Fundación Jiménez Díaz, vencedora do “Prémio Melhor Hospital Espanhol” em “Processos Médicos”

  • Servimedia
  • 18 Outubro 2024

O Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz foi reconhecido na sexta edição dos Prémios Best Spanish Hospitals Awards (BSH) como Melhor Hospital na categoria de “Processos Médicos”.

Na cerimónia realizada em Madrid, participaram representantes de muitos dos 130 hospitais de 14 comunidades autónomas que apresentaram as suas respetivas candidaturas.

Os BSH Awards, atribuídos pela consultora especializada Higia Benchmarking em sete categorias de prémios e seis grupos de hospitais, têm como objetivo promover a gestão clínica orientada para a melhoria contínua dos centros públicos e privados espanhóis, reconhecendo e destacando a excelência hospitalar através da análise de até 110 processos clínicos e cerca de 50 indicadores de eficiência, idoneidade e qualidade assistencial, que enquadram o estudo de mais de 3.000 resultados por centro.

O Dr. Javier Arcos e Ana Posada, diretor e subdiretora, respetivamente, da Fundación Jiménez Díaz, receberam o Prémio BSH de Melhor Hospital em “Processos Médicos”, que premeia o centro madrileno, pelo segundo ano consecutivo nesta categoria, entre os três com melhores resultados no seu grupo hospitalar e área clínica.

Juntamente com o prémio, o hospital recebeu, no âmbito do processo de atribuição, informação muito útil para otimizar os seus resultados, identificando as suas áreas ou aspetos a melhorar, o que está totalmente alinhado com a sua estratégia de procura constante da excelência. Receberá também informação detalhada sobre o posicionamento dos seus resultados em todos os processos e indicadores clínicos analisados para a atribuição dos prémios e poderá comparar com os resultados agregados, tanto por grupo hospitalar como por categoria (área médica, área cirúrgica e área materno-infantil).

Além disso, dois dos outros quatro hospitais Quirónsalud da rede pública de Madrid (Sermas), os hospitais universitários Rey Juan Carlos (Móstoles) e Infanta Elena (Valdemoro) também foram reconhecidos nesta edição dos BSH Awards. Concretamente, o centro de Mostoleño recebeu o prémio de Melhor Hospital em “Cuidados Intensivos” e foi finalista na categoria de “Processos Médicos”, enquanto o hospital de Valdemoro foi também finalista na categoria de “Processos Cirúrgicos”.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 18 de outubro

  • ECO
  • 18 Outubro 2024

Ao longo desta sexta-feira, 18 de outubro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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ISDIN e FERO sensibilizam para o papel dos acompanhantes na luta contra o cancro da mama

  • Servimedia
  • 18 Outubro 2024

O laboratório ISDIN, em colaboração com a Fundação FERO, lançou a sétima edição da campanha JUNTAS, uma iniciativa que visa sensibilizar a importância da investigação e deteção precoce desta doença.

Sensibilizar para a importância do apoio emocional, para além da prevenção, do auto-exame e da investigação como chaves para um futuro sem cancro. Com a ideia de que “o laço que nos une”, a campanha procura explicar a “união infinita” gerada pelo apoio a uma mesma causa.

Dando voz aos protagonistas e narrando a realidade desta doença, com especial atenção para a ligação que se gera entre os doentes e os seus acompanhantes. A imagem da campanha é ilustrada por Steffi Mallebrein, coautora do guia de acompanhamento do cancro da mama que a ISDIN lançou no ano passado, e pela sua filha Laura.

Mãe e filha fazem também parte de uma série de testemunhos comoventes apresentados pela ISDIN sobre a forma como os acompanhantes vivem o tratamento e a luta contra a doença. Um processo em que o apoio, especialmente o apoio emocional, é vital. Como diz Steffi: “Não me chames corajosa, apenas apoia-me”. Vencer dois cancros da mama não foi apenas uma batalha física, mas um profundo desafio emocional, em que o apoio humano à sua volta se tornou a sua maior força.

Segundo dados da Fundação FERO, o cancro da mama afeta 1 em cada 8 mulheres (espera-se que mais de 36 000 sejam diagnosticadas até 2024) e prevê-se que a deteção do cancro aumente 70% em 25 anos. É por isso que a investigação é fundamental. Como explica o presidente da fundação FERO, Rubén Ventura, “há 25 anos, só curávamos 65% dos cancros da mama detetados, hoje os números são de 85%, e é por isso que cada contribuição para a campanha JUNTAS nos aproxima de um futuro sem cancro”.

Mais uma vez, este ano, a ISDIN doará um euro à Fundação FERO por cada compra de um produto das gamas ISDIN Woman, Germisdin Intim e Ureadin Rx Rd, além de permitir doações com pontos através do LoveIsdin. De acordo com Juan Naya, CEO da ISDIN, “há anos que colaboramos, juntamente com os farmacêuticos, com a Fundação FERO para promover a investigação e a prevenção do cancro da mama e estamos orgulhosos de colaborar com um centro líder neste campo, como o Instituto de Oncologia Vall d’Hebron. Mas o nosso objetivo é também estar ao lado dos doentes e das suas famílias, fornecendo-lhes informação e apoio quando estão a passar por uma situação tão complicada como esta”.

O dinheiro angariado durante a campanha será destinado à investigação da Biópsia Líquida, um projeto liderado pela Dra. Ana Vivancos, chefe do Laboratório de Genómica do Instituto de Oncologia Vall d’Hebron (VHIO), que está a desenvolver uma técnica para detetar o cancro através de uma gota de sangue, evitando biópsias invasivas e cirurgias.

Novidade deste ano, em 16 de outubro, a CASA ISDIN organizou um painel de discussão com mulheres inspiradoras que contaram as suas histórias pessoais. Steffi, juntamente com a Dra. Cláudia Barreto, ginecologista e obstetra, a Dra. Bárbara Fontanals, coordenadora científica da Fundação FERO, e outros especialistas da área ajudaram a compreender a importância do auto-exame, o papel da deteção precoce e a dura realidade do cancro da mama.

