Von der Leyen quer conquistar forças importantes para maioria de centro

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

Von der Leyen é candidata a um novo mandato de cinco anos como presidente da Comissão Europeia, precisando, para isso, do apoio da maioria simples do Parlamento Europeu.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que quer conquistar as forças políticas importantes para a maioria de centro, pedindo que o foco não se coloque nos grupos parlamentares.

A intenção é “conquistar as forças políticas que são tão importantes para a maioria de centro”, afirmou Von der Leyen, em entrevista à rádio Deutschlandfunk, pedindo que o foco não seja colocado nos partidos, mas nos eurodeputados. No entanto, ressalvou que o critério é trabalhar com eurodeputados “a favor da Europa, da Ucrânia, contra a Rússia e a favor de um Estado de direito”.

No mês passado, a presidente da Comissão Europeia já tinha admitido não descartar uma cooperação com o Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, onde se inclui o partido da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

Esta quinta-feira, a cabeça de lista de centro-direita a presidente da Comissão Europeia rejeitou acordos com “amigos de Putin”, sem nunca mencionar a extrema-direita ou os conservadores, e disse “trabalhar bem” com a primeira-ministra italiana, a conservadora Giorgia Meloni.

Intervindo num debate promovido pelo Parlamento Europeu em Bruxelas, a candidata principal do Partido Popular Europeu ao executivo comunitário e atual líder da instituição indicou que partidos como a União Nacional (Rassemblement National) e a Alternativa para a Alemanha (AfD) “podem ter diferentes princípios, mas têm uma coisa em comum”.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, já defendeu que a Comissão Europeia não deveria confiar na extrema-direita para o seu próximo mandato, afirmando estar “muito entristecido com a ambiguidade das declarações políticas ouvidas recentemente”.

O chefe do Governo alemão disse que a presidência da Comissão Europeia deve ser estabelecida com os partidos tradicionais. “Qualquer outra coisa seria um erro para o futuro da Europa”, assinalou.

Von der Leyen é candidata a um novo mandato de cinco anos como presidente da Comissão Europeia, precisando, para isso, do apoio da maioria simples do Parlamento Europeu.

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Cotrim diz que abstenção é o principal adversário da IL

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

Para o candidato liberal, a Europa precisa de reformas profundas e é preciso "coragem e determinação" para as fazer. Apelou aos mais novos para votarem "em força" nas eleições europeias.

O cabeça-de-lista da Iniciativa Liberal (IL) às Europeias, João Cotrim de Figueiredo, afirmou hoje, em Braga, que a abstenção será o principal adversário do partido nas eleições de 09 de junho.

Em declarações aos jornalistas no decorrer de uma arruada pela Braga Romana, Cotrim foi repetindo sistemáticos apelos ao voto, lembrando que há possibilidade do voto antecipado, no dia 02 de junho.

“Em relação ao que tem sido a campanha dos meus concorrentes nestas Europeias, o principal adversário da IL é mesmo a abstenção, as pessoas que possam não estar suficientemente motivadas pelos temas europeus e que não tenham acompanhado tanto a campanha e os debates”, referiu.

Para Cotrim de Figueiredo, a visão que a IL tem para a Europa é “a única coerente”. “Pôr o crescimento económico à frente é a única maneira de fazer crescer os salários, para a Europa voltar a ser um espaço de prosperidade e poder fazer as reformas profundas que tem de fazer”, disse. Criticou os restantes partidos, considerando que “ou não gostam da Europa e escondem ou gostam da Europa e acham que vai lá com pequenos retoques”.

Para o candidato liberal, a Europa precisa de reformas profundas e é preciso “coragem e determinação” para as fazer. Falando na cidade mais jovem do país, Cotrim de Figueiredo apelou também aos mais novos para votarem “em força”, para reacender a “chama de vida e inovação que a Europa tem vindo a perder um pouco”. No entanto, Cotrim vincou que o apelo ao voto é para jovens e menos jovens e lembrou que a IL “não discrimina pela idade”.

“A IL já por várias vezes deu provas de que não discrimina pela idade. Não gosta de IRS só para jovens, as reduções de IRS são para todos. Não gosta de algo que discrimine pela idade, não é a idade que nos define, não é a altura e a o ciclo da vida em que estamos que nos define, devemos ter todos as mesmas oportunidades”, referiu.

Numa análise ao que tem sido a pré-campanha para as Europeias, o candidato liberal admitiu que, de uma forma geral, os principais temas têm sido abordados, mas não se tem ido “ao fim de algumas discussões”.

Como exemplos, apontou a guerra da Ucrânia e os investimentos na defesa e os impostos europeus versus dívida centralmente mutualizada.

