Expresso Porto-Bragança é cobaia dos autocarros elétricos de longa distância

FlixBus aposta em projeto-piloto para viagem de mais de 200 quilómetros sem emissões. Até final do ano haverá autocarro com painéis solares entre Lisboa e a capital espanhola.

A partir de hoje há uma viagem de expresso entre Porto e Bragança com um autocarro totalmente elétrico. Este é o primeiro projeto-piloto em Portugal de um veículo pesado de passageiros para viagens fora do circuito urbano. A viagem é feita pela FlixBus em parceria com a empresa de Santa Maria da Feira Auto-Viação Feirense.

Por agora, o trajeto será feito com um autocarro inicialmente preparado para trajetos inferiores a 40 quilómetros. “Este veículo foi concebido originalmente para autocarros suburbanos, que não necessitam de tantas comodidades como numa deslocação de três horas. Atualmente, não existem autocarros de longa distância totalmente elétricos“, detalha ao ECO o diretor-geral da FlixBus para Portugal e Espanha, Pablo Pastega.

No interior, não há mesas nos bancos, praticamente não há tomadas elétricas, os bancos são mais pequenos do que num autocarro expresso normal e não há repouso para os braços entre os lugares. Também não há casa de banho no interior do veículo e não há cortinas – apesar de os vidros serem escurecidos. Faltam ainda os serviços de entretenimento a bordo e os monitores.

O veículo vai realizar a viagem diária entre Porto e Bragança, de duas horas e 45 minutos, com paragens em Vila Real e Amarante. Para não criar ansiedade durante a deslocação, o autocarro será carregado cada vez que chegar ao destino: no Porto, o pesado será abastecido nas instalações da Auto-Viação Feirense, em Lourosa; em Bragança, a bateria ficará cheia num posto de carregamento próximo do terminal rodoviário.

A instalação de um posto de carregamento em Bragança para autocarros foi determinante para a escolha do destino da experiência da empresa alemã. “Comprometeram-se em instalar um posto de alta capacidade”, assinala Pablo Pastega.

Com este projeto-piloto, a FlixBus pretende “abrir os olhos às entidades públicas” e “ajudar na expansão da nossa rede” de autocarros elétricos. “É fundamental aumentar a rede de postos de carregamento”, apela o responsável espanhol.

Aposta na redução das emissões

Portugal é um dos primeiros países com um serviço regular expresso de autocarros elétricos, seguindo os exemplos de Alemanha e França, onde este tipo de veículos foi testado em 2018. Nos Estados Unidos, as viagens interestaduais também já começaram a ser feitas com pesados elétricos.

Em conjunto com parceiros, a FlixBus está a experimentar autocarros mais amigos do ambiente. Ainda neste ano, haverá um autocarro com painéis solares entre Lisboa e Madrid, reduzindo o consumo de gasóleo. A empresa está ainda a desenvolver um protótipo para um veículo a hidrogénio em solo alemão.

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“Faltam motoristas” para FlixBus acelerar crescimento em Portugal

Empresa alemã antecipa melhor verão de sempre apesar de os parceiros terem dificuldade em recrutar condutores. FlixBus vai passar o usar o terminal de Campanhã para viagens no Porto.

Faltam motoristas para a FlixBus acelerar o crescimento no mercado português dos autocarros expresso. A situação é assumida pelo diretor-geral da empresa alemã para os mercados de Portugal e Espanha na véspera do primeiro verão sem restrições sanitárias desde a chegada da Covid-19. A companhia defende a facilitação de processos para que possam ser recrutados condutores de fora de Portugal.

A situação é relatada pelas empresas de autocarros que trabalham para a FlixBus: “Tal como noutras empresas de transportes, faltam motoristas. É muito importante que as autoridades públicas ajudem os parceiros para acelerar os processos e para que tenhamos mais motoristas. Poderíamos crescer ainda mais se não enfrentássemos esta situação”, lamenta, em entrevista ao ECO, o líder da FlixBus para Portugal e Espanha, Pablo Pastega.

Com a pandemia e as restrições nos transportes de passageiros, centenas de condutores deixaram a profissão ou passaram para a cabine dos camiões. Sem possibilidade de contratar em Portugal – a formação de novos motoristas de pesados pode demorar vários anos – a empresa sugere que sejam recrutados motoristas já certificados de países como o Brasil.

Tal como noutras empresas de transportes, faltam motoristas. É muito importante que as autoridades públicas ajudem os parceiros para acelerar os processos e para que tenhamos mais motoristas. Poderíamos crescer ainda mais se não enfrentássemos esta situação

Pablo Pastega

Diretor-geral da Flixbus para Portugal e Espanha

“Portugal tem um acordo com o Brasil e isso tem de ser facilitado”, propõe o líder espanhol. Ao abrigo do Tratado de Porto Seguro, os cidadãos brasileiros que residam em Portugal podem solicitar o estatuto de igualdade junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e, assim, ficarem com os mesmos direitos como se estivessem no Brasil.

Além da falta de motoristas, os parceiros da FlixBus também têm de enfrentar a subida do preço do gasóleo. A empresa diz que está a tentar manter os preços para os passageiros “o mais ajustados possível” e tirar partido do regime de tarifas dinâmicas para maximizar a taxa de ocupação nos autocarros.

Dificuldades para Lisboa e mudança para Campanhã

A nível doméstico, a FlixBus conta com perto de 50 destinos – e cerca de 200 destinos internacionais via Portugal – mas continua a lidar com dificuldades nos terminais de passageiros.

Em Lisboa, a empresa apenas pode usar a Gare do Oriente para estacionar os autocarros. No local, “faltam vários serviços básicos: não há ecrãs para as pessoas saberem onde vão apanhar o autocarro; as casas de banho não estão próximas; a partir de certa hora não há segurança”, detalha Pablo Pastega. A companhia tem tentado dialogar com a dona do espaço, a Infraestruturas de Portugal, que alega que o local é detido por privados.

Na cidade do Porto, a FlixBus vai passar a usar o novo Terminal Intermodal de Campanhã. A partir de julho, os autocarros pintados a verde vão deixar de usar o terminal das Camélias. A mudança de local resultou do diálogo com a câmara do Porto.

Mesmo com as dificuldades atuais, a empresa reforça a ambição de liderar o serviço de autocarros expresso nos próximos anos: “Todos os investimentos que estamos a fazer em Portugal estão a correr melhor do que nós prevíamos”, destaca o gestor espanhol.

