O verdadeiro ‘estado da adoção’

Em 2025, pela primeira vez, o INE passou a dar mais destaque aos dados sobre a IA nas empresas, em detrimento de outras tecnologias, e começou finalmente a medir a utilização de IA pelos cidadãos.

  • Esta opinião integra a 17.ª edição do ECO magazine.

A adoção de inteligência artificial (IA) pelas empresas portuguesas está finalmente a acelerar. São já 11,5% as que usam estas tecnologias, um crescimento de 2,9 pontos percentuais que é muito superior ao ritmo de adoção entre 2023 e 2024.

Todos os anos o INE mede a utilização de tecnologias pelas famílias e empresas. Em 2025, pela primeira vez, tomou a sensata decisão de dar mais destaque aos dados sobre a IA nas empresas, em detrimento de outras tecnologias, e finalmente medir a utilização de IA pelos cidadãos.

Vale a pena olhar para os números, pois mostram que a IA está muito mais disseminada nas famílias do que nas empresas. Quase 39% dos inquiridos com idade entre 16 e 74 anos admitiram ter usado IA nos três meses anteriores à entrevista. Destes, 33,2% usaram-na para “finalidades pessoais” e 19,9% para “finalidades relacionadas com o trabalho”.

Um bom indicador daquilo que tem vindo a ser chamado de shadow AI. Muitos trabalhadores estão mais propensos a aplicarem IA no seu trabalho que as empresas que os empregam. E isso acarreta riscos que deveriam fazer pensar qualquer gestor.

Do lado das empresas, mantém-se o enorme fosso entre as pequenas empresas (entre 10 e 49 trabalhadores), com uma adoção de 9,4%, e as grandes (com mais de 250 trabalhadores), onde a penetração de IA supera os 49%. Seria adequado discutir estes dados à mesa do Conselho de Ministros.

Por fim, o número de portugueses que usam IA dispara para 76,5% entre os 16 e 24 anos, e para 81,5% considerando apenas os estudantes. Isto diz-nos que os futuros trabalhadores serão verdadeiramente ‘nativos de IA’. Mas também que o nosso modelo de ensino terá de passar por uma transformação profunda, se é que não está já obsoleto.

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