“A AD [Aliança Democrática] não quer impostos europeus, mas quer emitir dívida mutualizada, é uma contradição”, apontou.

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Itália acredita em consenso alargado sobre taxas de juro mais baixas em junho

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

"Na próxima reunião do Banco Central Europeu, em junho, estão reunidas as condições para um ajustamento da política monetária", acredita o governador do banco de Itália.

O governador do banco de Itália, Fabio Panetta, disse hoje acreditar num consenso alargado sobre a possibilidade de as taxas de juro ficarem mais baixas em junho.

“Na próxima reunião do Banco Central Europeu, em junho, estão reunidas as condições para um ajustamento da política monetária. A inflação está a cair em todas as componentes e parece-me que surgiu um consenso bastante geral sobre a possibilidade de um corte nas taxas”, afirmou Panetta, em conferência de imprensa, após a reunião dos ministros das Finanças do G7, em Stressa, Itália.

Fabio Panetta referiu ainda que os governadores dos bancos centrais do G7 (grupo dos países mais industrializados) expressaram “satisfação com a resistência da economia global”.

Por outro lado, notou que a inflação está a cair em todas as principais economias, destacando-se a Europa.

O G7 é composto pelos Estados Unidos, Itália, Japão, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha.

Além dos ministros das Finanças do G7, também participaram na reunião a presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, o comissário da União Europeia para os Assuntos Económicos, Paolo Gentiloni, o presidente do Eurogrupo, Pascal Donohoe, e o ministro das Finanças da Ucrânia, Serhiy Marchenko.

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G7 determinado em aumentar sanções contra Rússia

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

Em marcha está um novo pacote que irá visar o gás natural liquefeito (GNL), proibindo a sua transferência, via UE, para países terceiros.

Os ministros das Finanças do G7 garantiram estar “determinados em aumentar as sanções financeiras e económicas” contra a Rússia.

Na sua reunião em Itália, o G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo) decidiu colocar o foco nas receitas energéticas da Rússia e nas suas capacidades de extração, segundo um documento a que a Agência France Presse (AFP) teve acesso.

A união Europeia (UE) já lançou 13 pacotes de sanções contra a Rússia. Em marcha está um novo pacote que irá visar o gás natural liquefeito (GNL), proibindo a sua transferência, via UE, para países terceiros.

De acordo com o mesmo documento, os ministros das Finanças do G7 concordaram ainda em opor-se às tentativas de fugir ou contornar as sanções.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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‘Fake news’ podem ser denunciadas para WhatsApp da CNE

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

A CNE tem um número de WhatsApp para os cidadãos denunciarem casos de "desinformação ou publicidade indevida" durante a campanha eleitoral para as europeias. Já foram recebidas algumas queixas.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem um número de WhatsApp para os cidadãos denunciarem casos de “desinformação ou publicidade indevida” durante a campanha eleitoral para as europeias de 09 de junho.

O número deste serviço é o 924.315.697 e, segundo o porta-voz da CNE, o ex-deputado Fernando Anastácio, já foram recebidas algumas queixas que estão em análise.

Essas queixas “estão a ser triadas, são analisadas e depois verifica-se se há matéria para um trabalho mais profundo ou não” e “caso se justifique a própria MediaLab fazer um relatório específico”, explicou à Lusa Fernando Anastácio.

Este trabalho de análise está previsto no acordo entre a CNE, o MediaLab, um instituto de estudo de ciências da comunicação integrado no ISCTE, com o objetivo de detetar e prevenir eventuais notícias falsas até ao dia das eleições.

Gustavo Cardoso, coordenador do MediaLab, destacou a importância, para os investigadores, destes dados do WhatsApp, “uma rede social diferente, fechada” porque “a informação é encriptada, é partilhada apenas entre as pessoas que a pretendem”, e tem estado fora do alcance de quem estuda o fenómeno.

Na Índia e no Brasil, exemplificou, o WhatsApp “é um veículo grande de desinformação”.

Cerca de 373 milhões de eleitores europeus são chamados a votar para o Parlamento Europeu entre 06 e 09 de junho. Em Portugal, votação é no dia 09. Serão escolhidos 720 eurodeputados, 21 dos quais portugueses.

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Borrell avisa Israel que decisões do TIJ são vinculativas

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

O tribunal da ONU ordenou Telavive a cessar a ofensiva militar em Rafah, um refúgio para civis palestinianos no sul de Gaza.

O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, recordou hoje a Israel que as ordens do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) são “vinculativas” e “devem ser plena e efetivamente aplicadas”.

O alerta de Borrel surge após o mais alto tribunal da ONU ter ordenado a Telavive que cesse a ofensiva militar em Rafah, um refúgio para civis palestinianos no sul de Gaza.