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APA já está a identificar áreas para licenciamento acelerado de renováveis

Nuno Lacasta afirma que não pode para já adiantar prazos, dado que os trabalhos estão ainda numa fase inicial.

O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, avançou esta terça-feira que esta entidade já está a trabalhar na identificação de uma área no país onde os condicionamentos para a instalação de energias renováveis sejam muito baixos (idealmente inexistentes), de forma a que o licenciamento seja simplificado ao máximo dentro destes limites geográficos.

A Comissão Europeia deu o mote através do programa Repower EU, no qual recomenda aos Estados-membros a criar as chamadas “go-to areas” que, caracterizadas pelo baixo risco ambiental, usufruam de processos de licenciamento “encurtados e simplificados”, lê-se num comunicado do legislador.

conferência “Renováveis – Manter-se Competitivo no Mercado Português”Henrique Casinhas/ECO

As declarações do presidente da APA surgiram no âmbito da conferência “Renováveis – Manter-se Competitivo no Mercado Português”, onde se afirmou um defensor das “go-to areas”. Sobre prazos, Nuno Lacasta afirmou que não pode para já comprometer-se, dado que os trabalhos estão ainda numa fase inicial. Durante a conferência, afirmou que nunca foram criadas áreas deste tipo no panorama europeu e espera que em Portugal estas sejam definidas antes que nos restantes países. Ainda assim, ressalva que estas áreas “não vão resolver tudo”, e mesmo que sejam sete ou oito, vão continuar a haver projetos fora delas.

Na mesma conferência, adiantou que a APA está a trabalhar também numa afinação jurídica da classificação do uso de solos. À margem, esclareceu ao ECO/Capital Verde que a questão prende-se com os solos classificados como rústicos, que para já inibem a instalação de projetos solares, o que não se adequa à realidade atual.

Galamba: “Ainda não foi feito o suficiente” para a transição energética

O secretário de Estado apontou as iniciativas do Governo, que quis simplificar procedimentos e acelerar os processos de licenciamento. No entanto, “temos consciência de que o que fizemos não é suficiente e queremos continuar”, afirmou. Para isso, conta tirar partido de “todas as oportunidades” do programa europeu Repower EU, lançado recentemente, de forma a chegar com mais celeridade ao objetivo da neutralidade carbónica, marcado para 2050.

João Galamba abriu a conferência “Renováveis – Manter-se Competitivo no Mercado Português”Henrique Casinhas/ECO

É que a exigência é cada vez maior. João Filipe Nunes, em representação da E-Redes, afirmou que, nos próximos três a quatro anos, vão ser multiplicados por 10 o número de parques a ligar à rede da E-Redes. E “não basta ligar – depois de ligar, temos de assegurar um bom serviço”, sublinha.

As várias empresas que estiveram presentes concordaram que têm existido evoluções positivas em termos do enquadramento legal das renováveis, mas que pode ao mesmo tempo criar incertezas, e que há muitos desafios pela frente. “O que sentimos é que muitas vezes o que está na lei tem dificuldade de passar à prática. Onde está a grande dificuldade é em operacionalizar aquilo que está definido”, observou David Osorio Mota, da Chint Solar.

Um dos entraves atuais mais debatidos foi a relação com as comunidades locais. Nuno Matos, da Matos Fonseca & Associados, indica que “têm de se envolver as comunidades” e isso significa mais do que falar com a câmara municipal, saber quais as expectativas das pessoas, ou como estas veem as zonas intervencionadas. “Os promotores estão mais que disponíveis para funcionarem desse ponto de vista”, defende. Alberto Varela, da Triple Watt, chama a atenção de que há vários mitos em torno das renováveis que devem ser esclarecidos.

Paralelismo foi outro termo repetido: “Temos de ter mais paralelismo nas decisões”, indicou Lacasta. A ideia é que vários intervenientes avancem ao mesmo tempo na sua incumbência, em vez de se fazer tudo em cadeia.

conferência “Renováveis – Manter-se Competitivo no Mercado Português”Henrique Casinhas/ECO

Renato Madureira, da FF Ventures, declarou-se mais pessimista. “Julgo que não é com estes processos de licenciamento que conseguimos fazer isto [atingir as metas de descarbonização]. Assim não vamos conseguir licenciar entre 2 a 3 gigawatts de projetos anualmente”. Além de um paralelismo no processo de decisão, afirma que é necessário um plano no que toca aos concursos, que permita uma visibilidade de cerca de cinco anos. “Se não nos prepararmos, vão ser maus projetos e esses custam muito a licenciar, pois têm de se alterar”, diz Luís Selva, da Glennmont Partners/BNZ, que acredita que a digitalização pode ser outra das soluções para pôr o pé no acelerador.

A falta de pessoas é outro tema quente, ecoado por vários intervenientes. Nas palavras de Julieta Silva, da Voltalia, “há uma escassez de pessoas nas entidades públicas que possam ajudar”.

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Escalada da inflação pressiona negociações com sindicatos da Função Pública

Governo quer iniciar a negociação da entrada nas carreiras de assistente técnico e técnico superior, mas sindicatos querem discutir aumentos salariais.

Depois da primeira reunião do novo Governo com os sindicatos da Função Pública, as duas partes voltam a reunir. O Executivo tem em vista iniciar as negociações em temas como a entrada nas carreiras de assistente técnico e técnico superior, mas os sindicatos não largam uma questão que dizem ser prioritária: os aumentos salariais. Apesar de o Governo já ter sinalizado que não existiriam subidas intercalares para os funcionários públicos, as estruturas sindicais que os representam vão continuar a insistir neste ponto.

A reunião desta quarta-feira vem com uma convocatória que contempla a discussão das posições remuneratórias na entrada nas carreiras de assistente técnico e técnico superior, a revisão da portaria dos procedimentos concursais e ainda a valorização em função da habilitação, começa por apontar ao ECO Maria Helena Rodrigues, presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE).

Mas para o sindicato, “a prioridade são as atualizações remuneratórias”. “Depois de ouvirmos o primeiro-ministro a falar no aumento do salário médio em 20% até 2026, dizemos que nem sequer estamos nessa média”, salienta Maria Helena Rodrigues. A responsável refere-se ao discurso de António Costa deste sábado, onde convocou “a sociedade, o Estado e as empresas” para, em quatro anos, conseguir aumentar o peso dos salários no PIB de 45% para 48%, atual valor de referência na União Europeia, o que “implica um aumento de 20% do salário médio no país”.

