BES. Defesa de Salgado pretende usar caso de violência doméstica suspenso por demência do arguido

Tribunal suspende julgamento de violência doméstica por demência do arguido. Defesa de Ricardo Salgado admite usar este caso para voltar a pedir suspensão do julgamento.

O Tribunal da Relação de Coimbra suspendeu provisoriamente o julgamento de um homem acusado de violência doméstica. Em causa a demência do arguido, validada por uma perícia psiquiátrica. Perante esta decisão do tribunal de segunda instância, a defesa de Ricardo Salgado admite usar este argumento para voltar a pedir a suspensão do julgamento do caso BES.

Segundo a perícia psiquiátrica: “o arguido apresentava dificuldades de orientação temporal, misturava na mesma sequência acontecimentos com datas muito díspares (…) incapaz de prestar declarações em tribunal e de compreender e apreender com as penas que eventualmente lhe foram aplicadas”, avança a SIC Notícias. O advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho, reconhece que Portugal não tem “um sistema de precedente, como os sistemas anglo-saxónicos”. “São decisões diferentes”, admite. “Agora, quando apresentamos um recurso, quando alegamos os nossos argumentos jurídicos, recorremos muitas vezes a jurisprudência dos Tribunais superiores”, nota.

A oportunidade para usar o Acórdão da Relação de Coimbra como argumento no caso que envolve Ricardo Salgado pode estar para breve. No último mês, no caso BES, foi recusado o pedido para extinguir ou até suspender o processo contra o antigo banqueiro – e a defesa de Ricardo Salgado ainda não recorreu da decisão.

As três desembargadoras que analisaram o caso entendem que, à luz da lei portuguesa, o julgamento penal só é possível se o arguido tiver capacidade de se defender. O tribunal da Relação de Coimbra suspendeu provisoriamente o processo e pediu nova avaliação psiquiátrica para determinar se a doença é crónica.

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Bruxelas já deu luz verde ao quinto cheque do PRR

Em causa estão 2,9 mil milhões que tinham subjacentes o cumprimento de 27 marcos e 15 metas. Taxa de execução da bazuca europeia sobe para 32%.

A Comissão Europeia deu esta terça-feira luz verde ao quinto pedido de desembolso do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Em causa estão 2,9 mil milhões de euros – 1,65 mil milhões em subvenções e 1,25 mil milhões em empréstimos – que tinham subjacentes o cumprimento de 27 marcos e 15 metas. Com esta decisão a taxa de execução da bazuca europeia sobe de 23% para 32%.

“Já estamos a antecipar prazos e vamos executar integralmente todas as subvenções que Bruxelas nos colocou à disposição até ao final de 2026”, afirma o ministro Manuel Castro Almeida, citado no comunicado enviado às redações. O ministro Adjunto e da Coesão indica que “com esta avaliação positiva, somada à submissão antecipada do 6º pedido de pagamento e à antecipação no cumprimento de marcos e metas do 7º pedido, Portugal demonstra a sua capacidade de alinhar-se com os prazos europeus e reforça o compromisso com a execução eficiente do PRR”.

Portugal submeteu o pedido de pagamento a 3 de julho, mas o pequeno exercício de reprogramação feito em agosto e o período de férias da Comissão Europeia acabaram por ditar um período de análise mais extenso. Embora a Comissão Europeia desvalorize os quase quatro meses. “Prolongamentos do período de análise não são invulgares”, disse ao ECO um porta-voz da Comissão Europeia.

“Por exemplo, foram dados prolongamentos semelhantes a Espanha, Bulgária, Itália e Chipre em anteriores pedidos de desembolso”, acrescentou a mesma fonte oficial.

As regras do Fundo de Recuperação e Resiliência determinam que a Comissão tem dois meses para avaliar um pedido de pagamento depois de um Estado-membro o submeter, mas este período pode ser prolongado se a Comissão exigir informações adicionais ou por mútuo acordo entre o Estado-membro e a Comissão, explicou a mesma fonte.

Este quinto cheque já tinha sofrido um primeiro atraso na sequência das eleições legislativas de 10 de março. Segundo o calendário do PRR devia ter sido realizado no primeiro trimestre deste ano, mas o Executivo de António Costa decidiu deixar para o Governo seguinte o pedido a Bruxelas.

Para submeter este pedido de pagamento foi necessário cumprir mais 42 marcos e metas – 27 e 15 respetivamente –, que “representam um desembolso de 3.191 milhões de euros (valor bruto antes dedução do pré-financiamento), dos quais 1.878 milhões de euros em subvenções e 1.313 milhões de euros em empréstimos”, explicou na altura da submissão a estrutura de missão Recuperar Portugal. O valor líquido são 2,9 mil milhões.

A Recuperar Portugal “enviou evidências do cumprimento de 13 reformas e 29 investimentos, referentes aos 42 marcos e metas”, acrescentou ainda a entidade liderada por Fernando Alfaiate.

Em causa estão reformas em diversas áreas como o mercado de capitais, eficiência energética, gestão de resíduos, ou simplificação fiscal. Entre as medidas que Portugal se comprometeu com Bruxelas está a Bolsa de Alojamento Temporário, intervenções no parque habitacional, tanto nos Açores como no Continente, lançamento do primeiro leilão para a compra centralizada de biometano sustentável, compra de novos autocarros de zero emissões (elétricos ou a hidrogénio), capitalização de empresas, digitalização, ou ainda a entrada em vigor da legislação que cria o Observatório Nacional da Pobreza Energética (ONPE).

“Vamos apresentar no próximo mês de janeiro à Comissão Europeia um documento de reprogramação que irá identificar os ajustes
que são necessários fazer para manter a trajetória de cumprimento dos objetivos do PRR”, remata ainda Castro Almeida.

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Boaventura renuncia ao título de diretor emérito do Centro de Estudos Sociais de Coimbra

  • Lusa
  • 26 Novembro 2024

"Hoje apresento a minha demissão de associado e diretor emérito do Centro de Estudos Sociais, que fundei. Longe de ser uma derrota, vejo-a como uma libertação", diz o sociólogo.