“Tomamos nota da ordem do TIJ a Israel no processo interposto pela África do Sul (…). As ordens do TIJ são vinculativas para as partes e devem ser plena e efetivamente aplicadas”, afirmou Borrell numa mensagem na rede social X.

O chefe da diplomacia europeia recordou que, na decisão divulgada na sexta-feira, o mais alto tribunal da ONU exige que Israel “pare imediatamente a sua ofensiva em Rafah, mantenha a passagem de Rafah aberta para a assistência humanitária, garanta o acesso a qualquer órgão de investigação mandatado pela ONU para investigar alegações de genocídio e apresente um relatório ao TIJ sobre todas as medidas tomadas para cumprir esta ordem”.

Para além destas novas medidas emitidas na sexta-feira, o TIJ avisou Israel de que deve também aplicar as determinações anunciadas em janeiro e março, incluindo impedir o seu exército de cometer atos de genocídio contra os palestinianos em Gaza.

O tribunal decidiu anunciar novas medidas provisórias contra Israel por considerar que a situação atual resultante da sua operação militar em Rafah implica “um risco acrescido” de “danos irreparáveis” aos direitos dos palestinianos enquanto grupo protegido pela Convenção sobre o Genocídio.

Os juízes consideraram que este facto sublinha a “urgência” e um “risco real e iminente” que obriga o TIJ a intervir no caso, que teve origem numa queixa apresentada pela África do Sul, que acusou Israel de cometer genocídio contra a população palestiniana.

Rafah, situada a sul de Gaza e na fronteira com o Egito, albergou em tempos cerca de 1,4 milhões de pessoas deslocadas pela guerra de outros locais do centro e do norte daquela região.

No entanto, na sexta-feira, pouco depois de ter tomado conhecimento da decisão do tribunal da ONU, Israel intensificou os seus ataques em várias zonas da cidade.

A agência noticiosa palestiniana Wafa informou que os bombardeamentos visaram “as ruas e as casas dos cidadãos no centro do campo de Shaboura”, causando vítimas civis.

Desde o início da guerra em Gaza, pelo menos 35.800 palestinianos foram mortos, na sua maioria mulheres e crianças, e mais de 80.200 ficaram feridos. As autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas, insistem que estes números são mais elevados porque há milhares de pessoas desaparecidas sob os escombros.

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Fundador da Benetton anuncia “buraco orçamental” de 100 ME e fala em “sacrifícios”

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

"Todos os esforços vão ser encetados para redescobrir a energia [...] e dar uma nova vida" à Benetton, garante o fundador da marca italiana. Em Portugal, tem 20 lojas em Lisboa e Porto.

O fundador da Benetton, Luciano Benetton, disse hoje que a empresa tem um “buraco orçamental de cerca de 100 milhões de euros”, adiantando que terão de ser “feitos sacrifícios”, quando se prepara para abandonar o cargo de presidente.

Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, que foi hoje publicada, Luciano Benetton disse que as contas da empresa italiana têm um “buraco orçamental de cerca de 100 milhões de euros”, deixando reparos à administração.

“Eu confiei e errei. Fui traído no verdadeiro sentido da palavra. Há alguns meses percebi que algo estava errado. A fotografia que a alta administração do grupo nos apresentou não era real”, lamentou.

Benetton admitiu que “vão ter de ser feitos sacrifícios”, apesar de não avançar detalhes.

Ainda assim mostrou-se confiante quanto ao futuro da marca, acrescentando que “todos os esforços vão ser encetados para redescobrir a energia […] e dar uma nova vida” à Benetton.

O fundador marca de roupa italiana referiu ainda que o presidente executivo da marca, Massimo Renon, e a sua equipa tem uma “visão e tradição de mercado completamente diferente” da Benetton.

O mandato do conselho de administração da empresa termina em junho, estando agendada uma reunião para dia 18 do mesmo mês.

A Benetton está presente de Norte a Sul de Portugal, contando só em Lisboa e no Porto com cerca de 20 lojas.

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Ministro da Defesa pede auditoria aos licenciamentos concedidos pelo ministério desde 2015

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

Ministério avança com auditoria a todos os licenciamentos de atividades de comércio e indústria de bens e tecnologias militares desde 2015, após ter detetado eventuais irregularidades.

O ministro da Defesa Nacional anunciou hoje uma auditoria a todos os licenciamentos de atividades de comércio e indústria de bens e tecnologias militares concedidos no ministério desde 2015, após ter detetado eventuais irregularidades neste processo.

“O ministro da Defesa Nacional irá solicitar uma auditoria, a efetuar pela Inspeção Geral da Defesa Nacional, destinada a averiguar o cumprimento da lei e a apurar todas as responsabilidades relativamente a todos os licenciamentos para as atividades de comércio e indústria de bens e tecnologias militares concedidos no Ministério da Defesa Nacional desde o ano 2015”, lê-se num comunicado hoje divulgado.

