pista com a construção de entradas múltiplas e saídas rápidas e a criação de uma placa de estacionamento no Aeródromo de Figo Maduro, cujo perímetro passará a integrar a concessão da ANA, mediante uma compensação a pagar ao Estado. As obras permitirão aumentar o número de movimentos de aeronaves de 38 para 45 por hora, elevando o número de passageiros para entre 40 e 50 milhões.

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Hoje nas notícias: TAP, professores e Função Pública

  • ECO
  • 5 Novembro 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A brasileira Azul acionou o agente fiduciário do empréstimo à TAP, o que pode afetar a privatização da transportadora portuguesa. De abril deste ano a julho de 2027, 90% dos docentes atuais estarão no topo da carreira. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta terça-feira, dominada pelas eleições nos EUA.

Processo da brasileira Azul pode afetar privatização da TAP

A brasileira Azul notificou a Bondholders, empresa que serviu de agente fiduciário do empréstimo de 90 milhões de euros à TAP SGPS, acordado em 2016, para que analise a situação de “incumprimento” das condições do contrato por parte da companhia aérea portuguesa. No documento, a Azul pede “urgência” à firma com sede em Valência na análise da situação e exige a realização de “uma assembleia extraordinária” para discutir as faltas da TAP SGPS no cumprimento do acordo. Este processo pode afetar a privatização da transportadora nacional e, caso haja uma decisão que antecipe o pagamento, o Estado terá de adiantar o valor em causa, já que a TAP S.A. deixou de integrar a holding, algo que a Azul denuncia como um dos incumprimentos do contrato.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

90% dos professores atingem o topo da carreira até julho de 2027

A recuperação do tempo de serviço dos professores do quadro vai permitir que 90% dos atuais docentes progridam até ao topo da carreira, em julho de 2027. Em valores nominais, traduz-se em 91.275 dos 101.277 professores do quadro previstos nessa altura a estarem colocados nos três últimos escalões da carreira, em que os salários variam entre 2.548 euros e 3.613 euros brutos. Segundo o Ministério da Educação, significa um aumento de 120% do número de docentes no topo da carreira de abril deste ano até julho de 2027.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Governo prevê 70 milhões para concurso extraordinário de docentes

O concurso extraordinário lançado pelo Governo para colmatar a falta de professores em zonas como Lisboa, Alentejo e Algarve vai ter um custo de 70 milhões de euros, segundo prevê a nota explicativa do Orçamento do Estado do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI)​ para 2025. Os resultados definitivos ainda não são conhecidos, mas as listas provisórias já publicadas pela Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE) indicam que foram apresentadas 6.406 candidaturas para 2.309 vagas.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Frente Comum não vai assinar acordo para subir salários

Da reunião de segunda-feira entre os sindicatos da Função Pública e o Governo saiu uma revisão em alta da proposta de aumentos salariais para os funcionários públicos nos próximos dois anos. Por um lado, uma subida nominal de 56,58 euros dos ordenados até 2.620,23 euros; por outro, os vencimentos acima deste patamar vão beneficiar de um incremento de 2,15% — neste caso, não cobrindo a inflação prevista para 2025 (2,3%). O coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, disse que aquela estrutura sindical não vai assinar o acordo plurianual, apontando que a atualização “não chega a cinco cêntimos por dia em relação à última proposta”. Outros sindicatos, como a FESAP, consideram que a proposta melhorou “poucochinho”, mas vai assinar o acordo com o Executivo.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Mais de 30 entidades querem água do Alqueva para o Sudoeste Alentejano e Algarve

Entre autarquias, empresas e associações de produtores e agricultores do sul do país, mais de três dezenas de entidades subscreveram um documento, a ser apresentado esta terça-feira em Odemira, a apelar ao Governo para a necessidade de uma interligação que permita trazer água de Alqueva para o sudoeste do Alentejo e Algarve. Os subscritores defendem que a solução inclua a modernização dos Perímetros de Rega do Mira, o reforço da Bacia do Alqueva — nomeadamente trazendo do rio Tejo a água que, em muitos períodos do ano, existe nestas bacias em excesso –, seguida da Interligação Alqueva – Mira, no Sudoeste Alentejano – Odelouca, no Algarve, e que já se encontra ligada por túnel ao sistema Funcho – Arade, faltando a interligação à Bravura, também no Algarve.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

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O exercício físico reduz o risco de cancro da próstata até 30%

  • Servimedia
  • 5 Novembro 2024

O exercício físico reduz o risco de cancro da próstata razão pela qual a Sociedade Espanhola de Oncologia Médica (SEOM), juntamente com outras associações, lançou a campanha “Moving for Life”.