“Queremos atualização e não chega sequer ao valor da inflação, é no mínimo de 3% para os trabalhadores da Administração Pública”, reitera a presidente do STE, ressalvando que nem sequer estão “a pensar nos 20% em quatro anos”, até porque não sabem “a que é que o primeiro-ministro chama salário médio”.

É de recordar que na definição dos aumentos para 2022, o Governo utilizou como referência a inflação a 30 de novembro, que acabou por ditar uma atualização de 0,9%. O valor final acabou por ser de 1,3%, e o indicador tem acelerado, mas o Governo tem vindo a rejeitar aumentos intercalares. Os sindicatos reivindicam uma atualização deste valor, tendo em conta a inflação que se tem verificado nos últimos meses e que em maio atingiu os 8%, segundo as estatísticas rápidas.

"Queremos ver discutidos os aumentos salariais, a revisão da tabela remuneratória única, o SIADAP e a valorização de carreiras”

Sebastião Santana

Frente Comum

Se para o STE esta é a principal reivindicação, a Frente Comum enumera mais algumas, argumentando também que “a ordem de trabalhos não corresponde às prioridades”. “Queremos ver discutidos os aumentos salariais, a revisão da tabela remuneratória única, o SIADAP e a valorização de carreiras”, diz Sebastião Santana, ao ECO.

O dirigente sindical defende ainda que “os pontos colocados pelo Governo não são acompanhados de propostas concretas de alteração”, pelo que “é mais uma negociação à governos do PS: senta-se a dizer que negoceia e depois não há propostas”. Desta forma, a Frente Comum não vai para a reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, com “perspetivas muito altas”, mas sim “na perspetiva de exigência”.

Quanto às questões na agenda, existe apenas um “documento sobre o último ponto, que é recrutamento e seleção de trabalhadores, que tem de alterar a portaria que regulamenta os trâmites, mas é um conjunto de intenções de revisão da portaria”, explica Sebastião Santana. “A Frente Comum não discute intenções, discute propostas”, reitera. O responsável avisa ainda que o “processo de luta dos trabalhadores é a resposta para dar na ausência de propostas”, sendo que “o que Governo está a comprar, sem apresentar propostas, é intensificação dessa luta”.

"A inflação já está muito perto dos 8%, os aumentos foram manifestamente insuficientes e há já trabalhadores na pobreza laboral que têm de optar e definir prioridades”

José Abrãao

FESAP

Já a Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP) também admite que a agenda é “insuficiente”. “Há outras questões como o SIADAP, era até 31 de dezembro de 2021”, os assistentes operacionais, a questão dos vínculos, diz José Abraão ao ECO, numa altura em que há “problemas nos hospitais”. “Não poderemos deixar de falar sobre essas questões que preocupam imensamente os trabalhadores”, assegura o secretário-geral da FESAP.

A questão dos salários também preocupa o sindicato, que salienta que “a inflação já está muito perto dos 8%, os aumentos foram manifestamente insuficientes e há já trabalhadores na pobreza laboral que têm de optar e definir prioridades”.

“Há questões que temos de levar”, refere José Abraão, destacando ainda a semana de trabalho de quatro dias. “Depois de nos terem dito que o que se viesse a fazer também seria considerado para a Administração Pública”, é um tema que “vai ser falado, tendo em consideração ouvir o que a tutela diz”.

Já a Frente Comum defende que esta não é uma prioridade, nomeadamente porque “o que está em causa agora são estudos, não é novidade. Já aconteceu com adesão fraca porque implicava perda de rendimento, não tem propostas concretas”. “Pode ser uma vantagem se não perderem salário e mantiverem carga horária, mas também pode ser prejuízo e desregulação da articulação da vida familiar e profissional”, considera Sebastião Santana, defendendo que “é muito prematuro ter discussão, é apenas manobra de propaganda”.

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Ninguém arrisca dizer que inflação atingiu pico nos 8%

Os economistas concordam que a previsão subjacente ao Orçamento para 2022 já está desatualizada, mas não arriscam a dizer se já chegamos ao pico da inflação em Portugal.

A curva da evolução da taxa de inflação aponta cada vez mais para cima, mas será que o pico já chegou? Os economistas consultados pelo ECO não arriscam dar uma resposta definitiva dada a incerteza que se vive na economia mundial, mas antecipam que a taxa de inflação deverá desacelerar no segundo semestre deste ano. Para já, voltou a acelerar em maio para 8,1% (IHPC) em Portugal, igual à média da Zona Euro, a qual também acelerou.

Seria surpreendente se durante os próximos meses a inflação não começasse a inverter a trajetória que tem sido observada“, responde o professor de macroeconomia da Nova SBE, Pedro Brinca, quando questionado pelo ECO. O argumento do economista é que, se o banco central conseguir reajustar as expectativas dos agentes económicos face aos preços, “espera-se que a inflação comece a abrandar de forma significativa“, de tal forma que há projeções que admitem uma taxa de inflação abaixo do objetivo de 2% em alguns meses de 2023.

João Borges da Assunção, da Católica, considera que a taxa de inflaçãoainda pode subir um pouco mais até final do verão“, assinalando que tal “também depende do que o Banco Central Europeu decida fazer”. Neste momento, a expectativa é que o BCE comece a subir os juros diretores na reunião de julho e depois novamente em setembro, acabando com as taxas negativas, parando depois para avaliar as causas da inflação na Zona Euro.

Mas há quem prefira ser ainda mais cauteloso: “Em rigor, é muito incerto se já passámos ou ainda chegaremos ao pico da inflação“, responde António da Ascensão Costa, do ISEG. Paulo Rosa, do Banco Carregosa, também não se compromete, dizendo apenas que “a transição e a segurança energética têm um preço denominado de inflação” e, portanto, “enquanto a escalada do preço da energia se mantiver, a inflação em Portugal vai continuar em alta e a penalizar a economia nacional“.

Mesmo que esta subida a pique, acompanhada pela inflação subjacente (a que exclui as componentes mais voláteis, como é o caso da energia), ainda não tenha chegado ao cume da montanha, uma coisa já é certa: a previsão do OE2022 de um IHPC de 4% e um IPC de 3,7% está desatualizada, como já tinha dito o Conselho das Finanças Públicas. Acredito que os números finais da inflação ainda abrandem significativamente até ao fim do ano, mas creio que a expectativa é que fiquem bastante acima dos 4%”, antecipa Pedro Brinca.