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos anunciou esta terça-feira que renunciou ao título de diretor emérito do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC), do qual é sócio fundador.

“Hoje dei o passo mais complicado de toda a minha carreira, mas dou-o com firmeza e com a convicção de que é o mais correto: hoje apresento a minha demissão de associado e diretor emérito do Centro de Estudos Sociais, que fundei. Longe de ser uma derrota, vejo-a como uma libertação, porque as más artes da direção podem ter um efeito irreparável”, referiu. Em comunicado enviado à agência Lusa, o investigador afirmou ser objeto, há 18 meses, de um duro processo de acusações infundadas contra o seu bom trabalho profissional.

“Desde o início deste processo flagrante contra mim, tornou-se cada vez mais claro que foi orquestrado pela direção do CES e que o seu único objetivo é político. Desde a direção do CES, houve uma clara predeterminação de todas as ações destinadas a exonerar qualquer má prática do centro e a fazer recair a responsabilidade sobre o fundador, ou seja, sobre mim”, alegou.

Três investigadoras que passaram pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra denunciaram situações de assédio num capítulo do livro intitulado “Má conduta sexual na Academia – Para uma Ética de Cuidado na Universidade”, o que levou a que os investigadores Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins acabassem suspensos de todos os cargos que ocupavam no CES, em abril de 2023.

O CES acabou por criar, uns meses depois, uma comissão independente para averiguar as denúncias, tendo divulgado o seu relatório quase um ano depois, em 13 de março de 2024, que confirmou a existência de padrões de conduta de abuso de poder e assédio, por parte de pessoas em posições hierarquicamente superiores, sem especificar nomes.

De acordo com o relatório então divulgado, à comissão independente foram denunciadas 14 pessoas, por 32 denunciantes, num total de 78 denúncias. Boaventura de Sousa Santos garantiu que, desde o primeiro minuto, tentou sempre colaborar com os processos de esclarecimento, tentando “evitar os circos mediáticos” e fazer deste um processo “justo para todas as partes”.

“Para isso é fundamental saber de que sou acusado, razão pela qual solicitei o acesso à documentação pertinente para poder exercer a minha devida defesa, por todos os meios possíveis. Não só a direção do CES mentiu sobre a minha posição, como me negou repetidamente o acesso a qualquer documentação que me permitisse compreender, de uma vez por todas, o que é que me é imputado e do que é que tenho de me defender”.

Na nota enviada à Lusa, o sociólogo diz ainda ter recebido, nos últimos dias, “ameaças que são inaceitáveis e que conduziram a este desfecho”. “O que deveria ser um processo justo, em que uma pessoa sujeita a acusações recebe informações concretas que pode verificar, transformou-se num processo inquisitorial”, acrescentou.

Boaventura aludiu ainda ao resultado da comissão de inquérito, que diz não determinar qualquer responsabilidade direta sobre si, mas que levou a direção do CES a iniciar “uma perseguição”, através de uma “duvidosa iniciativa privada de investigação confiada a advogados, sem quaisquer garantias, sem permitir o acesso às provas ou aos dados existentes e aplicando técnicas contrárias ao Estado de Direito e típicas do direito penal do inimigo”.

Para Boaventura, o inquérito “sobrepôs-se de forma parcial, interesseira e arbitrária” aos inquéritos penais e civis instaurados, sem lhe ser dada possibilidade de defesa. “Esta situação pode conduzir a responsabilidades penais e civis evidentes por parte da direção do CES e dos próprios investigadores privados, que devem ser levados a tribunal imediatamente”, concluiu.

O investigador Boaventura de Sousa Santos anunciou, no final de setembro, que intentou uma ação cível para tutela da personalidade no Tribunal de Coimbra, com a qual procura assegurar a proteção do seu bom nome e honra, face às acusações do coletivo de mulheres.

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Bruxelas alerta para pressão na despesa com salários da Função Pública e prestações sociais

Comissão Europeia dá aval ao Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo de Portugal, mas alerta para riscos para a despesa associados à pressão dos salários da Função Pública e das prestações sociais.

A Comissão Europeia vê riscos para a despesa associados à pressão dos salários da Função Pública e das prestações sociais. A avaliação de Bruxelas consta da avaliação ao Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo, que, ainda assim, considerou estar na globalidade em linha com as suas recomendações.

“No geral, todas as diferenças dos pressupostos tomados levam a um crescimento médio da despesa líquida no plano que está globalmente em linha com a trajetória de referência”, indica o relatório divulgado no âmbito do Pacote do Outono do Semestre Europeu.

Portugal entregou à Comissão Europeia, no dia 11 de outubro, um plano estrutural para os próximos quatro anos, no qual prevê cumprir a trajetória plurianual das despesas líquidas definida por Bruxelas de, em média, 3,6%. O executivo comunitário considerou que o documento cumpre os requisitos e recomendou que o Conselho aprove a estratégia definida.

No entanto, deixou um aviso: “Existem riscos para a implementação da estratégia orçamental indicativa do plano, que decorrem de riscos associados ao aumento das pressões sobre as despesas salários públicos e transferências sociais”.

Bruxelas considera que, de acordo com a estratégia orçamental indicativa do plano, os compromissos relativos às despesas líquidas serão cumpridos através da contenção das despesas e de aumentos discricionários das receitas.

A Comissão destaca que, embora o plano apresente medidas de política orçamental que diminuam as receitas, como a atualização prevista do IRS Jovem, espera que sejam compensadas pelo fim das medidas de emergência de apoio em energia em 2025, como o descongelamento da Taxa de Carbono no âmbito do imposto sobre os combustíveis, e a eliminação progressiva dos projetos financiados por empréstimos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência em 2027.

“A especificação das medidas políticas a adotar deve ser confirmada ou ajustada e quantificada nos orçamentos anuais”, indica, acrescentando que o plano pretende contribuir para satisfazer as necessidades de investimento público de Portugal relacionadas com as prioridades comuns da União Europeia.