Foi o evento central de uma campanha que estará ativa durante todo o mês de outubro e que este ano ultrapassa as fronteiras de Espanha. A ISDIN Chile, Portugal, Peru, Argentina e Colômbia darão o seu apoio para que a mensagem “Juntos contra o cancro da mama” chegue a todo o lado. A filial mexicana também participa com a sua própria colaboração com a fundação local FUCAM.

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Consórcio “acelera” transição digital nas empresas do Norte com 19 milhões de euros

Consórcio da CCP, AEP, AHRESP e ACEPI tem no terreno o projeto Acelerar Norte para apoiar a transformação digital de 9.000 micro e PME das oito sub-regiões do Norte do país.

“Mais de 60% das Micro, Pequenas e Médias Empresas (PME) do comércio, serviços pessoais e da restauração e similares do Norte de Portugal, já têm uma presença digital”, apesar de ainda precisarem de melhorar no campo das vendas online e do investimento em marketing digital para se tornarem mais competitivas no mercado. Esta é uma primeira radiografia feita no âmbito do projeto Acelerar o Norte, que já está no terreno e pretende capacitar para a economia digital mais de 50 mil empresários e colaboradores destes setores, avança ao ECO/Local Online o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes.

Envolvendo um investimento de 19 milhões de euros, este programa visa tornar o tecido económico nortenho ainda mais competitivo até setembro de 2025. “O projeto pretende que, no último trimestre de 2025, 80% das empresas intervencionadas tenham presença digital e melhorem também noutros aspetos, ou seja, queremos também aumentar a percentagem das que têm uma estratégia de marketing digital ou que utilizam o digital para vender os seus produtos e, ou, serviços”, detalha o presidente da CCP, que lidera o consórcio deste projeto nortenho. Entre os parceiros contam-se ainda a Associação Empresarial de Portugal (AEP), Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP ) e a ACEPI – Associação da Economia Digital.

A iniciativa arrancou a 14 de março deste ano, em Braga, e até setembro último já envolveu centenas de empresas de localidades como Bragança, Porto, Penafiel, Mirandela, Vila Nova de Famalicão ou Arcos de Valdevez.

Fruto de parcerias com associações locais, as equipas das 16 aceleradoras de comércio digital do Acelerar o Norte estão no terreno com o propósito de apoiar a transformação digital de 9.000 Micro e PME dos setores do comércio, serviços pessoais e da restauração e similares, distribuídas ao longo das oito sub-regiões do Norte do país. A saber: Alto Minho, Cávado, Ave, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Tâmega e Sousa, Douro e Terras de Trás-os-Montes.

João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em entrevista ao ECO - 27FEV24
João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

“A expectativa é de que o projeto possa chegar, por esta via, a cerca de 50 mil empresários, comerciantes e colaboradores destes setores”, aponta João Vieira Lopes.

Desde junho que as empresas aderentes e os seus colaboradores participam em ações de capacitação para a digitalização com workshops temáticos, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e competências na área digital. O objetivo destas iniciativas é de que consolidem conhecimentos para os desafios da digitalização e fiquem conscientes das vantagens da implementação de um modelo de negócio digital.

“Nos primeiros encontros deste roadshow de sensibilização estiveram envolvidos mais de um milhar de empresários e comerciantes que demonstraram interesse e vontade em aderir ao projeto”, detalha João Vieira Lopes.

A próxima etapa deste projeto será a criação da Academia Digital, uma plataforma online de aprendizagem, com conteúdos de capacitação digital de acesso livre e gratuito.

A expectativa é de que o projeto possa chegar, por esta via, a cerca de 50 mil empresários, comerciantes e colaboradores destes setores.

João Vieira Lopes

Presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP)

Ao longo do projeto serão realizados estudos junto das empresas do Norte do país, visando analisar a evolução dos principais indicadores da economia digital na região e medir o impacto do projeto Acelerar o Norte.

Na prática, este programa visa “facilitar a adoção de estratégias e soluções digitais que permitam às empresas atrair novos clientes, alcançar mais vendas e simplificar processos, para fazer crescer o negócio em todas as frentes”, resume o consórcio nortenho. As empresas e os negócios de proximidade serão apoiados através de parcerias com associações locais, universidades e municípios.

A iniciativa é financiada pela União Europeia através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e NextGeneration EU, no âmbito da medida Aceleradoras de Comércio Digital.

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Taxa média efetiva de IRS ainda está acima do período pré-troika

Taxa média efetiva de IRS situa-se em 13,3% em 2024, estando em níveis superiores aos registados antes da crise. Aumento de rendimentos sobrepõe-se ao das políticas de alívio fiscal implementadas.

O aumento da taxa média efetiva de IRS, isto é, o peso da receita do imposto no total de rendimentos durante a crise da dívida soberana ainda não foi totalmente revertido, devido ao forte crescimento dos rendimentos. A conclusão é de um artigo publicado na quinta-feira na Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal (BdP), que indica que a taxa situa-se em 13,3% em 2024, mais 4,3 pontos percentuais do que em 2009.

Na análise intitulada “O IRS em Portugal: da crise da dívida soberana ao choque inflacionista”, os economistas Sara Riscado, Lara Wemans e Sharmin Sazedj concluem ainda que o aumento de rendimentos sobrepõe-se ao das políticas de alívio fiscal implementadas, mas também que a capacidade redistributiva do imposto aumentou.

Apesar da implementação de medidas de alívio fiscal, a taxa média de IRS em 2024 mantém-se em níveis claramente superiores aos registados antes da crise da dívida soberana“, concluem.