Uma opinião corroborada por António da Ascensão Costa, com a economia a apontar para uma taxa de inflação superior a 6%. “O crescimento rápido da taxa de inflação não é impossível, mas a sua desaceleração continuada, depois de a inflação se ter transmitido aos setores menos voláteis (que estão na base da inflação subjacente), e de se ter incorporado nas expectativas dos agentes, será sempre mais lenta“, explica o professor do ISEG.

Contudo, “tudo depende da evolução das cotações dos combustíveis fósseis”, recorda Paulo Rosa, referindo que, “se a guerra na Ucrânia acabasse hoje, talvez a inflação em Portugal ficasse até abaixo dos 4% em 2022“.

De acordo com as contas do Fórum para a Competitividade, “sem mais subidas de preços, a inflação média de 2022 seria de 6,7%”, lê-se na última nota de conjuntura divulgada na semana passada. Mais: “Para se atingir o valor de 3,7% previsto no Orçamento para 2022, a inflação mensal teria que ser, em média, negativa em 1,2% todos os meses, entre junho e dezembro, o que é extremamente inverosímil“, calcula o economista Pedro Braz Teixeira. O próprio admite que é frequente haver variações mensais negativas no caso da inflação, sendo que são “prováveis” em 2022 por causa da oscilação dos preços da energia. No entanto, dificilmente serão na dimensão necessária para alcançar a previsão do Governo.

Mais preocupante poderá ser a evolução da inflação subjacente, uma tendência que o Banco de Portugal — que vai atualizar as suas previsões este mês — já tinha identificado, com o contágio dos preços da energia ao resto da economia. A inflação subjacente passou de 5,0% para 5,6%, ficando ainda mais acima do indicador equivalente dos nossos parceiros, o que não é nada tranquilizador“, alertava o Fórum para a Competitividade.

Inflação portuguesa acelera e iguala média europeia

Se no início da escalada dos preços Portugal destacava-se como um dos países com menor taxa de inflação, neste momento já atingiu a média ponderada da Zona Euro, ainda que continue a ser o quinto país, entre 27 Estados-membros, com a taxa mais baixa. Por detrás desta evolução desigual da inflação entre os países europeus está a dependência energética face ao exterior e o mix energético, nomeadamente uma menor ou maior utilização do nuclear ou das renováveis.

Pedro Brinca considera que é “difícil de dizer se estamos a experienciar a mesma dinâmica de inflação que os outros países apenas com um desfasamento de alguns meses”, mas reconhece que “Portugal teve de certa forma protegido dos impactos iniciais do aumento dos preços da energia por não estar diretamente exposto às importações de gás natural da Rússia”. Agora, num segundo momento, “acaba por sofrer também através de inflação importada (preços de bens importados que aumentaram)”.

Para António da Ascensão Costa, “em Portugal, a inflação começou a acelerar mais tarde, digamos que relativamente pouco até ao final do ano anterior, e ‘disparou’ com o início do corrente ano e ainda mais com a invasão da Ucrânia”. O economista admite que até possa vir a ultrapassar a média europeia durante “alguns meses” dado esse desfasamento.

Paulo Rosa, do Banco Carregosa, atribui as diferenças às dependências de cada país — segundo a Bloomberg, a diferença entre a taxa de inflação entre os 27 Estados-membros nunca foi tão grande –, a começar por França onde “70% da eletricidade é fornecida pelas centrais nucleares”, o que permite à economia francesa “evitar parte da subida da inflação”. Logo a seguir a Malta, França é o país da União Europeia com a taxa de inflação mais baixa, nos 5,8% em maio.

Já a “Alemanha e Itália são mais dependentes do gás natural da Rússia” e Portugal é “dos países mais dependentes do exterior em termos de energia primária”. “Sendo assim, países como Portugal, Itália e Alemanha são dos mais penalizados pela subida dos preços dos combustíveis fósseis e, consequentemente, a inflação homóloga verificada no mês de maio foi das mais elevadas”, nota o economista sénior do Banco Carregosa.

Embargo a 90% do petróleo russo pode agravar tendência

Contudo, a evolução futura da taxa de inflação poderá também ser afetada pelo embargo a 90% do petróleo russo que faz parte do sexto pacote de sanções da União Europeia à Rússia. “Pode aumentar a perturbação na formação de preços nos mercados de energia e nesse sentido agravar pontualmente“, admite João Borges Assunção.

Uma opinião partilhada por Paulo Rosa: “O embargo ao petróleo russo pode resultar em escassez mundial desta matéria-prima e gera, com certeza, ineficiência no seu transporte, culminando num custo maior deste hidrocarboneto”. “Como a inflação é sobretudo impulsionada pelos preços energéticos, uma alta da cotação do petróleo redundará em mais inflação“, considera o economista sénior do Banco Carregosa.

Já Pedro Brinca argumenta que o impacto “tende a ser cada vez menor à medida que várias políticas e estratégias de adaptação foram postas em prática com vista a substituir o tipo e origem da energia importada da Rússia” pelo que o efeito não será elevado a médio prazo. No caso do petróleo, o economista diz que este é “de muito mais fácil substituição que o gás natural, devido à forma como é distribuído e à capacidade de outros mercados aumentarem a produção a substituírem o fornecimento de petróleo russo”. Ainda esta quinta-feira a OPEP+, o cartel do petróleo, anunciou um aumento de produção de barris acima do esperado.

Numa nota divulgada na semana passada, a equipa do BPI Research reconhecia que o “anúncio de novo pacote de sanções com embargo quase total ao petróleo Russo coloca pressão sobre o preço do crude”. Porém, dava ênfase a uma outra notícia que pode ter o efeito contrário na evolução da inflação: “Fica por confirmar a possível abertura de um corredor marítimo para saída de cereais dos portos da Ucrânia pelo Mar Negro, e a possível acalmia nestas commodities“. A concretização destas medidas e o calendário em que tal acontecer será determinante para perceber a evolução dos preços nos próximos meses.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que os sindicatos da Função Pública reúnem com a secretária de Estado, a OCDE publica o Economic Outlook.

Sindicatos da Função Pública reúnem com secretária de Estado. Conselho de Finanças Públicas (CFP) divulga relatório sobre o desempenho do SNS. OCDE publica Economic Outlook. Conheça estas e outras notícias que vão marcar o dia.