Perfil de ajustamento

A Comissão Europeia mostra-se também tranquila relativamente a ligeiras diferenças entre as suas previsões e as do Ministério das Finanças, considerando que resultam da atualização de dados. O principal destaque prende-se com o perfil de ajustamento distinto entre Bruxelas e Governo.

“O plano pressupõe um perfil temporal do ajustamento orçamental, medido como a variação do saldo primário estrutural, que é adiado para 2027 e 2028, em comparação com o pressuposto da Comissão de um ajustamento linear. Isto contribui para um crescimento médio da despesa líquida mais baixo durante o período de ajustamento do plano do que de acordo com os pressupostos da Comissão”, pode ler-se.

Segundo o executivo comunitário, esta diferença resulta do impacto projetado nas despesas dos projetos financiados pelos empréstimos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, que deverá aumentar para 1% do PIB em 2026, em comparação com 0,1% do PIB em 2024. Desta forma considera que a suposição está “devidamente” justificada.

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“Temos razões para confiar nas nossas polícias”, diz Montenegro

"Temos razões para confiar nas nossas polícias. Temos razões para confiar nos nossos serviços públicos", disse Montenegro na tomada de posse do diretor da PJ e do diretor-geral da DGRSP.

O primeiro-ministro assegurou esta terça-feira na tomada de posse do diretor Polícia Judiciária, Luís Neves, e do diretor-geral da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Orlando Carvalho, que existem razões para confiar na polícia e que Portugal é um dos países “mais seguros do mundo”.

“Temos razões para confiar nas nossas polícias. Temos razões para confiar nos nossos serviços públicos e, em particular, da reinserção e serviços prisionais. E temos razões para dizer alto e bom som que somos um país seguro. Um dos mais seguros do mundo“, sublinhou Luís Montenegro, acrescentando que um dos maiores fatores de competitividade que o país tem é ser seguro.

Sobre os Luís Neves e Orlando Carvalho, assegurou que são ambos homens das “respetivas casas”, com provas dadas e com a ambição de fazer “mais e melhor no futuro”. “Desde a primeira hora do mandato deste Governo, fizemos questão de dar uma mensagem muito clara a todos os servidores do Estado e em algumas áreas em particular. A mensagem foi de valorização, uma mensagem de confiança e foi, e é, uma mensagem de todos fazermos dentro da gestão de recursos que são escassos para podermos apetrechar os nossos serviços com melhores meios físicos e sobretudo com melhores recursos humanos”, disse.

“Queremos uma administração pública competitiva em todas as áreas. Queremos uma administração pública competitiva também na área da justiça e da segurança. Competitiva significa que presta um bom serviço, um serviço que responda às necessidades das pessoas“, acrescentou.

Montenegro alertou que, para além do reforço dos meios, é importante um “edifício legislativo consistente”. “Quero aqui reiterar que teremos de continuar a tomar medidas para que os serviços prisionais deem à sociedade uma imagem de salvaguarda dos direitos dos reclusos, mas também de segurança face aquilo que têm sido episódios que induzem em sentido contrário“, frisou.

O diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, intervém no final da cerimónia de inauguração do Laboratório Digital Forense da Polícia Judiciária e 79.º Aniversário da PJ, em Lisboa, 21 de outubro de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

Agradecendo a confiança de Montenegro e reforçando o compromisso com o Governo e com o País, Luís Neves assegura estar “absolutamente certo e seguro” que com o apoio “forte e decisivo” do Governo a PJ a dar frutos essenciais ao Estado de Direito Democrático. “Um compromisso sério e contínuo no combate à corrupção e criminalidade económico-financeira, mas também assumindo um compromisso de reforço do gabinete de recuperação de ativos como uma forte aposta e que seja também visto como uma vertente fulcral de combate à corrupção”, disse.

O diretor da PJ, que conseguiu o terceiro mandato consecutivo, sublinhou que este compromisso é assumido em três momentos: nas ações de prevenção, com a investigação criminal e no apoio à tomada de decisão política. “Tenho sempre em mente que a grande responsabilidade de qualquer dirigente de uma instituição pública é fortalecê-la. Torná-la crescentemente mais eficiente“, disse.

Esta terça-feira também tomou posse Orlando Carvalho como novo diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais. “Vivemos tempos conturbados numa organização com situações de crise recorrentes, responsável pela gestão articulada dos sistemas prisionais de reinserção social de vigilância eletrónica e tutelar educativo que ainda não conseguiu resolver plenamente os problemas de integração destes organismos e que, embora prosseguindo objetivos comuns, tinham lógicas de funcionamento diferentes as quais se torna imperativo articular de forma mais efetiva”, disse.

Assim, considera que há questões que necessitam de resolução “imediata” e outras carecem de “decisões políticas urgentes” que permitam adotar medidas de caráter estrutural que os capacitem para responder às exigências que se colocam à execução das penas e medidas. “Estamos pressionados pelas instituições internacionais, onde temos sido recorrentemente condenados, pela opinião pública que nos confronta com as nossas insuficiências e, por fim, pelas pessoas que temos à nossa responsabilidade que exigem que cumpramos a lei e lhes proporcionemos condições dignas que favoreçam o seu processo de reinserção social“, disse.

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Governo rejeita acabar com desconto no ISP. “É importante manter o preço dos combustíveis baixo”, diz ministro

O ministro das Finanças garantiu que o Governo não vai, para já, mexer no desconto do ISP aplicado à gasolina e gasóleo, que Bruxelas voltou esta terça-feira a condenar.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, considerou a avaliação da Comissão Europeia ao plano orçamental português uma “vitória para o país”, mas reconheceu o “reparo” feito por Bruxelas por continuarem a vigorar apoios à energia, como o desconto no imposto dos combustíveis. Medida é, no entanto, para manter. Governo analisará evolução futura.

A Comissão Europeia tem apenas um reparo ao nosso plano orçamental, a necessidade que o país retire totalmente os apoios, em 2022 e 2023, relacionados com o período da inflação e a Ucrânia, nomeadamente o desconto que ainda hoje existe na compra da gasolina e do gasóleo“, afirmou Joaquim Miranda Sarmento, durante uma conferência de imprensa no Parlamento.