A campanha foi promovida pela SEOM, pela Associação de Cancro da Próstata (Ancap) e pela Bayer, com o apoio da Associação Espanhola de Urologia (AEU) e da Sociedade Espanhola de Oncologia Radiológica (SEOR), com o objetivo de sensibilizar para o impacto positivo do desporto na recuperação e no bem-estar das pessoas com esta doença.

A apresentação desta campanha contou com a presença do treinador Toni Nadal, patrono honorário da iniciativa, apoiado por outras figuras de destaque do desporto espanhol, como Javier Martín, campeão mundial de duatlo 2024; Luis León Sánchez, ciclista e campeão espanhol de contrarrelógio, e Isabel Piralkova, jogadora espanhola de pólo aquático e medalha de ouro em Paris 2024.

De acordo com os dados da SEOM, o exercício físico é um instrumento fundamental para reduzir a mortalidade específica por cancro em quase 20% e tem o potencial de reduzir o risco de vários tipos de cancro, incluindo o cancro da próstata, em até 30%.

De facto, a atividade física em doentes recentemente diagnosticados melhora a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes afetados.

O CANCRO MAIS FREQUENTEMENTE DIAGNOSTICADO

A este respeito, o médico oncologista do Complexo Hospitalar Universitário da Corunha, Dr. Víctor Sacristán, do Grupo SEOM de Exercício e Cancro, sublinhou que “em 2024, o cancro da próstata será o cancro mais diagnosticado nos homens em Espanha, com cerca de 30.000 casos. Sabemos que a atividade física reduz a incidência deste cancro e das suas variantes mais agressivas, melhora a tolerância ao tratamento e reduz o risco de recidiva.

Além disso, acrescentou, “ajuda a atenuar os efeitos da terapia de privação de androgénio e de outros tratamentos, como os novos agentes hormonais, a quimioterapia ou a radioterapia, melhorando a qualidade de vida dos doentes. Por isso, dar visibilidade ao cancro da próstata e à importância do exercício físico com o apoio de atletas profissionais é um grande exemplo para a população e para os doentes.

César Comuñas, vice-presidente da Ancap, afirmou que “a iniciativa ‘Moving for Life’ é uma excelente oportunidade para sensibilizar a sociedade para a importância da deteção precoce e da prevenção do cancro da próstata. A promoção do exercício e da saúde ativa é fundamental”.

CANCRO DA PRÓSTATA

O cancro da próstata é o tipo de cancro mais frequente nos homens em Espanha, representando cerca de 20% do total de casos, e a terceira causa de morte relacionada com o cancro nos homens, a seguir ao cancro do pulmão e do cólon. Um dos seus principais fatores de risco é a idade, uma vez que é mais frequente em indivíduos com mais de 65 anos de idade.

Embora nas suas fases iniciais possa não apresentar sintomas, à medida que progride pode causar problemas urinários e dores na pélvis ou nas costas, entre outros. A deteção precoce e o tratamento adequado são cruciais para melhorar os resultados dos pacientes, uma vez que até 90% dos casos têm um bom prognóstico.

A este respeito, o representante do exercício e do cancro na Plataforma de Doentes da SEOR e oncologista de radioterapia do Hospital La Fe de Valência, Dr. Miguel Ángel Berenguer Francés, salientou que a radioterapia representa uma ferramenta fundamental no tratamento e melhor prognóstico do cancro da próstata, “especialmente quando utilizada em combinação com outras abordagens, como o exercício físico”.

RADIOTERAPIA

De facto, acrescentou, “a atividade física pode atenuar alguns efeitos secundários da radioterapia, melhorar a resposta do sistema imunitário e reforçar a saúde geral do doente, o que promove uma melhor tolerância ao tratamento e reduz o risco de complicações a longo prazo”.

