IRS: Fisco devolve primeiro e cobra depois

  • Cristina Oliveira da Silva e Margarida Peixoto
  • 26 Setembro 2016

Autoridade Tributária levou, em média, mais cinco dias a reembolsar contribuintes. Ainda assim, deu prioridade aos reembolsos em detrimento das notas de cobrança.

Há 594 milhões de euros que os contribuintes têm de pagar de IRS ao Estado e que só terão reflexos na receita de setembro e de outubro. Isto porque o fisco se atrasou a emitir “um número significativo de notas de cobrança”, explica um comunicado do Ministério, indicando que a prioridade foi dada aos reembolsos. Em causa está um aumento de 359 milhões de euros face ao ano anterior.

“Dada a prioridade conferida aos reembolsos, um número significativo de notas de cobrança foi emitido com um prazo de pagamento posterior ao prazo normal de 31 de agosto. O valor das notas de cobrança nesta situação é de 594 milhões de euros, um acréscimo de 359 milhões de euros face ao ano anterior que se refletirão na receita de setembro e de outubro”, indica o gabinete do Ministro das Finanças numa nota sobre o balanço da campanha do IRS 2015.

Este ano, as notas de cobrança “representaram um valor liquidado de 1,2 mil milhões de euros”, menos 107 milhões de euros.

Já o montante dos reembolsos cresceu. Este ano, 2,6 milhões de declarações deram origem a reembolso, no valor de 2,3 mil milhões de euros, mais 344 milhões face ao ano anterior.

O que também aumentou foi o tempo médio de pagamento de reembolsos, que, desta vez, ficou nos 48,5 dias, “face a 43,5 dias registados no ano passado e a 40,55 dias registados em 2014”.

O Ministério explica que a “aplicação pela primeira vez de novas regras de liquidação do imposto levou a que os prazos de liquidação, reembolso e emissão de notas de cobrança, tivesse registado algum aumento face aos anos anteriores”. Mas acrescenta que no último dia de agosto (prazo legal) “estavam liquidadas 99,7% das declarações, incluindo as entregues fora do prazo, números que convergem com os de anos anteriores”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Estudo: TAP tem de poupar 150 a 200 milhões de euros até 2020 para ser eficiente

Comissão de trabalhadores da TAP solicitou uma reunião urgente com o Governo para discutir um estudo, realizado pela Boston Consulting Group, que propõe cortes de até 200 milhões de euros.

A TAP deveria implementar um programa de corte de custos de 150 a 200 milhões de euros até 2020, se quiser ser uma companhia aérea sustentável a longo prazo. A conclusão é de um estudo realizado pela consultora Boston Consulting Group, que já está a causar polémica entre os trabalhadores da TAP.

O estudo “Project RISE: Transforming TAP into a more efficient and agile flag airline carrier“, a que o ECO teve acesso, elabora um extenso plano de poupanças, que implica medidas de reestruturação como a redução de trabalhadores e a alienação de setores como a Manutenção e Engenharia. “Um ambicioso programa de eficiência, com poupanças entre 150 e 200 milhões de euros até 2020, poderia ser implementado. A tripulação e comandantes e as despesas gerais apresentam-se como as áreas com maior nível de potencialidade”, introduz o estudo.

Há três áreas essenciais onde cortar. Primeiro, nos pilotos e tripulação. A produtividade e eficiência de custos destes trabalhadores têm “grande margem para melhoria”. Mais concretamente, uma margem de 50 a 70 milhões de euros. Esta poupança seria conseguida com a renegociação de acordos de empresa e o ajustamento do número de assistentes de bordo ao mínimo exigido por voo.

Depois, nos custos com passageiros. A BCG considera que a TAP é “pouco competitiva” quando comparada com as concorrentes, sendo penalizada, sobretudo, pelos serviços de catering, por “irregularidades” (não especificadas) e pelos custos de reserva de voos. Contas feitas, a companhia aérea tem de fazer poupanças de 40 a 65 milhões de euros nesta área.

