Montenegro tenta descolar do PS no Orçamento e nega liderança da oposição ao Chega

No primeiro dia do debate do Orçamento para 2025, Montenegro foi "socialista" para a direita e "liberal" para a esquerda, assumindo autoria do documento apesar dos compromissos com Pedro Nuno Santos.

Vinte e três minutos. Foi este o tempo da intervenção inicial do primeiro-ministro no debate do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), e não foi preciso chegar a metade para perceber o tom de Luís Montenegro para o resto da tarde: moderado, mas em ataque antecipado. O objetivo passou por tentar ‘queimar’ qualquer argumento da oposição sobre as negociações com o PS terem tornado a proposta um documento de bloco central. Para isso, deixou claro que o Orçamento é apenas da Aliança Democrática (AD) e que os socialistas são a maior força da oposição.

Este é o Orçamento da Aliança Democrática, diferente de qualquer outro e de qualquer outro partido que aqui o poderia apresentar“, afirmou no arranque do primeiro dia de debate na generalidade, embora sublinhando que existiu um “esforço de compromisso” com o Partido Socialista.

Para Montenegro, o Executivo negociou “até ao limite a partir do qual se desvirtuaria o programa de Governo”. “Ir além disto em aspetos essenciais, seja na generalidade, seja na especialidade, seja no tocante à margem orçamental, seja na direção política governativa, descaracterizaria o Orçamento e seria uma ofensa à escolha dos portugueses nas eleições. O povo não perceberia que o Governo tivesse de governar com um Orçamento que não fosse o seu”, argumentou.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro (E), ladeado pelo ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento (D), reage durante a sessão plenária sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), na Assembleia da República, em Lisboa, 30 de outubro de 2024. © 2024 LUSA – Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Na estratégia para evitar colagens ao PS, Luís Montenegro procurou, em alternativa, vestir o fato de oposição à bancada dos socialistas. Para isso, criticou a estratégia orçamental do anterior Governo e garantiu que no seu Executivo “há vida e objetivos para além dos excedentes orçamentais”.

“De que serviram contas certas se apesar dos portugueses estarem asfixiados em impostos, o Estado engordava e os serviços públicos definhavam? Para que serviam as contas certas? Aqui está talvez a maior das diferenças”, disse o governante.

O PS desafiou o Governo a apresentar reformas estruturais que justifiquem o crescimento económico previsto. “Pedia ao primeiro-ministro para nos explanar as duas reformas revolucionárias que vão fazer a taxa de crescimento disparar. Qual é a fórmula estrutural nova que vai fazer duplicar taxa de crescimento para 3,4%? Diga, para termos certeza que é capaz de distribuir folga orçamental e que tem uma ideia para a economia nacional”, atirou o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos (E), ladeado pela líder parlamentar do partido, Alexandra Leitão (C), durante a sessão plenária sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), na Assembleia da República, em Lisboa, 30 de outubro de 2024. © 2024 LUSA – Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Ainda assim, o Chega aproveitou para atirar farpas à bancada socialista. “O PS deixou de ser o partido da oposição. Passou a ser o partido que sustenta o Governo”, resumiu o presidente daquele partido, André Ventura, declarando que o Chega é “o maior partido da oposição”.

Uma ideia negada de imediato por Luís Montenegro. “Da parte do Governo, o maior partido da oposição é o PS“, afirmou, sustentando até que “é uma questão matemática, não há duvidas”. “Não há nenhum acordo político entre PSD, CDS e PS”, acrescentou. “Esta não é uma guerra do Governo, nem com os partidos que suportam o Governo”, que está “concentrado em governar”.

Contudo, também a Iniciativa Liberal (IL) assinalou que a proposta em nada espelha o Programa do Governo elaborado pela Aliança Democrática. “Despesa corrente é em tudo semelhante à do PS. Carga fiscal é em tudo semelhante. Número de funcionários públicos é em tudo semelhante ao PS”, enumerou Rui Rocha, recordando que durante a campanha eleitoral a AD prometia uma “descida de impostos já”. “É muito provável estarmos perante um governo socialista”, atirou, notando que o primeiro-ministro “tem dito que não é liberal, mas não esperava que se tornasse socialista tão depressa”.

Num debate sem novidades orçamentais e marcado pela ausência de resposta a diversas questões colocadas durante quase cinco horas pelos deputados da oposição, Montenegro não deixou, no entanto, o líder liberal sem resposta. “Perguntou-me se fazemos tudo aquilo que queríamos? Não, não fazemos. Num governo minoritário até descer impostos é difícil“, sustentou.

Já na reta final da discussão, o chefe do Executivo de direita clarificou que não desistiu da redução da taxa de IRC para 15% até ao fim da legislatura, mas notou que “é uma impossibilidade” devido às “circunstâncias [composição do Parlamento] que existem”.

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Lisboa aprova fim de novas licenças de Alojamento Local

  • Alexandre Batista
  • 30 Outubro 2024

Executivo de Carlos Moedas e vereadores do PS apresentaram propostas que impedem novas licenças em Lisboa, passando a dos socialistas. Agora, fica a faltar a aprovação em Assembleia Municipal.