Sindicatos da Função Pública reúnem com secretária de Estado

As três estruturas sindicais da função pública reúnem esta quarta-feira com a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, para iniciar a negociação da entrada nas carreiras de assistente técnico e técnico superior.

Qual é a avaliação do SNS em 2021?

O Conselho de Finanças Públicas (CFP) divulga esta quarta-feira um relatório sobre o desempenho do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2021. Em 2020, ano marcado pelo surgimento da pandemia de Covid-19, a execução orçamental do SNS registou um saldo negativo de 292 milhões de euros, com o CFP a alertar para desafios de sustentabilidade financeira.

OCDE publica Economic Outlook

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) vai publicar esta quarta-feira o Economic Outlook, com análises e projeções para a economia mundial, países membros da OCDE, países do G20 e principais parceiros.

INE divulga inquérito rápido às empresas sobre a Covid em maio

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar esta quarta-feira o inquérito rápido e excecional às empresas no âmbito da Covid, referente a maio de 2022, com informações como o número de empresas em funcionamento e o volume de negócios.

Decorre o Portugal Electric Summit

Decorre esta quarta-feira o Portugal Electric Summit, um evento realizado pela Galp, onde será debatida a mobilidade elétrica e o futuro da energia. Vão marcar presença o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, o CEO da Galp, Andy Brown, e o secretário de Estado da Energia, João Galamba.

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Matemática no ensino secundário vai mudar em setembro de 2024

  • Lusa
  • 7 Junho 2022

As diferenças entre as “quatro matemáticas” que existem atualmente – para os cursos de ciências, humanidades, artes e cursos profissionais – vão esbater-se no início do secundário.

Mudanças na Matemática do secundário vão entrar em vigor em 2024 e, a manterem-se propostas que entraram esta terça-feira em discussão pública, no 10.º ano os alunos dos diferentes cursos terão um “primeiro período de aulas muito semelhante”. As diferenças entre as “quatro matemáticas” que existem atualmente – para os cursos de ciências, humanidades, artes e cursos profissionais – vão esbater-se no início do secundário, caso se mantenham as propostas de revisão das Aprendizagens Essenciais de Matemática.

A informação foi avançada aos jornalistas por Jaime Carvalho Silva, coordenador do grupo de trabalho responsável pelas propostas sobre o que devem ser as Aprendizagens Essenciais no 10.º, 11.º e 12.º anos e no ensino profissional. “Infelizmente, a Matemática por vezes condiciona muitas das escolhas dos estudantes” no momento de escolher a área a seguir no ensino secundário, disse.

Para contrariar a fuga de alunos chegou a ser considerada a hipótese de a Matemática do 10.º ano ser igual para todas os cursos, mas a ideia caiu. “Há apenas 1/3 do ano que é praticamente comum”, explicou Jaime Carvalho Silva, acrescentando que “o primeiro período é muito semelhante”.

Segundo o ministro da Educação, João Costa, que participou na conferência de imprensa de apresentação das Aprendizagens Essenciais de Matemática, a versão final do documento só estará pronta “no final deste ano” e o diploma “será homologado ainda este ano civil”. A consulta pública termina em 15 de setembro e depois, durante dois meses, o grupo de trabalho responsável pelas propostas “irá analisar tudo o que for feito”, disse Jaime Carvalho da Silva.

No calendário está também a formação de professores: “Foi tudo pensado desde o primeiro momento”, garantiu esta terça João Costa a jornalistas, acrescentando que em setembro arranca a formação das Aprendizagens Essenciais no ensino básico e, logo depois, será a vez do ensino secundário.

Jaime Carvalho da Silva explicou que estas propostas tentam trazer um “equilíbrio entre aplicações visíveis de Matemática, mas também vão resgatar um pouco da matemática clássica”. O grupo de trabalho defende mudanças tais como ser uma disciplina “para todos”, que os alunos consigam utilizar no seu dia-a-dia.

Entre as propostas do grupo de trabalho, composto por matemáticos, professores e especialistas em educação, surge a ideia de uma “Matemática para todos”, onde os “formalismos e os níveis de abstração excessivos deverão ser evitados”. Outra das “ideias inovadoras do currículo” é o de as escolas terem uma “Matemática para a cidadania”, até porque os alunos devem ter “ferramentas de análise dos processos sociais que estão na base do exercício de uma cidadania ativa”.

As aprendizagens essenciais deverão introduzir temas como “modelos e processos eleitorais” e “análise de modelos financeiros”, assim como valorizar o desenvolvimento da “literacia estatística”. Sobre a literacia financeira, os autores da proposta salientam a importância de os alunos serem capazes de usar a matemática em matérias como os salários, impostos, descontos ou promoções. “Valorizar o pensamento computacional” é outra das “ideias inovadoras do currículo”.

“A Matemática é a disciplina que mais recursos consome”, disse João Costa, lembrando que é a que tem mais horas semanais de aulas e mais horas de apoios e que “persiste em ser a disciplina com mais insucesso”. A entrada em vigor será feita de “forma progressiva”, primeiro com os alunos do 10.º ano, depois com os do 11.º e finalmente com os do 12.º, disse João Costa.

O trabalho de revisão da disciplina começou há seis anos, quando mais de 1/3 dos alunos chumbava a Matemática e muitos deixavam de seguir cursos de Ciências e Tecnologia e Ciências Socioeconómicas por causa da Matemática. Jaime Carvalho da Silva acrescentou que o grupo de trabalho não apresentou alterações para a Matemática Aplicada às Ciências Sociais (MACS), que é destinada aos alunos do curso de Línguas e Humanidades. O coordenador admitiu que a sua “bandeira” é que todos os alunos tenham Matemática no secundário.

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Zillenials privilegiam seguros nos planos de benefício de empresa

  • ECO Seguros
  • 7 Junho 2022

Necessidades dos trabalhadores jovens vão além dos benefícios tradicionais. Interessam-se pela posição do empregador sobre ambiente, ética e diversidade. Querem benefícios que assegurem bem-estar.

Os Zillennials, expressão associada ao grupo etário dos nascidos entre 1993 e 1998, estão a exigir uma cultura de empresa e um ambiente de trabalho que se alinhe melhor com os seus valores pessoais. Sendo a que se mostra menos satisfeita profissionalmente, mais de metade (53%) destes jovens considera que ter um emprego que não os realiza é uma das maiores causas de stress, estes jovens “são mais criteriosos do que outras gerações na avaliação dos seus empregadores, considerando todos os aspetos da experiência laboral, além dos benefícios tradicionais”, aponta um estudo da seguradora MetLife realizado nos EUA.

