Monte dei Paschi afunda com arranque do aumento de capital

Com a luz verde do regulador italiano da banca, o Monte dei Paschi di Siena inicia esta segunda-feira um aumento de capital com a venda de ações a privados. A recusa do Banco Central Europeu de prolongar o plano de recapitalização e o perigo de um resgate público com perdas para os privados estão a prejudicar as ações do banco italiano que estão a afundar em bolsa.

O Monte dei Paschi continua nas notícias, após as dificuldades em recapitalizar-se na sequência do referendo italiano que fez sair Matteo Renzi do Governo. Na sexta-feira passada começou a oferta de troca de obrigações por ações, que envolve cerca de 4,5 mil milhões de euros. Esta segunda-feira iniciou-se a venda de ações a clientes de retalho e a investidores institucionais. Os títulos do Monte dei Paschi estão a cair mais de 7% para 19,48 euros por ação, segundo a Bloomberg.

O banco italiano tem até ao final do ano para ser bem-sucedido no plano de recapitalização. Em causa está a retirada de 28 mil milhões de euros de crédito mal parado, perdas que terão de ser acomodadas pelo novo capital. O falhanço desta nova investida do Monte dei Paschi levará o Estado italiano a resgatar o banco com perdas para os privados com mais de 100 mil euros no banco.

A forma como decorrer a operação de troca de dívida por capital vai influenciar também o preço o número total de ações que vão ser vendidas. Completadas as duas primeiras linhas do plano, entra em jogo a terceira via de recapitalização que é a entrada de investidores estratégicos. Se a operação de troca de dívida for bem-sucedida, o Monte dei Paschi já tem o compromisso de uma injeção de cerca de mil milhões de euros do fundo soberano do Qatar, disposto a acompanhar o aumento de capital.

Segundo o jornal italiano Repubblica, o banco público Poste Italiane poderá ajudar a recapitalização do Monte dei Paschi para evitar problemas no curto prazo. Além disso, o Governo italiano pode ainda esta semana pedir uma autorização ao Parlamento italiano para aumentar a dívida pública prevista no Orçamento do Estado.

Editado por Paulo Moutinho