Nós iremos analisar. Neste momento, o Governo não tem nenhuma decisão sobre isso. Entendemos que é importante manter o preço dos combustíveis baixo“, defendeu o ministro. “O evoluir da situação [cotação do petróleo] e as próprias decisões da Comissão, que podem passar de recomendações a medidas com um peso maior sobre o país, condicionarão a atuação futura”, explicou, reiterando que “neste momento não há intenção de mexer neste benefício”.

“Descongelámos a taxa de carbono em três momentos, quando os preços dos combustíveis baixaram, não agravando o preço final dos combustíveis. Fomos muito criticados, mas do ponto de vista das recomendações da Comissão foi uma medida importante, e também do ponto vista das alterações climáticas”, assinalou ainda Joaquim Miranda Sarmento.

"O país tem hoje uma vitória muito importante. Durante sete meses, muitos na oposição e entidades que devem ser independentes e credíveis, colocaram em causa a capacidade de o Governo apresentar um plano que cumprisse as regras europeias.”

Joaquim Miranda Sarmento

Ministro das Finanças

Numa avaliação divulgada esta terça-feira, no âmbito do Pacote do Outono do Semestre Europeu, a Comissão Europeia considera que a despesa líquida prevista na proposta orçamental do próximo ano se enquadra dentro dos limites máximos, assim como o Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo, que foi entregue pelo Ministério das Finanças ao abrigo das novas regras orçamentais europeias.

No entanto, o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) não está totalmente alinhado com as recomendações do executivo comunitário para o país, por manter medidas de apoio de emergência à energia, como o desconto aplicado ao ISP, para o inverno de 2024-2025. O custo das medidas é estimado em 0,5% do PIB este ano e 0,1% no próximo ano.

O país tem hoje uma vitória muito importante. Durante sete meses, muitos na oposição e entidades que devem ser independentes e credíveis, colocaram em causa a capacidade de o Governo apresentar um plano que cumprisse as regras europeias. A Comissão hoje é taxativa: o plano orçamental português cumpre todas as regras orçamentais europeias. Mantém excedentes orçamentais nos próximos anos e continua a reduzir de forma sustentada a dívida pública”, afirmou Miranda Sarmento.

A avaliação da Comissão divulgada esta terça-feira, parte do Pacote do Outono do Semestre Europeu, obedece a novos parâmetros, sendo a primeira que se rege pelas novas regras orçamentais da UE.

O ministro foi ainda questionado sobre a divergência entre a estimativa para o impacto orçamental de uma descida em dois pontos percentuais do IRC divulgada hoje pela UTAO (841 milhões de euros) e a do Governo (cerca de 500 milhões). “O Ministério das Finanças tem mais dados que ninguém tem. Terá diferenças do ponto de vista metodológico, dos dados. Aqui ninguém está errado porque estamos todos a fazer estimativas. O exercício da UTAO é rigoroso, competente, como é normal numa unidade que em 20 anos de existência ganhou uma credibilidade junto dos portugueses muito significativa”, reagiu Miranda Sarmento. O governante assinalou que será aprovada com o Orçamento do Estado para 2025 uma descida de apenas um ponto percentual.

Sobre o aumento extraordinário das pensões proposto pelo PS, que será aprovado esta terça-feira na especialidade, Joaquim Miranda Sarmento reafirmou que “a proposta do PS cria um problema do ponto de vista das pontas públicas: cria despesa permanente e estrutural”.

(Notícia atualizada às 16h10)

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Portuguesa Rauva vence competição de fintechs em Paris

  • ECO
  • 26 Novembro 2024

A fintech portuguesa Rauva venceu a “Mastercard for Fintechs 2024”, entre dez finalistas de sete países participantes na competição.

A fintech portuguesa Rauva foi a vencedora da final da competição “Mastercard for Fintechs 2024”. A portuguesa vai receber 50 mil euros em apoio de marketing, acesso aos ativos de patrocínio da Mastercard, mentoria de especialistas e outros recursos da empresa.

“A competição ‘Mastercard For Fintechs’ celebra o incrível talento e inovação do ecossistema fintech. A Rauva representa a visão transformadora de que precisamos para redefinir os pagamentos e impulsionar a inclusão financeira”, refere Paloma Real, presidente da Divisão Europa Ocidental, da Mastercard, citada em comunicado.

“Estamos extremamente satisfeitos e orgulhosos com este prémio, que simboliza a realização do nosso trabalho para tornar o empreendedorismo facilmente acessível a todos”, acrescenta Jon Fath, cofundador e CEO da Rauva, citado no mesmo comunicado.

A fintech portuguesa foi a vencedora entre dez finalistas de sete países participantes, nomeadamente Itália, França, Espanha, Portugal, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos. Na final estiveram presentes mais de 290 membros do ecossistema fintech francês e contou com painéis, palestras e networking.

A competição da Mastercard, de acordo com o comunicado, visa apoiar as startups fintech da Europa Ocidental no seu processo de transformação do futuro dos pagamentos, alavancando o seu crescimento.

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Bancos apresentam níveis “robustos” de liquidez, assegura BdP

Supervisor refere que a banca portuguesa apresenta níveis de rendibilidade históricos com níveis de capital superiores à média da zona euro e com um rácio de transformação baixo de apenas 75%.

Os últimos resultados apresentados pelos principais bancos a operar em Portugal revelaram um setor a atravessar um momento bastante positivo. É essa também a avaliação que o Banco de Portugal faz ao setor no mais recente Relatório de Estabilidade Financeira, publicado esta terça-feira.

A entidade liderada por Mário Centeno destaca, por exemplo que “os bancos continuaram a melhorar a sua rendibilidade” no primeiro semestre de 2024. Este desempenho positivo tem contribuído para o reforço dos rácios de capital, que atingiram “níveis historicamente elevados, semelhantes aos da área do euro”, com os técnicos do Banco de Portugal a sublinharem que “a rendibilidade do ativo atingiu 1,47% em junho”, um valor considerável no contexto europeu.

