Marcelo vai enviar documentos à Comissão de Inquérito sobre o caso das gémeas a 11 de junho

A Comissão Parlamentar de Inquérito pediu documentação à Presidência da República sobre o caso das gémeas luso-brasileiras.

A Comissão Parlamentar de Inquérito pediu documentação à Presidência da República sobre o caso das gémeas luso-brasileiras. No site oficial, a Presidência informa que documentos serão enviados na próxima terça-feira, dia 11 de junho.

“A Presidência da República acaba de receber, da Comissão Parlamentar de Inquérito, um requerimento da documentação nela disponível, que, aliás, é a mesma já enviada à Procuradoria-Geral da República, e que será remetida no próximo dia 11 de junho”, lê-se no site oficial.

A Presidência da República voltou a sublinhar que os dois únicos elementos da Casa Civil que intervieram no caso, entre 21 de 31 de outubro de 2019, foram o Chefe da Casa Civil e a assessora para os Assuntos Sociais. “Depois dessa data não mais a Presidência da República – e, nela, o Chefe da Casa Civil ou a Assessora para os Assuntos Socais – interveio sobre a matéria, para nenhum efeito”, referem.

Sobre o processo, a posição de Marcelo Rebelo de Sousa é a de que “Justiça deve ser feita”, utilizando todos os meios de prova para o apuramento de toda a verdade. “Conforme o Presidente da República disse, inúmeras vezes, ao longo do período pré-eleitoral e eleitoral, que até às eleições do próximo dia 9 não se pronunciará sobre qualquer iniciativa partidária, dentro ou fora da Assembleia da República”, acrescentam.

Esta sexta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça explicou que o Presidente da República “não é visado” no processo do caso das gémeas, razão pela qual não existe contra ele “qualquer suspeição ou indiciação da prática de qualquer ato ilícito”.

Em comunicado enviado às redações, o Supremo entende que, “não existindo suspeitas, de acordo com a informação repetidamente recebida, nada havia a determinar por este Supremo Tribunal de Justiça”.

Em causa está o caso das gémeas residentes no Brasil, que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam em Portugal, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo total de quatro milhões de euros. Este caso começou com um pedido que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa fez ao próprio pai.

(Notícia atualizada às 17h32)

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2.750 investidores emprestam 60 milhões à CUF

CUF concluiu com sucesso operação de financiamento, tendo captado 60 milhões, junto de 2.750 investidores. A procura ascendeu a cerca de 67,3 milhões de euros, superando a oferta em 12%.

A CUF concluiu com sucesso a sua mais recente operação de financiamento, captando 60 milhões de euros junto de 2.750 investidores através de uma Oferta Pública de Subscrição (OPS) de obrigações, com vista a diversificar as suas fontes de financiamento e alargar a maturidade média da sua dívida.

Inicialmente planeada para um montante de 30 milhões de euros, a CUF – SGPS anunciou no final de maio uma duplicação do empréstimo obrigacionista a cinco anos, com o intuito de se financiar juntos dos investidores em 60 milhões de euros.

A procura ascendeu a cerca de 67,3 milhões de euros, superando a oferta em 12% (procura/oferta: 1,12x), de acordo com os resultados da oferta obrigacionista comunicados esta sexta-feira à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Estas obrigações, denominadas “Obrigações Ligadas a Sustentabilidade CUF SGPS 2024-2029”, tiveram uma taxa de juro fixa bruta de 4,75% ao ano e serão reembolsadas em 11 de dezembro de 2029. A oferta pública de subscrição (OPS) que, arrancou a 21 de maio de 2024 terminou a 6 de junho de 2024, previa um investimento mínimo de 2.500 euros.

A data de liquidação das obrigações foi fixada para 11 de junho de 2024, com o Haitong Bank a atuar como banco liquidatário. As novas obrigações serão admitidas à negociação na Euronext na mesma data.

Tal como o ECO noticiou, o aumento da emissão permitirá à CUF angariar cerca de 57,8 milhões de euros líquidos, após dedução dos custos de emissão. Estes custos incluem aproximadamente 1,53 milhões de euros em comissões de coordenação e montagem, 587 mil euros em honorários de consultores, auditores e publicidade, e 46 mil euros em taxas regulatórias.

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Mais de 100 alunos desafiados pela Novo Verde e Fundação EDP a elaborar plano de sustentabilidade para os cafés Joyeux

  • + M
  • 7 Junho 2024

Os projetos foram entretanto avaliados por um júri, sendo que o trabalho selecionado será posteriormente implementado nos vários cafés Joyeux, que empregam atualmente 51 pessoas com dificuldades.

Foram 120 os alunos de quatro escolas secundárias do distrito de Lisboa que aceitaram o desafio da Novo Verde e da Fundação EDP de elaborarem um plano de sustentabilidade para os cafés-restaurantes Joyeux. A proposta surge no âmbito do programa “Your Energy”, que visa divulgar os temas da sustentabilidade junto do público escolar.

Os cafés Joyeux – negócio social que promove a inclusão laboral de pessoas com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento – foram visitados por representantes de cada uma das turmas envolvidas para conhecerem melhor o projeto e identificarem oportunidades de desenvolvimento em matéria de sustentabilidade.

Os estudantes reuniram-se depois num bootcamp, no MAAT Central, para trabalhar em equipa nas suas propostas de plano de sustentabilidade, contando para isso com o apoio de vários mentores. Ao longo do dia, os estudantes desenvolveram “competências-chave como trabalho em equipa, capacidade de liderança, pensamento crítico, criatividade, sentido de cidadania e consciência socioambiental”, refere-se em nota de imprensa.

Iniciativas como este bootcamp contribuem para reforçar a intervenção da Fundação EDP junto do público escolar, através de ferramentas que ajudam os mais jovens a pensar o futuro nos temas da sustentabilidade e da transição energética justa, bem como a desempenhar um papel ativo. O know how da Novo Verde na gestão de resíduos e o mérito do projeto de inclusão laboral dos Cafés Joyeux enriquecem toda a experiência que queremos proporcionar a estes alunos”, diz Vanda Martins, administradora da Fundação EDP com o pelouro da Inovação Social.