Por fim, a diretora do gabinete de doentes da AEU e chefe do Serviço de Urologia Corporativa do Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, Dra. Carmen González Enguita, referiu que a AEU promove uma abordagem proativa para promover o diagnóstico precoce do cancro da próstata, apostando na sensibilização e consciencialização da população masculina em Espanha.

“Através de campanhas de informação como esta e da colaboração com os centros de saúde, promovemos a importância dos check-ups regulares, especialmente em homens com mais de 50 anos e entre 40 e 45 anos, nos casos com antecedentes familiares de cancro da próstata ou portadores de mutações genéticas conhecidas, uma vez que o diagnóstico precoce faz uma grande diferença na abordagem multidisciplinar e integral do doente e, sobretudo, nas taxas de cura da doença”.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 5 de novembro

  • ECO
  • 5 Novembro 2024

Ao longo desta terça-feira, 5 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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15 agências especializadas da ONU desempenham um papel essencial no desenvolvimento global

  • Servimedia
  • 5 Novembro 2024

Madrid faz parte de um pequeno grupo de cidades do mundo com a sede de uma destas entidades, a ONU Turismo.

A Organização das Nações Unidas (ONU) desempenha um papel central no desenvolvimento, na paz e na segurança a nível mundial, constituindo a organização multilateral de referência após a Segunda Guerra Mundial. Para trabalhar em conjunto para atingir os seus objetivos globais e criar um ecossistema no qual as nações possam abordar problemas comuns e encontrar soluções globais, o sistema da ONU integra várias agências, programas, fundos e entidades. Estas incluem um total de 15 agências especializadas em objetivos globais de bem-estar social e estabilidade.

Algumas destas entidades remontam à sua antecessora anterior à Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações, enquanto outras foram criadas pela própria ONU para enfrentar novos desafios num mundo em constante mudança e aceleração. Atualmente, todas estas entidades trabalham no âmbito da ONU de forma coordenada para enfrentar os desafios mais prementes da humanidade.

Cada uma destas agências centra-se numa missão, assegurando que os direitos humanos, a equidade e o progresso sustentável estão no centro da agenda global. Desde a promoção da educação e da cultura pela UNESCO até à proteção da saúde pela Organização Mundial de Saúde (OMS), passando por outras instituições de prestígio como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que defende os direitos dos trabalhadores em todo o mundo. Na esfera económica, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial são atores-chave na estabilidade financeira e no apoio aos países em desenvolvimento, favorecendo um crescimento inclusivo e sustentável.

O impacto destas agências e o seu trabalho conjunto reforçam o empenhamento da ONU na criação de um mundo mais justo, próspero e pacífico. Com sedes estratégicas em todo o mundo – em cidades-chave como Genebra, Washington D.C., Roma, Londres e Madrid – estas organizações são fundamentais para a cooperação internacional, abordando crises globais como as alterações climáticas, a pobreza e as emergências humanitárias. A relevância do seu trabalho reside na sua capacidade de ligar governos, setores privados e sociedade civil em torno de uma causa comum: o bem-estar global e a melhoria da qualidade de vida para todos.

MADRID

Com quase 50 anos de história, que serão oficialmente celebrados em 2025, a ONU Turismo, anteriormente conhecida como Organização Mundial do Turismo (OMT), é a agência das Nações Unidas dedicada ao turismo, cujo objetivo é promover o desenvolvimento de um turismo responsável, sustentável e acessível para todos. A sede desta importante organização mundial está localizada em Madrid e é a única agência especializada da ONU com sede em Espanha.

“A sede da ONU Turismo posiciona Madrid como o centro nevrálgico da liderança do setor do turismo, uma atividade fundamental para a economia global e com grande capacidade de projeção, que é também um setor estratégico para a economia espanhola”, afirma Jesús Sánchez Lambás, Vice-Presidente Executivo do Instituto Coordenadas. “A sede da agência especializada da ONU para o turismo posiciona a capital espanhola ao lado das principais cidades do mundo, integrando-a assim no panorama das autoridades e líderes do progresso e na representação dos valores das Nações Unidas”.

