O futuro é híbrido mas o teletrabalho faz parte dos planos para 2021. Desde o reforço dos benefícios à proximidade, os gestores de pessoas têm tudo preparado para prolonga esta forma de trabalhar.
“O ano de 2020 provou que o teletrabalho é possível, que as nossas pessoas o valorizam e que querem ter esta possibilidade”, começa por contar à Pessoas Joana Queiroz Ribeiro, diretora de pessoas da Fidelidade, empresa onde mais de 80% dos colaboradores está em regime de teletrabalho, ou seja, 3.358 pessoas, com 2.728 em regime exclusivo. Para estes, a empresa assegura que o teletrabalho vai continuar, enquanto a emergência sanitária assim o obrigue.
Para algumas empresas o teletrabalho foi novidade mas, para as que já estavam prontas, foi só uma forma de acelerar processos. Em 2021, os planos passam por continuar em teletrabalho e, em alguns casos, reforçar estas políticas de trabalho remoto. À Pessoas, empresas de vários setores confirmam que a possibilidade de estar em teletrabalho é transversal ao tipo de atividade e abre portas para um futuro mais flexível.
2020 provou que o teletrabalho “é possível” e vai continuar
“Com a experiência que temos vindo a fazer ao longo destes últimos meses, pretendemos manter ou até alargar esta política”, assegura à Pessoas Maurício Marques, diretor de recursos humanos da Natixis em Portugal. Na fintech com sede no Porto, o teletrabalho já era uma prática comum antes da pandemia e, desde março, a empresa tem os 1.000 colaboradores a trabalhar a partir de casa.
“2020 ficará registado na história como o ano em que muitos modelos e soluções, que até então estavam na gaveta por serem muito arrojados, foram colocados em prática por não existirem outras alternativas. Em inúmeras situações acabaram por se revelar boas opções de longo prazo para as empresas, colaboradores e famílias, e irão fazer agora parte do nosso dia-a-dia”, acrescenta o responsável.
Para todos aqueles que estão impossibilitados de trabalhar a partir de casa, por alguma razão, a Revolut implementou, em todas as geografias, muitas mudanças no workplace para garantir segurança, nomeadamente um sistema de marcação de lugar, uma política de distanciamento social, estações de desinfeção, um checkpoint de temperatura, entre outras medidas.
A trabalhar num setor onde é mais difícil encontrar funções compatíveis com o trabalho à distância, a CUF tem atualmente cerca de 600 colaboradores em teletrabalho e já tem em curso a construção de uma política de teletrabalho do grupo.
“É um modelo sobre o qual já refletíamos antes da pandemia e que acabou por ser impulsionado, o que nos permitiu uma reflexão profunda sobre o mesmo. Ainda não fechámos totalmente o modelo que iremos adotar, mas estamos a trabalhar para que este possa ser adaptável tendo em contas as diferentes características das equipas e a diversidade de funções”, revela José Luís Carvalho, diretor de recursos humanos da CUF.
Por outro lado, na fintech Revolut, os escritórios voltaram a abrir em setembro do ano passado para as mais de 2.000 pessoas em teletrabalho. O regresso é opcional, já que quase metade dos trabalhadores considerou, num inquérito interno, que a produtividade individual não sofreu quaisquer alterações devido ao teletrabalho.
“Mais de oito meses de trabalho remoto ajudaram a empresa e os colaboradores a perceber que a flexibilidade era boa para as pessoas — que reduziram o tempo em transportes e acabaram por ter melhorias no equilíbrio da vida pessoal e profissional –, e foi bom para a empresa, que eficazmente cumpriu os objetivos de negócio mesmo com as equipas fora do espaço físico”, refere à Pessoas fonte oficial da Revolut.
Teletrabalho reforça preocupações com os trabalhadores
Para responder aos desafios de mais um ano à distância, os diretores de recursos humanos estão a reforçar os projetos que permitam estar mais perto dos colaboradores e criar soluções para as suas necessidades, desde o material de escritório até à gestão de benefícios em torno de áreas como o bem-estar e saúde mental.
Na Revolut, a empresa garante o apoio para a aquisição de todo o equipamento tecnológico para trabalhar a partir de casa, cadeiras, secretárias e outros equipamentos de escritório, disponibilizados pela organização.