Apesar da implementação de medidas de alívio fiscal, a taxa média de IRS em 2024 mantém-se em níveis claramente superiores aos registados antes da crise da dívida soberana

Os economistas atribuem este efeito, em grande medida, à não atualização dos parâmetros do imposto na mesma proporção da evolução do rendimento. “Este aumento da taxa média traduz-se numa maior capacidade redistributiva do imposto“, referem, destacando que desta forma “embora a desigualdade de rendimentos antes da aplicação do IRS em 2024 seja semelhante à de 2009, a desigualdade após a cobrança do imposto diminuiu durante este período”.

A taxa média efetiva de IRS subiu de 9% para 14,2% entre 2009 e 2014, durante o programa de ajustamento, tendo esta evolução sido induzida maioritariamente pelas medidas de consolidação implementadas, com um contributo de 3,7 pontos percentuais (pp.). No período seguinte, entre 2014 e 2019, a taxa média reduziu-se para 13,1% (-1,1 pp.), com os economistas a salientaram que a evolução de rendimentos atenuou, parcialmente, o efeito das medidas de política implementadas.

Entre 2019 e 2024, as alterações legislativas – nova diminuição das taxas marginais com a criação de escalões adicionais e a atualização dos limites dos escalões – reduziram a carga fiscal deste imposto em 2,7 pp., contudo, o efeito rendimento acabou por ser “predominante”, resultando num aumento da taxa média de imposto para 13,3%. “Quando se compara a tabela de IRS em vigor antes do PAEF com a de 2024, observa-se uma redução das taxas marginais intermédias, mas um aumento ligeiro da taxa marginal inicial e bastante significativo das do topo da tabela”, aponta.

Os economistas assinalam que a taxa de imposto média efetiva é ligeiramente mais baixa em Portugal do que os 14% registados na média da zona euro e a concentração do imposto nos rendimentos mais elevados é maior do que a média dos países da moeda única: 54% face a 43%.

Fonte: Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal

“Esta diferença é explicada por se verificar em Portugal uma maior concentração do rendimento bruto no último decil (29% face a 26% na área do euro) e se aplicar uma taxa média efetiva mais alta (24% face a 22% na área do euro)”, referem. Realçam ainda que mesmo aplicando uma taxa mais alta, a concentração de rendimento disponível nos rendimentos mais elevados, mantém-se superior em Portugal (25% face a 23% na zona euro), predominando o efeito da maior desigualdade do rendimento bruto.

Deste modo, consideram que “futuras reformas fiscais, além de serem conciliadas com o espaço orçamental existente, podem beneficiar com o enquadramento no conjunto das alterações ocorridas nos últimos anos, de forma a obter uma análise mais abrangente“.

“A não indexação automática dos escalões e parâmetros do IRS aumenta a flexibilidade da política fiscal e reforça a atuação do imposto como estabilizador automático. Contudo, é recomendável a avaliação sistemática do impacto na taxa média efetiva e na distribuição de rendimentos especialmente em períodos de inflação elevada”, apontam.

Defendem ainda ser importante considerar o sistema completo de impostos e benefícios na avaliação do impacto de potenciais reformas na capacidade redistributiva do imposto, bem como o impacto de alterações no mercado de trabalho.

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Cenário político, lei do trabalho e inteligência artificial preocupam empregadores

Vários países europeus têm eleições marcadas e empregadores estão preocupados com as mudanças na lei do trabalho que daí resultarão. Portugal não vai às urnas, mas lei laboral também prende atenções.

A maioria dos empregadores europeus está preocupada com as potenciais mudanças à lei laboral decorrentes das eleições marcadas para este ano e para o próximo, mostra um novo estudo que agrega respostas de mais de 600 diretores de recursos humanos, líderes empresariais e advogados. Portugal não tem eleições legislativas marcadas para o próximo ano, mas também por cá os empregadores estão atentos à lei do trabalho, até porque o atual Governo já indicou que quer revisitar as dezenas de alterações que foram feitas na primavera do ano passado.

“Até ao final deste ano, terá havido nove eleições legislativas na Europa, algumas das quais poderão resultar em mudanças significativas nos Governos e nas políticas. Já vimos o Partido Trabalhista tomar posse no Reino Unido, enquanto em França as eleições antecipadas continuam a gerar incerteza política”, começa por relatar a Littler (organização de sociedades de advogados dedicada especificamente à lei do trabalho), no seu novo estudo.

“Logo, mais de 80% dos inquiridos estão preocupados com as potenciais mudanças na lei do trabalho que resultarão das eleições de 2024 e 2025″, indica a mesma organização.

Em concreto, 15% dos empregadores estão muito preocupados com essas eventuais alterações, 32% estão moderadamente preocupados, e 36% estão um pouco preocupados, enquanto 18% não estão preocupados de todo.

Ainda que em Portugal não esteja prevista nenhuma ida às urnas, os empregadores também estão atentos à lei do trabalho, indica ao ECO o advogado David Carvalho Martins, managing partner da DCM Littler.

“Diria que a preocupação existe em Portugal, mas no sentido inverso, isto é, quanto a alterações visem corrigir os excessos das últimas reformas. Há alguma expectativa“, sublinha, em conversa com o Governo.

Na primavera do ano passado entraram em vigor dezenas de alterações à lei laboral, no âmbito da chamada Agenda do Trabalho Digno. O novo Governo já disse que quer revisitar essas mudanças, tendo o secretário de Estado do Trabalho revelado, na Conferência Anual do Trabalho, promovida pelo ECO, que esse tema será uma das prioridades da Concertação Social, a partir de novembro.

“[A discussão] terá a amplitude que os parceiros sociais vierem a definir”, sublinhou Adriano Rafael Moreira, sendo que o Governo já partilhou um documento com as confederações empresariais e com as centrais sindicais, no qual identifica os pontos que gostaria de revisitar, nomeadamente a tributação dos recibos verdes e as regras do trabalho nas plataformas.

