Mercan direciona 1.200 milhões de euros de vistos gold para 31 hotéis em Portugal

  • Alexandre Batista
  • 22 Novembro 2024

Portimão, Faro, Funchal, Santo André e a baixa de Lisboa são próximos destinos para a Mercan Properties, que iniciou em 2015 um caminho que levará 1.200 milhões de euros de vistos gold à hotelaria.

Miguel Gomes, diretor-geral da Mercan Properties, em entrevista ao ECO

O grupo Mercan Properties, chegado a Portugal em 2015 para aproveitar a oportunidade de negócio dada pelo regime de Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI, vulgo vistos gold), prepara-se para, antes do final da década, crescer dos atuais 12 até aos 31 hotéis no país. Esta dimensão, no dia de hoje, colocaria os canadianos a apenas uma unidade do Grupo Vila Galé, terceiro maior hoteleiro a operar em Portugal.

O investimento via ARI, iniciado em Portugal em 2012, ano seguinte à assinatura do programa de assistência financeira com a troika, permitiu aos canadianos desenvolver a esmagadora maioria do 31 hotéis sob o regime de visto gold para reabilitação. Além destes 28 hotéis, em que se incluem unidades abertas, outras em construção e ainda algumas em projeto, existem outros três com projeto desenvolvido com base na modalidade de investimento que a Mercan Properties está a promover atualmente, numa resposta à alteração legal das regras de ARI.

Este modelo em curso é o do investimento em “hospitality”, no qual se insere o fundo Mercan Private Equity Fund I, de 140 milhões de euros, já pertencente à nova geração de investimento de ARI, centrada na hotelaria. Para viabilizar a sua estratégia, a Mercan Properties, gestora das unidades hoteleiras, confiou a gestão do fundo a uma entidade terceira, devidamente registada na CMVM, aponta o diretor-geral.

O regime de “hospitality” pressupõe a aplicação de um capital de 500 mil euros em unidades de investimento. No regime legal anterior, entre a variedade de opções para candidatura a visto gold, a Mercan Properties optava pela reabilitação urbana, que exigia um investimento individual de 350 mil euros em áreas de alta densidade urbana e 280 mil euros nos territórios de baixa densidade.

Para gestão dos hotéis, os canadianos estabeleceram uma equipa específica, recrutando profissionais com experiência em hotelaria, alguns há décadas ligados a esta indústria.

O Grupo Mercan, canadiano, é uma empresa de gestão de emigração. A entrada em Portugal deve-se ao facto de na altura a Mercan ter identificado o país como ótimo para captar investimento e capitalizar esse investimento em projetos hoteleiros.

Miguel Gomes

Diretor-geral da Mercan Properties

Dos 31 hotéis da lista hoteleira da Mercan Properties, 12 estão já em funcionamento, sob marcas dos grupos Hilton, Marriott, Wyndham e IHG, dispersos pelo Algarve, Alentejo e pelas duas margens do Douro no Porto. Só nas aberturas realizadas em 2024 foram investidos 70 milhões de euros, com os quais surgiram 338 quartos e se criaram 164 postos de trabalho, diz, ao ECO, o diretor-geral em Portugal da Mercan Properties, Miguel Gomes.

“O Grupo Mercan, canadiano, é uma empresa de gestão de emigração. A entrada em Portugal deve-se ao facto de na altura a Mercan ter identificado o país como ótimo para captar investimento e capitalizar esse investimento em projetos hoteleiros”, esclarece.

“A Mercan já tinha desenvolvido um modelo semelhante nos EUA, no passado, mas no qual não era investidor maioritário nas unidades onde captou o investimento. Portugal é o primeiro país onde fez o investimento da totalidade de cada projeto e foi promotora de cada um dos projetos”, prossegue o responsável do grupo canadiano.

“O modelo de investimento que operamos em Portugal foi inovador por ter sido o primeiro país onde captámos investimento e direcionámos para projetos desenvolvidos pela própria Mercan. Captámos investimento na totalidade para cada um desses projetos”, destaca Miguel Gomes.

O direcionamento atual para a hotelaria está, na atualidade, a levar o capital dos cidadãos com nacionalidade de países fora do espaço Schengen aos três novos hotéis de Gaia e Portimão.

Em Gaia, o Riverview será um Marriott de quatro estrelas com 75 quartos. Na cidade do Barlavento surgirão o Alvor Beach Hotel, com marca Hilton, cinco estrelas e 193 quartos, e, na Praia do Vau, o Hard Rock. Desenvolvido em fases, este terá uma parte de investidores sob o regime anterior de ARI e a outra em “hospitality”.

Miguel Gomes responde à questão relativa à polémica levantada em Portimão por este grande empreendimento a 200 metros do areal (na informação online, a empresa promove o Ponte do Vau Beach Hotel como estando “a poucos metros da praia”) com a característica atual dos terrenos, ao abandono e com escavações a céu aberto que alagam em tempo de chuva, constituindo um potencial perigo para a população, aponta o gestor. A intervenção no Hard Rock incluirá a reabilitação de um edifício abandonado de uma antiga residencial para criação de um Beach Club.

Este hotel significará um investimento superior a 200 milhões de euros e a soma de cerca de 450 apartamentos e quartos de hotel. “Prevemos concluir em 2026”, explicita o responsável da Mercan Properties.

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Imagem promocional constante do site da Mercan Properties, relativa ao primeiro hotel Hard Rock do país, em Portimão, a 200 metros da Praia do Vau, ocupando dois terrenos onde nos últimos anos existem escavações a céu aberto

 

Quando questionado sobre o tipo de investidor de fora do espaço Schengen que vem procurar investimentos na hotelaria a Portugal, o diretor-geral da Mercan Properties aponta “investidores que procuram esta autorização de residência e que têm perfil muito diversificado, quer de origem quer de estrato social, mas identificam em Portugal uma oportunidade de adquirirem uma potencial nova forma de vida”.

