Ex-ministro das Finanças de Lula preso no âmbito da Lava Jato
Guido Mantega é suspeito de ter intercedido junto de empresas para que transferissem fundos para pagar dívidas do PT
O ex-ministro das Finanças de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, Guido Mantega, foi detido esta quinta-feira pela polícia federal brasileira, no âmbito da fase mais recente da Operação Lava Jato. Segundo escreve a Folha de São Paulo, a polícia tem indícios de que Mantega terá intercedido junto da direção de uma empresa para conseguir a transferência de fundos que permitissem pagar dívidas do PT.
Guido Mantega foi preso preventivamente pela polícia federal quando se encontrava no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, a acompanhar a mulher. Segundo escreve a Folha, o empresário Eike Batista, dirigente da empresa OSX, contou ao Ministério Público que tinha sido abordado em novembro de 2012 pelo então ministro Mantega, no sentido de transferir o equivalente a cerca de 2,3 milhões de euros (cinco milhões de reais) para o PT, o Partido dos Trabalhadores, a que pertencem Lula da Silva e Dilma Rousseff. Batista terá confessado a existência de um falso contrato entre a OSX e uma empresa de publicidade para poder fazer essas transferências.
Além de Mantega, também foram visados nesta fase da operação Lava Jato executivos das empresas OSX e Mendes Júnior, que estão sob investigação, por suspeitas de terem desviado fundos da construção de plataformas exploratórias da empresa petrolífera estatal Petrobras em 2012. A casa do ex-ministro foi ainda visada por um mandado de busca e apreensão. Foram emitidos 33 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão preventiva e oito de detenção para a prestação de declarações.
Esta é a 34.ª fase da operação Lava Jato e foca-se na contratação pela Petrobras das empresas Mendes Júnior e OSX para construir duas plataformas de exploração. Segundo o Estadão, a polícia federal tem indicações de que as duas empresas se associaram para conseguir esses contratos, através da corrupção e transferência de fundos a vários partidos políticos e outras práticas fraudulentas, mesmo sem terem experiência para um projeto desta magnitude.
A operação Lava Jato decorre desde 2014 e visa uma rede de corrupção e lavagem de dinheiro que se sabe envolver altos representantes políticos e a empresa estatal Petrobras. Conforme pode ler-se no site do Ministério Público Federal brasileiro, o esquema criminoso, “que dura há pelo menos dez anos”, envolvia coordenação entre grandes empresas de construção civil que subornavam agentes políticos de forma a conseguirem contratos multimilionários com a Petrobras. A operação de investigação e desmantelamento deste esquema, que ficou conhecida como Lava Jato, alcança altos quadros da Petrobras, altos representantes políticos e executivos de algumas das maiores empresas de construção civil do Brasil.
Editado por Mariana de Araújo Barbosa.
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