A Câmara Municipal de Lisboa aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, o fim da concessão de novas licenças para Alojamento Local (AL). A decisão fica apenas dependente de aprovação em reunião da Assembleia Municipal, a qual não se espera que venha a ocorrer antes da entrada em vigor da nova lei do AL decidida pelo Governo de Luís Montenegro, que retira poderes aos condomínios para impedirem estabelecimentos nos prédios e tem efeitos a partir desta sexta-feira.

A votação na reunião de câmara foram duas propostas, uma do PS e outra da coligação Novos Tempos, com o mesmo objetivo: impedir novas licenças. Num modelo em que a mais votada passaria a uma segunda volta, a socialista venceu.

A proposta do Partido Socialista, apresentada na segunda-feira, defendia, em traços gerais, que quando se atinjam 5% de quota dos estabelecimentos de AL na cidade, face ao total de fogos de habitação, fica automaticamente suspensa a concessão de novas licenças. Neste momento, na capital, e segundo números revelados pelo PS, a percentagem é de 7,5%, o que na prática, impede o surgimento de mais AL na cidade.

A coligação que lidera a autarquia propunha algo que o presidente, Carlos Moedas, designou de “mais simples, à engenheiro”: proibição total e sem condições de novos estabelecimentos de Alojamento Local.

Aquando da primeira votação, PS, Livre, Cidadãos por Lisboa, Bloco de Esquerda e PCP votaram a favor da proposta dos socialistas, passando esta a uma segunda volta e acabando por ser aprovada por unanimidade.

Mantendo um registo que marcou esta reunião de câmara, com troca de galhardetes entre Carlos Moedas e a vereadora socialista Inês Drummond, o presidente da autarquia assinalou que “passa a proposta do PS à final”. “Muitos parabéns por complicar, mas lá chegaremos da mesma maneira. Meus parabéns à frente de esquerda”, rematou.

Como o ECO/Local Online noticiou ao início da tarde, Carlos Moedas decidiu levar a reunião de câmara uma proposta para suspender, por seis meses, novas licenças, procurando-se, neste prazo, criar o regulamento. O presidente da autarquia destacou o crescimento galopante de fogos em AL na segunda década do século. Entre 2010 e 2019, a cidade assistiu a um aumento de 500 para 19 mil unidades.

O que proponho é a suspensão total, zero novos registos de estabelecimento de AL em todo o concelho de Lisboa até à entrada em vigor de um regulamento”, afirmou, durante a discussão que precedeu a votação. “Penso que é o mais simples. Como estamos com proposta alternativas, espero que esta, que é extremamente simples, apenas a suspensão de autorização de todos os novos registos, possa ser de acordo com todos. E depois traremos uma proposta com novo regulamento, e aí podemos discutir os limites que pensamos serem necessários para travar esta quantidade de registos”.

Apesar deste propósito, e perante algumas dúvidas jurídicas levantadas pela vereadora do PS, e que a oposição considerou não terem ficado esclarecidas pelo executivo, acabaria por ser aprovada a dos socialistas.

João Ferreira, deputado comunista, questionou o executivo sobre o passo seguinte, de necessidade de aprovação desta decisão em Assembleia Municipal (AM), quando a entrada em vigor da Lei do Governo é já na sexta-feira. “Há alguma Assembleia Municipal marcada para amanhã?” O presidente da autarquia acabaria por salientar que tanto a sua proposta quanto a do PS terão de passar pela AM, pelo que, no fundo, se criou um hiato entre a entrada em vigor do Decreto Lei 76/2024 e a vigência da proibição decidida pela autarquia.

Ao longo da discussão em que estavam frente a frente duas propostas com igual propósito, Inês Drummond deixou algumas farpas ao autarca: “Vemos agora os Novos Tempos e o senhor presidente a fazer o mesmo [apresentar uma proposta], a reboque de uma proposta do Partido Socialista, depois de o termos tido em silêncio durante meses sobre esta intenção do governo. É a primeira vez, desde que o Parlamento aprovou em 2014 o licenciamento na hora do AL, de um Governo de que o senhor presidente fazia parte, e que aprovou esta medida no Conselho de Ministros, a votar a favor alguma medida que seja de limitar o AL”.

Moedas torna-se, assinalou a vereadora, na “primeira voz no PSD que se opõe a medidas que não limitem o AL. Considerava que estávamos a matar o AL, agora dá-nos razão”. Por seu turno, o presidente da autarquia considerou que “há uma grande diferença entre as duas propostas. A que tenho aqui é muito simples, não tem alíneas. Tem apenas suspensão de novos registos”.

No final, proposta contra proposta, venceria a do PS.

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Redução do IRC é “importante” para a economia, mas “irrelevante” para as contas do BCP

Miguel Maya vê com "satisfação" descida do IRC, mas desde que se mantenha as contas públicas equilibradas. Adianta que impacto será "absolutamente irrelevante" nas contas do BCP.