De entre as mais de 80 nacionalidades, China, EUA e Médio Oriente predominam. Desta última geografia surgiu junto da Mercan Properties o “CEO de uma grande empresa americana, que vive no Dubai. Tive oportunidade de falar com ele, abordámos o tema do porquê do visto gold em Portugal e explicou que está muito satisfeito de viver no Dubai, mas tem dois filhos adolescentes e quer dar uma perspetiva de vida diferente aos seus filhos. Por isso, fez esse investimento em Portugal, que permitiu ter autorização de residência, e os filhos já estão a estudar aqui em Portugal. Este é o exemplo de um típico investidor de visto gold, ou ARI, em Portugal e nos produtos da Mercan”, assegura.

Taco-a-taco com o terceiro maior grupo hoteleiro em Portugal e próximo do segundo

A Mercan Properties tem em fase de obra mais uma dezena de hotéis. Uma das novas localizações é o município de Santiago do Cacém, onde está em construção um Hilton Tapestry frente à praia em Vila Nova de Santo André. Também a ser erguido, mas em Alfragide, encontra-se o Moxy, da Marriott, unidade de três estrelas com 218 quartos.

Uma das particularidades geográfica das escolhas da Mercan Properties é a presença junto das maiores portas de entrada aérea no país. Junto ao Aeroporto Humberto Delgado surgirá um Double Tree (marca do grupo Hilton) de quatro estrelas com 230 quartos.

Noutra capital, a do Algarve, o Hotel Indigo (grupo IHG) adicionará 135 quartos com classificação de quatro estrelas a Faro.

O investimento superior a mil milhões de euros por via de ARI será aplicado, nos próximos anos, para reforçar também no Funchal, onde surgirá um quatro estrelas da Marriott. Este mesmo grupo norte-americano de hotelaria quase centenário e a Mercan Properties planeiam chegar juntos também ao Bairro Alto, com uma unidade de cinco estrelas, e à Avenida 24 de julho, junto ao Cais do Sodré, dois dos dez hotéis ainda em fase de desenvolvimento e licenciamento.

Mais a sul, em Lagos, a empresa gerida em Portugal por Miguel Gomes acaba de colocar a primeira pedra do projeto Lagos Marina Hotel.

Para erguer este imponente portefólio hoteleiro num espaço inferior a década e meia, os canadianos, chegados a Portugal apenas em 2015, souberam aproveitar as possibilidades dadas pelos vistos gold e com isso aumentar a oferta de hotelaria num país em que o turismo representa cerca de 13% do PIB, tendo valido metade do crescimento registado em 2023.

Do investimento feito por cidadãos candidatos a ARI em projetos de reabilitação, nasceram já hotéis como a Casa da Companhia Hotel, na Rua das Flores, num edifício com cerca de três séculos que já pertenceu à Real Companhia Velha. Nesta unidade no Porto, foram investidos 11,2 milhões de euros por 32 investidores.

Também na “Invicta”, o Fontinha Porto, Trademark Collection by Wyndham reuniu 40 investidores, que ali aplicaram 14 milhões de euros. Metade deste valor, em Amarante, deu origem à Casa das Lérias, o único dos 31 hotéis da Mercan que não é explorado com uma insígnia internacional.

Igualmente a norte, a Mercan Properties está presente com dois Hilton e um Marriott (através da marca Renaissance, hotel que está em fase de expansão) no Porto, e um Sheraton em Matosinhos, num total de quase 120 milhões de euros e mais de 330 investidores.

Na margem esquerda do Douro, está em construção o Riverview Hotel.

Além de Amarante, o direcionamento para o interior já levou a Mercan Properties a duas grandes cidades alentejanas. Em Évora tem dois hotéis, o mais recente dos quais o Holiday Inn Express, num investimento de 16,8 milhões de euros inaugurado no final de outubro.

A estratégia passa pela dispersão geográfica diversificada, porque o país não é só Porto, Lisboa e Algarve. Existem outras localidades com bastante potencial turístico.

Miguel Gomes

Diretor-geral da Mercan Properties

“A estratégia passa pela dispersão geográfica diversificada, porque o país não é só Porto, Lisboa e Algarve. Existem outras localidades com bastante potencial turístico”, explica Miguel Gomes, quando questionado sobre o racional destas cidades do interior alentejano para o estabelecimento de grandes marcas internacionais.

“As contas de exploração não estão piores por estarmos em Évora. Évora capta muito turismo, tem uma estadia média ligeiramente menor, mas tem as suas atratividades”.

Beja tem uma lógica distinta, explica. “Entrámos em Beja porque nos surgiu esta oportunidade, acreditámos no projeto, fizemos as nossas projeções e [considerámos que] Beja tem potencial. Também porque até à data não existia oferta de hotelaria com a qualidade de uma marca internacional”. Aberta em meados de agosto, esta unidade atingiu 45% de ocupação em finais de outubro e o seu restaurante já está a captar também quem passa pela cidade, mesmo sem ser hóspede, constata a Mercan Properties.

A nossa ideia é que o turista que passa uma semana no Porto, passe uma ou duas semanas no Douro, Amarante, ou relativamente perto. O mesmo em Lisboa. Diria que metade dos turistas internacionais que visitam Évora estão a passar alguma temporada no Algarve ou Lisboa e complementam ali com dois ou três dias”, refere o responsável do grupo canadiano em Portugal.

Mais a sul, Albufeira e Lagos são parte de uma expansão para sete hotéis no Algarve. Dois Hilton, de 4 e 5 estrelas, e um Marriott em Lagos, dois hotéis em Portimão, um dos quais o primeiro Hard Rock no país, a unidade em Faro com marca Indigo, da IHG, e o já existente Hotel California Urban Beach, em Albufeira.