Em causa estão eventuais falhas no “duplo controlo” destes licenciamentos — a cargo da Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN) e do Gabinete Nacional de Segurança (GNS) -, detetadas numa “averiguação preliminar” efetuada pelo ministério agora tutelado por Nuno Melo.

De acordo com o comunicado, “verificou-se que, aparentemente, desde o ano 2015 não têm vindo a ser cumpridas as exigências previstas no art.º 6.º da Lei 49/2009 de 05 de agosto”, que regulamenta o licenciamento e as condições de acesso e exercício das atividades de comércio e indústria de bens e tecnologias militares.

Adicionalmente, numa “amostragem restrita de processos considerados”, foi apurado o eventual licenciamento “de uma empresa cujo sócio foi condenado em pena de prisão por crime previsto na alínea a), do n.º 3 do art.º 8.º da mesma lei e, como tal, salvo melhor opinião, sem idoneidade nos termos aí configurados”.

“Confirmando-se, significa que ambos os graus de controlo falharam”, sustenta o ministério.

A idoneidade dos titulares das pessoas ou empresas que requerem o licenciamento de atividades de comércio e indústria de bens e tecnologias militares é assegurada através de um um duplo controlo feito pela DGRDN e pelo GNS.

Segundo salienta o ministério, no controlo inicial, a efetuar pela DGRDN, “todos os pedidos são imperativamente instruídos com um conjunto de elementos, nomeadamente a identificação dos mercados que o requerente se propõe atingir; de todos os sócios, administradores, diretores ou gerentes e respetivos certificados de registo criminal, participações sociais de que sejam titulares e informações detalhadas relativas à estrutura do grupo”.

Nos termos da Lei 49/2009, não pode possuir idoneidade quem, nomeadamente, tenha sido condenado, no país ou no estrangeiro, entre outros, pelos crimes de falência dolosa, falência por negligência, falsificação, furto, roubo, burla, extorsão, abuso de confiança, infidelidade, usura, corrupção, emissão de cheques sem provisão, apropriação ilegítima de bens do setor público ou cooperativo, falsas declarações, branqueamento de capitais ou infrações à legislação especificamente aplicável às sociedades comerciais, ou ainda por crimes praticados no exercício de atividades de comércio ou de indústria de bens e tecnologias militares e por tráfico ilícito de armas.

Salientando que “as decisões dos titulares de cargos políticos pressupõem a convicção prévia de uma avaliação em obediência ao princípio da legalidade efetuada pelas dimensões administrativas” — neste caso, a DGRDN e o GNS — o ministério de Nuno Melo sustenta que “a dúvida acerca do correto cumprimento das regras estabelecidas […] por quem tem a obrigação de as assegurar […], potencia por desconfiança a paralisação das decisões políticas, com grave prejuízo para o normal funcionamento da tutela”.

“A garantia de transparência e o cumprimento da lei no Ministério da Defesa Nacional são uma obrigação e uma prioridade para o ministro da Defesa Nacional”, enfatiza.

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Transição geracional “não é só para os jovens” mas para a economia portuguesa

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

"O mais importante é reter o talento" dos jovens e "conseguir que eles não saiam" do país, diz Alexandre Meireles. O presidente da ANJE defende a transição geracional nas empresas portuguesas.

O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) afirma, em entrevista à Lusa, que a transição geracional “não é só para os jovens”, mas também para a própria economia portuguesa, a qual precisa de “uma transformação”.

Alexandre Meireles, que termina o mandato à frente da ANJE em julho, defende que “o mais importante é reter o talento” dos jovens e “conseguir que eles não saiam” do país e defende a transição geracional nas empresas portuguesas.

A transição geracional “não é só para os jovens, mas para a própria economia” portuguesa, a qual precisa de “uma transformação”, sublinha o presidente da ANJE.

A associação já se reuniu com o ministro da Economia, Pedro Reis, e o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, um encontro que “correu bem” e em que o Governo “demonstrou a porta aberta”, salienta Alexandre Meireles.

“Fizemos chegar o pacote de medidas (…) e pareceu-nos um Governo aberto a ouvir as propostas dos jovens”, diz o presidente da ANJE, recordando que durante a campanha eleitoral o tema dos jovens foi abordado praticamente por todos os partidos.

Alexandre Meireles, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE)ANJE

E isso “foi ótimo, um ponto importantíssimo para a evolução do país”, refere, apontando ainda como positiva a criação do Ministério da Juventude.