Entre 10 pontos que estes jovens consideram obrigatórios ou prioritários num plano de benefícios de empresa, o estudo lista seis que são coberturas de seguros e plano pensões.

Confrontados com esgotamento (burnout) e isolamento social dois anos após o início da pandemia, 53% procurou ajuda para a saúde mental no último ano (vs. 31% de todos os trabalhadores inquiridos). A geração Z tem opinião mais vincada, face aos outros trabalhadores, de que o seu empregador faz apenas o “mínimo possível” para os ajudar a adaptar-se aos novos contextos de trabalho, conclui o relatório MetLife Employee Benefit Trands Study – EBTS (EUA).

As tendências reveladas pelo estudo devem merecer a atenção dos empregadores e que podem aproveitar para fazer uma reflexão sobre as suas próprias práticas laborais. (…), os jovens estão a estabelecer um novo padrão para avaliar a experiência no trabalho. A análise das expectativas desta geração pode servir como um barómetro para o sucesso das políticas de talento,” nota Oscar Herencia, Vice-presidente da Metlife para o sul da Europa e diretor geral para Espanha e Portugal.

A 20ª edição do estudo sobre Tendências nos Benefícios de Trabalhadores nos EUA foca a necessidade de “apoiar experiência global dos trabalhadores.” As novas necessidades dos Zis vão além dos benefícios tradicionais, incluindo-se um maior interesse na posição do empregador face a questões ambientais e éticas (45%), bem como de diversidade, equidade e inclusão (40%) – expectativas “obrigatórias” para este grupo etário. Uma cultura de trabalho que aborde e melhore a saúde social e mental dos trabalhadores “também se tornou uma das principais considerações para os Zillennials,” afirma a MetLIfe referindo que o reconhecimento da importância da vida pessoal, e as políticas que colocam limites ao horário de trabalho dos trabalhadores, aumentaram em importância nos últimos dois anos.

Defendendo a necessidade de um “reforço dos benefícios para melhorar o bem-estar e a satisfação no trabalho,” o estudo afirma que o caminho é de “uma abordagem holística aos benefícios, dado que um em cada quatro dos Z (27%) diz ter considerado mudar de emprego para aceder a um pacote de benefícios melhorado (vs. 19% de todos os trabalhadores). Os benefícios tradicionais continuam a assumir grande importância para a geração Z e “isto é particularmente verdade no caso de seguros de vida e seguros de hospitalização, que saltaram 25 pontos percentuais, 23 pontos percentuais, e 19 pontos percentuais desde 2017 entre esta faixa etária, respetivamente”.

Questionados sobre que benefícios melhorariam o seu bem-estar, os Zillennials apontaram as licenças pagas e não pagas (74%); programas de equilibro da vida profissional e pessoal (67%); benefícios de bem-estar mental, incluindo programas de assistência e reembolso de sessões terapêuticas (62%); e programas de apoio às suas necessidades financeiras (55%), como principais prioridades.

“Para melhorar a satisfação e a retenção de talento, os empregadores precisam de atribuir maior importância aos benefícios. O objetivo é oferecer um pacote completo que dê resposta às principais necessidades das novas gerações. Caso contrário, arriscam-se a ficar para trás na guerra pelo talento,” concluiu Oscar Herencia.

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Energia e tecnologia dão impulso a Wall Street

  • Joana Abrantes Gomes
  • 7 Junho 2022

Os principais índices de Wall Street fecharam em alta, depois de um início de sessão no "vermelho". Apple valorizou mais de 1%, apesar da aprovação de Bruxelas de um carregador comum para telemóveis.

As bolsas norte-americanas inverteram a tendência negativa do início da sessão e encerraram em alta, graças ao impulso das ações tecnológicas e do setor da energia. A cadeia de lojas Target pesou sobre as ações de retalho.

Esta terça-feira, o índice de referência S&P 500 subiu 0,95% para 4.160,47 pontos, o industrial Dow Jones avançou 0,79% para 33.174,90 pontos, e o tecnológico Nasdaq valorizou 0,99% para 12.180,99 pontos.

Apesar de o Parlamento Europeu ter aprovado durante a manhã a criação de um carregador universal para telemóveis, tablets e headphones, a Apple teve ganhos de 1,76%, para os 148,71 dólares. Na tecnologia, também a Microsoft, a Tesla e a Alphabet (“casa-mãe” da Google) negociaram em terreno positivo.

Já a Target perdeu 2,44%, para os 155,98 dólares, num dia em que anunciou que estava a cancelar encomendas de fornecedores, particularmente para bens domésticos e vestuário, de modo a “limpar” o inventário acumulado antes da época de compras de férias.

Embora os mercados estejam a recuperar das perdas profundas que tiveram nas últimas semanas, os investidores continuam receosos com a inflação nos EUA, aguardando pelo relatório do índice de preços ao consumidor de maio, previsto para sexta-feira.

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Unicâmbio prevê superar este ano lucro de 2019

  • Lusa
  • 7 Junho 2022

A rede de 32 balcões que a Unicâmbio tem na Alemanha vai faturar 10 milhões de euros este ano.

A Unicâmbio revelou esta terça-feira que prevê ultrapassar este ano o lucro de 1,3 milhões de euros de 2019, ano anterior à pandemia, e que as 32 lojas na Alemanha vão faturar 10 milhões de euros. “Temos boas perspetivas para 2022, tudo se encaminha para isso [ultrapassar o resultado líquido de 2019], embora estejamos num ano de incerteza”, disse o presidente do Conselho de Administração da Unicâmbio, Paulo Jerónimo, num encontro com jornalistas em Lisboa.

Além disso, o responsável pela portuguesa Unicâmbio, que celebra 30 anos de atividade, destacou o negócio que a empresa detém na Alemanha, onde opera sob a marca Ucambio, um “mercado 10 vezes maior que Portugal”. Em 28 de dezembro de 2021, a Unicâmbio anunciou que tinha aberto 32 lojas na Alemanha, numa operação em parceria com a Western Union, admitindo que mais poderiam ser abertas de futuro, disse, na altura, à Lusa o fundador e administrador Carlos Lilaia.