O portefólio, entre os hotéis abertos e os que estão em pipeline, é de 31 hotéis, 3430 quartos, 1.200 milhões de euros de investimento.

Miguel Gomes

Diretor-geral da Mercan Properties

O California Urban Beach constituiu, explica Miguel Gomes, “uma novidade na atuação em Portugal. Incorporámos um hotel em funcionamento, que adquirimos no início do ano. O California foi desenvolvido unicamente pela Mercan, mas prevemos que seja incorporado num futuro veículo de investimento, como é aquele que a Mercan tem em vigor neste momento”, detalha o diretor-geral ao ECO.

“O portefólio, entre os hotéis abertos e os que estão em pipeline, é de 31 hotéis, 3430 quartos, 1.200 milhões de euros de investimento”, descreve, afirmando-se à “procura de novos projetos e oportunidades de investimento”.

Em perspetiva, note-se que o segundo maior grupo hoteleiro do país, Vila Galé, tem 32 hotéis no continente e ilhas — apesar de com planos de expansão, como o hotel anunciado este mês para a Golegã. A Accor, detentora de marcas como a Ibis, tem 38 hotéis. Ainda muito distante dos canadianos, o grupo Pestana, com mais de 70 unidades no país, número em que se inclui a rede de Pousadas de Portugal.

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Lone Star mantém “board” do Novobanco com venda na mira

Acionistas do Novobanco têm assembleia geral extraordinária marcada para daqui a um mês para reconduzirem os membros do Conselho Geral e de Supervisão.

O fundo americano Lone Star vai reconduzir os membros do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) do Novobanco, órgão cujas competências se assemelham às de um conselho de administração e que é liderado por Byron Haynes, para um novo mandato até 2028.

O banco acabou de marcar uma assembleia geral extraordinária para o dia 20 de dezembro e um dos pontos da ordem de trabalhos diz respeito à nomeação dos membros do CGS para 2025-2028.

Oficialmente, a Lone Star – que controla 75% do capital do banco — não faz comentários, mas o ECO sabe que não haverá mudanças em relação à atual composição – que, de resto, sofreu algumas alterações nos últimos meses.

O CGS é o órgão de fiscalização do Novobanco, sendo nomeadamente responsável por supervisionar e aconselhar a equipa executiva liderada por Mark Bourke (com mandato até final do próximo ano).

Desde 2017, quando o órgão foi criado aquando da compra do banco pela Lone Star, que o CSG é liderado por Byron Haynes, um dos homens de confiança do fundo americano, contando atualmente com mais oito membros, depois das duas saídas ocorridas em setembro.

Além da Lone Star, a estrutura acionista do Novobanco conta com mais duas entidades: o Fundo de Resolução e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), com 13,54% e 11,46%, respetivamente.

Venda encurtará mandato

Com a perspetiva de venda do Novobanco, dificilmente o próximo mandato do CGS (de quatro anos) chegará até ao fim. E talvez isso ajude a explicar por que razão a Lone Star optou pela continuidade do atual conselho.

O processo de venda deverá arrancar algures no primeiro semestre do próximo ano, sendo que Mark Bourke continua a trabalhar no sentido de um IPO (initial public offering), conforme tem dito várias vezes publicamente.

Para que a operação tenha lugar, o Novobanco tem de se libertar antes das amarras do acordo de capital contingente negociado com o Fundo de Resolução há sete anos. Já há um princípio de entendimento entre as duas partes, mas o fim antecipado desse contrato ainda aguarda “luz verde” do Ministério das Finanças, que se espera que venha a ocorrer apenas depois de fechado o dossiê do Orçamento do Estado.

Este passo é importante para o banco e para a Lone Star porque irá permitir desbloquear os dividendos que ascenderão a mais de mil milhões de euros, abrindo caminho ao processo de venda, tal como avançou o ECO no mês passado.

Mark Bourke, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 02FEV24
Mark Bourke, CEO do Novobanco, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

Lucros, venda de malparado e novo negócio

O Novobanco continua a beneficiar do ambiente de taxas de juro elevadas, tal como o resto do setor, tendo chegado a setembro a lucrar 610,4 milhões de euros, tendo descido por causa do investimento de 30 milhões com a mudança para a nova sede e com a renovação informática associada a este processo.

Por outro lado, continua a limpar o seu balanço, tendo colocado recentemente uma carteira de malparado no valor de 300 milhões de euros, o denominado “Projeto Pegasus”.

Esta semana, o banco anunciou uma novidade: lançou uma plataforma de negociação de ações e outros ativos financeiros como ETF, obrigações e moedas, com o Saxo Bank.

“Esta parceria permite alavancar e valorizar os serviços do Novobanco e consolidar ainda mais a sua posição, capacitando os investidores privados a explorar um universo de investimento significativamente mais vastos”, segundo a instituição.

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Propostas recorde da oposição ameaçam desvirtuar primeiro orçamento do Governo

O primeiro Orçamento do Governo de Montenegro começa hoje a ser votado. No Parlamento, deram entrada mais de duas mil propostas de alteração, e os partidos prometem fazer finca-pé nas suas bandeiras.

A proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2025 (OE 2025) vai começar a ser votada esta sexta-feira na Assembleia da República. O documento, apresentado foi escrutinado e dissecado pelo Parlamento desde outubro mas, como esperado, não convenceu a oposição. No total, foram entregues mais de duas mil propostas de alteração, ameaçando desvirtuar a primeira proposta de orçamento de Luís Montenegro.