No entanto, o Banco de Portugal alerta que esta rendibilidade “é sensível à esperada descida das taxas de juro por via da margem financeira.” Apesar disso, o regulador do setor prevê que a margem financeira se mantenha “acima da registada no período pré-2022, atendendo também à alteração da estrutura de financiamento dos bancos.”

A análise do Banco de Portugal destaca ainda a estabilidade da qualidade creditícia dos ativos dos bancos. Segundo o documento, “não se tem assistido a uma deterioração da qualidade creditícia dos ativos bancários”, notando que, “no caso das empresas, cerca de metade das operações tem sido dirigida a grupos de menor risco.” Já no crédito a particulares, o Banco de Portugal revela que “a recomendação macroprudencial (em vigor desde 2018) tem fortalecido a resiliência do setor financeiro e dos mutuários.”

Apesar de o cenário base ser benigno, é importante que as instituições sejam prudentes na constituição de imparidades e na conservação de capital, promovendo a sua resiliência e o financiamento à economia perante potenciais choques adversos.

Banco de Portugal

Relatório de Estabilidade Financeira de novembro

O relatório refere ainda que o setor bancário apresenta uma concentração de exposições ao setor imobiliário. No entanto, o regulador refere que este risco é mitigado pelo “peso limitado do crédito hipotecário com rácio loan-to-value (LTV) superior a 80%”, fazendo com que os bancos tenham uma limitação a potenciais perdas em caso de queda dos preços do imobiliário residencial.

Adicionalmente, o relatório menciona que a implementação de uma reserva de fundos próprios para risco sistémico setorial (SSyRB) de 4%, em vigor desde outubro “reforça a resiliência das instituições à materialização de riscos com impacto sobre as famílias e sobre os preços do imobiliário residencial.” Além disso, o supervisor sublinha também que “o aumento das reservas de fundos próprios libertáveis (reserva CCyB e reserva (s)SyRB) no início do ciclo financeiro permitirá às instituições absorver melhor as perdas resultantes de choques sistémicos inesperados.”

O Banco de Portugal destaca também que “a liquidez do setor manteve-se robusta”, como resultado de níveis cada vez mais baixos do rácio de transformação (75%), que são justificados “pelo aumento dos depósitos de clientes e pela evolução contida dos empréstimos à habitação e a empresas.”

Além disso, o supervisor do setor destaca também que os rácios prudenciais de liquidez permaneceram em níveis elevados, com o rácio de cobertura de liquidez (LCR) a subir 18,3 pontos percentuais no primeiro semestre para 273%, “motivado pelo aumento dos ativos de elevada liquidez (numerador), em especial, de instrumentos de dívida pública.”

A “robustez” do setor bancário é também visível no plano dos rácios de capital. O Banco de Portugal refere que, “em junho, o rácio total de fundos próprios e o CET 1 ascenderam a 20,5% e 17,8%, respetivamente, 0,66 pontos percentuais e 1,4 pontos percentuais acima da área do euro.” Estes níveis de capitalização são considerados confortáveis e colocam os bancos portugueses numa posição favorável em comparação com os seus pares europeus.

Apesar deste cenário globalmente positivo, o Banco de Portugal não deixa de alertar para a necessidade de prudência. O relatório afirma que “apesar de o cenário base ser benigno, é importante que as instituições sejam prudentes na constituição de imparidades e na conservação de capital, promovendo a sua resiliência e o financiamento à economia perante potenciais choques adversos.”

Foi nesse sentido que recentemente o regulador propôs a aplicação de uma taxa para a reserva contracíclica de 0,75%, numa “fase em que se considera que o risco sistémico cíclico é neutro.” Esta medida visa reforçar a capacidade de resposta dos bancos a potenciais choques sistémicos.

O Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2024 apresenta um setor bancário português resiliente e bem capitalizado, mas não isento de desafios. O supervisor sublinha a importância de manter a prudência e continuar a reforçar a solidez dos balanços dos bancos, face a um contexto económico e geopolítico ainda incerto.

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Banco de Portugal adverte contra “política orçamental expansionista”

Apesar de projetar um crescimento próximo do potencial nos próximos dois anos, o Banco de Portugal alerta também que possíveis atrasos na implementação do PRR poderão condicionar o crescimento.

O Banco de Portugal faz uma análise prudente sobre a economia nacional no seu mais recente Relatório de Estabilidade Financeira, publicado esta terça-feira. Apesar de reconhecer progressos significativos na redução de vulnerabilidades, a entidade liderada por Mário Centeno sublinha que persistem riscos que exigem vigilância constante.

Um dos principais riscos identificados está relacionado com o contexto geopolítico global. “Os riscos para a estabilidade financeira continuam ligados a desenvolvimentos económicos adversos que possam resultar das atuais tensões geopolíticas”, refere o Banco de Portugal, apontando como exemplo os conflitos militares em curso, o aumento do protecionismo e o abrandamento das principais economias mundiais como fatores que podem condicionar a atividade económica nacional.

A nível europeu, o ressurgimento de pressões sobre a dívida pública de alguns países e a possibilidade de novos choques inflacionistas são também motivos de preocupação. Estes fatores podem limitar o esperado alívio da política monetária restritiva, com impactos potencialmente negativos para a economia nacional, alerta o Banco de Portugal.

No plano interno, os técnicos alertam para que “uma política orçamental expansionista no quadro do novo modelo de regras orçamentais europeias e possíveis atrasos na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) poderão condicionar o crescimento económico e a evolução da dívida”.

Porém, Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, no decorrer da apresentação do relatório, refere que os riscos apresentados no análise do regulador “não são materializados”, embora destacando que “aprendemos com o passado e sabemos e não nos esquecemos o que significa a materialização de riscos orçamentais”.

Apesar destes riscos, o relatório sublinha que, no último semestre, embora se tenham observado alguns sinais de abrandamento, “a economia portuguesa manteve uma trajetória de redução das vulnerabilidades, em linha com os progressos dos últimos anos.” O processo de ajustamento tem assumido uma natureza estrutural, interrompido apenas durante o período mais agudo da pandemia.