É de referir, no entanto, que quaisquer alterações à lei do trabalho exigirão “luz verde” do Parlamento, órgão no qual o Governo do PSD não tem maioria. Ao ECO, David Carvalho Martins indica, porém, que “haver um consenso na Concertação Social pode ajudar a desbloquear eventuais impasses” na Assembleia da República.

Além das potenciais à lei do trabalho, os empregadores europeus também estão preocupados com as eleições, porque a ida às urnas estão a afetar as dinâmicas nos locais de trabalho. Cerca de 86% dos empregadores europeus “afirmam que enfrentam algum grau de dificuldade em gerir a política no local de trabalho, incluindo visões divergentes entre os trabalhadores“.

IA, entre o desafio e a oportunidade

Outra das preocupações atuais dos empregadores apontadas pelo estudo da Littler é a inteligência artificial, estando mais de metade dos inquiridos “moderadamente ou muito preocupados” com o cumprimento das leis de proteção de dados e segurança da informação ai utilizar este tipo de tecnologia nos recursos humanos.

A inteligência artificial generativa apresenta desafios únicos dada a facilidade com que os colaboradores podem utilizar estas ferramentas no seu trabalho“, acrescenta a organização, que indica, ainda assim, que cerca de metade dos inquiridos estão confinantes que os trabalhadores estão a usar estas ferramentas de forma adequada.

“As políticas que orientam a utilização por parte dos trabalhadores podem ajudar, mas apenas 29% afirmam ter uma política interna em vigor“, nota o estudo.

Sobre este ponto, o advogado David Carvalho Martins defende que está em causa “um desafio, mas também uma oportunidade”. Por um lado, é preciso investir para aproveitar esta tecnologia e formar os empregados. Enquanto, por outro, há a oportunidade de se melhorar a vida pessoal e profissional, já que a inteligência artificial tende a aumentar a produtividade.

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Forvis Mazars cresce a Norte e muda escritório do Porto para a zona industrial

Auditora e consultora deixa escritório no Campo Alegre para se instalar num piso com 800 metros quadrados no complexo Icon Douro. Forvis Mazars fatura 19 milhões e emprega 300 pessoas em Portugal.

Novo escritório da Forvis Mazars no Porto

A equipa da Forvis Mazars no Porto, constituída por cerca de 80 profissionais especializados nas áreas de auditoria, fiscalidade e outsourcing, abandonou as instalações históricas no Edifício Cristal Douro, na zona do Campo Alegre, onde estava desde que chegou à cidade em outubro de 2000, para ocupar um espaço com uma área de cerca de 800 metros quadrados no primeiro piso do Icon Douro, um novo complexo de escritórios situado junto ao Nó de Francos.

No mega empreendimento imobiliário de 100 milhões de euros, promovido pela aveirense Civilria, a auditora e consultora passa a ser vizinha de empresas como a seguradora Ageas, a concorrente Deloitteconcentrou ali a equipa do Porto, antes dispersa pelas instalações no Bom Sucesso e em Bessa Leite -, a japonesa Fujifilm ou a empresa de telecomunicações Vodafone, que se mudou para aquele local após abandonar a Avenida da Boavista, em conflito com o proprietário do imóvel.

“É uma resposta ao crescimento que temos observado em todo o país e na região Norte e que permite corresponder às expectativas de excelência dos nossos clientes e parceiros. (…) Pretendemos criar um ambiente moderno e funcional que favoreça a colaboração e a inovação, em linha com as tendências atuais de ambientes de trabalho em auditoria e consultoria. Ao ocupar este espaço, reforçamos ainda o nosso compromisso de investir na região norte e atrair talento local”, comenta ao ECO o partner José Rebouta.

Da esquerda para a direita: Luís Batista, José Rebouta, Patrícia Cardoso, Luís Gaspar, Olivier Pilot Debienne e Sérgio Santos Pereira, partners da Forvis Mazars

Com um portefólio de serviços de audit & assurance, tax, outsourcing, consulting, sustentabilidade e advisory, a Forvis Mazars é uma das maiores empresas de auditoria e consultoria em Portugal, onde emprega cerca de 300 pessoas, distribuídas também por Lisboa e Leiria. Encerrou o último exercício fiscal, terminado em agosto de 2024, com um volume de negócios superior a 19 milhões de euros no país, o que representou um crescimento de cerca de 15% em termos homólogos.

Para o próximo ano fiscal 2024/2025 diz apenas ter a “expectativa” de alcançar um volume de negócios superior. “Estamos a fazer investimentos estratégicos, como a abertura deste novo escritório no Porto, precisamente para continuar a aumentar a nossa presença no mercado e a capacidade de corresponder às necessidades dos nossos clientes”, sustenta José Rebouta, que é um dos responsáveis pela área de indústria e serviços. Opera também nos setores tecnológico, financeiro ou mobilidade, com clientes em “diferentes fases de maturidade”.

Estamos a fazer investimentos estratégicos, como a abertura deste novo escritório no Porto, precisamente para continuar a aumentar a nossa presença no mercado e a capacidade de corresponder às necessidades dos nossos clientes.

José Rebouta

Partner da Forvis Mazars

“Somos uma consultora com prática relevante de auditoria, pelo que as alterações de legislação e regulação representam desafios e oportunidades. Por exemplo, em auditoria e assurance, quer de indústria e serviços, quer de serviços financeiros, o mercado é ainda concentrado e limitado na escolha. Por outro lado, sabemos que as pequenas e médias empresas (PME) enfrentam desafios únicos, como a necessidade de continuamente otimizar as suas operações, melhorar a eficiência e garantir a conformidade com as regulamentações. E observar as oportunidades, com adequados recursos e financiamento”, resume o gestor.