Segundo disse Carlos Lilaia em dezembro, a Unicâmbio foi convidada pela Western Union para abrir negócio fora de Portugal e escolheu a Alemanha, tendo aberto as 32 lojas entre outubro e novembro, aproveitando o elevado número de estrangeiros que aí trabalham.

Esta terça, a empresa adiantou que a operação na Alemanha alcançará este ano o breakeven (ponto em que as receitas igualam a despesas), enquanto o retorno do investimento (pay back), que não revelou quanto foi, deverá ser atingido em 2024. A rede de 32 balcões vai faturar 10 milhões de euros este ano.

Para Paulo Jerónimo, tratou-se de assumir uma “grande responsabilidade, num tempo de incerteza”, sendo que a operação na Alemanha representa um salto qualitativo na internacionalização da empresa especializada no mercado de transferências de dinheiro e trocas cambiais.

A empresa liderada por Paulo Jerónimo, Carlos Lilaia e Adriana Jerónimo, por seu lado, apresentou um lucro de 300 mil euros em 2021, após ter tido prejuízos de 1,3 milhões de euros em 2020, ano da pandemia de covid-19, quando um ano antes tinha contabilizado um lucro de 1,3 milhões de euros.

Na sequência da crise da pandemia, a Unicâmbio lançou-se em novos negócios, caso do comércio de ouro usado em Portugal, atividade que quer replicar na Alemanha, já que este país é uma referência a este nível. “Este negócio tem potencial e estamos acima do que tínhamos previsto”, realçou ainda o responsável.

Além do negócio do ouro, a Unicâmbio entrou na concessão crédito pessoal. Para tal, a empresa de câmbios estabeleceu uma parceria com o BBVA para dar crédito pessoal aos seus clientes em Portugal até 5.000 euros.

Quanto ao número de empregados, a Unicâmbio tem atualmente 146 na Alemanha, 290 em Portugal, além de em Angola e Marrocos, somando um total de 450 trabalhadores.

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Provavelmente a RTP vai ter prejuízos este ano, antecipa Nicolau Santos

  • Lusa
  • 7 Junho 2022

Nicolau Santos apontou o "aumento brutal dos custos de energia, subiram três milhões de euros", ou seja, "três vezes mais" do que inicialmente estava orçamentado.

O presidente do Conselho de Administração da RTP afirmou esta terça-feira que “provavelmente” a empresa “vai ter prejuízos” este ano, sublinhando que os encargos “têm vindo a crescer”, mas garantiu que o grupo público “não está à beira do cataclismo”. Nicolau Santos falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

Os constrangimentos orçamentais da RTP para cumprir o Serviço Público de rádio e televisão, tal como está explanado no Contrato de Concessão, mas também muito para lá daquilo que fazemos”, alteraram-se “significativamente em 2022 e vai levantar problemas em termos resultados no final deste ano“, alertou Nicolau Santos.

Em primeiro lugar, assiste-se a “um aumento brutal dos custos de energia, subiram três milhões de euros, acima do que estava previsto, ou seja, três vezes mais do que inicialmente tínhamos orçamentado”, apontou. Em segundo, a guerra da Ucrânia, em que as “diversas equipas de rádio e de televisão estão presentes” no país “têm obviamente de ser apoiadas financeiramente pela RTP e a situação, como calculam, é de enorme custo”, disse.

Isto porque, as instalações hoteleiras “levam muito dinheiro, as viagens, tudo isto numa situação de guerra é bastante mais caro e obviamente que não tínhamos contemplado no orçamento deste ano uma guerra” na Ucrânia, prosseguiu.

Outro constrangimento são os fornecedores de tecnologia, que “estão a mudar os preços a dois dígitos” e “são brutais os investimentos”, salientou, dando o exemplo que a RTP tem quatro carros de exteriores, que cobrem os grandes eventos fora de portas. “Cada carro de exterior custa sete milhões de euros”, sendo que neste momento dois têm tecnologia “antiquada”, já que só dois estão em HD (alta definição). “Precisávamos de ter mais, mas temos que pensar seriamente se neste momento vamos fazer um investimento de sete milhões de euros para comprar um novo carro de exteriores”, referiu.

Além disto tudo, “temos algo que não acontece desde 2014 na RTP”, que são aumentos salariais. Este ano vai haver aumentos salariais, “também por aqui teremos um novo encargo”. Portanto, esta situação “vai obrigar a RTP a fazer escolhas difíceis nos próximos anos se não houver alterações ao seu financiamento”, alertou.

Apesar do quadro geral, “provavelmente a RTP, depois de muitos anos, vai ter prejuízos” face a estas situações que são “absolutamente surpreendentes”, pois “não contávamos com elas”, mas “são uma tendência de fundo”. Nicolau Santos disse que está a trabalhar para “minimizar ao máximo esses resultados negativos”.

O gestor recordou ainda o que se está a passar com a BBC. “A BBC anunciou uma profunda reestruturação”, que vai contemplar o encerramento de dois canais lineares, negociação para a saída de cerca de 1.000 colaboradores, e vai “apostar ainda mais no streaming e no digital. Esta é uma aposta que está a ser feito por vários serviços públicos de rádio e televisão europeus, é uma aposta que tem seguramente custos pessoais, custos orçamentais, mas é um caminho que aparentemente é o correto e que devemos trilhar para conseguir contemplar públicos que hoje em dia” não vê e nem ouve televisão e rádio nos modos tradicionais, mas noutras plataformas, prosseguiu.

“E nós precisamos de apostar aí”, salientou, defendendo a necessidade de discutir e focar a estratégia de Serviço Público para o futuro. Na sua intervenção, Nicolau Santos fez uma “pequena digressão” sobre aspetos que considerou importantes como o facto da RTP apoiar a produção independente de filmes, séries e documentários com 15 milhões de euros todos os anos, tendo sido no ano passado 18 milhões.

Isto garante “o emprego a milhares de pessoas, empregos que teriam desaparecido durante a pandemia se não fosse a RTP”, sublinhou. “Nenhum operador privado tem este nível de comprometimento com a produção independente, depois a RTP contribuir decisivamente para o conhecimento do país e para a sua coesão social e cultural”, apontou, como também dá apoio aos artistas nacionais e aos eventos culturais e é a estação “dos grandes eventos nacionais”, elencou.