A partir da sua sede em Madrid, a ONU Turismo projeta o desenvolvimento do turismo como um motor essencial do progresso, da criação de emprego e da preservação cultural. Através da cooperação com governos, organizações e o setor privado, a ONU Turismo em Madrid promove práticas que protegem o ambiente e reforçam o crescimento inclusivo, fomentam a cultura e a conservação do património, assegurando que os benefícios do turismo chegam às comunidades locais e contribuem para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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Capacidade turística na serra algarvia dispara com investimento neerlandês de 175 milhões

  • Alexandre Batista
  • 5 Novembro 2024

Já com aval camarário, o projeto Alma de São Brás adicionará 908 camas a um município que hoje supera em pouco as 1.100. Promotor procura investidor e empresa para exploração de hotel e alojamentos.

A vila de São Brás de Alportel poderá ganhar uma dinâmica turística inédita antes do final da década, decorrente da construção do empreendimento Alma de São Brás. Promovido por investidores neerlandeses, o projeto abrange zona de construção e de contemplação da riqueza paisagística da Serra do Caldeirão. Considerando a vertente hoteleira e a intervenção ao longo de 200 hectares de terreno, a soma envolvida para ativar todas as valências oscilará entre os 125 milhões e os 175 milhões de euros, assegura ao ECO/Local Online o porta-voz da empresa IMP BV, Bart Dura. Este projeto aposta no conceito de hotéis de saúde e bem-estar, ligado a terapias de relaxamento e ioga, e que tem conquistado mercado em diferentes empreendimentos, do Dubai a Montenegro, resume Bart Dura.

Finalizada a construção na Alma de São Brás, o município de São Brás de Alportel quase duplicará a sua atual capacidade hoteleira. Hoje, detém 80 camas de hotelaria e 1.075 de alojamento local, explica a porta-voz da autarquia ao ECO/Local Online. Só o empreendimento da empresa neerlandesa somará 908 camas, das quais mais de um quarto em T1 com 50 metros quadrados dentro de um hotel. As demais repartem-se por apartamentos e villas de tipologia T2 a T5, com áreas de 100 a 200 metros quadrados.

Quando, em 2008, foram desafiados por dois compatriotas neerlandeses residentes em Lagoa, no Algarve, a tornarem-se parceiros num terreno na Serra do Caldeirão, os responsáveis da IMP BV viram a oportunidade de investir em turismo para aproveitar o afluxo de britânicos e nórdicos que então eram atraídos em grande escala pelo Algarve. “Era um projeto turístico único, quando comparado com tudo o resto existente ao longo da costa”, relata.

A crise mundial que se seguiu fez congelar os planos, explica Bart Dura. Em 2011, os dois investidores neerlandeses originais afastam-se e a IMP BV fica única proprietária, mantendo o empreendimento no congelador entre 2011 e 2018, diz o responsável da empresa. No final da década passada, já atento ao novo mapa de turistas que afluem ao Algarve, mais diversificado por nacionalidades do que nos tempos da quase “monocultura” britânica, retomaram um projeto que, reforça Bart Dura “não é turismo de praia, mas mais tranquilo, de natureza e espiritual”.

O promotor procura agora um investidor que pretenda explorar o hotel e o restante empreendimento turístico, mas não faz depender desse capital o arranque dos trabalhos. Apesar de a própria Câmara Municipal de São Brás de Alportel já dado o “aval e apoio inequívocos” à construção – “o maior título de loteamento alguma vez emitido no concelho”, afiança a autarquia –, falta a licença final, destaca Bart Dura, apontando uma realidade em que “existe muita papelada”.

Ultrapassada que seja a etapa burocrática, a construção das infraestruturas e reabilitação do edifício central terão início em 2025, decorrendo depois três anos até ao prazo previsto para conclusão, antevê o investidor neerlandês. Para os responsáveis de São Brás de Alportel, será a conclusão de um “projeto estruturante” e “um alicerce da política de coesão territorial”, na ótica da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Algarve.

A área do terreno atinge os 200 hectares (2.046.464 metros quadrados), com altitudes entre 225 e 550 metros, dois lagos que ocupam quase 4 mil metros quadrados e cinco mil sobreiros dispersos ao longo da propriedade, a qual é atravessada pela Ribeira de Alportel, indica a empresa promotora, num documento a que o ECO/Local Online teve acesso. Conforme destaca a autarquia, a herdade localiza-se “no sopé da Serra do Caldeirão e nas encostas da Ribeira do Alportel, apenas a quatro quilómetros da vila de São Brás de Alportel”, enquanto “o empreendimento vai ocupar 50 hectares da propriedade e terá uma área de construção nova de 31.500 metros quadrados que vão permitir a capacidade diária de acolhimento de 909 pessoas, colocando-se entre os 10 maiores deste género na Região do Algarve”.