A redução do IRC vai ter um impacto “absolutamente irrelevante” nas contas do BCP, mas irá beneficiar as empresas e, nesse sentido, também o banco. “O nosso balanço é a economia portuguesa”, afirmou Miguel Maya esta quarta-feira. Mas deixa um aviso: é preciso manter as contas públicas equilibradas.

“Vemos com satisfação que a carga fiscal em Portugal, nomeadamente sobre o setor empresarial, possa descer, na medida em que as contas públicas se mantenham equilibradas. Essa é uma condição muito importante para nós”, afirmou Miguel Maya na conferência de apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano.

Tudo aquilo que é importante para a economia portuguesa e contribua para o desenvolvimento da economia portuguesa, é bom para o BCP, porque o nosso balanço é a economia portuguesa”, acrescentou.

Para Miguel Maya, “o que é relevante é que se tivermos um setor empresarial mais equilibrado, mais dinheiro a circular na economia, vamos, enquanto sociedade, seguramente beneficiar disso”. Isto porque do ponto de vista individual do banco, a redução de um ponto percentual do IRC terá um impacto “absolutamente irrelevante”.

O CEO do BCP sublinhou que há um valor mais importante no meio da discussão: “Ter as contas públicas equilibradas”.

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Morreu o politólogo André Freire. Tinha 63 anos

  • Lusa
  • 30 Outubro 2024

Sociólogo e professor universitário, André Freire foi colunista em jornais e comentador nas televisões. Morreu esta quarta-feira na sequência de uma intervenção cirúrgica num hospital de Lisboa.

O professor catedrático André Freire morreu nesta quarta-feira aos 63 anos, em Lisboa, confirmaram dois amigos do politólogo. Um amigo disse à agência Lusa que o sociólogo morreu na sequência de uma intervenção cirúrgica num hospital de Lisboa.

Professor e diretor do Departamento de Ciência Política do ISCTE desde 2015, André Freire é autor de vários livros sobre atitudes e comportamentos eleitorais, o último dos quais foi “Eleições, Partidos e Representação Política”, editado já este ano. Segundo a sua nota biográfica, foi um dos pioneiros na criação dos estudos eleitorais em Portugal, com base em inquéritos de opinião pós-eleitorais, em 2002 e 2005.

Nascido em Lisboa em 1961, André Freire licenciou-se em sociologia em 1995 no ISCTE-IUL – Instituto Superior Ciências Trabalho e da Empresa, em 1995 e nove anos depois, em 2004, fez o doutoramento em Ciências Sociais na Universidade de Lisboa.

Publicou mais de 30 livros, como autor ou co-autor, um dos primeiros em 2002 sobre a abstenção eleitoral, seguindo-se “Esquerda e Direita na Política Europeia” (2006), “Austeridade, Democracia e Autoritarismo” e “Da ‘geringonça’ à Maioria Absoluta” (2023).

Politicamente entrou nas primárias para se candidatar a deputado pelo Livre/Tempo de Avançar para as legislativas de 2015. Foi colunista em jornais, como o ‘Público’ e ‘Jornal de Letras’, e comentador nas televisões, como a RTP.

André Freire foi membro do Sindicato Nacional do Ensino Superior, tendo apoiado vários movimentos e manifestos — “Em defesa da democracia, da equidade e dos serviços públicos”, em 2011, Compromisso à esquerda (2009) e iniciativas como o Congresso Democrático das Alternativas, em 2012.

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Seguradoras querem que regulação “vá mais longe” para libertar capital

Relatório Draghi reconheceu importância do setor na economia europeia, mas para libertar capital e investir é preciso mudar as regras atuais, disseram quatro gestores na 5a Conferência ECOseguros.

O setor segurador pode ter um papel importante no aumento da competitividade da economia europeia, conforme sublinhou o relatório Draghi, mas a regulação tem de ser ajustada para libertar capital que possa ser investido, afirmaram esta quarta-feira quatro gestores do setor.

“Este é um tema que tem estado na agenda, e um dos aspetos que foi objeto de muito debate nos últimos anos foi precisamente esta necessidade de aligeirar das cargas de capital necessárias tão longe como o setor gostaria”, disse José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), no painel “Riscos e investimentos: Quais as estratégias de médio prazo para as seguradoras europeias” na 5a Conferência ECOseguros.

Para Galamba de Oliveira, o modelo atual de solvência “não vai à essência do que é o setor segurador, que é um setor por natureza muito conservador, que faz uma análise de risco muito séria, portanto não está à procura de flutuações, se o valor da ação de uma certa empresa subiu 10% hoje e amanhã desce, tem sempre uma perspetiva de longo prazo”.

Para o presidente da APS, o debate da solvência que foi feito nos últimos anos, e que está na fase final, traz algumas novidades, “mas não foi nem de perto nem de longe tão longe quando o setor gostaria e, portanto é uma guerra que vamos continuar a perseguir”.