Os projetos foram entretanto avaliados por um júri, sendo que o trabalho selecionado será posteriormente implementado nos vários cafés Joyeux.

Por parte da Novo Verde, o presidente Ricardo Neto refere que é “uma honra apoiar projetos da Fundação EDP que promovem as boas práticas ambientais, começando pela gestão responsável de resíduos”.

“Foi com gosto que acolhemos o convite para sermos parceiros num projeto solidário e inclusivo de tanta relevância. O canal Horeca é um dos setores relevantes para o cumprimento das metas de recolha seletiva e como tal, sensibilizar diretamente este canal e ver um dos projetos vencedores ser, de facto aplicado nos cafés Joyeux faz todo o sentido para a Novo Verde“, acrescenta.

Participaram na iniciativa as Escolas Secundárias Pedro Nunes, Vergílio Ferreira, de Cascais e o Colégio Pedro Arrupe, todas vizinhas dos quatro Café Joyeux na região de Lisboa: em São Bento, Ageas (Parque das Nações), Cascais e Natura Towers Cofidis (Telheiras). Os cafés-restaurantes Joyeux empregam, atualmente, 51 pessoas.

Filipa Pinto Coelho, presidente da direção VilacomVida/Joyeux Portugal, considera que esta experiência terá um “impacto transformador a todos os níveis”.

“Agradecemos muito a oportunidade desta parceria com a Novo Verde e a Fundação EDP, que em muito enriquecerá a missão pedagógica inerente aos Cafés Joyeux, na medida em que contribuirá para o aprofundamento de uma cultura de sustentabilidade que todos nós, como cidadãos e colaboradores, deveremos promover nas nossas casas e espaços de trabalho“, acrescenta.

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SRS Legal assessora investimento da Oxy Capital na Sword Health

A equipa da SRS Legal envolvida na operação foi liderada por Gustavo Ordonhas Oliveira e Paulo Bandeira, sócios de Private Equity & Venture Capital.

A SRS Legal assessorou a Oxy Capital na operação de investimento na Sword Health.

A equipa da SRS Legal envolvida na operação foi liderada por Gustavo Ordonhas Oliveira e Paulo Bandeira, sócios de Private Equity & Venture Capital.

A Sword Health é um unicórnio português do setor da Saúde, especializado na área de artificial intelligence care (AI Care) e fisioterapia digital, que levantou 30 milhões de dólares nesta ronda de investimento – além de 100 milhões de dólares em ronda secundária –, colocando a avaliação atual da empresa no valor de três mil milhões de dólares.

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Insolvência do operador turístico alemão FTI sem grande impacto em Portugal

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

"A informação que temos junto de alguns operadores que trabalhavam com agências da FTI é que é recuperável, não temos impacto e exposição demasiado grande", disse a presidente executiva da AHP.

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) disse esta sexta-feira que o impacto da falência do FTI, o terceiro maior operador turístico europeu, em Portugal “não é muito grande” e aguarda informações sobre as reservas que já estão pagas.

“A exposição não é muito grande, estamos no início do verão. A informação que temos junto de alguns operadores que trabalhavam com agências da FTI é que é recuperável, não temos impacto e exposição demasiado grande”, disse a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, em conferência de imprensa sobre as expectativas da hotelaria para a época alta.

Na segunda-feira, o operador turístico alemão FTI, o terceiro maior da Europa, apresentou um pedido de abertura de processo de insolvência num tribunal de primeira instância de Munique, conforme noticiou esta segunda-feira em comunicado. Em comunicado, a empresa informou que está a trabalhar para garantir que as viagens já iniciadas possam ser concluídas conforme planeado, embora as que ainda não tenham sido concretizadas já não possam acontecer ou podem ser concluídas apenas parcialmente.

Em Portugal, a empresa prestadora de serviços de turismo (DMC) do FTI é a Sidetours que, segundo a AHP, “está a revisitar as reservas que já tinham” e não avançou ainda como pretendem fazer relativamente às reservas que já estão sinalizadas e pagas. Cristina Siza Vieira realçou que a Alemanha não é o principal mercado emissor de turistas para Portugal e apontou que os mais afetados pela insolvência deverão ser grandes grupos hoteleiros, sobretudo na Madeira e nos Açores.

“O que fizemos, como associação representativa, foi fazer este contacto para perceber que expectativa é que os hoteleiros portugueses que são clientes deste operador alemão e com uma relação direta com o seu DMC em Portugal, e que satisfação, podem ter”, acrescentou o presidente da AHP, Bernardo Trindade.

O grupo FTI, com sede em Munique e que emprega mais de 11.000 pessoas em todo o mundo, entrou em dificuldades durante a pandemia de covid-19, embora tenha recebido 595 milhões de euros em ajudas estatais do Fundo de Estabilização Económica (FSM, em alemão). Em abril, um consórcio liderado pelo fundo americano Certares adquiriu o grupo pelo preço simbólico de um euro com o compromisso de investir 125 milhões de euros na empresa.

No entanto, a empresa salientou agora que, apesar da entrada do consórcio, “os valores das reservas têm ficado muito abaixo das expectativas” e numerosos fornecedores têm insistido no pagamento antecipado, o que aumentou as suas necessidades de liquidez. O FTI lançou um site e um número de telefone gratuito para as pessoas afetadas e garantiu que está a desenvolver um plano de informação para os viajantes e a implementar todas as medidas necessárias.

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Mindshare usa IA para reduzir em 41% a pegada carbónica de campanha da Milhafre

  • + M
  • 7 Junho 2024

A redução da pegada de carbono da campanha da Milhafre - tornada possível através do uso de IA por parte da agência de meios do GroupM e da WPP - equivale à produção de quase mil garrafas de água.