Este projeto não é para um turismo habitual. Se for um turista de Albufeira, não é o nosso tipo de cliente, não será adequado para nós.

Bart Dura

Porta-voz da IMP BV

O descritivo do projeto aponta um hotel com 120 quartos, 45 apartamentos T2 e T3 e ainda 49 villas de tipologias T4 e T5. A servir o espaço, um restaurante com cozinha inspirada na cultura algarvia e um spa. O edifício central será erguido sobre as ruínas de uma antiga quinta ligada à exploração de cortiça.

Naquela herdade, explica Bart Dura, a praia está a meia hora, o aeroporto a 25 minutos, existem campos de golfe nas imediações para os aficionados e a imersão na natureza está assegurada para os clientes que não encaixam no cliché do turismo algarvio vigente nas ruas de Albufeira. “Este projeto não é para um turismo habitual. Se for um turista de Albufeira, não é o nosso tipo de cliente, não será adequado para nós”, reforça o gestor.

“Vamo-nos focar no turismo de interior, mais orientado para o descanso e a natureza”, explica Bart Dura, dizendo que a Alma de São Brás “é o sítio perfeito para um retiro. Queremos integrar o desenvolvimento na natureza para que os nossos clientes encontrem a paz no seu quotidiano”.

Sem surpresa, a memória descritiva do projeto alude ao “Algarve secreto” e aborda qualidades do local, como “verdadeiro silêncio e pureza do ar, longe da agitação da costa”. Termos como “retiro”, “estado de alma sustentável”, “caráter rural intocado do Algarve”, “experiências enriquecedoras” e “nómadas progressistas” sustentam os valores que a empresa neerlandesa pretende transmitir na promoção do empreendimento. O uso recorrente de cortiça, a promoção de circuitos para caminhadas entre sobreiros e de passeios de bicicleta, e os workshops de trabalhos manuais são alguns dos caminhos para exaltar a noção de sustentabilidade.

Exemplificando com um projeto de grandes dimensões nos Países Baixos, com 130 quartos, 450 apartamentos e um restaurante, cuja data de abertura prevista é o dia 1 de março de 2025, Bart Dura defende a experiência da empresa IMT em construção e imobiliária, contando que já segue na quinta geração ligada à construção. No modelo pretendido para a gestão hoteleira, Bart Dura aponta o exemplo da Six Senses, proprietária de resorts de luxo e turismo de natureza em destinos orientais como a Tailândia e o Vietname, mas também na Turquia e, desde 2015, também Portugal.

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“Taxas diversas” ou “outros ativos”. Especificação de despesa pública está desatualizada

TdC adverte para desatualização na contabilização de valores "materialmente relevantes" em rubricas de 'outros'. Margem orçamental "não é grande" pelo que qualquer despesa de qualidade é "relevante".

Há valores “materialmente relevantes” em rubricas de despesa e receita pública que não são especificados adequadamente, levando a um desconhecimento da sua natureza. O alerta é do Tribunal de Contas (TdC), que dá conta que estes valores são classificados muitas vezes de forma genérica como “outros” nos relatórios do Orçamento do Estado ou da Conta Geral do Estado.

Numa intervenção na audição parlamentar na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), que ocorreu na segunda-feira no âmbito da apreciação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), a juíza conselheira Ana Furtado assinalou que esta é uma das áreas com impacto na qualidade do reporte.

A margem orçamental das finanças públicas portuguesas não é grande. Ganha assim relevância tudo o que tenha a ver com a promoção de uma despesa de qualidade“, disse, destacando ser necessário avançar na “adequada especificação da despesa pública”.

A margem orçamental das finanças públicas portuguesas não é grande. Ganha assim relevância tudo o que tenha a ver com a promoção de uma despesa de qualidade

Ana Furtado, juíza conselheira

Tribunal de Contas

Ana Furtado argumentou que esta tem sido “prejudicada pela desatualização de um classificador económico das receitas e despesas que tem já mais de 20 anos“.