Sublinhou que “o Relatório Draghi traz pistas e é um apoio a quem defende que o setor pode ter um papel interessante e importante no esforço que a Europa está a fazer para financiar a transição energética, a transição digital e todos os grandes requisitos”.

Luís Menezes, CEO do grupo Ageas Portugal, começou por lamentar “a falta de conhecimento que o mundo exterior tem da relevância do setor”.

“São dezenas de milhares de milhões de euros que nós colocamos na economia todos os anos… e as pessoas continuam a olhar para nós como um setor cinzento, chato, e não tem nada disso, é um setor comercialmente muito dinâmico”, salienta.

O CEO da Ageas Portugal recordou também a importância que o Relatório Draghi atribui ao setor, mas sublinhou que do ponto de vista regulatório “os tratamentos de solvência, por exemplo, no investir numa empresa que não esteja cotada em bolsa, significa que aquele capital que é avaliado a zero“, dando como exemplo o caso da Fidelidade, que detém a Luz Saúde, “que padece do mal, que à luz das regras que temos em vigor há um consumo total de capital”.

Maria João Sales Luís, administradora da Fidelidade, sublinhou que a seguradora tem uma enorme diversidade geográfica, “está a investir ajudando à inovação, já apoiou mais de 70 startups, tem investido largos milhões em fundos de Capital de Risco e está a apoiar 40 empresas no seu desenvolvimento”.

João Barata, CIO da Generali Tranquilidade, vincou “que há uma preocupação muito importante em apoiar a transição energética, e isto significa ser capaz de investir nas novas empresas, nas novas áreas que estão a surgir”.

“Esta é uma política que faz parte do futuro e da qual nenhuma seguradora pode passar ao lado“, referiu.

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Governo da Madeira garante que vai impor limite nas licenças de TVDE na região

  • Lusa
  • 30 Outubro 2024

“Não podemos estar sujeitos ao mercado selvagem, onde toda a gente entra aqui de qualquer maneira, sem regras de segurança. Isto aqui não é a Cochinchina”, disse Miguel Albuquerque.

O Governo da Madeira (PSD) vai impor um limite à emissão de licenças TVDE na região autónoma “quer o Tribunal Constitucional queira, quer não”, afirmou esta quarta-feira o chefe do executivo, Miguel Albuquerque, mostrando-se contra o mercado livre nos transportes. “Não podemos estar sujeitos ao mercado selvagem, onde toda a gente entra aqui de qualquer maneira, sem regras de segurança. Isto aqui não é a Cochinchina, nem uma região que não tem controlo”, disse.

Miguel Albuquerque acrescentou que o seu executivo vai avançar com legislação através do parlamento regional caso a Assembleia da República não aprove rapidamente uma lei para conter o número de licenças para Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados (TVDE).

O governante insular falava à margem de uma visita à nova unidade hoteleira ‘Dreams Madeira Resort, Spa & Marina’, no Caniçal, concelho de Machico, na zona leste da ilha, que abriu em 1 de outubro e assinala a entrada da marca Inclusive Collection by Hyatt em Portugal.

“A minha ideia é estabelecer um limite [na emissão de licenças TVDE], quer o Tribunal Constitucional queira, quer não”, afirmou, sublinhando que a região autónoma não pode ter “mercado livre no que diz respeito ao transporte”. Miguel Albuquerque indicou que compete à Direção Regional dos Transportes Terrestres avaliar a situação e decidir qual o número de veículos ideal e reforçou que “é preciso meter um controlo no número de licenças que estão a ser emitidas na Madeira”.

“Se se exige para os táxis um conjunto de requisitos de segurança, de fiabilidade, de credibilidade, como é possível [o TVDE] entrar aí de qualquer maneira? E depois acontece o que está a acontecer em Lisboa, é assaltos, é situações de insegurança, é carros não qualificados, pessoas que não falam a língua [portuguesa], pessoas que não sabem sequer onde fica o Pico do Areeiro”, alertou.

Não somos a favor do protecionismo, nós somos a favor é da civilização e ter situações de controlo”, explicou. Miguel Albuquerque reagiu também à informação divulgada hoje pelo Diário de Notícias da Madeira de que a Associação Nacional Movimento TVDE vai avançar com um processo judicial contra a Direção Regional dos Transportes Terrestres por alegado incumprimento da lei que regula a atividade do TVDE e favorecimento ao setor dos táxis.

“Podem meter os processos que quiserem que eu estou-me absolutamente nas tintas”, disse. Em fevereiro, o Tribunal Constitucional (TC) declarou inconstitucionais as normas então em vigor que limitavam a atividade de TVDE na Região Autónoma da Madeira, com a imposição de um limite total de 40 veículos e de três viaturas por operador.

O TC argumentou que a Constituição Portuguesa estabelece que “é da exclusiva competência da Assembleia da República” legislar sobre esta matéria. Os juízes conselheiros fundamentaram igualmente a decisão no artigo da Constituição que indica que a “iniciativa económica privada exerce-se livremente nos quadros definidos pela Constituição e pela lei e tendo em conta o interesse geral”.