Uma proposta de orçamento sofrer alterações até ao último momento da votação, não é novidade. Aliás, é bastante expectável que assim aconteça por ser um documento que é votado no Parlamento e por não haver uma maioria absoluta. A grande diferença entre esta legislatura e as anteriores é que houve uma maior exposição pública sobre a discussão da proposta — que, este ano, começou em julho — e uma maior pressão sobre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos face ao risco de eleições antecipadas.

Sendo um Governo minoritário foi muito mais pressionado a fazer entendimentos com o maior partido da oposição“, diz Paula Espírito Santo, politóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP). Mas o PS não é a única peça crítica na discussão do OE 2025.

O número recorde pode ser interpretado como os partidos a quererem recordar o peso da nova composição do Parlamento e uma tentativa de tentar impor propostas que vão ao arrepio do documento original”, considera ao ECO Bruno Ferreira da Costa, professor de Ciência Política na Universidade da Beira Interior, admitindo ser real o risco de o documento final poder divergir, da proposta do Governo, sobretudo nas principais bandeiras.

“Há alguma margem para que se repitam as coligações negativas que fomos vendo nos últimos meses, em determinados pontos, e os partidos da oposição consigam unir um conjunto de propostas que vão acarretar um peso adicional no OE”, prevê o politólogo, sobretudo na área social e setorial.

Desde a tomada de posse do novo Governo, foram várias as propostas adotadas à revelia do Executivo – entre elas, o fim das portagens nas ex-SCUT, o alargamento do IVA a 6% na eletricidade e a descida do IRSpondo em causa o programa e a força do Governo. PS e Chega foram os principais protagonistas tendo na altura o PSD anunciado que ia lançar um site com o custo total das propostas aprovadas pela oposição – uma tentativa de atirar para o outro lado da barricada a responsabilidade de eventuais falhas na concretização das promessas eleitorais.

Embora a plataforma ainda não tenha vindo a público, o Governo e os partidos que o suportam têm deixado sucessivos avisos em relação às consequências para um orçamento desvirtuado. Sobretudo ao PS que, depois de sucessivos dias a negociar “linhas vermelhas” com o Executivo, em setembro, anunciou que se ia abster da votação, permitindo que o documento fosse viabilizado na generalidade.

"A melhor solução para o país é ter um Orçamento do Estado aprovado, que siga o Programa do Governo, que não seja nem chumbado, nem desvirtuado”

Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças

Na especialidade, a realidade será outra, uma vez que os socialistas vão para o debate preparados para defender as suas bandeiras, à semelhança das restantes bancadas. Seja no que toca às pensões, ou nas áreas da saúde, a habitação e a educação, os partidos já apresentaram as suas ideias e os custos que representam. Já o PS — um elemento chave para a viabilização do documento, dada a composição do Parlamento — promete que as propostas que vai defender no hemiciclo não vão pôr em causa as contas públicas. Até porque isso, seria usado como munição pelo próprio Executivo.

O próprio Governo poderá clamar, publicamente, que queria ir mais longe [nas reformas] mas estabeleceu-se um equilíbrio negativo que não permitiu que isso acontecesse. Se a proposta inicial, tal como ela chegou o Parlamento, não for por diante, poderá levar a que o [Executivo] use esse trunfo”, considera Paula Espírito Santo.

“O PS terá, certamente, a consciência de quais são as linhas vermelhas do ponto de vista do desvirtuamento do orçamento que podem conduzir o Governo a assumir uma estratégia de vitimização, dizendo que perante isto não querem governar”, analisa o politólogo, sugerindo a título de exemplo, que a proposta socialista para as pensões dificilmente será adotada, tal como tem sido sinalizado pelo Governo, isto depois de o Executivo já ter modelado a proposta do IRS Jovem na sequência das negociações “muito duras” com o PS.

“O processo de negociação já obrigou o Governo a alterar algumas medidas. Acomodar novas propostas, ou desvirtuar o orçamento nem que seja em duas ou três medidas, acrescenta dificuldades ao Governo ainda que permita continuar a mandar a mensagem de que em determinados setores não consegue ir mais além por força do Parlamento“, reitera Bruno Ferreira da Costa, recordando uma mensagem difundida pelos ministros: será difícil apostar no crescimento da economia se grande parte da despesa orçamental continuar a ser para despesa social. “E isso limita a ação do Governo”, avisa.

Mas não é líquido de que essa narrativa chegue com sucesso ao público, seja por “dificuldades de comunicação política” ou até mesmo pela natureza das próprias propostas que são aprovadas, uma vez que algumas “alimentam setores importantes do eleitorado”.

Não me parece que o Governo, e mesmo o líder parlamentar Hugo Soares, consiga transmitir essa mensagem e até mesmo criar um elo de ligação emocional com o eleitorado para explicar o que se passa”, aponta o politólogo. “O eleitorado acaba por compreender as coligações negativas se isso significar um aumento progressivo das pensões, de subsídios, apoios ou melhores condições laborais”, diz.

Risco de eleições ainda não está “completamente” mitigado

Assim sendo, a questão que se coloca é se será mais politicamente rentável para Luís Montenegro governar com uma proposta orçamental que diverge do documento original ou forçar eleições antecipadas — um cenário que “não está completamente afastado”.

“Teoricamente, eleições antecipadas podem favorecer um Governo que acredita que nos últimos meses tem criado um conjunto de iniciativas reformistas e que isso são provas de que está a trabalhar”, sugere o politólogo, acrescentando que num cenário de “desvirtuamento profundo” do orçamento, essa será a narrativa do Executivo de Montenegro.

"Se houver um desvirtuamento profundo do orçamento, a narrativa de que Luís Montenegro não aceita governar com um orçamento do Governo seria adotada para forçar, no próximo ano, face aos limites constitucionais, um cenário de eleições antecipadas.”

Bruno Ferreira da Costa, professor de Ciência Política na Universidade da Beira Interior.