Entre as medidas defendidas pela ANJE está “a redução da tributação de IRS nos órgãos sociais para jovens com menos de 40 anos” e que “se possa majorar em sede de IRC os custos que as empresas têm quando estes jovens estão nas administrações, nos quadros gerentes”, elenca Alexandre Meireles.

As propostas incluem ainda que o Banco de Fomento “possa criar linhas de reembolso para a reestruturação geracional nas empresas”, já que “precisamos que as empresas estejam mais modernas”, que “recorram a fontes diferentes de financiamento no crédito do bancário e que comece a haver uma concentração maior de empresas”, ou seja, um processo de consolidação, diz.

“As nossas empresas são todas muito pequeninas, era importante que houvesse um movimento de fusões e aquisições”, aponta.

Para isso, “os jovens estão preparados e mais à vontade, é mais recorrente os jovens recorrerem a capital que não seja dívida bancária, como fundos de investimento, e quando olharmos para as ‘startups’, os jovens continuam cá porque lideram essas ‘startups'”, argumenta o presidente da ANJE.

Este conjunto de medidas foi apresentado ao Governo para que este ponha o assunto “na agenda do dia para que se possa fazer a transição geracional e que as empresas possam ser mais competitivas”.

A associação tem “sentido que os jovens que ficam em Portugal, além de terem bons salários e boas condições de vida, muitas vezes estão em condições de liderança e de tomada de decisões nas empresas”.

Por isso, “achamos que é muito importante que se faça a transição geracional dos empresários em Portugal”, salienta Alexandre Meireles, reconhecendo que existe toda uma “geração que fez muito por Portugal”, mas que agora “é importante dar uma oportunidade a esta geração de jovens que está mais preparada a nível de formação académica” e tecnologia, entre outros.

O presidente da ANJE defende que é “preciso acelerar o processo” da transformação da economia portuguesa, conjugando a “experiência dos empresários com a irreverência, a maior capacidade e maior preparação que os jovens têm para liderar com a nova economia de hoje em dia”.

E para esta aceleração, diz, é necessário que os líderes “também tragam este tema para agenda do dia e que façam perceber que é importante”, pelo que é preciso comunicar bem e passar a mensagem, e haver “um conjunto de medidas que permitam acelerar para que as empresas portuguesas tomem mais depressa esse caminho”, reforça.

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É preciso implementar a estratégia de cooperação com África

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

Mais do que definir estratégias de cooperação entre a Europa e África, é importante implementar a cooperação e o comércio, defende Presidente da Diáspora Portuguesa.

O Presidente da Direção do Conselho da Diáspora Portuguesa considerou hoje à Lusa que mais do que definir estratégias de cooperação entre a Europa e África, é importante implementar a cooperação e o comércio.

“Fala-se muito de uma nova estratégia [para as relações entre os dois continentes], mas já não é bem isso, temos é de falar em execução, porque não é preciso mais inspiração, é preciso é mais transpiração, ou seja, que as empresas portuguesas e africanas trabalhem em conjunto, em alianças, a abordarem grandes projetos nas áreas das infraestruturas, digitalização, saúde e educação, entre outras”, disse António Calçada de Sá.

Em declarações à Lusa a propósito da sétima edição do Eurafrican Fórum, que vai reunir em 15 e 16 de julho vários líderes e ministros europeus e africanos, além do Presidente da República e um congénere africano, Calçada de Sá defendeu que “se a Europa tem o seu caminho feito em termos de tecnologia, segurança social e estado de bem-estar”.

“Quando olhamos para África vemos que o continente é jovem, tem recursos naturais, mas também humanos, e a Europa e África podem apadrinhar uma grande aliança”, disse.

Para esta aliança resultar bem, o também diretor executivo da Fundação Repsol salientou que não basta às empresas portuguesas e europeias levarem para África a sua tecnologia e o seu conhecimento, é fundamental haver uma verdadeira parceria entre iguais.

“Não se pode pensar que é só levar recursos para África e tudo acontece por magia, tem de ser um processo colaborativo, com programas entendidos de forma bilateral, é dar e receber, e a Europa e Portugal estão muito bem posicionados, temos de ter uma agenda comum que toque estes setores, e haver apoio institucional total para podermos avançar”, disse Calçada e Sá.

“Se fizermos isso, tudo o que está na estratégia vai acontecer, e se fizermos isso bem, então vai acontecer mais depressa”, referiu.

O Eurafrican Fórum deste ano tem como tema principal “África, o próximo capítulo: parcerias para o crescimento”, e decorre de 15 a 16 de julho em Carcavelos, pretendendo “promover Portugal como plataforma internacional de criação de redes”.

Entre os temas que serão debatidos pelos 500 participantes diários esperados pela organização na edição estão o investimento para o desenvolvimento, energia e minas, educação, agronegócio, digitalização, geopolítica, infraestruturas e urbanismo, desporto e saúde.