Através do uso de inteligência artificial (IA), a Mindshare conseguiu uma redução de 41% das emissões de carbono e de 16% de intensidade carbónica numa campanha para a Milhafre, quando comparada com campanhas semelhantes. O objetivo passou por minimizar o impacto ambiental e dar vida ao mote da marca, “quando tiramos menos da natureza é quando ela nos oferece mais”.

“O propósito de Milhafre inspirou-nos a dar um passo na direção de um mundo em que a publicidade pode fazer mais pelas pessoas e pelo nosso planeta. É o que gostamos na Mindshare de chamar o uso intencional de media, aliando imaginação aos dados e à tecnologia”, diz Teresa Oliveira, managing director da agência.

Esta solução, criada em parceria com a Greenbids, “automatizou a entrega no ponto ideal entre menos carbono e mais desempenho, o que maximizou a eficiência da campanha“, explica-se em nota de imprensa.

Entre os fatores que contribuíram para a criação de uma campanha mais eficiente – cuja redução da pegada de carbono equivale à produção de quase mil garrafas de água – estiveram a “recolha e utilização de dados mais precisos, a segmentação e definição de públicos-alvo específicos, e a seleção dos momentos mais estratégicos para garantir maior exposição junto dos targets definidos“.

“De forma inovadora e pela primeira vez em Portugal, utilizámos IA para melhorar o reconhecimento de marca e, ao mesmo tempo, reduzir a pegada carbónica associada a este tipo de campanhas”, explica o managing director, media solutions & PBU do GroupM, Diogo Marnoto.

A campanha da Milhafre teve como base uma estratégia de vídeo integrada composta pelos formatos, pre-roll, outstream video e YouTube skippable ads/Trueview. Já em termos de segmentação dos públicos-alvo, a campanha visava alcançar utilizadores entre os 18 e os 54 anos com interesses específicos em áreas como a culinária ou a família, mas também ecologistas ou entusiastas de atividades ao ar livre.

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Voz de Ventura clonada por IA em caso de publicidade enganosa com conteúdo político

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

A manipulação tem como "motivação aparente" fins comerciais e não políticos. No vídeo, André Ventura, através de uma voz criada por IA convida ao investimento numa plataforma de uma empresa.

André Ventura é o primeiro líder político em Portugal cuja voz foi gerada por inteligência artificial (IA) num vídeo de publicidade enganosa com conteúdo político, num caso claro de desinformação com motivação económica.

O alerta foi feito pelos especialistas do MediaLab, o centro de estudo de ciências da comunicação integrado no (ISCTE-IUL), que tem uma parceria com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) para deteção de notícias falsas.

De acordo com o relatório do MediaLab, este anúncio “deverá ser um dos primeiros exemplos da utilização desta tecnologia [inteligência artificial] para imitar um líder partidário português”. A manipulação tem como “motivação aparente” fins comerciais e não políticos.

No anúncio é usado um vídeo de campanha de André Ventura ao qual se junta uma voz criada por IA, que não se distingue da real, no qual o líder do Chega convida ao investimento numa plataforma de uma empresa onde se pode ganhar dinheiro facilmente.

O anúncio – denunciado à CNE via whatsApp – terá sido visto por quase 17 mil portugueses entre os 25 e os mais de 65 anos, no espaço de poucos dias, no Facebook e no Instagram.

Os investigadores do MediaLab, Gustavo Cardoso e José Moreno, alertam, todavia, para o facto de, apesar de ter intuitos comerciais, a “associação de um líder político a esquemas de enriquecimento online potencia, também, perceções políticas que se podem traduzir politicamente, em particular em período eleitoral”.

Os especialistas identificaram também outros anúncios que incluem conteúdos de desinformação política, usando a associação a figuras do Chega (além de Ventura, surge também o candidato António Tanger Corrêa), e também referências a António Costa, numa falsa narrativa colocada a circular.

Os autores ou financiadores desta publicidade terão atingido mais de 66 mil pessoas em Portugal e permanecem desconhecidos, segundo o Medialab.

Segundo os investigadores, “a escolha de conteúdos e figuras ligadas ao partido Chega resulta do facto de esses conteúdos e essas figuras serem muito presentes nas redes sociais e registarem elevadas taxas de interação“.

“Associar um esquema de enriquecimento a uma figura pública tem sempre dois resultados: ganhar dinheiro com aqueles que forem atrás do engodo e desacreditar as personalidades públicas. Neste caso tanto André Ventura como António Costa são, simultaneamente, alvos políticos e fatores credibilizantes da narrativa proposta”, apontam os especialistas.

A título de exemplo, alguns dos anúncios – que direcionam para páginas falsas clonadas do jornal Correio da Manhã e do site da Galp – referem “Notícias de última hora: a equipa do Chega revelou como o antigo primeiro-ministro ganhou milhões escondendo-os do povo”, ou “Sensação! Tânger Corrêa e André Ventura desmascaram fraude financeira de António da Costa”.

Os investigadores alertam para o facto de todo este processo ser realizado automaticamente, através de algoritmos, que detetam a popularidade nas redes das figuras e geram depois os textos.

“No fundo”, diz José Moreno à Lusa, “André Ventura está a ser vítima do seu próprio sucesso nas redes“.

Tanto a identificação dos financiadores dos anúncios, como dos proprietários dos websites é mantida oculta através de registos anónimos. De acordo com o MediaLab, o servidor usado para alojar os websites situa-se na Califórnia e o registo foi feito em Reiquiavique, na Islândia.

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Supremo explica que Marcelo não é suspeito no caso das gémeas

Pedido de buscas dirigido pelo Ministério Público ao "Ticão" foi parar ao Supremo Tribunal de Justiça, que recusou investigar o Presidente da República.

O Supremo Tribunal de Justiça explica: o Presidente da República “não é visado” no processo do caso das gémeas, razão pela qual não existe contra ele “qualquer suspeição ou indiciação da prática de qualquer ato ilícito”. Em comunicado enviado às redações, o Supremo entende que, “não existindo suspeitas, de acordo com a informação repetidamente recebida, nada havia a determinar por este Supremo Tribunal de Justiça”.

