E se o BCP voltar a cair abaixo do euro?
Ações já não valem cêntimos, mas volatilidade em torno do BCP continua. Títulos chegaram a afundar 8%. E podem resvalar para um preço abaixo do euro. Fim do efeito placebo?
A volatilidade era esperada mas com a pressão vendedora a fustigar os títulos pelo segundo dia consecutivo o “efeito placebo” resultante da fusão de ações poderá perder-se caso o BCP volte a cotar abaixo do euro. Mas qual a probabilidade de isso acontecer?
O banco chegou a afundar esta terça-feira mais de 8% para 1,196 euros, depois dos “novos” títulos terem chegado esta segunda-feira ao mercado a cotar nos 1,3425 euros. Ou seja, em dois dias, o banco chegou a acumular perdas de 10%, ainda que tenha atenuado essa queda no final da sessão de hoje. Fechou a cair apenas 0,12% para 1,3034 euros.
Se antes desta nova queda os analistas destacavam o facto de o BCP ter despido o fato de “penny stock”, com potenciais benefícios na perceção e decisão dos investidores, sobretudo os institucionais, com a ação a derrapar pelo segundo dia, a “maquilhagem” do preço poderá desfazer-se em breve.
“O efeito da fusão de ações serviu para ‘maquilhar’ um pouco a reputação da empresa, já que ter um banco com ações a 0,01 euros ou a 1,30 euros é totalmente diferente ao nível da confiança que passa ao mercado, embora o valor da capitalização bolsista seja exatamente o mesmo”, comenta Tiago da Costa Cardoso, gestor da corretora XTB, ao ECO.
Os analistas ouvidos pelo ECO destacavam esta segunda-feira que, com a ação acima do euro, o BCP entraria no radar dos fundos de investimento, um tipo de acionista mais qualificado cujas estratégias são menos especulativas, potenciando a estabilidade bolsista. Adicionalmente, com menos títulos a um preço mais elevado, era de esperar que a volatilidade fosse mais reduzida.
Ações do BCP voltam a cair
Costa Cardoso explica que estas quedas mais acentuadas poderão ter a ver com alguns movimentos de investidores privados que estão a desfazer-se das suas posições. “Este aumento de volume e o preço mais altos, embora a valer o mesmo, pode levar alguns investidores e pequenos acionistas a desfazerem-se das suas posições. Acredito que se mantenha uma fraca procura, tal como antes do ‘reverse stock split'”, diz o mesmo responsável, sugerindo que a ação deverá manter-se sob pressão vendedora.
Pedro Lino relativizava o impacto dos grandes fundos devido à baixa capitalização bolsista do BCP, que “afasta a ação dos principais índices mundiais”. Por isso, acrescentava, “um aumento de capital que inclua os investidores, que não a Fosun, aumentando substancialmente a capitalização do banco, pode trazê-lo de volta para os índices e nesse caso sim, terá capacidade de atrair o investimento dos fundos de investimento.
Este aumento de volume e o preço mais altos, embora a valer o mesmo, pode levar alguns investidores e pequenos acionistas a desfazerem-se das suas posições.
No curto-prazo, além da eventual entrada dos chineses da Fosun, há outro fator que pode estar a condicionar o desempenho do BCP que, desde o início do ano, já observa perdas de 65%: os resultados. Nuno Amado apresentará contas no próximo dia 7 de novembro, na véspera da assembleia geral que vai decidir o aumento do limite de votos de 20% para 30% e ainda o alargamento do conselho de administração, duas condições impostas pelos chineses para entrar no capital do banco nacional.
Um resultado abaixo da expectativa do mercado poderá forçar a ação em novos mínimos, ficando a barreira psicológica do euro bastante mais próxima. “A apresentação de resultados vai ditar uma maior ou menor procura. Se será suficiente para travar as quedas, só saberemos com a publicação dos dados, já que resultados abaixo dos esperado levarão a uma queda ainda maior do preço da ação”, frisa Tiago da Costa Cardoso.
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