O tribunal entendeu, assim, declarar inconstitucionais as normas contidas no Decreto Legislativo Regional n.º 14/2020/M, da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, que fixavam contingentes para a prestação de serviço de transporte individual de passageiros em veículo descaracterizado, impondo um limite global máximo de 40 veículos e um limite por operador de três veículos.

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Huawei volta a participar na edição deste ano da Web Summit

  • Lusa
  • 30 Outubro 2024

A tecnológica chinesa vai marcar presença na na área da exposição sobre cloud, com o objetivo de reforçar o "compromisso com o mercado europeu".

A Huawei anunciou esta quarta-feira a assinatura de um acordo de parceria com a Web Summit, que garante a participação da tecnológica chinesa na edição deste ano, depois da interrupção em 2023. Em comunicado, a tecnológica chinesa refere que “com uma presença na zona de exposição dedicada à área da cloud, a empresa reforça este ano o seu compromisso com o mercado europeu e apresenta as suas mais recentes inovações neste setor estratégico”.

Para a Huawei, a sua aposta na cloud “reflete a crescente importância desta tecnologia para a transformação digital das empresas e para o desenvolvimento da economia digital”.

Assim, “os visitantes [da Web Summit] poderão explorar as soluções e serviços de cloud da Huawei e descobrir como estas podem impulsionar a inovação e o crescimento dos seus negócios, com base em use cases aplicados a diversas áreas, como retalho, serviços financeiros, mobilidade, entre outros, sem esquecer, naturalmente, o apoio às startups“, adianta a empresa, numa nota.

A participação da Huawei prevê também a presença de oradores internacionais no programa do evento e de um conjunto de sessões próprias em torno de temas como cloud, cibersegurança e Tech4All (Tecnologia para o Desenvolvimento e Inclusão), refere. “Estamos entusiasmados com o facto de a Huawei continuar a apoiar o Web Summit desde a primeira parceria connosco em 2017”, afirma o cofundador e presidente executivo (CEO) da cimeira tecnológica, Paddy Cosgrave, citado em comunicado.

“Como uma das empresas de telecomunicações mais inovadoras do mundo, a sua presença entre milhares de gigantes da tecnologia, empreendedores e investidores durante três dias em Lisboa impulsionará ainda mais os seus avanços, através das ligações e oportunidades na Web Summit”, conclui.

Este acordo “surge na sequência do apoio que temos vindo a prestar ao Web Summit, pela sua importância para Portugal e também pelo que representa a nível europeu enquanto montra do ecossistema de empreendedorismo e inovação”, afirma, por sua vez, o CEO da Huawei em Portugal, Wu Hao.

“A Huawei é uma das empresas que mais investe em I&D [investigação e desenolvimento] em todo o mundo, pelo que nos revemos no espírito deste evento”, remata o responsável. Em setembro de 2023, a Huawei Portugal entrou com uma ação administrativa contra a deliberação sobre equipamentos 5G da Comissão de Avaliação de Segurança (CAS), com o objetivo de salvaguardar os seus direitos legais.

A CAS, no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, tinha alertado para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que “o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado” ou ligado “permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros”.

A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o certo é que o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus. A tecnológica está a operar em Portugal desde 2004. A Web Summit decorre em Lisboa entre 11 e 14 de novembro.

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Tempestade em Espanha causa pelo menos 95 mortos

  • Lusa
  • 30 Outubro 2024

O Governo de Espanha decretou três dias de luto nacional após as chuvas torrenciais e inundações que afetaram, sobretudo, a parte leste do país

Pelo menos 95 pessoas morreram em Espanha por causa das chuvas torrenciais e inundações que atingiram o leste e o sul do país na noite passada, segundo o balanço mais recente das autoridades. O anterior balanço era de 72 mortos nas regiões da Comunidade Valenciana e Castela La Mancha.

A Comunidade Valenciana foi a mais afetada pelo temporal e o governo regional confirmou até agora 92 mortos, num balanço que continua a ser provisório. Há mais dois mortos confirmados em Castela La Mancha e outro na Andaluzia.

O Governo de Espanha decretou três dias de luto nacional por causa das consequências do mau tempo, referindo que há danos pessoais mas também materiais “altíssimos”, com estradas e outras infraestruturas e edifícios danificados ou destruídos por causa da violência das águas que inundaram localidades inteiras.

O executivo pediu ainda às populações das zonas afetadas pelo mau tempo para não saírem de casa e, sobretudo, não tentarem circular pelas estradas, sublinhando que o temporal ainda permanece e os seus efeitos continuam a ser perigosos. Há várias zonas afetadas que continuam inacessíveis às equipas de resgate que estão no terreno e que incluem mais de mil militares de uma unidade de emergência para situações de catástrofe, segundo o Governo espanhol.

Milhares de pessoas estão sem eletricidade ou telecomunicações na Comunidade Valenciana, disse o executivo. Várias regiões de Espanha estão desde terça-feira sob a influência de uma “depressão isolada em níveis altos”, um fenómeno meteorológico conhecido como DANA em castelhano, que causou chuvas torrenciais e ocorrências em diversos pontos do país, sobretudo na costa do Mediterrâneo.