O pedido feito pelo Ministério Público (MP) ao Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa para as buscas realizadas esta quinta-feira, relacionadas com o caso das gémeas luso-brasileiras tratadas com um medicamento milionário em Portugal, a procuradora responsável, Helena Almeida, não fez nenhuma referência direta nem apontou qualquer suspeita a Marcelo Rebelo de Sousa.

Todavia, segundo avançou o semanário Expresso, a juíza de instrução, Gabriela Feteira, vendo os indícios apresentados, considerou que as suspeitas que recaem sobre o filho Nuno Rebelo de Sousa, que se encontra a viver no Brasil, poderiam, em tese, estender-se ao próprio Presidente da República. Por esse motivo, o processo foi remetido para o Supremo Tribunal de Justiça, devido ao foro especial de que goza Marcelo.

“Assim, perante a ausência de suspeição ou indiciação da prática de qualquer infração criminal (…), não foi considerado o pedido de realização de diligências solicitadas pela Senhora Juiz de Instrução Criminal, tendo o processo regressado à primeira instância”, pode ler-se no mesmo comunicado.

O conselheiro Celso Manata recebeu o caso mas entendeu que não havia nada que o Supremo pudesse fazer, porque o MP não considerava Marcelo Rebelo de Sousa suspeito de ter influenciado o tratamento das gémeas. O jornal explica que a consequência poderá ser a nulidade de qualquer prova que surja nas buscas e que envolva o Chefe de Estado, ainda que tal não impeça que o Presidente seja investigado se o MP considerar que há indícios de crime.

Nuno Rebelo de Sousa e os pais das gémeas vão ser constituídos arguidos, avançou a CNN Portugal e confirmou o ECO/Advocatus. Uma vez que se encontra a viver no Brasil, o filho do Presidente da República vai ser interrogado quando regressar a Portugal.

O caso das gémeas já tinha dois arguidos: Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde, e Luís Pinheiro, ex-diretor clínico do Hospital Santa Maria. A investigação está a ser levada a cabo pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

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Porto e Gaia apresentam até ao final do ano candidatura a Capital Mundial do Desporto em 2027

Quase meia centena de ministros europeus reúnem-se de 8 a 10 de outubro, no Porto, Gaia e Matosinhos, numa conferência que vai custar 400 mil euros.

As cidades do Porto e Vila Nova de Gaia apresentam até ao final deste ano a candidatura conjunta a Capital Mundial do Desporto em 2027, anunciou esta sexta-feira Rui Moreira, durante a apresentação da 18ª Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa. O autarca considera mesmo que este evento – que vai reunir 46 representantes europeus de 8 a 10 de outubro, nas cidades de Matosinhos, Porto e Gaia – pode servir de “rampa de lançamento da candidatura”.

Durante a apresentação da 18ª Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa, Rui Moreira considerou que o evento será “um bom momento para aquecer motores” no âmbito da candidatura “musculada” do Porto e Gaia a Capital Mundial do Desporto à Associação de Capitais e Cidades Europeias do Desporto (ACES Europa).

As duas cidades anunciaram esta intenção faz precisamente esta sexta-feira um ano – a 7 de junho de 2023 – e na ocasião explicaram as mais-valias de serem palco de eventos desportivos de projeção internacional e terem políticas de incentivo à prática desportiva, além de uma vasta rede de equipamentos, variados programas de desenvolvimento desportivo. Tiraram ainda da cartola o trunfo de apoiarem mais de 20 mil atletas federados como mote de coesão territorial, inclusão e educação para a cidadania.

Questionado pelo ECO/Local Online sobre qual o maior trunfo das cidades neste momento, Moreira respondeu: “O leque de atividades desportivas em Portugal e nas nossas cidades, em particular, que se alargou muito. Isso tem, neste caso, um enorme potencial de conseguirmos maior sucesso nesta candidatura”. No caso concreto da Invicta, é o ténis que tem o maior número de atletas federados.

Agora, as autarquias do Porto e Vila Nova de Gaia — lideradas pelo independente Rui Moreira e pelo socialista Eduardo Vítor Rodrigues, respetivamente — estão a “fazer um trabalho árduo” no sentido de apresentarem uma candidatura “credível” até ao final deste ano. “Seria conveniente que ela [candidatura] fosse apresentada até ao fim do ano”, avançou.

Os municípios estão, assim, “a preparar um cardápio detalhado daquilo que é um compromisso, mas também do que são as valências que existem nas duas cidades”.

“Estamos convencidos de que temos boas condições – também com o apoio do Governo e do IPDJ [Instituto Português do Desporto e da Juventude] de apresentar uma candidatura musculada”, assinalou Moreira. O autarca independente está convicto da concretização desta aspiração, até pelo passado vitorioso do país nesta matéria: “Nunca se sabe se conseguimos ganhar ou não, mas Portugal tem tido muito sucesso em candidaturas nos últimos anos, como bem sabem”.

Depois, o facto de Matosinhos ser Cidade Europeia do Desporto 2025 também pode ser um forte contributo para conquistar esta aspiração. Neste ponto, o vereador com o pelouro do Desporto do município de Matosinhos, Nuno Matos, referiu que a autarquia “aposta muito na formação desportiva”, contabilizando em mais de 10 mil os atletas federados e em mais de sete mil os atletas em formação.

Conferência traz 46 ministros europeus do desporto e custa 400 mil euros

A 18ª Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa acontece de dois em dois anos e junta os ministros do desporto de 46 países europeus, que integram o Conselho da Europa, além de três outros países – Canadá, Israel e Marrocos. Este ano será a vez das três cidades nortenhas servirem de palco para este evento que custa 400 mil euros, e vai projetar mundialmente a região e o país, segundo avançou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, durante a sessão.

Para aquilo que é o retorno estimado não é um valor que seja significativo e felizmente não belisca de maneira nenhuma, do ponto de vista do poder central, digamos assim.