Partindo de níveis significativamente superiores à média europeia, os rácios de endividamento de famílias e empresas portuguesas estão hoje abaixo da referência comunitária.

Banco de Portugal

Relatório de Estabilidade Financeira de novembro 2024

Para os próximos dois anos, o Banco de Portugal projeta um cenário central de “crescimento próximo do potencial e estabilidade de preços”, o que deverá permitir a continuação do processo de ajustamento da economia, com a inflação a estabilizar em torno dos 2%, alinhada com a meta para a zona euro.

“Em 2025 e 2026, as previsões [do Banco de Portugal] vão no sentido de uma recuperação do investimento, refletindo uma menor restritividade das condições de financiamento, a execução do PRR e melhores perspetivas de crescimento económico internacional”, lê-se no relatório.

Um dos destaques positivos é a significativa redução do endividamento em vários setores. O relatório nota que “o rácio da dívida das administrações públicas diminuiu cerca de 35 pontos percentuais entre 2014 e 2023, ano em que atingiu 97,9% do PIB. Embora ainda elevado, este nível representa uma melhoria substancial tem contribuído para a redução dos prémios de risco no financiamento da economia.

“Partindo de níveis significativamente superiores à média europeia, os rácios de endividamento de famílias e empresas portuguesas estão hoje abaixo da referência comunitária”, refere o Banco de Portugal. No final do primeiro semestre deste ano, o endividamento das famílias situava-se em 82% do rendimento disponível, enquanto o das empresas atingia 76% do PIB, salienta o Banco de Portugal.

No decorrer da apresentação do relatório, Clara Raposo, vice-governadora do Banco de Portugal, destacou inclusive que “o autofinanciamento (através de capitais próprios) das nossas empresas tem aumentado ao longo dos últimos anos” o que mostra “uma desalacangem financeira” do tecido empresarial.

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O Relatório de Estabilidade Financeira de novembro identifica riscos específicos para as empresas, nomeadamente associados a um possível abrandamento económico mais acentuado na Zona Euro, potencialmente agravado por custos energéticos e de produção elevados. No entanto, os técnicos do Banco de Portugal estimam uma redução na proporção de empresas financeiramente vulneráveis nos próximos anos.

Para as famílias, os principais riscos estão ligados a potenciais perdas de rendimento, seja por aumento do desemprego ou das taxas de juro. Contudo, o Banco de Portugal sublinha que “estes fatores não fazem parte do cenário central de evolução da economia portuguesa.”

“Temos menos famílias com níveis de taxa de esforço mais elevado e prevemos que essa percentagem continue a decrescer”, refere Clara Raposo.

O setor bancário português também é analisado no relatório, com o Banco de Portugal a destacar a resiliência dos bancos face a potenciais choques adversos. O documento afirma que “os bancos continuaram a melhorar a sua rendibilidade, o que contribuiu para o aumento dos rácios de capital, que já atingiram níveis historicamente elevados.”

O Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2024 apresenta assim um quadro positivo para a economia nacional. No entanto, o Banco de Portugal adverte que “os notáveis progressos da situação financeira dos setores residentes desde a crise da dívida soberana não devem ser vistos como um convite à complacência, mas antes como uma conquista a preservar.”

A análise do Banco de Portugal sublinha a importância de o país manter a determinação na redução sustentada de vulnerabilidades, especialmente face aos desafios climáticos e tecnológicos, com o Banco de Portugal a lembrar que a situação internacional tem mostrado que “choques significativos podem ocorrer a qualquer momento e que uma preparação atempada é decisiva para os mitigar.”

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Banco de Portugal lança concurso para dar segunda vida a resíduos de notas

  • Capital Verde
  • 26 Novembro 2024

O concurso “Vamos dar uma segunda vida às notas”, lançado esta segunda-feira pelo Banco de Portugal, procura ideias de estudantes e investigadores para reutilizar os resíduos das notas.

O Banco de Portugal lançou ao público o concurso “Vamos dar uma segunda vida às notas” esta segunda-feira. O concurso pretende arranjar soluções para reutilizar os resíduos das notas que ficam fora de circulação e as candidaturas decorrem de 2 de dezembro até 14 de fevereiro de 2025.

O nosso desejo é que ao invés de termos ali [no ciclo de vida das notas] dois círculos, tenhamos três, ou seja, que em vez de incinerarmos as notas, possamos utilizar estes resíduos, eventualmente, para produzir novamente papel fiduciário ou então como matéria-prima para a produção de um outro produto, e entrar assim noutro ciclo de vida. Queremos que estes resíduos de notas tenham uma utilização que não seja única como acontecesse atualmente”, explicou Mónica Fernandes, coordenadora da Área de Análise da Qualidade e das Contrafações do Departamento de Emissão e Tesouraria do Banco de Portugal, no lançamento do concurso, esta segunda-feira, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O concurso tem como alvo estudantes e investigadores das instituições de ensino superior públicas e privadas e instituições do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, com equipas compostas por três ou mais elementos. As candidaturas também podem juntar investigadores e empresas com atividade relevante para a realização do projeto, referiu a instituição no evento de lançamento.

Depois do período das candidaturas, as mesmas vão ter uma apresentação pública a 25 de março. Serão selecionadas a 30 de maio do próximo ano, três candidaturas, numa primeira fase, para desenvolver um protótipo cada uma. Os candidatos têm até 5 de dezembro para desenvolver os protótipos que serão financiados pelo Banco de Portugal até ao montante máximo de 10 mil euros. Na segunda fase, os projetos finalistas são avaliados e apresentados até 9 de dezembro de 2025, e o vencedor é anunciado até dia 31 do mesmo mês que contará com um prémio no valor de 5 mil euros.

Os interessados podem-se candidatar através do site do Banco de Portugal com a apresentação de documentos sobre a instituição, sobre o projeto e ideia a desenvolver, um orçamento detalhado para o projeto e a calendarização do mesmo. As candidaturas vão ser analisadas em três vertentes, a criatividade e inovação, impacto ambiental e potencial de aplicabilidade. Para avaliar os projetos vai haver um júri com cinco elementos, sendo que dois são externos ao Banco de Portugal.