O evento contará com a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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Obra da Linha Rubi do metro arranca em Gaia e o trânsito vai piorar

  • Lusa
  • 25 Maio 2024

O valor global de investimento da Linha Rubi (Casa da Música - Santo Ovídio, incluindo nova ponte sobre o rio Douro) é de 435 milhões de euros, um investimento financiado pelo PRR.

As obras da futura Linha Rubi (H) do Metro do Porto arrancam hoje em Vila Nova de Gaia, uma empreitada que levará ao corte da rotunda Edgar Cardoso durante os próximos dois anos.

O anúncio foi feito no início da semana pela Metro do Porto, referindo que a obra da Linha Rubi (Casa da Música – Santo Ovídio) “arranca em força num dos principais eixos rodoviários de Gaia”, fazendo com que a via Edgar Cardoso fique “muito condicionada nos próximos dois anos”.

Após o arranque da empreitada em Santo Ovídio, que já levou à demolição de habitações para a construção da estação de metro que ligará à Linha Amarela (D) e à futura linha de alta velocidade ferroviária, e de intervenções nas Devesas e outras menos impactantes, uma nova fase dos trabalhos obrigar a uma série de cortes e condicionamentos com impacto nalgumas vias da cidade.

Assim, nesta madrugada estava previsto um “corte da via esquerda no sentido ascendente do viaduto do Candal”, e entre sábado e domingo “fica suprimida a circulação rodoviária na Rotunda Edgar Cardoso — na Via com o mesmo nome, também conhecida como VL8”.

“Este constrangimento vai permanecer em vigor por um período de dois anos, estando sempre salvaguardados os acessos a casas, garagens, escritórios e estabelecimentos”, numa intervenção “motivada pela construção do canal de metro ao longo desta via estruturante” e “pela construção de três estações — Arrábida, Candal e Rotunda -, sendo esta última desnivelada e contando com um parque de estacionamento subterrâneo”.

Em comunicado, a Câmara de Vila Nova de Gaia avisou também sobre os constrangimentos salientando, contudo, que estarão “sempre salvaguardados os acessos a casas, garagens, escritórios e estabelecimentos”.

Segundo a Metro do Porto, “os trabalhos vão gerar condicionamentos ao longo de toda a Via Edgar Cardoso, entre a zona de Coimbrões e o nó da Arrábida”, mas “em todo o traçado existem alternativas locais de circulação, devidamente sinalizados, assegurando as condições essenciais de mobilidade local nesta área”, tendo já sido “reaberta ao trânsito a rua António de Azevedo, junto ao Arrábida Shopping”.

O valor global de investimento da Linha Rubi (Casa da Música – Santo Ovídio, incluindo nova ponte sobre o rio Douro) é de 435 milhões de euros, um investimento financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A Linha Rubi, com 6,4 quilómetros e oito estações, inclui uma nova travessia sobre o rio Douro, a ponte D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha, que será exclusivamente reservada ao metro e à circulação pedonal e de bicicletas.

Em Gaia, as estações previstas para a Linha Rubi são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música.

A empreitada tem de estar concluída até ao final de 2026.

Segundo a Metro do Porto, a nova linha trará “benefícios de vários tipos, quantificados em 1,7 mil milhões de euros e que se materializam, por exemplo, em mais de 12 milhões de utilizadores anuais do Metro”, dos quais 10 mil estudantes com acesso facilitado ao polo universitário do Campo Alegre, “uma redução anual de emissões de CO2 [dióxido de carbono] estimada em 17.475,4 toneladas”, e menos 5,2 automóveis nas ruas anualmente.

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Mar Vermelho. Transportes mais caros forçam empresas a procurar alternativas de fornecimento na Europa

A crise no Mar Vermelho, que forçou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, triplicou os preços dos fretes e aumentou o tempo de viagem em 15 dias.

A crise no Mar Vermelho, que obrigou as empresas de transportes a desviar os navios de mercadorias para o Cabo da Boa Esperança, e triplicou os custos dos fretes e atrasou as entregas em até 15 dias, está agora a forçar vários setores a procurar alternativas, não só de transporte, mas também de fornecimento. Têxtil e automóvel estão entre as indústrias mais afetadas.

Seis meses depois de terem sido registados os primeiros ataques dos rebeldes houthis no Mar Vermelho, a situação na região continua longe de estar resolvida. Continua a haver grandes perturbações nos transportes de bens e mercadorias entre a Europa e a Ásia, uma vez que a maioria das transportadoras decidiu mudar a rota, passando a contornar o Cabo da Boa Esperança.