Pedro Duarte

Ministro dos Assuntos Parlamentares

“Temos previsto cerca de 400 mil euros de investimento público a dividir por diferentes entidades e com comparticipação do Conselho da Europa”, calculou Pedro Duarte. “Para aquilo que é o retorno estimado não é um valor que seja significativo e felizmente não belisca de maneira nenhuma, do ponto de vista do poder central, digamos assim”.

O Ministério não tem um estudo feito sobre o impacto económico desta conferência para a região e para o país. “Mas é um retorno que tem um impacto imediato no desporto do país”, no turismo e na “afirmação internacional do país”, sustentou o governante.

Rui Moreira e os vereadores das câmaras de Matosinhos e Gaia, Nuno Matos e Elísio Pinto, respetivamente, acreditam que este evento internacional terá um significativo impacto nas três cidades, mobilizando também a população. Não será apenas uma conferência de ministros do desporto exclusiva a reuniões. As cidades terão oportunidade de mostrar o que de melhor têm e fazem nesta área, nomeadamente na formação desportiva.

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Hoteleiros com expectativa positiva para verão. Maioria com reservas acima de 50%

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

“É globalmente muito positiva a expectativa da nossa hotelaria para a época alta”, apontou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.

A maioria dos hoteleiros tem reservas acima dos 50% para o verão, o que faz com que a expectativa para a época alta seja positiva, segundo os resultados de um inquérito da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). “É globalmente muito positiva a expectativa da nossa hotelaria para a época alta”, apontou esta sexta-feira a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, em conferência de imprensa para apresentação dos dados de um inquérito realizado junto dos associados, sobre as perspetivas para o verão.

No que diz respeito ao mês de junho, 70% dos inquiridos indicaram uma taxa de reserva entre os 50% e os 89%, sendo que, para 43% dos hoteleiros que responderam, a taxa de reserva está acima dos 70%. A Madeira destacou-se com a quase totalidade dos inquiridos a apresentar uma taxa de reserva superior a 70%, seguida dos Açores com 86% dos inquiridos a registar reservas acima dos 70%.

Já para julho, a nível nacional, 67% dos inquiridos registaram uma taxa de reserva entre os 20% e os 69%, mas nos Açores quase todos os inquiridos indicaram reservas acima dos 70%, e na Madeira 98% estão com reservas acima dos 50%. No sentido oposto, no Alentejo, apenas metade dos inquiridos tem reservas superiores a 20%, sendo esta a região com a taxa de reserva média mais baixa.

Em agosto, considerado o mês forte para o turismo, 63% dos inquiridos registam reservas entre os 20% e os 69%, com os Açores novamente em destaque, uma vez que todos os inquiridos indicaram que já têm reservas acima dos 70%. Na Madeira e no Algarve, a grande maioria apresenta taxas de reserva superiores a 50% para agosto.

O Alentejo continua a apresentar as taxas de reserva mais baixas também em agosto, com mais de metade dos inquiridos a registar reservas inferiores a 50%. Já em setembro, mais de metade dos inquiridos nos Açores (71%) reportou taxas de reserva superiores a 70%, enquanto na Madeira a quase totalidade apontou taxas acima dos 50%.

No Algarve, metade dos inquiridos tem reservas superiores a 50% para o último mês do verão, enquanto quase todos os inquiridos do Centro e 76% dos inquiridos do Alentejo têm reservas abaixo dos 50%. Relativamente aos principais mercados, 73% dos inquiridos indicou o mercado nacional nos três primeiros lugares, tal como o Reino Unido (52% da amostra) e Espanha (para 45% dos inquiridos), seguindo-se os Estados Unidos da América e a Alemanha, para 38% e 31%, respetivamente.

Os associados da AHP foram também questionados sobre as expectativas para os principais indicadores da operação hoteleira, em comparação com o verão de 2023, tendo 89% da amostra respondido que prevê uma taxa de ocupação igual ou melhor, com o Centro e a Península de Setúbal a serem os mais otimistas.

Quanto ao preço médio, 76% dos inquiridos espera que seja melhor do que no ano passado e, por fim, quanto aos proveitos totais e proveitos de aposento, 68% da amostra está expectante que sejam melhores ou muito melhores. O inquérito decorreu de 20 a 31 de maio e contou com respostas de 378 estabelecimentos turísticos associados da AHP.

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Festival “Being Gathering” regressa para a sua terceira edição em Idanha-a-Nova à procura de “consolidação”

  • + M
  • 7 Junho 2024

O festival acontece na Boomland, na Herdade da Granja, e é limitado a cinco mil pessoas. A programação assenta na fusão de conceitos como wellness, natureza, arte, cultura e música.

O festival BeingGathering regressa para a sua terceira edição, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, entre os dias 17 a 23 de junho. O objetivo passa por consolidar a existência do projeto enquanto referência entre os festivais e comunidades de bem-estar.

Depois de uma primeira edição em 2015 e de uma segunda em 2017, o festival continua a querer colocar Idanha-a-Nova no mapa como “uma das capitais mundiais do bem-estar“, esperando atrair um público – limitado a cinco mil pessoas – preocupado e interessado com a saúde, o bem-estar e a proteção do ambiente.

Esta terceira edição tem assim como propósito “consolidar a existência do projeto, reafirmando-se como uma referência mundial em iniciativas da mesma natureza, de eventos e comunidades de Wellness e de fusão de disciplinas que cuidem da mente e do corpo“, explica a organização em comunicado.

O festival, que acontece na Boomland, na Herdade da Granja (casa do festival Boom), surge “como resposta às crescentes tendências de desenvolvimento pessoal e consequente procura de um estilo de vida mais saudável”, diz a organização.

Enquanto elementos diferenciadores, a organização aponta a fusão entre conceitos como wellness, natureza, arte, cultura e música, “em torno de uma experiência de incentivo ao crescimento pessoal através da partilha coletiva“, bem como a oportunidade de usufruir da Boomland “num formato mais calmo e com menos público do que o Boom”.

A generosidade é o tema da edição de 2024, que conta com atividades como breathwork, dança, fitness, artes marciais, meditação, música, imersão na natureza, nutrição, rituais, talks, terapias ou yoga, acompanhadas pela presença 19 artistas, 78 terapeutas e 176 “facilitadores”.