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Bruxelas avisa que OE2025 não cumpre todas as recomendações por manter apoio aos combustíveis

Comissão Europeia aprova Plano de Médio Prazo português, mas considera que o Orçamento do Estado (OE2025) não está totalmente alinhado com as recomendações, devido à manutenção dos apoios na energia.

A Comissão Europeia considera que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) apresentada pelo Governo não está totalmente alinhada com as recomendações do executivo comunitário. Em causa está o facto de Portugal não ter eliminado gradualmente todas as medidas de apoio de emergência à energia até este inverno, nomeadamente o desconto nos combustíveis. Bruxelas também nota que o Governo não apresentou medidas para aumentar a sustentabilidade do sistema de pensões.

Numa avaliação divulgada esta terça-feira, no âmbito do Pacote do Outono do Semestre Europeu, a Comissão Europeia considera que a despesa líquida prevista na proposta orçamental do próximo ano se enquadra dentro dos limites máximos, assim como o Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo, que foi entregue pelo Ministério das Finanças ao abrigo das novas regras orçamentais europeias.

No entanto, Bruxelas entende que a proposta apresentada pelo Governo português não cumpre todas as recomendações, por não prever o fim das medidas de apoio à energia antes do inverno de 2024-2025: “As medidas de apoio energético que estão atualmente previstas continuarem em vigor não parecem estar direcionadas à proteção das famílias e empresas mais vulneráveis e à preservação dos incentivos à poupança energética”, lê-se no documento específico sobre Portugal.

Estas considerações já tinham sido feitas pela Comissão em novembro do ano passado e Bruxelas tem vindo a insistir, em múltiplas ocasiões, para que Portugal ponha fim aos apoios aos combustíveis para as famílias e empresas. Recentemente, o executivo comunitário destacou pela negativa medidas como o congelamento da taxa de carbono, que faz parte do preço dos combustíveis como a gasolina e o gasóleo.

Este ano, o Governo já descongelou esta taxa três vezes, mantendo, contudo, uma suspensão parcial da sua atualização (atualmente, a taxa de carbono está nos 81 euros por tonelada de CO2, abaixo dos 83,524 euros que seriam aplicáveis em 2024 caso esta não estivesse de todo congelada). No entanto, no passado dia 8 de novembro, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, garantiu que não irão existir mais descongelamentos da taxa de carbono este ano nem em 2025.

Perante a insistência da Comissão em exigir o fim destas medidas, Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, e Paolo Gentiloni, comissário europeu com a pasta da Economia, foram confrontados, numa conferência de imprensa, com o facto de o fim destas medidas poder resultar numa subida vertiginosa dos preços dos combustíveis em Portugal. Os responsáveis não responderam diretamente à pergunta, mas lembraram que se trata de uma “recomendação horizontal” e de um “compromisso” assumido por todos os Estados-membros.

“Atualmente, vemos que os preços da energia estabilizaram e desceram. Não vemos que este tipo de medidas seja, de certo modo, uma forma direcionada de gastar o dinheiro dos contribuintes e, certamente, existem outras formas mais direcionadas de gastar esse dinheiro, que é o que recomendamos aos Estados-membros”, considerou Dombrovskis.

Por sua vez, Gentiloni recordou que os apoios energéticos foram introduzidos depois da invasão da Ucrânia pela Rússia e no contexto de uma espiral inflacionista: “Claro que agora a inflação está em trajetória descendente – não muito baixa em Portugal, devo dizer – mas isto foi um compromisso comum ao nível da UE e é por isso que há esta recomendação horizontal de cortar as medidas extraordinárias tomadas durante a crise energética”, afirmou.

Entretanto, o ministro das Finanças português, Joaquim Miranda Sarmento, reagiu numa conferência de imprensa no Parlamento, onde esta terça-feira continua a ser discutido o OE2025 na especialidade, para rejeitar o fim imediato do apoio aos combustíveis no ISP: “Nós iremos analisar. Neste momento, o Governo não tem nenhuma decisão sobre isso. Entendemos que é importante manter o preço dos combustíveis baixo”, assumiu o governante.

A Comissão Europeia insiste que Portugal deve substituir os apoios gerais à energia por medidas direcionadas aos mais vulneráveis. Um deles é o desconto aplicado aos combustíveis. O Governo português já reagiu, rejeitando o fim imediato deste apoio, mas afirmando que irá analisar os apelos de Bruxelas.

Este renovado alerta de Bruxelas consta do pacote de avaliações do executivo comunitário às propostas de Orçamento do Estado e dos Planos Nacionais Estrutural de Médio Prazo dos países da União Europeia (UE), sendo que Luxemburgo e Malta estão na mesma situação que Portugal, ou seja, também não respeitam todas as recomendações, pelos mesmos motivos. Ainda assim, a Comissão entende que a despesa líquida projetada pelo Governo português no OE2025 está “dentro dos limites máximos”.

Não é o único apelo que a Comissão Europeia faz a Portugal. O executivo comunitário recomenda que o país “melhore a eficácia do sistema fiscal, em particular reforçando a eficiência da sua administração e reduzindo carga administrativa associada, e que tome medidas para garantir a sustentabilidade orçamental do sistema de pensões”.

A Comissão Europeia entende que o OE2025 descreve medidas para aumentar a digitalização e automatização de processos na Autoridade Tributária e Aduaneira, “mas não reporta nenhumas medidas concretas” relativamente à sustentabilidade da Segurança Social.

Plano de Médio Prazo em linha com o recomendado

A avaliação da Comissão divulgada esta terça-feira, parte do Pacote do Outono do Semestre Europeu, obedece a novos parâmetros, sendo a primeira que se rege pelas novas regras orçamentais da UE. Assim, os projetos de planos orçamentais para 2025 apresentados são vistos sob a lupa dos Planos de Médio Prazo, ou seja, Bruxelas examina se representam os primeiros passos adequados para os implementar. Deste modo, centra-se no crescimento das despesas líquidas em 2024 e 2025.