A marca Forvis Mazars foi apresentada ao mercado em junho deste ano, na sequência da fusão entre a Mazars – presente em mais de uma centena de países e especializada em auditoria, contabilidade, consultoria e fiscalidade – e a Forvis, que reclama o estatuto de líder nos EUA em assurance, fiscalidade e consultoria. Em conjunto, as receitas aproximaram-se dos 5 mil milhões de dólares no ano passado, totalizando cerca de 400 escritórios e mais de 40 mil colaboradores. Um cariz internacional que José Rebouta diz ser “decisivo no servir os clientes” portugueses envolvidos em projetos globais.

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Espanhola Genia Bioenergy planeia investir 150 milhões no biometano em Portugal

O primeiro projeto da empresa espanhola, em Leiria, deverá estar pronto para arrancar no final do próximo ano. Os restantes quatro projetos que estão na calha devem sair do papel até 2030.

A empresa espanhola Genia Bioenergy, que já havia anunciado um projeto para a construção de uma central de biometano em Leiria, quer alargar a atividade em Portugal. O plano é investir 150 milhões de euros, que se traduzem em cinco projetos de biometano de norte a sul do país, até 2030.

“Temos o objetivo de avançar com o mínimo de cinco projetos entre hoje e 2030, e de investir 150 milhões de euros em Portugal nos próximos anos”, anunciou o CEO da Genia Bioenergy, Gabriel Butler, em declarações ao ECO/Capital Verde.

Para já, estão a ser feitos contactos com “atores locais” e empresas que possam ter interesse em juntar-se à Genia Bioenergy, beneficiando do negócio — ou como clientes, que comprem o biometano, ou como produtores dos resíduos que são usados para o fabrico deste gás renovável. “Estamos a trabalhar desde o norte de Portugal até à zona de Lisboa, e um pouco abaixo de Lisboa, onde exista indústria agroalimentar que produza resíduos que se possam valorizar”, partilha Butler.

O objetivo desta energética é injetar o gás renovável produzido na rede nacional de gás, embora esteja também em conversações diretamente com empresas “de todo o país” que possam estar interessadas em adquirir diretamente o biometano. Pode ainda servir para a produção de biocombustível para veículos.

O preço a que o biometano será vendido é ainda difícil de prever, assume o líder da Genia Energy, mas arrisca dizer que está garantida a “competitividade”. O biometano, sendo um gás renovável, deverá aliviar o custo que as licenças de emissões de dióxido de carbono representam para as empresas — as poupanças nesta frente podem ajudar a pagar este gás, antevê.

"Estamos a trabalhar desde o norte de Portugal até à zona de Lisboa, e um pouco abaixo de Lisboa, onde exista indústria agroalimentar que produza resíduos que se possam valorizar.”

Gabriel Butler

CEO da Genia Global Energy

Nas estimativas da empresa, o conjunto dos cinco projetos permitirá a criação de 75 empregos diretos e mais 175 empregos indiretos, “em localizações rurais, onde fazem falta empregos para fixar a população”, salienta o responsável. Já foi criada a Genia Bioenergy Portugal, que irá gerir os investimentos previstos no país.

A Genia Global Energy foi fundada em 2012, por cinco sócios, entre eles o atual CEO, Gabriel Butler. Desde então tem desenvolvido projetos em vários países, como Espanha, Ucrânia, Inglaterra, Países Baixos, República Dominicana, Palestina e Honduras. A empresa divide-se em três áreas: solar, eficiência energética e bioenergia, sendo que esta última se move por debaixo da insígnia Genia Bioenergy.

A empresa está presente desde o desenho do projeto até à sua construção e, desde que a Repsol comprou uma participação de 40%, a energética ganhou a capacidade de investir nos seus próprios projetos, que se propõe agora a gerir por um período de 30 anos, em vez de os entregar a outros investidores. Foi desde a entrada da Repsol na empresa que se desenhou um novo programa de investimentos em Espanha e em Portugal. Butler indica que, até ao momento, a empresa não participou dos concursos de gases renováveis

Central em Leiria no final de 2025

Entre os cinco projetos para Portugal inclui-se a já anunciada — e mais avançada — central de biometano em Leiria, à qual corresponde um investimento de 30 milhões de euros. “Vamos construir esta primeira central, demonstrar que funciona e que tem valor acrescentado, e continuaremos a fazer novos projetos para ajudar a essa transformação, que faz falta”, pontuou o gestor.

Esperamos ter as licenças necessárias e iniciar a construção no terceiro ou quarto trimestre no próximo ano“, avançou ainda Gabriel Butler. Do lado da Genia Bioenergy já está o direito de ligação à rede de gás, de forma a nela poder injetar o biometano, e estão também concluídos os estudos de viabilidade. O projeto já tem inclusivamente o selo PIN – Potencial Interesse Nacional, um rótulo que permite uma tramitação mais célere de procedimentos administrativos. De momento, a empresa está na fase final do processo de engenharia de construção e a desenvolver os estudos ambientais.

"Esperamos ter as licenças necessárias e iniciar a construção no terceiro ou quarto trimestre no próximo ano.”

Gabriel Butler

CEO Genia Global Energy

Para alimentar este projeto, já estão firmadas parcerias com a Ambilis, associação de recolha e tratamento de resíduos que agrega 180 suinicultores locais, e com empresas de avicultura. Estes foram envolvidos desde o início do projeto, para maximizar as sinergias.

O líder da Genia Global Energy enquadra que existem, de momento, 14.000 plantas de biogás na Europa, sendo que na Dinamarca todo o gás consumido é este, renovável, e em França estavam a ser construídas em média 10 centrais por semana, recentemente. “Em Espanha e Portugal não temos feito nada. Chegámos tarde a todo este desenvolvimento”, observa.

"Em Espanha e Portugal não temos feito nada. Chegámos tarde a todo este desenvolvimento [da indústria do biometano].”