Mapa Mar Vermelho

Na prática, esta alteração significa aumentar em 7.000 quilómetros a travessia, o que custa tempo e dinheiro, nomeadamente face aos maiores custos com combustível. Uma situação que está a forçar as empresas a procurar alternativas para minimizar o impacto no negócio.

“As empresas têm vindo a repensar a sua gestão logística, optando desde logo por tentar diminuir a dependência de certo tipo de mercados [fornecedores], recorrendo de preferência a mercados mais próximos, diminuindo assim o custo e o tempo de transporte, assim como mitigando o risco de falhas de stock na produção“, comenta o presidente do conselho de administração da AEP.

Luís Miguel Ribeiro realça que “os riscos geopolíticos, nomeadamente esta instabilidade no Médio Oriente, têm consequências diretas no comércio internacional: na subida do custo do transporte, no atraso da entrega das encomendas e na disrupção das cadeias de valor globais, o que acabará por ser refletido nos preços de produção e, mais tarde, nos preços aos consumidores finais”.

As empresas têm vindo a repensar a sua gestão logística, optando desde logo por tentar diminuir a dependência de certo tipo de mercados [fornecedores], recorrendo de preferência a mercados mais próximos, diminuindo assim o custo e tempo de transporte, assim como mitigando o risco de falhas de stock na produção.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente do conselho de administração da AEP

“Garantir a gestão deste aumento de custos, com impactos diretos na tesouraria das empresas, num contexto já pautado por políticas de controlo da inflação, é um desafio acrescido para as empresas portuguesas”, acrescenta o dirigente da principal associação patronal nortenha.

Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), destaca que este setor – o mais exportador da economia portuguesa e cujas vendas ao exterior atingiram em 2023 um novo recorde de 24.017 milhões de euros -, tem vindo a procurar soluções alternativas nos fornecimentos, procurando “encurtar a cadeia de valor através de outros fornecedores”, sobretudo nos componentes.

Rafael Campos Pereira, que é também vice-presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, reconhece que estas alternativas resultam num encarecimento da matéria-prima. Contudo, salvaguarda o mesmo responsável, as empresas metalúrgicas e metalomecânicas “estão a conseguir gerir bem” esta crise nos transportes.

A indústria têxtil, que perdeu 5,6% das exportações em 2023, mas ganhou quota na Europa, é outra das que tem sido fortemente afetado pela crise do Mar Vermelho. Por um lado, as empresas enfrentam custos e prazos mais elevados para exportar os seus produtos. Por outro lado, neste setor que exporta quase 100% da produção, são penalizadas nas importações de matéria-prima para as suas produções.

“A guerra entre Israel e o Hamas, seguida dos ataques aos navios no Canal de Suez por parte do grupo Houthi, levou a que as grandes companhias marítimas desviassem a sua rota normal pelo Mar Vermelho para o sul de África, pelo Cabo da Boa Esperança, tendo como consequência direta o aumento do frete e do transit time, referiu Paulo Oliveira, diretor do departamento de compras da Riopele, citado em comunicado no site da empresa.

Com sede em Vila Nova de Famalicão, a Riopele destina mais de 90% da produção para 50 mercados na Europa e nos Estados Unidos. O porta-voz refere que se deparou com uma nova realidade: um contentor proveniente da Ásia passou a demorar 60 dias, em vez dos tradicionais 45, o que levou a empresa minhota a repensar todo o seu sistema logístico. A Riopele diz ainda que “priorizou duas companhias marítimas de referência”, mantendo-se “atenta a novos desenvolvimentos”.

As têxteis Riopele e a Mundotêxtil estão a alterar o sistema logístico e a reforçar stocks, para minimizar o impacto da crise do Mar Vermelho nos custos e nos prazos das entregas.

Também a Mundotêxtil, principal produtora de felpos em Portugal, está a ajustar os seus processos para “provisionar com uma maior antecedência, o que implica um aumento na disponibilidade financeira para manter os níveis de stock adequados”.

“É de prever que alguns setores serão mais afetados do que outros com este conflito”, aponta o líder da AEP, notando que “primeiramente deve ter-se em atenção os setores mais dependentes da Ásia e Médio Oriente e com menor flexibilidade de stocks“.

Luis Miguel Ribeiro, presidente da AEP, em entrevista ao ECO - 13SET22
Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEPRicardo Castelo/ECO

“Como é sabido, denotaram-se dificuldades na indústria automóvel que, inclusive, levaram marcas a optar por parar a sua produção a nível europeu“, lembra Luís Miguel Ribeiro. No início deste ano, grandes empresas do setor, como a Tesla, a Volvo ou a japonesa Suzuki, anunciaram a suspensão de parte da produção nas fábricas na Europa.

