Em entrevista ao ECO24, Jaime Jorge, cofundador da Codacy, defende Lisboa como "o centro" onde a empresa quer desenvolver o seu produto. E vê o Web Summit como uma "ótima moda".
Os números do crescimento das startups portuguesas não deixam margem para dúvidas. O ecossistema empreendedor português “está a atingir uma velocidade impressionante dentro de pouco espaço de tempo” e, por isso, a tendência será para o acentuar deste cenário: mais portugueses a criarem empresas, mais estrangeiros a virem para cá e cada vez mais condições para que as startups possam desenvolver-se em Portugal. A visão é de Jaime Jorge, cofundador da Codacy, a startup portuguesa que, em 2014, venceu o concurso de pitches do Web Summit, ainda em Dublin.
Em entrevista ao ECO 24, esta quarta-feira, o empreendedor defende que as políticas públicas que estão a ser seguidas para incentivar a criação de startups são as corretas, defende Lisboa como “o centro” onde a empresa quer desenvolver o seu produto e vê no Web Summit, cuja segunda edição em Portugal arranca na próxima semana, uma “ótima moda”.
Os números “impressionantes” do ecossistema empreendedor nacional
Jaime Jorge reconhece que Portugal ainda não pode comparar-se ao Reino Unido, aos Estados Unidos ou mesmo a Berlim no que toca a dar condições às startups para que se desenvolvam. Mas não tem dúvidas de que essas condições estão a ser criadas.
“Em termos relativos, de expansão e de crescimento, os nossos números são impressionantes. Temos empresas que estão a levantar rondas de financiamento incríveis, como a Feedzai, Outsystems, Talkdesk, Uniplaces ou Codacy. Temos estrangeiros a virem para cá para criarem startups e cada vez mais startups a mudar as suas sedes e a virem para Lisboa. Dentro de pouco espaço de tempo, o nosso ecossistema está a atingir uma velocidade impressionante”, diz o cofundador da Codacy, que fechou recentemente uma ronda de financiamento no valor de 4,3 milhões de euros.
Assim, acredita, “as condições estão todas alinhadas” para que mais startups possam ter sucesso a partir de Portugal.
Mesmo a questão do capital não é um problema. “Até há bastante capital atualmente, o problema é sempre a execução”, diz. Mas, “com uma boa equipa, com uma boa ideia para o mercado e com uma boa base de clientes, o capital aparece”. Aliás, aponta, “já há mais fundos a virem investir em Portugal”.
Web Summit é uma moda? Se é, “é uma ótima moda”
A Codacy agarrou em cerca de 2.000 euros para, em 2014, quando contava com uma equipa de 10 pessoas e vendia o produto para 500 cidades, montar uma banca no Web Summit, quando o evento de empreendedorismo tecnológico ainda se realizava em Dublin. O investimento compensou: venceram o concurso de pitches e, hoje, contam com uma equipa de 28 pessoas, vendem os serviços par seis mil cidades e passaram de ter quatro mil programadores para passarem a ter 60 mil programadores, por todo o mundo, a usarem o seu produto.
Por tudo isto, Jaime Jorge reconhece que é “parcial” na análise que faz, mas defende que o Web Summit é “a melhor forma” de os empreendedores mostrarem os seus produtos a quem interessa. “Se o Web Summit é uma moda, é uma moda boa”, garante.
“O Web Summit é um pequeno universo. Tem imensos palcos, imensos oradores, imensas pessoas para conhecer”, aponta. Para se ter sucesso neste “pequeno universo”, é preciso ter “um objetivo específico”, aconselha.
Quanto a convencer investidores em poucos minutos, Jaime Jorge também deixa alguns conselhos. “Há uma série de componentes que fazem a diferença num pitch. Paixão e entusiasmo naquilo que está a apresentar”, começa por enumerar. Depois, é preciso que a dimensão do mercado entusiasme os potenciais investidores. Por fim, a ideia tem de ser clara. “As pessoas têm de perceber nos primeiros cinco ou dez segundos o que é que nós fazemos”.
“Criar uma startup é como andar numa montanha russa”
Apesar do sucesso, o falhanço está sempre presente no empreendedorismo. “Criar uma startup é como andar numa montanha russa. De manhã estamos no alto, à tarde as coisas não estão a correr bem. A coisa mais importante que um empreendedor pode ter é ser resiliente”, sublinha.
Foi isso que aconteceu também na Codacy. “Falho muitas vezes, mas falho rapidamente. Os meus processos de falhanço são rápidos e interativos. Por trás do sucesso da Codacy, estão micro falhanços que resolvo rapidamente”.
Seja como for, acredita que “o emprego para a vida está cada vez mais a morrer, não só em termos factuais mas também em termos de interesse das pessoas”, e defende que há cada vez “mais interesse em trabalhar numa startup dinâmica, onde há aprendizagem”. Por isso, antecipa, “vamos ver cada vez mais pessoas a criar empresas”.
Lisboa é “o centro”
Quanto à possibilidade de levar a Codacy para outras paragens, Jaime Jorge assegura que Lisboa é “o centro” da empresa e é por aí que querem ficar. “Não quer dizer que não tenhamos uma sede de vendas fora, mas queremos ter a sede aqui”, afirma.
Até porque, sublinha, as políticas públicas que têm sido seguidas na área do empreendedorismo são suficientes para incentivar a criação e apoiar o desenvolvimento de startups. “No meu percurso, até agora, senti-me muito apoiado, não só na universidade, mas também por iniciativas como a Startup Lisboa, muito importante para o nosso trajeto, e pelas políticas públicas que temos. Há programas especiais de suporte, como bolsas ao empreendedorismo”, aponta.
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“Há cada vez mais startups a mudarem-se para Lisboa”
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