Temos insistentemente vindo a dar conta do impacto desta desatualização na contabilização de valores materialmente relevantes em rubricas residuais de ‘outros’, como sucede, por exemplo, com os outros ativos financeiros ou as taxas diversas“, apontou.

O Tribunal de Contas defendeu ainda a importância da “efetiva implementação da orçamentação por programas” — assinalando como positivo os avanços registados no OE2025 de alargamento da fase piloto de dois para oito missões de base orgânica –, bem como a “definição de dotações adequadas que evitem a suborçamentação de determinadas rubricas e os pagamentos em atrasos“.

Paralelamente, elogiou o objetivo anunciado pelo Governo de revisão da Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) para adaptação às novas regras de governação europeia, bem como a proposta orçamental deixar de prever a norma que permitia a prestação de contas pelas entidades públicas noutro referencial contabilístico que não o SNC-AP.

Ainda assim, assinalou que os governos têm falhado na “obrigação” prevista “na lei” de um envio de um relatório semestral sobre a execução da LEO. “Apenas foi remetido ao Tribunal o relatório relativo ao primeiro semestre de 2021”, referiu.

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“Com IA, a função dos professores será mais a de inspirar os alunos”. Ouça o podcast “Trinta e oito vírgula quatro”

Os portugueses trabalham, em média, 38,4 anos. É esse o valor que dá título a este podcast que se debruça em entrevistas quinzenais sobre os temas mais quentes do mundo do trabalho.

Se a informação “está em todo o lado e é muito fácil de obter”, que papel têm os professores? Arlindo Oliveira acredita que servirão mais para inspirar e guiar os alunos do que para lhes transmitir conhecimento.

Neste episódio do podcast “Trinta e oito vírgula quatro”, o professor catedrático do Instituto Superior Técnico e um dos principais pensadores portugueses sobre inteligência artificial debruça-se sobre os impactos nesta tecnologia na forma como estudamos, trabalhamos e até gozamos o tempo livre.

O “Trinta e oito vírgula quatro” é um podcast de entrevistas quinzenais sobre as tendências que estão a fazer mexer o mercado de trabalho.

Estamos a viver mais, mas, à boleia, também estamos a trabalhar durante mais tempo. Numa década, a duração média estimada da vida de trabalho dos portugueses cresceu dois anos para 38,4. É esse o valor que dá título a este podcast e torna obrigatória a pergunta: afinal, se empenhamos tanto do nosso tempo a trabalhar, como podemos fazê-lo melhor?

Neste mês de novembro, vamos explorar essa questão do ponto de vista da formação.

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Operação Influencer. Um ano depois, investigação continua a fragilizar António Costa

O ex-líder socialista foi ouvido mas não foi constituído arguido, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) garante ao ECO que "o inquérito encontra-se em investigação".

363 dias depois de António Costa se ter demitido do cargo de primeiro-ministro por suspeitas no âmbito da Operação Influencer, pouco aconteceu na investigação. O ex-líder socialista foi ouvido – na qualidade de declarante – não foi constituído arguido, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) garante ao ECO que “o inquérito encontra-se em investigação e está sujeito a segredo de justiça”.

Foi no dia 7 de novembro que a “Operação Influencer” chegou ao palco do media, com a realização de buscas à residência oficial do na altura primeiro-ministro, António Costa, e ainda buscas de ex- membros do Governo. Esta operação levou à detenção de cinco arguidos – o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária; o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas; dois administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves; e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa – e culminou com a demissão de António Costa, a posterior queda do Governo e a marcação de eleições antecipadas.

No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas, João Galamba; o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta; o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira; e a empresa Start Campus.

Em causa estão 28 crimes: prevaricação, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva – quanto a titular de cargo político, agravada – e recebimento indevido de vantagens quanto a titular de cargo público, agravado. Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, da Start Campus, estão a ser investigados por seis crimes. Diogo Lacerda Machado por quatro.

O então primeiro-ministro demitiu-se depois de se saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do MP a negócios do lítio, hidrogénio e do centro de dados em Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.