O presidente da AEP destaca ainda o impacto “noutros setores de elevada especialização da economia portuguesa, como é o caso do têxtil, já condicionado pela diminuição das exportações face à contenção da procura externa, fruto da conjuntura económica desfavorável sentida na Europa [principal mercado], e com margens de negócio de magnitude insuficiente para absorver o aumento dos preços de transporte, sem os refletir no consumidor final”.

Falta de contentores causa constrangimentos

“As consequências [da crise do Mar Vermelho] são similares à situação vivida durante o período pandémico”, alerta Mário de Sousa. Segundo o CEO da Portocargo, reflete-se em falta de equipamento (contentores) e aumento substancial do tempo de trânsito dos navios nas viagens entre a Ásia e a Europa. “O que, por si só, causa a perda de um terço da capacidade instalada (navios), tanto para navios porta-contentores, como Roll On – Roll Off (equipamento rolante e car-carriers); granéis sólidos e líquidos; carga convencional”, detalha.

As consequências são significativamente penalizadoras para todos, sejam operadores logísticos, exportadores e importadores, fabricantes ou retalhistas. Há rutura de stocks, sejam matérias primas, componentes ou produtos acabados, dado que toda a cadeia é afetada e consequentemente desarticulada.

Mário de Sousa

CEO da Portocargo

Mário Sousa refere ainda que “além dos custos suplementares resultantes do aumento do custo de afretamento para as viagens round trip, tanto pelo número suplementar de dias necessários, como pela falta de navios que permitam o equilíbrio entre a oferta e a procura, temos de considerar os custos suplementares originados pelo consumo adicional de combustível, devido à diferença de milhas náuticas (entre 3.500 a 4.500 milhas, dependendo do distanciamento necessário para evitar a proximidade da costa no Índico) e dias suplementares”.

A Portocargo estima que a perda de capacidade de reposicionamento de contentores se situe em 15% a 20% neste trimestre. Numa carta enviada este mês aos seus clientes, a transitária avisava que “apesar dos elevados preços, todos nós, envolvidos na gestão da cadeia de abastecimentos, vimos sentindo enormes dificuldades em encontrar espaço / equipamento para embarcar as mercadorias em tempo oportuno, verificando-se já enormes atrasos com diversos portos, principalmente na República Popular da China”.

 

“Se o tempo de trânsito é muito mais longo e a capacidade existente não é suficiente para suprir as necessidades, então a correlação de forças desequilibra-se e as consequências são significativamente penalizadoras para todos, sejam operadores logísticos, exportadores e importadores, fabricantes ou retalhistas”, sintetiza o CEO da Portocargo. “Há rutura de stocks, sejam matérias primas, componentes ou produtos acabados, dado que toda a cadeia é afetada e consequentemente desarticulada“, aponta Mário Sousa.

Preços mais altos por mar… e por terra

Os problemas no ar estão também a ter efeitos em terra. “O nosso foco é o continente europeu, onde operamos em mais de 20 mercados, mas o impacto indireto desta crise é evidente”, explica Ricardo Arroyo, administrador da Lusocargo e diretor para a área do transporte rodoviário no Groupe BBL, que controla a Lusocargo e a Portocargo.

De acordo com o mesmo responsável, “segundo os últimos relatórios, as novas redes de transhipment criadas para reduzir o impacto dos desvios do Mar Vermelho levaram a um aumento do congestionamento nos portos do Mediterrâneo, como Barcelona e Valência“. Também os portos de Lisboa e de Sines registaram um crescimento superior a 20% na carga movimentada, em termos homólogos, nos primeiros dois meses deste ano, segundo dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).

As novas redes de transhipment criadas para reduzir o impacto dos desvios do Mar Vermelho levaram a um aumento do congestionamento nos portos do Mediterrâneo, como Barcelona e Valência.

Ricardo Arroyo

Administrador da Lusocargo e diretor do transporte rodoviário no Groupe BBL

 

“Este é um dos factos que conduz invariavelmente a atrasos nos prazos de entrega e a custos mais elevados para o transporte rodoviário que alimenta e sustenta os mercados nas fases finais da cadeia logística“, justifica Ricardo Arroyo.

Segundo Mário Sousa, “estamos prestes a atingir a triplicação dos preços praticados, em relação aos de há um ano, no corredor Ásia- Mediterrâneo/Norte da Europa”. “Importa ainda contabilizar os custos suplementares originados pelo custo do capital, devido ao maior período de tempo que decorre entre o momento da encomenda, abertura de cartas de crédito, pagamentos parciais ou totais antecipados, necessidade de mais espaço e mais tempo de armazenagem, maiores riscos de mercadorias chegarem fora de tempo, ou se transformar em obsoletas”, remata.

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