A organização destaca da programação a presença de Miriam Peretz na dança, de Petros no yoga e de Atmos e Oceanvs Orientalis na música. A programação pode ser consultada aqui.

Os bilhetes têm o preço de 294 euros (semana) ou de 181 euros (fim-de-semana). Até ao momento, o festival já conta com 67 países representados entre aqueles que já asseguraram a sua entrada no evento, os quais apresentam idades entre os três e os 74 anos. A nacionalidade com mais expressão é a portuguesa (37%), seguida pela alemã (11%), francesa (7%), holandesa (7%) e belga (4%).

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Meloni, Orbán e Le Pen decidem futuro do Parlamento Europeu

As negociações só deverão arrancar quando forem divulgados os resultados eleitorais de domingo, mas Orbán, Meloni e Le Pen já preparam caminho em Estrasburgo.

A poucos dias das eleições europeias, e a meses da eleição do próximo presidente da Comissão e Conselho Europeu, a direita radical e extrema-direita tornaram-se numa peça-chave para o futuro em Estrasburgo. No Parlamento Europeu, os liberais lutam para segurar o lugar de terceira força política face às sondagens que sugerem uma ultrapassagem dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), mas a principal preocupação dos eurodeputados centra-se na possibilidade de o ECR formar uma “super coligação” com o Identidade e Democracia (ID), na próxima legislatura. A fusão colocaria a extrema-direita como segunda força política, destronando os Socialistas Europeus (PSE). As únicas matérias que os separam são o grau de euroceticismo e a posição em relação à invasão da Rússia à Ucrânia, mas Viktor Orbán quer garantir que esse casamento acontece, e que dessa união surge espaço na bancada no parlamento para o partido se sentar.

“O que Orbán está a tentar fazer é o que Steve Banon [antigo estratega político de Donald Trump] quis fazer na Europa: formar uma internacional populista identitária. Se esta fusão acontecer, deixaria de haver dois grupos no Parlamento Europeu e passaria a haver um. E, a fusão deste grande grupo, embora difícil, ainda é possível”, afirma José Filipe Pinto, politólogo e professor catedrático de Relações Internacionais na Universidade Lusófona ao ECO. “O que sabemos é que esta solução passará muito por Orbán , Meloni e Marine Le Pen”, diz.

Os partidos de direita devem colaborar. Estamos nas mãos de duas mulheres [Giorgia Meloni e Marine Le Pen] que devem chegar a um acordo”

Viktor Orbán , 4 de julho de 2024

Os esforços de Orbán poderão dar frutos, pelo menos no que toca à futura família europeia do Fidesz, partido húngaro que está órfão em Estrasburgo desde 2021 depois de se ter desvinculado do Partido Popular Europeu (PPE) sob ameaça de expulsão. O primeiro-ministro húngaro tem reiterado o desejo de os eurodeputados do seu partido se juntarem ao ECR após as eleições europeias, tendo na manga possíveis resultados que justifiquem essa adesão.

As sondagens do Politico apontam para que o partido de extrema-direita húngaro consiga eleger pelo menos 10 eurodeputados (menos dois do que em 2019) do total de 21 representantes que a Hungria pode levar para o Parlamento Europeu. Mas as negociações só deverão arrancar depois de domingo e deverão prosseguir até 16 de julho, altura em que arranca a sessão plenária constitutiva que decorre até 19 de julho. Será nesta altura que poderão ser anunciados novos grupos partidários. Nessa mesma sessão, será eleito o presidente do Parlamento Europeu.

Para Mariana Carmo Duarte, doutorada pelo Instituto Universitário Europeu, em Florença e investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), a entrada do Fidesz no ECR pode ser “bastante vantajosa para o [grupo] porque ia aumentar substancialmente o número de deputados no Parlamento Europeu”. No entanto, poderia “limitar o apoio a von der Leyen [para a presidência da Comissão Europeia] por parte dos outros partidos que pertencem ao ECR”, indica ao ECO. Mas sobre esta matéria, já lá vamos.

À esquerda, a primeira-ministra de Itália Giorgia Meloni, e à direita Viktor Orbán , primeiro-ministro da Hungria.EPA/Vivien Cher Benko

 

As sondagens do Politico são claras: o nascimento desta “super coligação” poderia resultar na ocupação de 153 lugares no Parlamento Europeu (86 do ECR e 67 do ID). Seriam mais 23 lugares do que as projeções indicam para os socialistas (família europeia do PS): 130 eurodeputados, menos nove do que na legislatura que terminou em abril.

Mas a eventual “super coligação” ainda estaria longe dos 172 deputados que os sociais-democratas (família europeia da Aliança Democrática) podem alcançar na próxima legislatura. O PPE deve continuar a ser o principal grupo político, até 2029.

Para os partidos conservadores, [esta “super coligação”] poderia dar-lhes bastante peso, embora aí ache que também seria complicado gerir algumas expectativas, porque esse grupo maior iria de facto incluir partidos cuja bandeira é amplamente eurocética, de saída da União Europeia, e com partidos que são críticos da União Europeia, mas que não querem a sua saída. E essa poderia ser uma linha de desentendimento que pode prevenir que haja a junção do ID e do ECR num só grupo”, explica Mariana Carmo Duarte.

Caso esta expectativa se concretize, o que significaria isto, na prática? Ora, a União Europeia é composta por três instituições. O Conselho Europeu “que representa o interesse dos 27 Estados-membros”, a Comissão Europeia “que é o órgão executivo da União Europeia” e que detém competência legislativa, e o Parlamento Europeu “que representa o interesse do povo”, simplifica o professor catedrático. “Quem define as linhas orientadoras da UE é o Conselho, e não a Comissão. As grandes decisões da UE serão sempre do Conselho”, garante José Filipe Pinto, que afasta o risco de dossiês estratégicos europeus serem postos em causa no hemiciclo.