A região mais afetada foi a Comunidade Valenciana, no leste do país, com chuvas com níveis inéditos, que fizeram acionar os alertas e avisos mais graves da proteção civil e da meteorologia na terça-feira à noite. Na última noite, a precipitação na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966, de acordo com dados oficiais.

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Sonae Sierra quer ficar com 100% dos centros comerciais Colombo e Vasco da Gama

  • ECO
  • 30 Outubro 2024

Depois do NorteShopping, a Sonae Sierra avança agora para o controlo exclusivo dos dois centros comerciais lisboetas.

A Sonae Sierra, através do Fundo Sierra Prime, pretende ficar com o controlo exclusivo dos centros comerciais Colombo e Vasco da Gama, em Lisboa, segundo uma nota da Autoridade da Concorrência, notificada esta quarta-feira pela empresa.

“Torna-se público que a Autoridade da Concorrência recebeu, em 24 de outubro de 2024, uma notificação prévia de uma operação de concentração de empresas (…). A operação de concentração consiste na aquisição, pela Sonae Sierra, SGPS, S.A. (“Sierra”), indiretamente, através de participada, do controlo exclusivo sobre as sociedades Centro Colombo – Centro Comercial, SA e Centro Vasco da Gama – Centro Comercial, SA (“Centros Comerciais Colombo e Vasco da Gama”)”, refere a AdC em comunicado.

A operação de aquisição dos dois centros comerciais lisboetas por parte da Sonae Sierra junta-se à do NorteShopping, conforme noticiado pelo ECO no início de outubro, numa ação cujo objetivo passa por reforçar “a estratégia de investimento deste fundo em ativos prime de alta qualidade”. O portefólio do Sierra Prime inclui ainda o CascaiShopping (100%) e dois ativos em Málaga, o Plaza Mayor (100%) e o McArthurGlen Designer Outlet Málaga (50%).

Em fevereiro de 2020, a Sonae Sierra e o fundo de pensões holandês APG acordaram a venda de 50% do Sierra Fund aos grupos seguradores Allianz e Elo. Envolvendo seis centros comerciais na Península Ibérica com um valor bruto de ativos a exceder os 3.000 milhões de euros – incluindo o Centro Colombo e Centro Vasco da Gama – a transação garantiu na altura um encaixe aproximado de 525 milhões de euros aos vendedores.

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Número de startups em Portugal cresce 16% num ano para 4.719

  • Lusa
  • 30 Outubro 2024

As mais de 4 mil startups registam receitas de 2.602 milhões de euros, segundo dados preliminares do estudo desenvolvido pela IDC e pela Informa D&B, em parceria com a Startup Portugal.

Portugal conta este ano com 4.719 startups, mais 16% do que no ano passado, que apresentaram um volume de negócios combinado de 2.602 milhões de euros, segundo dados de um inquérito hoje divulgado pela Startup Portugal.

Estas são alguns dos primeiros dados do relatório “Mapping Portugal’s Startup Landscape 2024”, desenvolvido pela IDC e pela Informa D&B, em parceria com a Startup Portugal, hoje apresentados e que registam que a comunidade deste tipo de empresas “continua a crescer”.

“Depois de uma subida de 11% em 2023 (em relação a 2022), em 2024 volta a verificar-se uma subida de 16% no número de startups, evidenciando um ambiente fértil para a inovação e a criação de novos negócios em Portugal”, regista o documento hoje divulgado.

Face ao ano anterior, a remuneração média mensal dos trabalhadores das startups em Portugal subiu 17%, para perto de 2.000 euros, um valor que os promotores do estudo assinalam ser cerca de 72% acima da média nacional.

Em termos de exportações, as startups representaram este ano 1,4% das exportações totais portuguesas em 2023.

Quanto à evolução do número de startups em atividade, 651 deixaram de o ser — seja por extinção, atividade há mais de 10 anos ou por assumir o estatuto de grande empresa —, enquanto 1.297 ganharam este estatuto.

Os resultados completos do estudo serão divulgados a 6 de novembro.

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Governo português pede cuidados de segurança redobrados em Moçambique

  • Lusa
  • 30 Outubro 2024

Os cidadãos portugueses em Moçambique devem evitar "ajuntamentos" e ter "medidas de precaução adequadas atendendo à possibilidade de constrangimentos no acesso a serviços e comércio".

O Governo português atualizou esta quarta-feira o aviso emitido no passado dia 25 aos cidadãos nacionais que se encontram em Moçambique para evitarem ajuntamentos e manterem cuidados de segurança redobrados, face à agitação social vivida naquele país.

“Face à instabilidade social que se tem verificado em algumas cidades moçambicanas, reitera-se a recomendação para que os cidadãos portugueses em Moçambique evitem ajuntamentos populares e mantenham cuidados de segurança redobrados”, lê-se na nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disponível no Portal das Comunidades Portuguesas.