Mas ir por essa via seria um “risco muito significativo”, não só porque as últimas sondagens não comprovam a existência de uma distância folgada entre o PS e a Aliança Democrática (coligação que junta PSD e CDS-PP), mas também porque o último mês não tem sido “particularmente positivo” para a imagem do Governo devido às polémicas na administração interna (com a morte de Odair Moniz) e na saúde (as alegadas mortes que resultaram por falhas no INEM). “Áreas muito sensíveis para a população, sobretudo para a população mais velha”, salienta Paula Espírito Santo.

Assim, a falta de saldo político é o que poderá impedir o Governo de contestar governar com um orçamento que não seja inteiramente do próprio. “Nenhum partido está com vantagem política o suficiente para forçar eleições“, sublinha a politóloga. “Particularmente o PSD e CDS-PP. O tempo que passou [desde as últimas eleições] é pouco”, argumenta

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 22 Novembro 2024

Parlamento debate e vota na especialidade o OE2025 e o Conselho de Ministros reúne-se em Lisboa. Eurostat, INE e Banco de Portugal divulgam dados económicos.

Esta sexta-feira fica marcada pelo debate e votação na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e por mais uma reunião do Conselho de Ministros. Destaque ainda para a divulgação de indicadores dados por parte do INE e BdP. Já lá fora, o Eurostat publica dados sobre o comércio internacional de mercadorias.

Assembleia da República debate OE2025

As mais de 2.100 propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), apresentadas pelos vários partidos, vão começar a ser debatidas e votadas esta sexta-feira. A votação final global da proposta orçamental está prevista para 29 de novembro.

Banco de Portugal divulga indicadores

O gabinete estatístico europeu Eurostat divulga dados a propósito do comércio internacional de mercadorias, assim como do acesso à Internet nas cidades, vilas e zonas rurais em 2023. Já por cá, o Banco de Portugal (BdP) apresenta dados sobre o endividamento do setor não financeiro e o Instituto Nacional de Estatística (INE) revela indicadores relacionados com a Conta dos Fluxos Físicos de Energia do ano de 2022.

Assembleia geral extraordinária do grupo Ramada

Nesta sexta-feira tem lugar a assembleia geral extraordinária de acionistas do grupo Ramada Investimentos e Indústria com um único ponto em agenda: deliberar sobre a distribuição de reservas livres no montante de cerca de 20 milhões de euros.

Reunião do Conselho de Ministros

Destaque esta sexta-feira a reunião do Conselho de Ministros, no Palácio das Necessidades, em Lisboa, seguida de briefing. É presidida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Reunião do INEM e Liga dos Bombeiros

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) reúne-se com a Liga dos Bombeiros de Portugal (LBP) para discutir os critérios de seleção dos locais onde será necessário ativar as equipas de bombeiros, durante o pico da gripe. O Ministério da Saúde constituiu um Dispositivo Especial de Emergência Pré-Hospitalar que deverá funcionar de 1 de dezembro deste ano a 28 de fevereiro de 2025, abrangendo 100 equipas de bombeiros.

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Avon celebra “mais de 20 anos de compromisso contra a violência baseada no género”

  • Servimedia
  • 22 Novembro 2024

A Avon reafirma o seu compromisso com a luta contra a violência de género por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as contra as Mulheres, que se celebra a 25 de novembro.

Após mais de duas décadas de dedicação a esta causa doou mais de 80 milhões de dólares a nível mundial para apoiar as mulheres vítimas de violência de género, defendendo “um mundo seguro e livre de abusos”.

A violência contra as mulheres é a violação dos direitos humanos mais generalizada no mundo, disse Avon, com uma em cada três mulheres a sofrer alguma forma de violência durante a sua vida, e não conhece raça, idade ou classe social, sendo em muitos casos tabu e silenciada por medo. “E o silêncio pode fazer muito mal”.

“Desde 1955, a Avon tem vindo a implementar programas de apoio às mulheres em mais de 50 países através da sua Fundação. Até à data, foram doados mais de 1,1 mil milhões de dólares a causas relacionadas com o bem-estar das mulheres, sendo que mais de 80 milhões de dólares foram doados para sensibilizar, educar e desenvolver programas de prevenção da violência de género em todo o mundo. Esta contribuição global tem ajudado na luta pelo empoderamento de milhares de mulheres, e a Avon convida todos a juntarem-se e apoiarem ativamente aqueles que trabalham todos os dias para erradicar a violência contra as mulheres”, acrescentou.

Em Espanha, a Avon colabora com a associação MUM – Mujeres Unidas contra el Maltrato (Mulheres Unidas contra o Abuso) desde 2020. A MUM é uma associação sem fins lucrativos composta por psicólogos, advogados e assistentes sociais voluntários que acompanham e apoiam mulheres vítimas de abuso. Aí, ajudam-nas com cuidados psicológicos, aconselhamento jurídico, ajuda e apoio na procura de emprego.

A MUM também oferece um espaço seguro para o realojamento das vítimas através do projeto Ecoaldea, um espaço autogerido e sustentável onde as mulheres e os seus filhos podem encontrar um refúgio onde podem reconstruir as suas vidas quando saem de uma situação de abuso. A Avon é o principal patrocinador do projeto Ecoaldea, com mais de 86.000 euros doados até à data, o que permitiu o realojamento de mais de 70 vítimas de violência de género e suas famílias.

No âmbito desta iniciativa, podem ser adquiridos vários produtos cujos lucros serão doados na totalidade à MUM, para que todos os que os adquirirem se associem a esta causa. Trata-se de um estojo, de um pijama solidário, de uma bolsa solidária, de pulseiras contra a violência de género e de um alarme pessoal, que podem ser adquiridos através dos Consultores de Beleza Avon, na loja Avon em ‘Amazon.es’ e em ‘www.avon.es’.