Gabriel Butler

CEO da Genia Global Energy

Mas porquê apostar neste gás? Por um lado, há o argumento ambiental, explica o gestor. O biometano é produzido através de resíduos que já não têm qualquer outra utilidade, e que portanto costumam representar um problema — muitas vezes contaminam os campos, atmosfera e rios, se erradamente descartados. Cria-se, desta forma, um circuito de economia circular: os desperdícios passam a ingrediente para um gás renovável e ainda são gerados fertilizantes orgânicos no processo, que podem voltar à terra. Por outro lado, é uma questão de independência energética: “Portugal tem a capacidade de produzir o seu próprio gás”, argumenta Butler.

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“Vai ser mais difícil para nós competir com o Novobanco”, diz CEO do BPI

"Faz todo o sentido que o acionista do Novobanco possa retirar dividendos, valoriza o ativo e mais uma vez fortalece um agente do mercado", afirmou João Pedro Oliveira e Costa ao ECO.

O acordo entre o Fundo de Resolução e o Novobanco para o fim antecipado do acordo de capital contingente (CCA, na sigla em inglês) é um “sinal positivo”, pois clarifica o tema, permite aos americanos da Lone Star retirar dividendos e valorizar o ativo, afirmou João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, admitindo que “vai ser mais difícil” competir com o Novobanco.

“Eu acho que é um fator bastante positivo porque clarifica de uma vez por todas esse tema do Fundo de Resolução“, disse Oliveira e Costa ao ECO, à margem de uma conferência da IBM em Lisboa esta quinta-feira.

O ECO noticiou na quinta-feira que a entidade liderada por Luís Máximo dos Santos já entregou no Ministério das Finanças um draft do contrato negociado com o Novobanco, estando agora nas mãos de Joaquim Miranda Sarmento uma decisão final sobre um processo que, a fazer-se, estará concluído nas próximas semanas e permitirá acelerar a venda do banco. Para o Fundo de Resolução acaba com a incerteza de ter de colocar mais fundos no banco para lá dos mais de três mil milhões que já injetou desde 2017 para suportar as perdas com o legado do BES e manter os rácios de capital do banco. Já para o Novobanco (leia-se Lone Star, que controla 75% do banco) o fim antecipado do acordo permitirá desbloquear os dividendos e abrir a porta à venda da instituição.

“É importante haver essa clarificação para o Novobanco”, referiu Oliveira e Costa. “Faz todo o sentido que o acionista do Novobanco possa retirar os seus dividendos, valoriza o ativo e mais uma vez fortalece um agente do mercado e torna mercado mais competitivo”.

O CEO do BPI admitiu que “vai ser mais difícil para nós competir com o Novobanco, tem sido, nota-se isso perfeitamente todos os dias”. Elogiou ainda a gestão liderada por Mark Bourke como “muitíssimo boa e muito profissional“.

Explicou, contudo, que é importante clarificar um aspeto “que é que quem vai pagar todo o empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução são os bancos”.

Nós vamos pagar, os bancos, e não são todos, só aqueles que na altura foram destinados para isso, vamos pagar, até 2046, 250 milhões de euros por ano“, sublinhou. “E com resultado positivo [para o Estado], porque o que nós vamos pagar, com taxa de juro é acima do que foi o dinheiro injetado”.

Questionado sobre quem poderá ser novo dono do Novobanco, João Pedro Oliveira e Costa disse que é a Lone Star que decidirá. “Até por respeito de concorrência, não vou comentar mesmo e eu sei que essa é uma pergunta que está sempre em cima da mesa”.

Se estivesse no Novobanco também já estaria um bocadinho aborrecido estarem-me sempre a perguntar onde é que vai acabar [o banco]”, concluiu.

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O que significa o fim do acordo de capital do Novobanco?

Fim antecipado do mecanismo de capital contingente abre caminho aos dividendos e à venda do Novobanco no próximo ano. Mas percurso até aqui envolveu muitos milhões de euros e polémicas.

O fim antecipado do chamado acordo de capital contingente (CCA, na sigla em inglês) fecha um capítulo de trauma coletivo no Novobanco e abre uma nova fase de grande expectativa relacionada com venda do banco que até hoje (e desde a resolução do BES há dez anos) já consumiu mais de oito mil milhões dos cofres públicos. Mas como chegámos até aqui?

Estávamos em outubro de 2017 quando (na 25.ª hora) o Governo de António Costa, o Banco de Portugal (liderado por Carlos Costa) e o Fundo de Resolução fecharam a venda do Novobanco aos americanos da Lone Star, que investiram mil milhões de euros no banco a troco de uma participação de 75%.

Mas para ficar com o Novobanco o fundo americano exigiu uma garantia pública para os prejuízos que o banco viesse a ter com o pesado legado problemático herdado de Ricardo Salgado. Tal proteção ficou assegurada com a criação do mecanismo de capital contingente, através do qual o Fundo de Resolução injetaria dinheiro no banco sempre que as perdas com um conjunto de ativos tóxicos pressionassem os rácios para níveis abaixo dos 12%.

Com um plafond de 3,89 mil milhões de euros, foi este mecanismo que garantiu a sobrevivência do Novobanco, mas cedo se percebeu que ia comportar muitos, muitos custos, incluindo políticos.

Na altura da venda, António Costa assegurou: “Os contribuintes não pagarão nem direta, nem indiretamente. Necessidades eventuais têm de ser asseguradas pelo Fundo de Resolução e o Fundo de Resolução tem as suas dotações asseguradas pelos bancos”. Foi mesmo assim?

Quase levou à demissão de Centeno

Até hoje, o Fundo de Resolução teve de injetar mais de 3,4 mil milhões de euros no Novobanco por conta desta espécie de garantia pública (em vigor até fim do próximo ano) cujo funcionamento nunca foi de fácil perceção ao público. Quem financiou o mecanismo: os contribuintes ou os bancos? Que perdas ficaram cobertas? O banco tentou otimizar as chamadas de capital? E quem fez o controlo de tudo isso?