“A RTP tem neste momento um problema de contratação de profissionais. Como sabem houve uma regularização de trabalhadores considerados precários, pelo qual 250 pessoas entraram na RTP nos últimos anos”, disse o gestor. “A massa salarial da RTP por essa via cresceu 10 milhões de euros, isto são encargos muito grandes, ao mesmo tempo que se manteve a contribuição do audiovisual, que está congelada desde 2016, e as nossas limitações em termos de captação comercial, como sabem, estão limitadas aos seis minutos por hora”, prosseguiu.

Ou seja, “os encargos têm vindo a crescer claramente e a maneira de resolver isso tem sido ir à grelha e fazer menos do que aquilo que estávamos a fazer, portanto este é um caminho que não vai levar a um bom fim se não tomarmos opções estratégicas, decidir exatamente o que queremos fazer e, nesse aspeto, nós vamos olhando para aquilo que hoje dia oferecemos para lá do Contrato de Concessão (…) e consideramos que eventualmente há coisas que vamos deixar de fazer se efetivamente não houver um outro modo de financiamento e novas receitas”, argumentou.

Nicolau Santos disse andar à procura de novas receitas e o Contrato de Concessão “será muito importante” no sentido de encontrar a possibilidade de “monetizar” algumas áreas da empresa e dos serviços disponibilizados. O presidente da RTP salientou que este momento deve servir para “abrir uma grande discussão sobre o que deve ser o Serviço Público de rádio e televisão em Portugal”.

O que é que queremos, o que é que o país entende que futuro a televisão e a rádio pública devem ter em Portugal, se isso contribui efetivamente para a qualidade da nossa democracia e da nossa sociedade, ou não, se os privados podem fazer aquilo que a RTP faz e que eles hoje em dia não fazem, mas esse é efetivamente o debate que penso que está na ordem do dia”, defendeu o gestor e jornalista.

“Até lá, estaremos seguramente à frente da RTP tentando fazer o melhor pela empresa e definir caminhos como aqueles que temos em cima da mesa e que estarão plasmados na proposta do Contrato de Concessão que vamos entregar ao ministro” da Cultura, concluiu.

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Gaps de proteção: Insurance Europe quer ação conjunta e coordenada em 3 áreas

  • ECO Seguros
  • 7 Junho 2022

Pensões de reforma, catástrofes naturais e ciber-risco são áreas com importantes lacunas de proteção, apontou a 12ª Conferência Internacional da federação europeia de seguros, exigindo ação coordenada

Andreas Brandstetter, presidente da Insurance Europe: É necessário que os quadros regulatórios sejam adequados aos objetivos e que as regras não resultem em obstáculos ao desenvolvimento de soluções oferecidas pelos seguros.

Em todo o mundo, as sociedades e a economia registam significativo gap de proteção em áreas comuns, cuja abordagem requer uma ação conjunta envolvendo a indústria seguradora, o público e os legisladores (governos), defende Andreas Bandstetter, presidente da Insurance Europe. Em Praga, sob auspício da Czech Insurance Association e com proposta de discussão fechar lacunas de proteção existentes (Closing the Gaps-Protection for All), a comunicação de Brandstetter à 12ª Conferência Internacional da federação europeia de associações de seguros, focou:

  • Falta de financiamento dos sistemas públicos de pensões: Em todo o mundo, os governos enfrentam um enorme desafio na provisão de fundos para assegurar o rendimento dos cidadãos reformados, uma vez que a proporção de trabalhadores em relação aos reformados [rácio de dependência] está a diminuir na maioria dos países, tendência que, como se sabe, tem impacto na sustentabilidade dos sistemas de pensões baseados na repartição.

Neste cenário, Brandsteter afirmou que o desenvolvimento dos designados sistemas multi-pilar, em que as seguradoras desempenham um papel fundamental como fornecedores de planos de pensões do segundo e terceiro pilares (1º pilar corresponde ao sistema público de previdência), contribuirá para tornar os sistemas nacionais de pensões (Segurança Social) mais sustentáveis. Para que isso aconteça, “os decisores políticos devem ser claros quanto à necessidade de o público poupar mais para a reforma, e depois encorajá-los a fazê-lo através de incentivos fiscais” ou, por exemplo, planos voluntários.

  • Falta de cobertura para catástrofes naturais: Embora a situação varie significativamente consoante a geografia, os gaps de proteção contra catástrofes naturais agravam-se com eventos de escala cada vez mais chocante, podendo ser particularmente graves para as economias emergentes.

Esperando que os decisores políticos façam o seu melhor para limitar as alterações climáticas, “é vital que sejam tomadas medidas urgentes para adaptar as sociedades a um clima já em mudança.” Embora a responsabilidade seja principalmente das autoridades públicas, “as seguradoras podem também ajudar aos esforços de adaptação através da sua ampla capacidade de modelação e, sempre que possível, o público deve tomar medidas para tornar as suas casas mais resistentes a eventos de catástrofes naturais”.

  • Gap de cobertura face ao risco cibernético: Os ciberataques têm mostrado como as sociedades e economias estão expostas aos ciber criminosos. “Existe, portanto, uma clara necessidade de aumentar a resiliência cibernética,” referiu o também o Presidente e CEO da seguradora austríaca UNIQA, admitindo que se assiste a uma consciencialização crescente sobre a necessidade de proteção contra riscos cibernéticos tanto nas empresas como por parte do público.

Mas “é necessário fazer mais”, afirmou, lembrando que um número crescente de seguradoras está a disponibilizar produtos. Mas, Brandstetter também aponta a existência de barreiras, em particular, a falta de dados disponíveis para modelação e tarifação dos riscos, uma realidade que está a limitar o desenvolvimento do mercado, pelo que os decisores políticos podem ajudar a resolver esta questão permitindo às seguradoras o acesso a dados de incidentes cibernéticos num formato agregado e anónimo. Isto ajudaria as seguradoras a aumentar a sua capacidade de modelização e, por conseguinte, a proteção que podem oferecer.

Finalmente, o responsável da Insurance Europe sublinhou a necessidade de os legisladores (governos e supervisores) assegurarem que os quadros regulamentares são adequados ao objetivo e que as regras não resultem em obstáculos ao desenvolvimento de soluções de proteção oferecidas pelas seguradoras, nem para a sua capacidade de investir na economia. Além disso, as regras não devem desencorajar as seguradoras na utilização de ferramentas, como inteligência artificial e um maior volume de dados disponíveis, o que pode ajudar a reduzir ainda mais as lacunas de proteção, reforçou.

 

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