No aviso acrescenta-se que “para o período compreendido entre 31 de outubro e 07 de novembro, recomenda-se a tomada de medidas de precaução adequadas atendendo à possibilidade de constrangimentos no acesso a serviços e comércio. Recomenda-se, igualmente, que sejam devidamente ponderadas e preparadas eventuais deslocações”.

O ministério acrescenta que, em caso de necessidade, estes portugueses poderão contactar os números de emergência consular dos Consulados-Gerais de Portugal na Beira e em Maputo, bem como o Gabinete de Emergência Consular em Portugal. Semelhante alerta foi divulgado pela Escola Portuguesa de Moçambique (EPM-CELP) na sua página na rede social Facebook.

Invocando “razões de segurança” a EPM-CELP anuncia que todos os seus serviços estarão em modo de trabalho remoto entre 31 de outubro e 08 de novembro, inclusive. Nesse sentido, as aulas serão lecionadas em regime online, através da plataforma Teams. “A Direção (da EPM-CELP) fará um acompanhamento diário da situação e, em caso de necessidade, emitirá novo comunicado”, conclui o comunicado.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou na passada quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 9 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo CC. A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.

Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.

Na quinta-feira passada, o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram “forjados na secretaria”, e prometeu uma “ação política e jurídica” para repor a “vontade popular”.

Mondlane começou por convocar uma “paralisação geral” de protesto contra os resultados anunciados pela CNE, mas, após o assassínio de Elvino Dias, seu advogado, e Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos, que o apoia, chamou os seus apoiantes para as ruas, dando-se, assim, início a confrontos entre manifestantes e a polícia em vários pontos do país, com mortos, feridos e detidos.

O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, estima que dez pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas, no contexto dos protestos e confrontos durante a greve e manifestações de quinta e sexta-feira, que se sucederam a iguais confrontos violentos em 21 de outubro.

Venâncio Mondlane convocou novas paralisações e protestos pelo período de uma semana a partir de quinta-feira, a culminar com uma manifestação nacional a 07 de novembro em Maputo.

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Governo britânico aumenta impostos sobre mais-valias, heranças e da Segurança Social

  • Joana Abrantes Gomes
  • 30 Outubro 2024

Contribuições das empresas para a Segurança Social vão ser a maior fonte de receita para “tapar” o buraco de 22 mil milhões de libras nos cofres do Reino Unido.

Poucos dias depois de assumir a pasta das Finanças no primeiro Governo liderado pelo Labour em quase 15 anos, Rachel Reeves afastava o aumento de impostos como o IVA, o IRS ou da Segurança Social. Mas, logo no início da apresentação do “Orçamento de outono” nesta quarta-feira, a chanceler anunciou o que já vinha sendo avançado pela imprensa britânica: uma subida de impostos em 40 mil milhões de libras.

Qualquer chanceler, perante a realidade, teria de fazer o mesmo se quisesse ser “responsável” e “reconstruir os serviços públicos”, alegou a ministra das Finanças do Reino Unido, no discurso diante da Câmara dos Comuns. A realidade, segundo Reeves, é que o Executivo trabalhista “herdou” dos sucessivos governos do Partido Conservador “um buraco negro de 22 mil milhões de libras” nos cofres públicos.

Uma das primeiras medidas apresentadas foi o aumento das contribuições para a Segurança Social pagas pelas empresas: dos atuais 13,8%, a taxa aplicada vai subir para 15% a partir de abril do próximo ano. Além disso, o escalão secundário a partir do qual a contribuição é paga vai diminuir de 9.100 para 5.000 libras.

A ministra Rachel Reeves avançou que esta decisão vai permitir angariar 25 mil milhões de libras por ano para os cofres do Estado, prometendo, porém, uma “proteção” para as empresas mais pequenas, com o aumento de 5.000 para 10.500 libras do limiar do subsídio que dá às empresas a possibilidade de reduzir os encargos com a contribuição para a Segurança Social.

Outro imposto que vai ser aumentado é o que incide sobre as mais-valias, designadamente a taxa mais baixa, que vai subir de 10% para 18%, e taxa mais elevada, de 20% para 24%. Na venda de imóveis residenciais, o imposto sobre as mais-valias permanece em 18% (taxa mais baixa) e 24% (taxa mais alta). Apesar da subida, “o Reino Unido continuará a ter a taxa de imposto sobre as mais-valias mais baixa de qualquer economia europeia do G7”, afirmou Reeves.

No que toca ao imposto sobre o rendimento, cujos escalões se esperava que permanecessem congelados além de 2028, Reeves surpreendeu ao anunciar que, a partir desse ano, os limites serão atualizados de acordo com a inflação. “Tendo considerado esta questão de perto, cheguei à conclusão de que a extensão do congelamento dos escalões prejudicaria os trabalhadores e retiraria mais dinheiro dos seus recibos de vencimento”, sustentou, defendendo que está a “cumprir todas as promessas fiscais” inscritas no manifesto eleitoral do Partido Trabalhista.