 

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Queremos muito as borboletas e os esquilos que Cláudia Schiffer criou para a Vista Alegre

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 22 Novembro 2024

Já está disponível nas lojas Vista Alegre de todo o mundo a nova coleção “Gudrun”, a segunda criada pela modelo alemã Cláudia Schiffer para a Vista Alegre e Bordallo Pinheiro.

Há parcerias que são inesperadas e acontecem de forma diferente do habitual. Costumam ser os departamentos de marketing a pensar em figuras que façam fit com o seu produto e a convidá-las para desenvolverem algo em conjunto. No caso das coleções assinadas pela supermodelo Cláudia Schiffer para a Vista Alegre funcionou ao contrário. Foi a própria a contactar a marca e a pedir-lhes que dessem vida às suas ideias.

A modelo, de 54 anos, é colecionadora de peças de cerâmica e fã, há muito tempo, da marca portuguesa que este ano comemora 200 anos de vida. A Vista Alegre e a Bordallo Pinheiro foram-lhe apresentadas por um casal de amigos portugueses, que lhe ofereceram peças destas marcas icónicas. Começou aí uma paixão – Cláudia passou a colecionar peças da marca – que acabou em casamento, quando lançou a linha “Cloudy Butterflies”, em 2020. A parceria foi um sucesso, de tal forma que a dupla decidiu renovar os votos, lançando agora uma nova coleção, de nome “Gudrun”.

Se a primeira coleção se materializou em centros de mesa, jarras, pratos para boloes, vasos, fruteiras e saladeiras ultra-românticas, repletas de borboletas (e pelas quais nos apaixonámos), também a mais recente coleção foi beber inspiração à natureza que a viu crescer, perto de Rhein, na Alemanha. As peças desta nova linha são sete no total, incluindo pratos de jantar, sopa, pão e marcadores, bule, chávenas e pires de chá, todos adornados com motivos e tons outonais, com folhas de carvalho, bolotas e esquilos.

Esta é ainda uma homenagem da modelo à sua mãe, uma apaixonada por jardinagem, tendo sido batizada com o seu nome, Gudrun. “Gudrun é o nome da minha mais recente coleção para a Vista Alegre e Bordallo Pinheiro. Com o nome da minha falecida mãe, é dedicada a todas as minhas memórias de infância ligadas ao campo. Observar os esquilos da janela do meu quarto, apanhar bolotas e desenhar nelas enquanto a minha mãe apanhava as folhas de Outono. Ouvir os pica-paus e adormecer ao som do canto dos pássaros. Estas memórias inspiraram-me a criar estas novas coleções. Os desenhos revelam inteiramente a minha personalidade, e estou muito orgulhosa do resultado”, explica Claudia Schiffer.

As peças de ambas as coleções nasceram em Coldham Hall, a casa de família onde vive, em Suffolk, Inglaterra. Uma mansão estilo Tudor, construída em 1574, onde a modelo casou com Matthew Vaughn e onde nasceram os três filhos do casal. Foi nesta casa que Cláudia Schiffer se deixou fotografar, na companhia do cão Bullet, para a campanha de lançamento da coleção “Gudrun”. Impossível ficar indiferente à beleza das peças e o awareness internacional sobre a Vista Alegre está garantido.

 

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António José Seguro pondera candidatura a Belém. “Está tudo em aberto”

  • Lusa
  • 21 Novembro 2024

O antigo secretário-geral do PS quebrou um silêncio de dez anos. "Está tudo em aberto. Neste momento estou a ponderar" a candidatura a Belém, admitiu António José Seguro.

O antigo secretário-geral do PS António José Seguro assumiu esta quinta-feira estar a ponderar neste momento uma candidatura a Presidente da República e que “está tudo em aberto”.

Em entrevista esta à TVI/CNN, na qual quebrou um longo silêncio de cerca de uma década, António José Seguro foi questionado sobre se estava a ponderar uma candidatura a Belém nas próximas presidenciais depois de o líder do PS, Pedro Nuno Santos, ter referido o seu nome entre as possibilidades para essa corrida eleitoral. “Está tudo em aberto. Neste momento estou a ponderar”, admitiu.

Segundo António José Seguro, depois dessas declarações de Pedro Nuno Santos, várias pessoas vieram ao seu contacto, mas ressalvou que a decisão é sua e em conversa com a sua família, não apresentando qualquer data para a anunciar.

Em entrevista também à TVI/CNN no início do mês de outubro, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, seria um “bom candidato” a Presidente da República, mas que António José Seguro, António Vitorino ou Ana Gomes também são outros bons nomes.

António José Seguro, que liderou o PS entre 2011 e 2014, vai passar a ter um espaço semanal de análise e comentário sobre a atualidade na CNN Portugal, que terá o nome “Liberdade” e irá para o ar todas as quintas-feiras.

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Manifesto dos 50 diz que declarações do PGR reforçam razões para a sua existência

  • Lusa
  • 21 Novembro 2024

O Manifesto dos 50, que reúne os subscritores do documento “Por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático”, lançado em maio, reuniu-se em Lisboa, para discutir a Justiça.

O Manifesto dos 50 considerou ter a sua legitimidade reforçada após o Procurador-Geral da República ter na tomada de posse procurado “traçar limites ao poder legislativo”.

O Manifesto dos 50, que reúne os subscritores do documento “Por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático”, lançado em maio, reuniu-se em Lisboa, para discutir formas de organização e iniciativas futuras, tendo resultado do encontro “uma grande convergência” em relação à justificação para a existência do Manifesto, reforçada “por declarações no espaço público” recentes, sublinhou o social-democrata e ex-deputado do PSD, Paulo Mota Pinto, em declarações à Lusa.