O meu principal objetivo é construir uma maioria alternativa à que tem governado nos últimos anos. Uma maioria de centro-direita – por outras palavras – que fará com que a esquerda passe para a oposição na Europa.

Giorgia Meloni, 26 de maio de 2024

Haverá, no entanto, alterações quanto ao funcionamento dentro do próprio parlamento. “Se o ID e o ECR formarem um grupo novo vão ter direito à presidência e vice-presidência de comités”, algo que até agora estava nas mãos dos dois partidos ao centro, explica o mesmo.

Mas nada é garantido, visto que a primeira-ministra italiana ainda não respondeu ao pedido de casamento proposto por Orbán e Le Pen. Meloni tem optado por manter as suas opções em aberto até ao resultado das eleições, no dia 9 de junho.

Uma amizade improvável e estratégica

Esta viragem à direita seria dramática pois, pela primeira vez em quase 70 anos, os dois maiores grupos políticos e fundadores do projeto europeu deixariam de liderar as negociações no Parlamento Europeu, e Ursula von der Leyen, que prepara caminho para ser reeleita como presidente da Comissão Europeia, não ignora esta possível mudança de paradigma.Entre os corredores de Bruxelas, Ursula von der Leyen e Giorgia Meloni (que é também líder do ECR) estreitam laços de uma amizade que foi sendo construída nos últimos cinco anos.

“Meloni representa um Estado-membro que enfrenta uma pressão particularmente significativa da imigração nas suas fronteiras, e teria sido politicamente difícil, se não impossível, para von der Leyen ter excluído Meloni ao longo dos últimos anos relativamente a estas políticas da UE”, contextualiza Liza Saris do European Policy Center ao ECO, sublinhando que esta aproximação tem levado a uma “inevitável normalização” da direita radical em Bruxelas.

Tenho trabalhado muito bem com a Giorgia Meloni no Conselho Europeu, tal como com todos os restantes chefes dos Estados-membros. É a minha função enquanto presidente da Comissão. [Meloni] é claramente pró-Europa, tem sido muito clara na sua posição contra Putin e o Estado de Direito. Se essas posições se mantiverem, continuaremos a trabalhar juntas.

Ursula von der Leyen, 23 de maio de 2024

A governante alemã fá-lo apesar de a decisão pôr em causa a relação com os socialistas que, enciumados e ameaçados, já prometeram retirar o apoio a von der Leyen, em setembro, enquanto spitzenkandidat do Partido Popular Europeu (PPE). Para conseguir ser reeleita líder da Comissão Europeia, além de precisar do consenso dos 27 Estados-membros no Conselho Europeu, von der Leyen vai precisar de 361 votos no Parlamento Europeu, e aqui a bancada socialista pode dar um grande impulso no sentido de voto.

“Por parte da von der Leyen há um cálculo eleitoral. Ela percebe que tem que ter o apoio do máximo número possível de partidos e que, se excluir os partidos pertencentes aos grupos mais à direita no Parlamento Europeu, pode ficar numa posição frágil”, analisa a investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

“Não havendo dois grupos para garantir a eleição” (juntos o PPE e o PSE conseguem 302 votos, segundo as projeções), “von der Leyen tem de se apoiar em partidos que à partida ficariam excluídos [das negociações]. A candidata aproxima-se de um mas acaba a criar anticorpos com outro”, aponta o professor da Universidade Lusófona.

À esquerda, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e Giorgia Meloni, primeira-ministra de ItáliaEPA/FILIPPO ATTILI

Em Itália, as projeções indicam que os Irmãos de Itália (Fratelli d’Italia, FdI), que escolheram Giorgia Meloni como cabeça de lista, deverão ganhar as eleições e eleger até 23 deputados do total de 76 que a Itália pode indicar para o Parlamento Europeu. Desta forma, o FdI tornar-se-ia no maior partido do ECR.

“O caso da Giorgia Meloni é muito interessante”, analisa a politóloga, recordando que a sua eleição para chefe do Governo italiano, em setembro de 2022, gerou preocupação entre os Estados-membros por ser considerada “um risco para a democracia europeia” visto que estava a representar “uma política de extrema-direita”. “Houve alguma consternação, alguma preocupação com o que é que adviria de um Governo de extrema-direita em Itália”, atira. Mas dois anos volvidos e o seu extremismo moderou-se, o que se tornou compatível com uma melhoria nas relações com o centro democrático em Estrasburgo.

Meloni, ao contrário de muitos outros partidos de extrema-direita, tem suavizado a sua posição em relação à União Europeia. E essa é uma das razões pelas quais, quando von der Leyen diz que vai precisar do apoio e não nega a colaboração ou comunicação com alguns partidos de extrema-direita, o partido de Meloni está aí incluído. Porque assim que entrou no governo italiano, Meloni tornou-se menos vocal em relação a posições contra a UE”, acrescenta Mariana Carmo Duarte. Essa tem sido uma das linhas vermelhas de von der Leyen, mas nem por isso foi suficiente para evitar criar conflitos na relação com os socialistas.

Nunca cooperaremos nem formaremos uma coligação com a extrema-direita. Isto também significa: nenhuma cooperação ou alianças com o ECR ou a ID no Parlamento Europeu.

Partido dos Socialistas Europeus, 4 de maio de 2024.

Le Pen: um olho no Parlamento outro no Eliseu

Mas além de Meloni, também Le Pen desempenha um papel fundamental nas negociações. As projeções apontam para uma subida galopante do Reagrupamento Nacional (RN), partido de Marine Le Pen e atualmente liderado por Jordan Bardella, nas eleições de 9 de junho. Dos 81 eurodeputados que França elege para o Parlamento Europeu, 29 deverão ser para a família do Identidade e Democracia, mais 11 face a 2019.

No último mandato, o ID elegeu 73 lugares, tornando-se a quinta maior força política no Parlamento Europeu. No entanto, no decorrer da legislatura, esta família política terminou o ciclo com 58 membros. De acordo com as contas do Politico, o ID terá perdido 19 membros para outros grupos – cinco dos quais foram para o PPE e outros quatro para o ECR. A maioria dos que saíram do ID permaneceu como não inscrito até abril de 2024.