Por último, nos serviços de apoio. “Aumentar a eficiência e eficácia dos serviços de apoio permitiria arrecadar mais dez a 15 milhões de euros em poupanças, reduzindo a força de trabalho em 40% (incluindo os trabalhadores em regime de outsourcing)”. A renegociação do contrato com a Groundforce (cujo custo é 30% mais caro do que o contrato com a Portway, empresa integrada na Vinci, responsável pela concessão dos aeroportos nacionais) e a aposta no self service, sobretudo no check-in, seriam as principais medidas a implementar nesta área.

No fundo, aponta a consultora, a TAP precisa de “uma organização mais ágil para implementar a mudança e alcançar resultados sustentáveis”. Esta “agilidade” passa por “redefinir papéis e formalizar processos de tomada de decisão”, bem como por “implementar um programa de recursos humanos abrangente, com um processo de avaliação do desempenho e gestão de talentos”.

São contas e conclusões que caíram mal à Comissão de trabalhadores da TAP, que vê o estudo como “uma literal declaração de guerra aos trabalhadores, tantos os despedimentos, redução dos direitos e degradação das condições de trabalho ali previstas”.

Segundo a Comissão de Trabalhadores, o conselho de administração da TAP já reconheceu a existência do estudo, mas salienta que “nenhum caminho ou ideia está aprovado” e que, aliás, algumas daquelas ideias não têm “aplicabilidade na realidade da TAP”. Os trabalhadores temem, ainda assim, “que as ideias do estudo reflitam a encomenda de David Neeleman e companhia”.

“O Conselho de Administração não pode ignorar que está obrigado, por lei, a fazer participar a Comissão de Trabalhadores nos processos de reestruturação (como aquele que está em curso) e a promover a informação e consulta da mesma sobre todas as questões relevantes para a gestão da empresa e para os trabalhadores da TAP”, salienta ainda o comunicado da CT.

A comissão exige agora que o Governo “tome uma posição que assegure a defesa da TAP e do interesse nacional” e solicitou já “uma reunião urgente que permita clarificar a posição do Governo face ao futuro da TAP e ao conjunto de ameaças descritas no estudo”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Arábia Saudita vai injetar 5,3 mil milhões de dólares no sistema bancário nacional

  • Ana Luísa Alves
  • 26 Setembro 2016

Apesar da crise que o país atravessa, a Arábia Saudita vai injectar 5,3 mil milhões de dólares no sistema bancário nacional.

A Arábia Saudita vai injetar 5,3 mil milhões de dólares no sistema bancário, numa altura em que o país atravessa uma crise por causa da queda nos preços do petróleo. O banco central saudita intensificou os esforços para apoiar os credores do país.

A Agência Monetária da Arábia Saudita, com é conhecido o banco central do país, disse à Bloomberg ter decidido dar aos bancos cerca de 20 mil milhões de riyals (perto de 4,8 mil milhões de euros) sob a forma de depósitos a prazo. A Agência também disse que vai introduzir acordos para comprar títulos de dívida a curto prazo, como parte da política monetária de apoio.

A queda nos preços do petróleo nos últimos dois anos, que comprometeu a principal fonte de receita do Governo saudita, obrigou o Executivo a baixar os depósitos que tinha nos bancos, afetando a liquidez do sistema. Esta situação fez com que, nos últimos três meses, a taxa a que os bancos Sauditas emprestam dinheiro subisse para os níveis mais altos desde 2009.

A injeção de capital no sistema bancário nacional é “o próximo passo na história que temos vindo a ouvir desde o início do ano sobre o aperto de liquidez entre os bancos sauditas”, disse à Bloomberg Murad Ansari, analista do banco de investimentos EFG-Hermes.

Este anúncio surge na altura em que o maior exportador de petróleo se prepara para vender as suas ações internacionais para financiar um défice orçamental que o FMI espera que alcance os 13% do PIB.

Editado por Mónica Silvares

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Goldman Sachs corta um quarto dos postos de trabalho na Ásia

  • Ana Luísa Alves
  • 26 Setembro 2016

A incerteza quanto ao resultado do boom de investimento nos países Asiáticos leva a multinacional a cortar postos de trabalho nos bancos de investimento que tem no continente.

O Goldman Sacks vai cortar 75 postos de trabalho nos bancos de investimento no mercado asiático. A informação foi avançada no programa “Trending Business”, da Bloomberg, pelo jornalista Philip Largerkranser.

