No Estádio Universitário, o tempo de espera para concluir a vacinação chegou às duas horas. No entanto, os utentes elogiam a organização e garantem esperar "o tempo que for preciso" pela vacina.
Portugal entrou em “velocidade cruzeiro” na vacinação e o objetivo é claro: administrar 850 mil doses por semana no decurso das próximas duas semanas. A aceleração do ritmo está a gerar filas mais longas em alguns centros de vacinação espalhados pelo país. No Estádio Universitário, em Lisboa, as filas não assustaram os utentes, que pedem “paciência” e garantem esperar “o tempo que for preciso” para serem vacinados.
Pelas 10h desta terça-feira, a fila à porta do pavilhão 3 do Estádio Universitário, em Lisboa, já se fazia sentir, mas se numa fase inicial podia assustar os mais impacientes, a verdade é que andava a bom ritmo. ““Com tanta gente isto está a andar rápido. Não nos podemos queixar”, conta Celeste, ao ECO, de braço dado com o marido e a escassos metros de passar pela pré-triagem para receber a segunda dose da vacina.
Este pavilhão reabriu há cerca de duas semanas e está agora a funcionar como “Casa aberta” para os maiores de 45 anos, o que permite a esta faixa etária receber a vacina sem marcação prévia, bem como para os utentes com mais de 60 anos que foram vacinados com a primeira dose da vacina da AstraZeneca até 16 de maio e ainda não receberam a segunda dose.
Também há cerca de 15 minutos à espera, para a pré-triagem, estão Mário e Cristine Zampol. Apesar de só se terem mudado de malas e bagagens para Lisboa há cinco meses, o casal de nacionalidade brasileira vê com bons olhos a aceleração do ritmo de vacinação, já que “quanto mais pessoas imunizadas menos consequências vão surgir“, bem como o facto de as autoridades de saúde terem encurtado o intervalo de administração da vacina da fabricante anglo-sueca. “No Brasil, no caso da Astra eles estão a esticar o tempo em vez de encurtar como Portugal, acho que é melhor assim”, destaca Cristine.
Apesar do balanço ser genericamente positivo, Mário Zampol sinaliza que “estas filas” podiam ser evitadas, se, por exemplo, os utentes a quem foi antecipada a segunda dose da AstraZeneca tivessem sido convocados através de SMS. “Se recebi na primeira, porque é que não vou receber na segunda? Nesse ponto, acho que poderia ter sido feita uma organização melhor para evitar estas filas. Mas, por outro lado, percebemos que é uma antecipação, é uma coisa que estava fora do planeamento inicial“, afirma Mário Zampol, que vivia há 16 anos em Xangai, na China.
Na outra ponta, e menos impaciente está António Rebolo que tece rasgados elogios à forma como está a ser gerida a vacinação. “Na primeira vez, cheguei meio hora antes e mandaram-me entrar. Demorou 5 minutos, nem tanto. Agora, há mais gente porque estão a antecipar e massificar a vacinação”, aponta. Há pouco mais de cinco minutos à espera, António Rebolo ainda tem um longo caminho a percorrer até passar pela pré-triagem, no entanto, a espera não é nada que o atormente, pedindo que todos “tenham mais paciência”.
Nesse sentido, o utente, de 63 anos, assume que prefere esperar mais tempo em prol da aceleração da vacinação, que bateu novos recordes na última segunda-feira, com 141.500 vacinas administradas num só dia. Se esperasse “cinco minutos, como da outra vez, milhares de pessoas não iriam ser vacinadas, mas como o objetivo é vacinar rapidamente espero o tempo que for preciso“, garante.
No topo da fila, junto à entrada do pavilhão, está um segurança acompanhado por um militar, onde é feito o encaminhamento dos utentes para seguirem para dentro do pavilhão até iniciarem o processo. Numa fase inicial, quando este espaço abriu como centro de vacinação, com marcação, os utentes tinham de aguardar no exterior, mas por forma a dar “o maior conforto possível” e que fiquem “o menor tempo em pé à espera”, foi criado este novo posto, explica o Capitão médico João Aniceto, chefe de apoio à vacinação do pavilhão 3, do Estádio Universitário, em Lisboa, ao ECO.
Mas é só a partir do momento que os utentes voltam a ser encaminhados para outra fila, novamente no exterior do pavilhão, que se inicia todo o processo, o qual inclui a triagem (onde lhes é medida a temperatura e onde lhes é entregue um questionário para preencher), que posteriormente vai ser analisado por uma equipa de enfermeiros, marcando o fim desta etapa. “Inscritos e elegíveis para vacinação, os utentes aguardam que sejam chamados”, explica o Capitão médico João Aniceto.
Com 10 postos de vacinação a funcionar em simultâneo, tudo é organizado ao milímetro para que nada falhe. “Estamos a trabalhar com cintos e suspensórios para não haver falhas”. A garantia é dada pelo capitão e a verdade é que, de modo geral, os utentes reconhecem o esforço. “Comparativamente com aquilo que ouvimos falar na televisão, acho que está tudo bem organizado“, aponta Fátima Ferreira, logo depois de arregaçada a manga para levar a segunda dose da AstraZeneca.
Contas feitas, Fátima Ferreira demorou “cerca de uma hora e meia” até receber a vacina, não obstante, defende que “dadas as circunstâncias temos que ter um bocadinho mais de paciência”, atira. Também Agla admite que o tempo de espera foi mais longo do que quando tomou a primeira dose, mas elogia a organização. “Cheguei aqui por volta das 9h40 e vou sair agora, portanto, vou estar cá duas horas. Acho que as pessoas gostam muito de falar, mas com uma situação destas acho que está tudo muito bem. Podia ser melhor? Podia, mas também podia ser pior”, refere.
Após estarem vacinados, os utentes são encaminhados para o recobro, onde têm que aguardar 30 minutos, por forma a garantir que não desenvolvem efeitos adversos à vacina e, se acontecer alguma coisa, são imediatamente assistidos. Neste última etapa, por volta do meio-dia, voltamo-nos a cruzar com Celeste que garante ter corrido “tudo bem” e que está agora “mais descansada” por ter a vacinação completa. “Isto é como em todo o lado, se não temos marcação temos que esperar”, conclui.
Com capacidade para 1.200 pessoas, tal como nos restantes centros de vacinação do país, o ritmo de vacinação está a acelerar neste espaço. Nos últimos três dias, foram administradas cerca de 900 vacinas por dia só no pavilhão 3 do Estádio Universitário, sendo que ontem “estivemos quase nas mil”. O objetivo é alcançar já esta terça-feira esta fasquia. A confirmar-se será um número recorde, sendo que até ao meio-dia já tinham sido administradas “quase 400 vacinas”, revelou o Capitão médico João Aniceto.
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Filas na vacinação não assustam portugueses. Utentes pedem “paciência” e esperam “o tempo que for preciso”
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