Quer convites para o Clubhouse?
É exclusiva, mas cada vez menos. E pouco inclusiva também. O Clubhouse é a 'app' do momento, mas precisa de iPhone e convite para poder entrar. O que vale? Para onde caminha? E como chegámos aqui?
Há uma semana, um amigo ligou-me para me fazer uma oferta. Conseguiu registar-se no Clubhouse e queria saber se me interessava um dos dois convites que tinha para oferecer. Agradeci – e, sem entender bem do que falava, respondi-lhe que sim.
Uma semana depois, passei já várias noites à conversa na rede social do momento. Aliás, já por duas ocasiões, o grupo informal dos “Três jornalistas à conversa”, criado pelo Diogo Queiroz de Andrade, pela Catarina Marques Rodrigues e por mim, viu a discussão prolongar-se das 21h30 até à uma da manhã, ultrapassando todas as nossas expectativas.
Como é que chegámos aqui em tão pouco tempo?
Importa perceber que o Clubhouse vai beber a várias plataformas que nos habituámos a usar nesta pandemia. É, efetivamente, o resultado do cruzamento do LinkedIn com as chamadas de grupo no WhatsApp e até com o Zoom, mas sem a necessidade de termos de nos vestir à pressa só para aparecermos bem na imagem.
Além de ser preciso convite para entrar, só se pode entrar se tivermos um iPhone e só se pode comunicar com a voz.
Estas três razões explicam porque é que tem ouvido falar cada vez mais desta aplicação nos últimos dias:
- Por ser de acesso reservado e limitado, gera nos utilizadores um sentimento de exclusividade que se autoalimenta.
- Por só permitir comunicar por voz, permite um grau de interação social que as restantes redes sociais não permitem, durante um confinamento que nos obriga a todos a estar em casa.
- Por nos permitir convidar quem nos é mais próximo, adota efetivamente a mesma lógica desta pandemia: um utilizador chama dois, dois chamam quatro, quatro chamam oito e assim sucessivamente.
Isto leva-me a fazer algumas considerações. A primeira é que esta nova rede social é muito pouco inclusiva. Exclui com base nas conexões (se não temos nenhum utilizador perto, não temos convite) e até com base na tecnologia (se não temos iPhone, então, nem com convite).
A segunda é que a interação social de que muitos de nós sentimos falta explica também o crescimento da popularidade do Clubhouse. Por isso, é difícil perceber como é que esta plataforma poderá viver mais do que a atual crise pandémica, que, é sabido, queremos que termine depressa.
A terceira é que o sentimento de exclusividade é inversamente proporcional à popularização da plataforma. Na semana passada, éramos muito poucos portugueses. A cada hora que passa, somos mais – e já chegaram ao Clubhouse as primeiras “celebridades” do entretenimento e até as primeiras marcas.
A quarta – e última – é que já está a ser copiada pelo Facebook. A notícia é de ontem, do New York Times, mas a hipótese era tão óbvia que eu próprio já a tinha avançado na semana passada. Tenho sérias dúvidas de que um Clubhouse integrado no Facebook possa aspirar à mesma popularidade da plataforma do momento, mas vale a pena ficar atento ao que se possa passar a seguir.
Muito mais havia a dizer sobre o Clubhouse, como o facto de, através da funcionalidade “Block”, a app permitir que um utilizador impeça outro de ouvir uma conversa teoricamente pública (dica: não é, porque a plataforma é privada). Estou certo de que, com mais popularidade, será maior o escrutínio. E o tema dificilmente morrerá tão depressa.
…
PS: Ok, apanhou-me. Não tenho convites para oferecer para o Clubhouse neste artigo. Mas tenho uma dica: se tem um iPhone e quer aceder à app, pode descarregar já a aplicação da App Store e proceder ao registo. Vai entrar numa “lista de espera”, mas não desespere: os seus contactos que já estejam na plataforma vão ser “convidados” pela aplicação a enviarem-lhe um convite “gratuito”. Não deverá tardar até estar a comunicar.
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