Diogo Lacerda Machado, Vitor Escária, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema, Rui de Oliveira Neves

Em maio, António Costa foi ouvido pelo DCIAP mas na qualidade de “declarante” e não de arguido. A equipa do Ministério Público que está com a Operação Influencer, atualmente liderada pela procuradora Rita Madeira, decidiu ceder ao pedido feito por António Costa para ser ouvido no processo em que o antigo chefe de governo socialista foi identificado como suspeito de crime de prevaricação. A audição demorou cerca de uma hora e meia e não foi perguntado nada que não seja já público ao ex-líder socialista. Nem tão pouco foi referida a palavra ‘prevaricação’, o crime de que alegadamente Costa é suspeito.

“Tendo em consideração as notícias que estão a ser divulgadas, confirmamos que o Dr. António Costa foi hoje ouvido na qualidade de declarante, na sequência do requerimento por si apresentado em 2 de abril de 2024. No âmbito da inquirição, prestou todos os esclarecimentos solicitados pelo Ministério Público, não tendo sido constituído arguido. Mantém-se, como até agora, totalmente disponível para colaborar em tudo o que o Ministério Público entender necessário”, segundo explicaram os advogados João Cluny e Diogo Serrano, ao ECO, na altura.

Em causa estariam alegadas “irregularidades” em investimentos em projetos de exploração do lítio, hidrogénio e da construção de um data center, que podem ter superado os 1.000 milhões de euros. Existiriam três frentes sobre as quais incidem esta investigação: duas concessões de lítio – um das minas do Romano, em Montalegre, e outra na mina do Barroso, em Boticas; um projeto de hidrogénio, em Sines e um projeto de centro de dados de Sines da Start Campus.

No entanto, segundo o despacho de indicação do DCIAP, que o ECO consultou, os factos que podem vir a ser crime reportam-se apenas à exploração do hidrogénio e consequente construção do data center da Start Campus, em Sines.

A Start Campus, da qual fazem parte da administração dois dos visados e detidos no processo, tem sede em Sines e dedica-se a energias renováveis e à construção de ecossistemas verdes, tais como a exploração de hidrogénio. A empresa está a finalizar a construção do primeiro de nove edifícios alimentados a 100% por energias renováveis a instalar até 2028 em Sines. A Start Campus é controlada pelos fundos Davidson Kempner e Pioneer Point Partners, sendo Diogo Lacerda Machado consultor deste último.

Ou seja, o MP acredita que o amigo de Costa foi contratado pelos investidores da Start Campus e depois diretamente pela empresa, através do CEO Afonso Salema, para “aproveitar” a relação que tinha como o primeiro-ministro e com Vítor Escária. O objetivo era pressionar o Governo e entidades como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e o autarca de Sines para acelerar e dar seguimento a assuntos de interesse da Start Campus, como o megaprojeto para a construção de um grande centro de armazenamento de dados digitais.

O projeto Sines 4.0 é um dos quatro negócios ligados ao setor da energia investigados neste inquérito. Ligado a ele está a exploração das duas minas de lítio e o projeto de hidrogénio em Sines.

António CostaLusa

As concessões de lítio

Um dos projetos que estaria em causa é da autoria da empresa Lusorecursos, que se propõe a explorar a mina do Romano, em Montalegre, da qual pretende extrair lítio, mas não só. O projeto mais alargado prevê a construção de uma refinaria de lítio no local e de uma fábrica de reciclagem de baterias, a qual poderia extrair lítio usado e voltar a refiná-lo. Além disso, sendo que a extração de lítio implica também a extrações de outros materiais usados na indústria cerâmica, a Lusorecursos vê espaço para a criação de uma fábrica de cerâmica. Mas nada no despacho de quase 130 páginas é referido em relação a este negócio.

Projeto do hidrogénio

Por outro lado, estariam em causa negócios ligados ao hidrogénio verde, que entrou na agenda mediática e económica em 2020, ano em que foi anunciado um megainvestimento de 1,5 mil milhões de euros nesta área, no âmbito do projeto H2Sines. O objetivo era “implementar um cluster industrial de produção de hidrogénio verde, com base em Sines” e “vocação exportadora”, escrevia na altura a EDP, em comunicado, no qual anunciava avançar em parceria com a Galp, a Martifer, a REN, a Vestas e diversos parceiros europeus. Mas também, no mesmo despacho, não há referência a provas neste contexto.