“Houve uma convergência no sentido de que o problema do Manifesto não é só um problema de Justiça, é também um problema da democracia, de Estado de Direito e nós vemos isso até, por exemplo, quando há uma espécie de contraposição da legitimidade, ou quando, por exemplo, na posse do Procurador [Geral] da República ele procura traçar limites ao poder legislativo ou quando responsáveis recentemente eleitos querem contrapor a sua legitimidade à legitimidade democrática de quem é eleito”, disse. Para Paulo Mota Pinto, “esse tipo de atuações é, evidentemente, inaceitável”.

Enfim, esta observação é minha, mas o que posso dizer é que houve realmente uma convergência no sentido de que se mantém e está reforçada a justificação para a existência do Manifesto”, sublinhou.

Na sua tomada de posse, Amadeu Guerra não passou ao lado das críticas à atuação do Ministério Público e afiançou que “está sempre disponível para prestar contas no parlamento”, mas também vincou que os magistrados precisam de efetuar o seu trabalho “sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos”, recusando alterações legislativas a reboque de casos judiciais mais mediáticos.

“Sou desfavorável, em termos gerais, a alterações legislativas levadas a cabo na decorrência de processos concretos, de forma precipitada, por vezes, sem justificação e sem ponderação, designadamente, dos efeitos e consequências que, no futuro, podem ocorrer”, indicou. O Manifesto dos 50 vai pedir audiências ao novo Procurador-Geral da República e aos grupos parlamentares.

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Casa Branca confirma viagem de Biden a Angola na primeira semana de dezembro

  • Lusa
  • 21 Novembro 2024

A viagem a Angola esteve inicialmente agendada para outubro, mas Biden adiou-a para supervisionar a passagem do furacão Milton pelos Estados Unidos.

O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, viajará para Angola na primeira semana de dezembro, confirmou esta quinta-feira a Casa Branca. A viagem a Angola esteve inicialmente agendada para outubro, mas Biden adiou-a para supervisionar a passagem do furacão Milton pelos Estados Unidos.

Em Angola, Biden será recebido pelo Presidente do país, João Lourenço, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. Biden, assinalou Jean-Pierre, “reconhecerá o papel de Angola como líder regional e destacará a transformação significativa na relação entre os EUA e Angola”.

A Casa Branca indicou ainda que ambos os países estão a trabalhar em vários “desafios urgentes”, entre os quais assinalou a colmatação da lacuna de infraestruturas em África, o reforço da paz e da segurança ou a melhoria da segurança alimentar.

O chefe de Estado norte-americano também aproveitará a deslocação para se reunir com representantes do setor privado.

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Montenegro compara preço de habitação estudantil ao de hotel de cinco estrelas

  • Lusa
  • 21 Novembro 2024

O primeiro-ministro considerou que estes valores impossibilitam alguns jovens de estudar por não poderem “pagar um valor tão exorbitante” e que, por isso, “os poderes públicos têm de investir.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, comparou esta quinta-feira o preço de alguns alojamentos para estudantes do ensino superior a hotéis de cinco estrelas e prometeu mais investimento e soluções para que os universitários não desistam de estudar.

Montenegro começou por aludir a reportagens sobre transações de “alojamentos a 600 a 700 euros mensais, que não são quartos, muito menos apartamentos, são camas de quartos, são apenas dois metros quadrados, três metros quadrados”.

“Se nós fôssemos fazer a conta ao valor intrínseco daquele pequeno espaço, é se calhar superior ao valor que se paga num hotel cinco estrelas, quando se arrenda uma suíte que tem muito mais espaço, que tem muito mais disponibilidade para, no fundo, dar e acolher de forma condigna o visitante”, acrescentou.

Luís Montenegro discursava na inauguração da segunda fase na residência de estudantes Ventura Terra. Este equipamento para estudantes da Universidade de Lisboa, localizada na Ajuda, tem 280 camas e foi financiada em parte pelo PRR. O primeiro-ministro considerou que estes valores impossibilitam alguns jovens de estudar por não poderem “pagar um valor tão exorbitante” e que, por isso, “os poderes públicos têm de investir também por razões de justiça, por razões de equidade mais profunda”.

“Estamos empenhadíssimos em fazer ainda mais no futuro, estamos empenhados em ter mais residências. Vamos ter muitas, novas ou renovadas, nos próximos anos, em particular no próximo ano, estamos a também acrescentar ao plano que já vinha de trás novos projetos”, indicou.

Luís Montenegro referiu que existe também “uma resposta de emergência” que “já está no terreno” e que passa pela “utilização de pousadas da juventude, de equipamentos do Inatel, ou então a utilização de espaços que as universidades podem contratualizar para dar mais oferta enquanto muitas das soluções definitivas não estão ainda garantidas”, ou seja, enquanto “as obras não estão ainda prontas”.

“Nós vamos continuar a investir, e vamos continuar a investir porque é a nossa obrigação para salvaguardar a democracia, é nossa muito profunda obrigação para materializar a justiça social e é, sobretudo, em cima disso, a nossa obrigação de caminhar para ter um país mais desenvolvido economicamente e para deixarmos àqueles que virão a seguir a nós os alicerces de poderem continuar a caminhar com sucesso e com as garantias de sustentabilidade”, afirmou.

O chefe de Governo o investimento feito agora em educação, no alojamento, em ciência, garante que o país terá “prosperidade no futuro”. “Nós estamos a investir na democracia, nós estamos a investir na justiça social e nós estamos a investir no desenvolvimento económico”, salientou Montenegro.

Na mesma cerimónia, o presidente da Câmara de Lisboa recordou o seu percurso de estudante deslocado e disse que estudou na capital numa altura em que “havia apenas uma residência”, afirmando que “pagava seis contos”, o que equivale a 30 euros. “Eram os 30 euros mais difíceis que a minha família tinha de pagar”, referiu.