“Para todos aqueles que estão impossibilitados de trabalhar a partir de casa, por alguma razão, a Revolut implementou, em todas as geografias, muitas mudanças no workplace para garantir segurança, nomeadamente um sistema de marcação de lugar, uma política de distanciamento social, estações de desinfeção, um checkpoint de temperatura, entre outras medidas”, acrescenta fonte oficial da fintech.
Ainda não fechámos totalmente o modelo que iremos adotar, mas estamos a trabalhar para que este possa ser adaptável tendo em contas as diferentes características das equipas e a diversidade de funções.
Joana Queiroz Ribeiro, da Fidelidade, acredita que para manter a eficiência e produtividade da organização é necessário promover momentos culturais e de equipa. A Fidelidade criou uma plataforma de benefícios, reforçou a formação e reskilling e a adaptação dos trabalhadores a novos contextos.
“Pretendemos fomentar uma melhor qualidade de vida e organização do trabalho para as nossas pessoas através de boas práticas e ferramentas que promovem o alinhamento, a agilidade e o sentimento de pertença. Estamos também a trabalhar no modelo de workplace – físico e digital – para facilitar e melhor a experiência do colaborador, a agilidade e colaboração”, revela à Pessoas.
Na EDP, 70% dos colaboradores com funções que o permitam estão em teletrabalho, por isso a empresa quer reforçar a gestão de benefícios, com grande foco no bem-estar e saúde mental e no voluntariado corporativo, que vai continuar a decorrer em formato híbrido.
Já na CUF, estão a ser atualizadas todas as plataformas de TI ligadas aos colaboradores desde o recrutamento, à integração, ao self-service por parte dos colaboradores, desempenho, benefícios. Além disso, a empresa está a “rever as competências CUF associadas à gestão de desempenho, onde contemplamos toda esta nova realidade do teletrabalho, e também como poderemos ajudar as lideranças CUF neste novo paradigma”, detalha José Luís Carvalho.
O presente é remoto, mas o futuro é híbrido
Na Páginas Amarelas, o edifício está vazio, porque os mais de 100 trabalhadores estão em teletrabalho desde março. Paula Carvalho, diretora de recursos humanos desde dezembro do ano passado, acredita que o futuro será híbrido, numa lógica mista de trabalho presencial e remoto.
“Uma das coisas mais importantes nas empresas é a comunicação. Também tivemos de aprender como comunicar à distância, porque é diferente. Não posso enviar uma mensagem e estar à espera que toda a gente a perceba da mesma forma”, sublinha, em conversa com a Pessoas. Sem revelar detalhes, conta que, para 2021, estão previstos novos projetos para apostar na formação contínua dos trabalhadores e chefias, bem como reforçar a comunicação interna, para que todos continuem a sentir-se unidos, assentes nos valores da organização.
Verificámos que o teletrabalho não só é possível como valorizado, mas que também o contacto humano do dia-a-dia é vital para manter o vínculo das pessoas à organização e uma dinâmica mais positiva no trabalho.
Sete em cada dez empresas preveem manter um modelo de trabalho misto – que combina o remoto e o presencial – num período pós pandemia, apesar do sucesso e dos planos para manter o teletrabalho como uma realidade dentro das organizações. “Para além de outras adaptações, 2021 será um ano para, quando possível, iniciar o teste do modelo híbrido que se pretende para o futuro da EDP”, assegura Paula Carneiro, diretora de people experience unit da EDP.
É o que vai acontecer na Fidelidade onde, apesar do sucesso do teletrabalho, cerca de 95% dos colaboradores confirmou querer trabalho remoto parcial num cenário pós-pandemia. A empresa tem já planeada a abertura de um novo espaço de trabalho.
“O salto digital de 2020 é parte de um caminho que já existia. E estamos a construir uma nova sede, em que os espaços estão a ser desenhados para refletir e promover a nossa visão do trabalho e cultura Fidelidade, e que se vai alargar aos restantes espaços da empresa. Verificámos que o teletrabalho não só é possível como valorizado, mas que também o contacto humano do dia-a-dia é vital para manter o vínculo das pessoas à organização e uma dinâmica mais positiva no trabalho”, sublinha a responsável de recursos humanos da seguradora.
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2021: Como as empresas se preparam para (continuar) o teletrabalho
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