Este foi um dos projetos selecionados pelo Governo para candidatar ao estatuto de IPCEI (’Important Project of Common European Interest’, ou Projeto Importante de Interesse Comum Europeu), tal como avançou na altura o Expresso.

Centro de dados em Sines

E é este projeto que engloba a maior parte dos factos imputados aos principais arguidos. O centro de dados Start Campus, igualmente contemplado nas investigações que agora decorrem. Um complexo de nove edifícios, apoiado em 495 megawatts (MW) de potência, num investimento global de cerca de 5,7 mil milhões de euros. Uma das últimas comunicações presentes no site da empresa, dá conta que o primeiro edifício da Start Campus deveria começa a “operar parcialmente” em outubro, estando a decorrer o licenciamento para a segunda fase do projeto.

Envolta no data center estão suspeitas da alegada prática dos crimes de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, entre outros.

O favorecimento no centro de dados está ligado com a dispensa de procedimento de uma Análise de Impacto Ambiental relativamente à primeira fase do projeto, bem como em relação à Declaração de Impacto Ambiental favorável com condições. Para o MP, estes procedimentos não cumpriram a lei. Alegadamente, Galamba, Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, e Lacasta fizeram um favor à Start Campus.

Também sobre Nuno Mascarenhas recaem suspeitas de que tenha alegadamente favorecido a empresa em diversos projetos urbanísticos relacionados com o data center.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 5 Novembro 2024

Ministros da Educação e da Agricultura são ouvidos a propósito do OE2025. Eurostat e Banco de Portugal divulgam dados económicos. Nos EUA decide-se quem vai ocupar a Casa Branca.

Prosseguem as audições a ministros na Comissão de Orçamento e Finanças no âmbito do OE2025. Miranda Sarmento representa Portugal na reunião do Ecofin onde os ministros das finanças europeus vão procurar chegar a um acordo político acerca de um pacote legislativo respeitante ao imposto sobre o valor acrescentado (IVA) na era digital. Eurostat e Banco de Portugal divulgam dados económicos e os norte-americanos são chamados a votar nas eleições presidenciais.

Kamala Harris ou Donald Trump: EUA vão a eleições

Os norte-americanos vão às urnas para escolher o próximo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA). O candidato republicano Donald Trump procura voltar à Casa Branca, depois de ter sido afastado por Joe Biden, nas eleições de 2020. Do outro lado está a democrata e atual vice-presidente Kamala Harris.

Audição dos ministros da Educação e da Agricultura sobre OE2025 na AR

Continuam as audições a propósito do Orçamento do Estado para 2025. Esta terça-feira é a vez de serem ouvidos na Comissão de Orçamento e Finanças Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, e José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas. O orçamento já foi aprovado na generalidade, com a abstenção do PS, estando o debate da especialidade marcado para o período compreendido entre 22 e 29 de novembro, data prevista para a votação final global do documento.

Miranda Sarmento no Ecofin

O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, representa Portugal na reunião do Ecofin, que junta os ministros das Finanças dos 27 Estados-membros da União Europeia. Os ministros vão procurar chegar a um acordo político acerca de um pacote legislativo respeitante ao imposto sobre o valor acrescentado (IVA) na era digital. Além disso, fazem o balanço da execução do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), sendo que o Conselho deverá adotar decisões de execução para aprovar os planos nacionais de recuperação e resiliência alterados, apresentados por alguns Estados-Membros, além de analisarem outros temas, como a situação atual do impacto económico e financeiro da agressão da Rússia contra a Ucrânia.

Eurostat divulga dados da produção industrial

O Eurostat vai revelar os dados referentes ao volume de negócios na indústria relativos a agosto. Segundo as últimas estatísticas divulgadas, a produção industrial na zona euro diminuiu 0,3%, e 0,1% na União Europeia (UE), em julho face a junho. Além disso, a produção industrial diminuiu 2,2% na área do euro e 1,7% na UE em julho de 2024 face ao mesmo mês no ano passado. O gabinete estatístico também vai divulgar as licenças de construção referentes a julho deste ano.

Dados do BdP sobre a execução orçamental

Também esta terça-feira, o Banco de Portugal (BdP) divulga as estatísticas da execução orçamental até setembro, bem como dados sobre o mercado secundário, que compreende as transações em bolsa ou fora dela sobre títulos que se encontram em circulação, referentes a outubro.

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