António Costa Silva diz que há má vontade em Portugal para os investimentos angolanos. O presidente da Partex acredita que devem ser bem-vindos, desde que os investidores respeitem as leis do país.
António Costa Silva acredita que os investimentos angolanos devem ser tão bem-vindos como todos os outros. Para o presidente da Partex há uma certa má vontade em Portugal, mas é uma mentalidade que tem de mudar, já que o investimento é preciso. Oportunidades de consolidação no setor? O responsável pela petrolífera portuguesa diz “não, obrigado”. Para a Partex, prudência é a palavra de ordem, por isso quer pensar bem onde vai pôr as fichas a seguir.
A Partex está em vários países. Que investimentos futuros estão previstos?
A Partex tem neste momento como acionista a Fundação Calouste Gulbenkian. Portanto, o perfil do nosso acionista não é muito suscetível de diversificar os investimentos e investir em muitos lados. Neste momento estamos concentrados no Médio Oriente, sobretudo nos Emirados Árabes Unidos e em Omã, onde temos os ativos fundamentais da empresa, e no Cazaquistão.
E que parte desses investimentos passa por Portugal?
Os investimentos passam apenas por Peniche e Algarve. Não planeamos mais nada neste momento.
A exploração de petróleo em Angola continua a ser rentável?
Em Angola estamos num bloco que é operado pela Total, o bloco 17/06 como é conhecido. Nesta altura estamos a fazer a análise económica e financeira do projeto. As autoridades angolanas fizeram uma lei para campos marginais e descobrimos entretanto acumulações no nosso bloco. Evidentemente que estamos a ver se, à luz da lei que as autoridades angolanas aprovaram, se são rentáveis. Se forem rentáveis vamos eventualmente continuar.
Sente que há na Europa uma certa má vontade em relação aos investimentos angolanos?
Não diria na Europa, diria mais em Portugal. Penso que a relação de Portugal com Angola é uma relação sui generis. Portanto, tudo o que se passa em Portugal tem recuperações em Angola e vice-versa. Penso que a relação entre Portugal e Angola ainda está numa fase juvenil, é preciso tornar-se numa relação adulta. E o investimento angolano é um investimento que deve ser bem-vindo como um investimento chinês e outros. Por isso, se vamos começar a fazer uma grelha de análise, vamos questionar tudo. Se os investidores vierem, quiserem investir e respeitarem as leis do país, então penso que têm de ser bem-vindos. Tanto os angolanos como os chineses são fundamentais. O país precisa de investimento.
Com os preços do petróleo baixos, como é que se obtém financiamento para novos projetos?
A Partex não tem dívida. Financiamos todas as nossas atividades com os resultados das nossas operações. E vai continuar a ser assim. A nossa base de partida, que são os ativos que temos no Médio Oriente, tem os custos de produção de petróleo mais baixos do mundo e, portanto, são muito competitivos. Somos sempre prudentes na nossa estratégia de gestão, gerindo cada dólar. Aplicamos o capital exatamente nos sítios em que devemos aplicar para ter consistência e solidez financeira. Todos os anos, a Partex remunera o seu acionista, nunca falha, funciona como um relógio. É evidente que a queda do petróleo afeta a companhia como todas as outras, mas temos um modelo de negócio que é relativamente robusto.
O futuro do setor passa pela consolidação?
Sim passa. Houve a aquisição da BG pela Shell e não tem havido mais consolidação porque há um gap muito grande de preços entre quem quer vender e quem quer comprar. Com a volatilidade do preço do petróleo é difícil às vezes definir um cenário que seja concordante entre as partes que estão a negociar. Isso vai tender a melhorar no futuro.
Pensa que há oportunidades de consolidação em que possam participar?
A Partex não está neste momento a olhar para isso porque o mercado está com estas incertezas e esta volatilidade e é uma fase em que temos de pensar onde vamos pôr as fichas a seguir.
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Investimentos angolanos: Má vontade na Europa? É mais em Portugal, diz a Partex
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