Neste contexto, a Comissão Europeia considerou também, esta terça-feira, que as previsões de Portugal inscritas no Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo, entregue pelo Governo a Bruxelas a 11 de outubro, cumprem os requisitos e a trajetória de referência média de 3,6% definida para o país. A trajetória plurianual das despesas líquidas definida por Bruxelas para Portugal é de, em média, 3,6% entre 2025 e 2028: em 2025 de 4,1%; em 2026 de 3,6%; em 2027 de 3,4% e em 2028 de 3,3%. No documento português, o Governo compromete-se a cumprir a média.

Embora o teto para o crescimento da despesa líquida em 2025 e 2026 se fixe acima dos valores definidos, em 2027 e 2028 reduz-se fortemente. No entanto, ao ser calculada como uma média a quatro anos (período do plano) permite que a despesa seja mais elevada em determinado período e no seguinte mais reduzida. Sendo calculada em percentagem do PIB, será também influenciada pelo crescimento da economia. De acordo com as regras, a trajetória pode ter um desvio de até 0,3 pontos percentuais do PIB e em termos acumulados até 0,6 pontos.

O executivo comunitário deu ainda luz verde aos planos dos restantes Estados-membros, à exceção dos Países Baixos – propôs que o Conselho recomendasse uma trajetória de despesas líquidas consistente com os objetivos técnicos que tinha recomendado em julho – e da Hungria – cujo plano ainda está a ser avaliado. Mas, por considerar que os 20 países cumprem os requisitos, recomenda então ao Conselho que aprove o valor líquido da trajetória de despesas incluído nesses planos.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h21)

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PSOE e Sumar envolvem seguradoras para acabar com a “ADSE” de Espanha

O Governo espanhol quer desviar funcionários públicos do sistema privado de saúde e ressuscitar impostos sobre os seguros para financiar o sistema público. É contestado em todas as frentes.

O Governo espanhol e os partidos que o apoiam querem desviar os recursos gastos no setor privado para financiar o sistema público de saúde. Para além da oposição parlamentar, arrisca uma grande manifestação em Madrid a 14 de dezembro com muitos dos 1,5 milhões funcionários públicos, descontentes por perderem o benefício de usufruírem de seguro de saúde privado complementar ao estatal.

Em primeiro lugar, PSOE e Sumar, os principais partidos que suportam o Governo de Espanha, propuseram no Parlamento espanhol o fim a isenção do imposto sobre os prémios dos seguros de saúde (IPS). A ideia foi chumbada nas Cortes espanholas na passada semana com 163 votos a favor do PSOE, Sumar e partidos de esquerda e 185 contra, incluindo o PP e Vox.

Em causa estava a contribuição de 8% de IPS de que seguros de vida, seguros de saúde e acidentes pessoais e outros considerados de interesse pelo Estado, estavam isentos. A proposta do partido de extrema-esquerda Sumar era acabar com esta isenção nos seguros de saúde, dirigindo a receita prevista de 750 milhões de euros ao Sistema Nacional de Saúde, organismo congénere do português SNS.

A isenção de IPS de alguns seguros tinha sido uma das primeiras medidas do Governo socialista de Zapatero logo em 2004. A medida agora proposta pelo Sumar fazia parte de um pacote atual de propostas que visavam aumentar a receita fiscal, para reforçar o sistema público de saúde em Espanha.

Guerra com seguradoras e funcionários públicos

Noutra frente, o Governo espanhol ameaça terminar na prática com a Mutualidad General de FuncionariosCivilesdel Estado (MUFACE), a “ADSE” espanhola, que beneficia 1,5 milhões de funcionários públicos e de empresas e entidades estatais, dispensando as seguradoras de saúde que complementam o serviço de saúde e integrando os funcionários públicos no sistema geral.

A Muface é financiada pelo Estado – o Governo espanhol aponta para 2.681 milhões de euros anuais – e pelos próprios funcionários, com valores entre os 294 e os 732 euros por ano, numa média de 478 euros. Esta contribuição é obrigatória, ao contrário da portuguesa ADSE que é facultativa desde 2009. O valor pago pelos funcionários públicos portugueses é de 3,5% sobre o salário bruto pelo que a 432 euros anuais da média espanhola corresponderia a um salário de 881 euros mensal.

Para complementar os serviços públicos, o Governo espanhol lançaria um concurso aberto a seguradoras privadas. Neste momento são Asisa, Adeslas e DKV as prestadoras deste serviço. No concurso, a decorrer, foi proposto às seguradoras um aumento do pagamento do prémio de 17,2%, mas as companhias só se interessam em 40% e começaram a avisar os segurados que estarão de saída do negócio até ao próximo dia 1 de fevereiro.

Não se apresentando aos concursos, a DKV, por exemplo, afirmou não estar disponível para perder 77 milhões de euros em dois anos com a proposta do Governo.

Em resposta, Mónica García, ministra espanhola da Saúde indicada pelo Sumar, assegurou que o Sistema Nacional de Saúde está preparado para dar serviço aos mutualistas e que “estaria orgulhosíssima de o dar também aos funcionários públicos”.

Esta medida, segundo a Fundação IDIS, organização do setor privado de saúde, aumentaria o gasto público em saúde em 1.214 milhões de euros por ano, teria de se aumentar 4 mil camas ao sistema, haveria um incremento de 166% nas listas de espera e aumentaria em 2% o número de consultas.

Perante esta negociação a Central Sindical Independiente y de Funcionarios (CSIF), o sindicato mais representativo das administrações públicas, dirigiu-se aos ministérios da Função Pública e da Saúde para pedir explicações sobre o futuro da Muface.

A CSIF rejeita frontalmente esta possibilidade de terminar o Muface e integrar o sistema público, emitindo um comunicado em que afirma não vai aceitar uma decisão unilateral do Governo sobre esta questão. Para assegurar o seu ponto, a CSIF promete manifestações, greves inclusivamente uma de toda a Função Pública.

Uma grande manifestação já está a ser convocada para 14 de dezembro em frente à sede da Muface, em Madrid.

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