Na verdade o fundo vive com as contribuições dos bancos, mas teve de pedir empréstimos ao erário público para poder financiar as resoluções do BES (2014) e do Banif (2015) e o Novobanco (2017-2021).

FdR injetou 3,4 mil milhões através do mecanismo

Fonte: Novobanco

Também por isso cada pedido de compensação feito pelo banco ao longo dos anos foi-se tornando cada vez mais difícil de gerir politicamente. Do lado Governo havia sobretudo um rosto neste processo: o então ministro das Finanças Mário Centeno.

O CCA chegou a abrir uma mini-crise no Governo em 2020: Mário Centeno autorizou um empréstimo de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução injetar no banco, quando António Costa tinha prometido no Parlamento, a Catarina Martins, líder do Bloco e parceira da geringonça, que só iria transferir mais dinheiro após serem conhecidos os resultados de uma auditoria solicitada à Deloitte. O problema foi superado com o então ministro, atual governador do Banco de Portugal, a assumir uma “falha de comunicação” perante o primeiro-ministro e o país.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, intervém na sua audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, na Assembleia da República, em Lisboa, 19 de junho de 2024. RODRIGO ANTUNES/LUSARODRIGO ANTUNES/LUSA

No final desse ano, Parlamento haveria colocar o Governo sob alta pressão, depois de ter chumbado novas injeções sem a autorização dos deputados. A situação acabaria por ser ultrapassada, mas a desconfiança em relação ao banco manteve-se.

Sobretudo em relação aos vários negócios de vendas de carteiras de crédito malparado e de imóveis com elevados descontos e a investidores cuja origem não estava totalmente identificada. Muitas destas operações estiveram na origem dos prejuízos milionários do banco e das injeções de capital. E deram lugar a dezenas e dezenas de auditorias ao banco e à comissão de inquérito que, em 2021, pôs os deputados a investigar as perdas imputadas ao Fundo de Resolução e deixou o país incrédulo com algumas das revelações dos principais intervenientes, incluindo os grandes devedores.

O que acontecerá a seguir?

Com o fim antecipado do CCA – que está agora nas mãos do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, como avançou o ECO em primeira mão esta quinta-feira — fecha-se assim um capítulo doloroso e traumático não só para o Novobanco, mas também para o país.

Por um lado, é o corolário de um processo que, no final do dia, acabou por ser bem-sucedido. Apesar das dúvidas (e dos milhões gastos), evitou-se o colapso de um dos maiores bancos do sistema, que se encontra agora em posição para apoiar a economia (famílias e empresas) sem depender de ajuda externa.

Por outro, significa o fechar da torneira do Fundo de Resolução, que jorrou milhões e milhões para assegurar a estabilidade financeira. O fundo liderado por Máximo dos Santos não fará mais nenhuma injeção, mas ainda tem pendente o pagamento de uma compensação ao banco por conta das disputas que perdeu recentemente no tribunal arbitral e cuja fatura ascende a mais de 180 milhões de euros. Adicionalmente, uma outra disputa no valor de 200 milhões (relativo ao pagamento não efetuado em 2021, relacionado com o agravamento do IMI para imóveis detidos por sociedades localizadas em offshore) e que ainda tramita no tribunal arbitral cairá por terra com o fim do acordo.

Mas há um outro fator (e talvez o mais importante de todos) que levou as duas partes a terminarem o CCA: os dividendos que vão abrir caminho para a venda do Novobanco.

A caminho do quarto ano positivo

Fonte: Banco; Resultados de 2024 relativos ao primeiro semestre

Desde 2021 o banco acumula resultados positivos de quase dois mil milhões de euros, mas sem poder distribuí-los pelos acionistas por conta do CCA – os outros 25% estão na posse do Fundo de Resolução (13,04%) e Direção-Geral do Tesouro e Finanças (11,96%). Está por isso numa posição de capital robusta ao ponto de poder pagar dividendos no dia a seguir ao fim do acordo sem colocar em perigo os rácios.

Quando isso acontecer, o banco estará finalmente pronto para dar o passo seguinte: a venda. O CEO Mark Bourke está a trabalhar com vista a uma operação em bolsa (IPO), que poderá acontecer já no próximo ano. Mas não é certo que isso acontecerá se o apetite de outro banco for maior.

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5 coisas que vão marcar o dia

Ministério das Finanças realiza nova ronda negocial com os três sindicatos da função pública. Bombeiros debatem com políticos dotação orçamental para o setor. BdP divulga novos dados económicos.

No mesmo dia em que o Ministério das Finanças reúne com os três sindicatos que representam os funcionários públicos, a Liga dos Bombeiros Portugueses debate com os partidos com assento na AR as dotações orçamentais disponíveis para o setor. Já os trabalhadores da EDP continuam em greve pelo direito à valorização das carreiras e o BdP divulga dados sobre a economia portuguesa.

Ministério das Finanças reúne com sindicatos da Administração Pública

O Ministério das Finanças convocou esta sexta-feira uma nova ronda negocial com os três sindicatos que representam os funcionários públicos: Frente Sindical (STE), Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública e Frente Sindical da Administração Pública (FESAP).

BdP divulga dados sobre economia portuguesa

O Banco de Portugal (BPStat) divulga dados sobre a economia portuguesa: os indicadores da Balança de pagamentos relativos a agosto e os dados do investimento direto referentes ao mesmo mês. Também o Instituto Nacional de Estatística revela os indicadores das taxas de juro implícitas no crédito à habitação relativos ao mês de setembro.