Carlos Moedas considerou que “não há maior injustiça” de que uma pessoa querer estudar em Lisboa e não conseguir por causa do alojamento. “Dói muito, e não pode acontecer. E temos de lutar para que não aconteça”, salientou, indicando que existem atualmente 50 mil estudantes deslocados na capital.

Indicando que desde o início do seu mandato foram licenciadas 3500 camas para estudantes do ensino superior, o autarca defendeu que é possível fazer mais. Também numa intervenção, o estudante André Freitas alertou que “há jovens que veem os seus sonhos ser postos de lado porque não nasceram em berço de ouro”.

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Ramada mais do que triplica lucros até setembro

  • Lusa
  • 21 Novembro 2024

As receitas totais atingiram 7,7 milhões de euros, um aumento de 7% face ao período homólogo. Já os custos totais representaram 1,5 milhões de euros, uma redução de 12,5%.

A Ramada – Investimentos e Indústria somou cerca de 26,9 milhões de euros de lucro entre janeiro e setembro, acima dos 7,4 milhões de euros registados no mesmo período de 2023, segundo um comunicado ao mercado esta quinta-feira.

De acordo com o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), até setembro, as receitas totais atingiram 7,7 milhões de euros, um aumento de 7% face ao período homólogo. Já os custos totais representaram 1,5 milhões de euros, uma redução de 12,5% relativamente ao acumulado dos primeiros nove meses de 2023.

O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) da Ramada foi de 6,2 milhões de euros, o que se traduz num acréscimo de 13,1%. Em 30 de setembro, o montante de caixa superava o de empréstimos em aproximadamente 20 milhões de euros.

Em 31 de dezembro de 2023, o endividamento líquido do grupo era de 30 milhões de euros.

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“Citius” para arbitragem comercial e empresarial lançado até março de 2025

  • Lusa
  • 21 Novembro 2024

Plataforma será lançado pelo Centro de Arbitragem Comercial, sedeado no Porto e permitirá às partes acompanhar a tramitação do processo sem qualquer deslocação aos centros de arbitragem.

Uma plataforma idêntica ao portal ‘Citius’ vai ser lançada até março pelo Centro de Arbitragem Comercial, sedeado no Porto, permitindo que a tramitação dos processos de arbitragem seja totalmente feita online.

Estamos também a desenvolver outros projetos de otimização dos serviços, que vão permitir acelerar a submissão e a tramitação dos processos, reforçando ao mesmo tempo a sua segurança e fiabilidade. É disso exemplo a plataforma digital que será lançada brevemente e que, de forma pioneira no nosso país, irá tornar o fluxo processual do Instituto [de Arbitragem Comercial] mais expedito, funcional e desmaterializado”, revelou Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto e do Instituto de Arbitragem Comercial (IAC) cuja reestruturação foi assinalada esta quinta-feira.

A fusão dos centros de arbitragem e de mediação de conflitos da Associação Comercial do Porto (ACP), da AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas e da AEP – Associação Empresarial de Portugal – concretizada em março de 2023 permitiu concentrar os seus respetivos serviços de arbitragem e mediação de conflitos económicos num único centro.

Esta tarde, na abertura da conferência “O Tribunal Arbitral: a justiça em jurisdição alternativa”, que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, Nuno Botelho lembrou que a justiça constitui, em Portugal, pela sua “morosidade e eficiência” “um dos principais bloqueios ao crescimento e à competitividade económica”, representando “um custo de oportunidade elevado para as empresas e um travão significativo a que muitos investimentos se realizem”.

Ainda assim designação oficial, a plataforma digital cujo funcionamento é semelhante ao do Citius é uma das apostas do refundado IAC, que vai investir ainda em ações formativas que deem a conhecer as virtualidades da arbitragem.

Esta plataforma, explicou à Lusa, o presidente do Conselho de Arbitragem do IAC, José de Freitas, vai permitir às partes acompanhar a tramitação do processo sem qualquer deslocação aos centros de arbitragem e ainda praticar atos administrativos como avisos de agendamento ou citações.

“O que nós pretendemos aqui é que desde o início [do processo de] arbitragem até à sentença final seja tudo processado digitalmente na plataforma e que as partes tenham permanente acesso a esses dados”, detalhou, sublinhando que a introdução deste sistema vai trazer ganhos de “eficiência, transparência e celeridade”, para as empresas que recorrer ao Centro de Arbitragem Comercial.

Neste momento e até ao final do ano, a plataforma “está a ser testada”, havendo a previsão de que possa estar totalmente operacional “até ao primeiro trimestre do ano”, rematou.

Antes, durante a sua intervenção na conferência desta tarde, o dirigente instou o Ministério da Justiça a, através da atualização regulamentar, assumir uma tutela reguladora, “que não se resuma, como atualmente, à mera concessão da autorização eterna da instalação e funcionamento dos centros”, lembrando que o diploma de instalação e funcionamento dos mesmos se mantém inalterado há 38 anos.

No encerramento dos trabalhos, a secretária de Estado da Justiça, Maria José Barros, sublinhou a importância dos tribunais arbitrais no ordenamento jurídico português, deixando o “firme compromisso do Ministério da Justiça e do Governo na promoção e na divulgação e igualmente no reforço dos procedimentos de resolução alternativa de litígios (RAL)”.

“Posso, aliás, garantir-vos que, em breve, o Ministério da Justiça irá apresentar um plano estratégico para os meios RAL no sentido de estimular e reconhecer estes mecanismos, promovendo assim uma justiça mais rápida, mais próxima e mais eficiente”, adiantou. A arbitragem comercial é um recurso extrajudicial de caráter voluntário, que visa resolver litígios de natureza económica, sendo vista como a alternativa mais eficaz aos tribunais comuns, pela sua celeridade dos processos.

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