Um casamento com Meloni pode ser, desta forma, encarada como uma dupla vitória para Le Pen. Além de formarem um bloco de votos mais robusto no Parlamento Europeu, permitiria colocar o RN mais à direita aos olhos do público e numa situação de maior destaque em Estrasburgo, algo que Le Pen deseja antes das eleições presidenciais em França, em 2027.

O pontapé de partida começou quando, no mês passado, Le Pen rompeu com o partido alemão Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemã), rejeitando sentar-se na mesma bancada em Estrasburgo depois de o cabeça de lista pelo AfD, Maximilian Krah, ter proferido declarações polémicas sobre o nazismo, uma linha vermelha para Le Pen. A decisão enviou um sinal claro para os restantes partidos que fazem parte desta família europeia, um deles, o Chega.

Este é o momento de nos unirmos, seria verdadeiramente útil. Se conseguirmos, tornar-nos-emos o segundo grupo do Parlamento Europeu. Penso que não devemos deixar passar uma oportunidade como esta.

Marine Le Pen, 26 de maio de 2024

Numa entrevista, dias mais tarde, Le Pen negou que o corte de relações com o AfD fosse uma manobra cínica destinada a facilitar novas alianças na Europa. Mas a união de facto poderá ser complicada por haver divergências de fundo numa matéria que levou o próprio Orbán a sair da sala, numa votação do Conselho Europeu: o apoio à Ucrânia.

Marine Le Pen apoiou Putin durante muito tempo e chegou mesmo a reconhecer a legitimidade da ocupação da Crimeia, em 2014”, recorda José Filipe Pinto, acrescentando que o RN beneficiou de empréstimos caucionados por bancos russos porque os “bancos ocidentais se recusavam a emprestar dinheiro”.

“O RN, num primeiro momento era pró Putin, mas nas eleições francesas de 2017, o Kremlin trocou o apoio de Le Pen por François Fillon, o que levou Le Pen a mudar também a sua posição em relação a Putin”, acrescenta o professor da Universidade Lusófona.

Se a posição em relação a Moscovo se mantiver, a junção entre o ECR e o ID poderá estar mais perto de se concretizar, mas aí colocaria Orbán numa posição frágil. “É inegável a proximidade de Orbán a Putin”, diz José Filipe Pinto. Já Mariana Carmo Duarte recorda “aquela “negociação simbólica” do novo apoio à Ucrânia, em que Orbán saiu da sala para não melindrar as suas relações com a Rússia, mas ao mesmo tempo, dar espaço para que a UE consiga avançar. Senão, tornar-se-ia um impasse gigantesco”, relembra.

Negociações (e movimentações) até julho

As negociações serão várias, e até julho estará tudo em aberto entre os vários grupos políticos. Os resultados eleitorais são fundamentais para os próximos passos.

Além do Fidesz e do AfD estarem à procura de lugar nas bancadas do Parlamento Europeu por forma a saírem do grupo dos não-inscritos, também o Chega, que faz parte do ID desde 2019 a convite de Le Pen, admite vir a mudar de família europeia na próxima legislatura.

Vão seguramente haver negociações sobre as várias plataformas políticas” que poderão permitir fazer “aumentar a base de apoio conservadora em que o Chega se insere” no futuro, afirmou o cabeça de lista pelo Chega, António Tânger-Corrêa, dizendo que a posição de Le Pen sobre AfD foi um game changer para a família política.

“É perfeitamente possível o Chega mudar de grupo político, mesmo no decorrer da legislatura. Isso já aconteceu múltiplas vezes com alguns partidos. A tendência maior, não só nos partidos de extrema-direita, como nos partidos em geral, é de passar a não inscritos. É uma opção perfeitamente viável e, em último caso, o Chega terá de fazer os seus cálculos políticos e perceber qual será a família europeia à qual quer pertencer”, analisa Mariana Carmo Duarte.

Em todo o caso, as sondagens do Politico preveem que a extrema-direita portuguesa consiga eleger quatro eurodeputados nas próximas eleições: António Tânger Corrêa; Tiago Moreira de Sá, Mariana Mendes Nina Silvestre e Francisco de Almeida Leite.

Fora da esfera da extrema-direita, os olhos também se viram para o futuro do Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD) liderado por Mark Rutte e que está risco de ser expulso da família Renovar Europa depois de ter formado um acordo para formar o próximo Governo dos Países Baixos com o partido de extrema-direita PVV, liderado por Geert Wilders. A votação está agendada para o próximo dia 10 de junho, no dia seguinte às eleições.

“[A aliança] é uma opção inaceitável, porque não respeita os nossos valores“, disse a líder do Renovar Europa, Valérie Hayer. “A minha linha vermelha é clara (…). Sempre respeitámos o cordão sanitário [contra a extrema-direita]. É um dos valores absolutos do grupo e eu assumirei as minhas responsabilidades no dia seguinte às eleições para garantir que não vamos contra a extrema-direita”, garantiu.

Uma eventual expulsão dos cinco deputados do VVD contribuiria para perda adicional de lugares para o Renovar Europa que, segundo as sondagens, já se estará a preparar para esse desfecho no dia 9 de junho. Segundo o Politico, dos 102 lugares com que a família da Iniciativa Liberal terminou a última legislatura, pelo menos 27 ser-lhes-ão retirados, para 75 eurodeputados. Feitas as contas, e tanto num cenário de casamento entre a direita radical europeia e a extrema, como noutro em que a fusão entre o ID e o ECR não se concretiza, os liberais não conseguiriam evitar a despromoção para quarta força política no Parlamento.

“Neste momento, tudo aponta para que os liberais não consigam repetir os resultados de 2019. Mesmo com as novas chegadas – a Iniciativa Liberal deverá eleger, pelo menos, um deputado – não será suficiente para ultrapassar o ECR que está a subir e isto levaria a um sério problema para os dois grupos que dominavam o Parlamento Europeu”, aponta o politólogo José Filipe Pinto.

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