Já o imposto sobre os combustíveis vai, afinal, manter-se congelado por mais um ano com a atual redução de 5 cêntimos por litro, contrariando as informações avançadas por alguns jornais. Trata-se de um “compromisso substancial”, justificou a chanceler, por considerar que teria sido errado aumentá-lo enquanto a crise do custo de vida se mantiver num contexto de incerteza global.

Também ao contrário do que tinha sido avançado, o Governo liderado por Keir Starmer vai prolongar o congelamento do limiar do imposto sobre as heranças por mais dois anos, até 2030. Significa que as primeiras 325.000 libras de qualquer património não serão sujeitas a impostos, um valor que aumenta para 500.000 libras se o património incluir uma residência transmitida a descendentes diretos, e para um milhão quando um subsídio isento de impostos é transmitido a um cônjuge sobrevivente ou parceiro civil, explicou Reeves.

Adicionalmente, o imposto sucessório vai ser aplicado a pensões herdadas a partir de abril de 2027, enquanto as isenções aplicadas à herança de propriedades agrícolas e propriedades comerciais vão sofrer alterações: a partir de abril de 2026, só ativos empresariais e agrícolas combinados até um milhão de libras é que não ficam sujeitos a qualquer taxa.

Mas uma das medidas que tem causado mais polémica é o aumento de 2 para 3 libras do limite máximo dos bilhetes de autocarro em várias rotas em Inglaterra. Este limite foi introduzido pelo anterior Governo conservador e devia terminar no final deste ano.

Além disso, com o objetivo de “desencorajar não fumantes e jovens de começarem a fumar cigarros eletrónicos”, o Governo britânico vai introduzir uma taxa de 2,20 libras por 10 mililitros de líquido de vaporização a partir de 1 de outubro de 2026, a par com um aumento único no imposto sobre o tabaco.

À exceção da cerveja em barril, cujo imposto vai ser reduzido em 1,7% – o que, segundo Reeves, significa “um cêntimo a menos por uma cerveja no pub” –, as bebidas alcoólicas, designadamente as que não são servidas em barril, também vão sofrer aumentos nas taxas, a partir de fevereiro, de acordo com o índice de preços no produtor.

A ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, garantiu que o Orçamento cumpre “todas as promessas fiscais” apresentadas no manifesto eleitoral do Partido Trabalhista para as eleições legislativas de 4 de julho.

Por outro lado, Rachel Reeves confirmou a extinção do regime fiscal non-dom, destinado a residentes no Reino Unido cuja residência permanente para efeitos fiscais se situa fora do território britânico, e eliminar o conceito “desatualizado” de domicílio do sistema fiscal a partir de abril de 2025. “Se a Grã-Bretanha é a sua casa, deve pagar os seus impostos aqui“, declarou.

Aos deputados na Câmara dos Comuns, Reeves descartou um “regresso à austeridade”, mas sublinhou que, “dada a escala do desafio nos serviços públicos” do país, ainda haverá decisões difíceis pela frente.

Subida dos impostos vai financiar saúde, escolas e aumento do salário mínimo

Do lado da despesa, uma das principais medidas é o aumento do salário mínimo nacional a partir de abril de 2025. No caso dos trabalhadores com 21 anos ou mais, a subida é de 6,7%, de 11,44 para 12,21 libras por hora, enquanto os trabalhadores entre os 18 e os 20 anos veem a sua remuneração aumentar 16,3%, passando a receber 10 libras por hora em vez das atuais 8,60 libras/hora.

As pensões pagas pelo Estado também vão subir, neste caso 4,1%, o que representa um aumento de 475 libras para mais de 12 milhões de pensionistas no Reino Unido, apontou Reeves.

O Orçamento do Governo trabalhista destina mais 22,6 mil milhões de libras às verbas correntes para a Saúde, além de um aumento do investimento no setor em 3,1 mil milhões de libras nos próximos dois anos.

Para o Ministério da Educação, a ministra das Finanças promete 6,7 mil milhões de libras, o que equivale a um aumento de 19% do orçamento da tutela, que se centra na construção e manutenção de escolas. Acrescem ainda 2,3 mil milhões de libras para a contratação de professores para as disciplinas mais importantes.

O Executivo liderado por Keir Starmer vai também investir mais de 5 mil milhões de libras na concretização do seu plano para o setor da Habitação. Este valor inclui um aumento do “Programa de Casas Acessíveis” para 3,1 mil milhões de libras, o fornecimento de apoios e garantias no valor de 3 mil milhões de libras para aumentar a oferta de casas e apoiar os pequenos construtores.

Entre as restantes medidas anunciadas pela chanceler, destacam-se também o aumento do valor mínimo do “Carer’s Allowance”, um subsídio pago a prestadores de cuidados; um plano de 240 milhões de libras para 16 projetos dirigidos às pessoas inativas; o objetivo de poupar 2% nos gastos com a função pública; e a manutenção dos incentivos à aquisição de veículos elétricos.

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