Maria Graça Carvalho fala sobre economia mais ambiental

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, é uma das oradoras da CNN Portugal Summit “Green Economy” com o tema “Uma política para uma economia mais ambiental”. Nesta iniciativa que acontece esta sexta-feira, no Centro Cultural de Belém, participa ainda a antiga ministra Assunção Cristas, professora da Nova School of Law, e Jorge Moreira da Silva; sub-secretário-geral das Nações Unidas.

Prossegue julgamento BES/GES

Prossegue esta sexta-feira o julgamento do processo BES/GES com o antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, como principal arguido a responder em tribunal por 62 crimes que terá praticado entre 2009 e 2014. Entre eles constam associação criminosa, corrupção ativa no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos. De acordo com Ministério Público, a derrocada do GES causou alegadamente prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

Trabalhadores da EDP protestam pela valorização das carreiras

Os trabalhadores da EDP continuam em greve, até 31 de outubro, como forma de protesto. Em causa está a valorização das carreiras. A greve é convocada pela Federação Intersindical das Industrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal), Sindicato Nacional da Indústria e Energia (Sindel), Sindicato da Energia de Portugal (Sinergia), Sindicato Inovação Energética (Sinovae) e Sindicato da Indústria e Energia de Portugal (Sirep).

Bombeiros debatem orçamento com partidos políticos

Numa altura em que está em cima da mesa a discussão do Orçamento de Estado para 2025 (OE2025), a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) reúne-se, esta sexta-feira, com os partidos com assento na Assembleia da República para debater as dotações orçamentais disponíveis para o setor dos bombeiros.

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A”Regata 350 Patines de Vela” leva a tradição marítima catalã a um novo patamar no âmbito da 37ª Taça América Louis Vuitton

  • Servimedia
  • 18 Outubro 2024

Este fim de semana, a costa de Barcelona será o cenário do evento mais impressionante da história do catamarã à vela, a Regata dos 350.

Enquadrada na 37ª Taça América Louis Vuitton e na IV Setmana Catalana de l’Esport, a prova, promovida pelo Club Patí Vela Barcelona (CPVB) e pela Unió de Federacions Esportives Catalanes (UFEC) com a colaboração da America’s Cup Event Barcelona (ACE Barcelona), superará todas as expectativas ao reunir mais de 350 catamarãs na regata, tornando-se a maior competição desta classe jamais vista.

Ao mesmo tempo, este evento não só promete estabelecer um recorde em termos de participação e multiplicar a visibilidade da vela catalã a nível mundial, como também lançará um apelo à luta contra as alterações climáticas e a poluição do mar por plásticos, sob o lema “Mar livre de plásticos”.

Com a chegada da America’s Cup a Barcelona, o catamarã à vela (ou patí català) encontra um novo aliado na sua missão de promover a tradição marítima da Catalunha. A simbiose entre o evento desportivo mais antigo e prestigioso do mundo da vela e esta classe centenária dará um impulso significativo a esta disciplina. De facto, durante a Regata Preliminar da America’s Cup, realizada em Vilanova i la Geltrú em setembro de 2023, mais de 200 catamarãs à vela já encheram o horizonte. Um evento memorável, cujo sucesso inspirou o evento deste fim de semana em Barcelona, com mais de 350 inscrições, um número sem precedentes que demonstra o envolvimento da comunidade local de vela na regata mais prestigiada do planeta.

Não em vão, um dos principais objetivos desta aliança é precisamente recuperar a tradição marítima do país, tornando a vela e os desportos náuticos mais visíveis como disciplinas acessíveis a todos os públicos. Neste sentido, Gerard Esteva, velejador e presidente da UFEC, sublinhou que a Regata 350 representa um “ponto de viragem”, ligando as classes mais populares à elite da vela internacional. “Uma ligação que desperta um entusiasmo notável na comunidade local e que será fundamental para o futuro da nossa vela, atraindo novas gerações e reforçando a tradição catalã no desporto náutico”.

Grant Dalton tem sido um dos principais apoiantes desta iniciativa e, em mais do que uma ocasião, partilhou a sua “admiração” pelos velejadores, que “são capazes de manobrar estes barcos sem leme ou prancha central, confiando apenas no movimento dos seus corpos e em ajustes subtis da vela”. Para o Diretor Geral do ACE Barcelona, o entusiasmo que rodeia o catamarã à vela é “contagiante” e são precisamente “estas características únicas” que fazem desta disciplina “um verdadeiro desafio no mundo da vela, pondo à prova até os velejadores mais experientes”.

HISTÓRIA

O catamarã à vela é uma embarcação única no seu género, nascida nas praias de Badalona em 1870 e que, no início do século XX, começou a ser adaptada para uso recreativo e regatas. Estes catamarãs, com 5,6 metros de comprimento e 1,6 metros de largura, são conhecidos pela sua simplicidade e pela sua capacidade de serem conduzidos com movimentos precisos do corpo.
Os barcos modernos combinam materiais tradicionais, como a madeira, com avanços tecnológicos, como flutuadores de fibra de vidro e mastros de alumínio. No entanto, o princípio básico permanece o mesmo, o equilíbrio e o controlo do peso do corpo são as chaves para dominar estes veleiros que podem atingir velocidades incríveis na água.

Para além das regatas, o evento deste fim de semana é também uma celebração da cultura local e da tradição do catamarã à vela. A comunidade vélica catalã reunir-se-á num ambiente festivo para desfrutar do Race Village e dos seus espaços dedicados à gastronomia local, onde poderão degustar pratos típicos, reforçando a ligação entre a tradição marítima e a cultura do país.
Desta forma, as regatas deste fim de semana não serão apenas um espetáculo visual, com centenas de catamarãs a navegar ao largo da costa de Barcelona, mas também um momento decisivo para a classe, que escreverá uma das páginas mais brilhantes da sua história. O evento deixará uma marca indelével na memória de todos os que o testemunharem e fará parte do legado da 37ª edição da Louis Vuitton America’s Cup.

 

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