Para Largerkranser, apesar de as operações de fusão e aquisição estarem a atingir níveis recorde (exemplo disso é a Fosun, que quer entrar no capital do BCP), a questão principal é que o resultado destas operações de investimento é imprevisível. Ao mesmo tempo, verifica-se uma queda na quantidade de acordos de negócio celebrados. Por isso, o banco de investimento Goldman Sachs planeia cortar cerca de um quarto dos postos de trabalho nas delegações da Ásia. De fora desta redução está o Japão.

“É certo dizer que vamos assistir a mais cortes nos postos de trabalho em bancos de investimento” refere Largerkranser, acrescentando que quando algo deste género acontece no Goldman Sachs “as pessoas tendem a focar-se mais no banco norte-americano Morgan Stanley, que tem o modelo mais semelhante ao do Goldman”. “O City Group ou JP Morgan, e outros grandes bancos, seguem um modelo mais universal de negócio”, ao contrário do Goldman Sachs que deverá concentrar-se mais na área corporativa e na gestão de dinheiro.

Editado por Mónica Silvares

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O mau tempo no Brasil pode encarecer o seu pequeno-almoço

  • Marta Santos Silva
  • 26 Setembro 2016

Entre o café, o açúcar e o sumo de laranja, as condições meteorológicas do Brasil estão a afetar a produção - e o preço - de alguns produtos essenciais das manhãs por todo o mundo.

Comece a preparar-se para pagar mais por um café e um sumo de laranja ao pequeno-almoço. É que o mau tempo no Brasil promete fazer subir o preço de alguns dos produtos essenciais da primeira refeição do dia. A produção de café, em especial dos grãos de variedades robusta e arábica, está a ser afetada por um período de seca, a região produtora de açúcar está a braços com um problema de gelo que está a diminuir as colheitas, e as zonas de pomares de cítricos estão a receber demasiada chuva, reduzindo a produção de laranjas.

Não é só no Brasil, o maior exportador destes três produtos, que os produtos de pequeno-almoço estão a ser afetados. O fenómeno El Niño causou secas em vários países asiáticos que produzem café e açúcar, e no estado norte-americano da Florida, grande exportador de laranjas, as árvores foram afetadas por uma epidemia que reduziu muito a produção.

Esta conjunção já está a levar os preços dos contratos de futuros de açúcar e sumo de laranja aos níveis mais altos dos últimos quatro anos na bolsa de Nova Iorque, escreve esta segunda-feira a Bloomberg. O açúcar cru atingiu preços de 21,273 euros por libra (453 gramas) no dia 22 de setembro, o preço mais alto desde 2012. Também o café, em especial os grãos robusta e arábica, está a subir há vários meses.

Gillian Rutherford, consultora na Pacifict Investment Management na Califórnia, disse à Bloomberg que o mercado de açúcar está a ficar cada vez mais apertado. “Há espaço para o açúcar mudar explosivamente se, por exemplo, a produção na Índia for muito mais baixa do que as expectativas”, exemplificou.

O gestor de portfolio Ben Ross, da Cohen & Steers Capital Management, por sua vez, disse à Bloomberg que uma melhoria nas condições meteorológicas no Brasil ainda poderia salvar a produção, vindo baixar os preços. Sublinhou ainda que mesmo que se mantenha o mau tempo e a produção reduzida, os preços altos podem acabar por se sabotar a si próprios. “A certo ponto, os preços acabam por prejudicar a procura”, disse Ross. Segundo a Bloomberg, o consumo de sumo de laranja já abrandou nos Estados Unidos.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BlackRock. Obrigações portuguesas “oferecem valor” aos investidores

Face aos juros baixos ou negativos de vários países do euro, a BlackRock recomenda investir na dívida portuguesa.

As obrigações do Tesouro da periferia da zona euro “ainda têm muito para oferecer”, apesar dos “riscos de curto prazo e do ruído político” dos próximos meses, considerou Marilyn Watson, estratega de obrigações da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, em entrevista à Bloomberg TV.

“Há muitos riscos de curto-prazo e muito ruído político que teremos de enfrentar nos próximos meses. Mas certamente que num horizonte de médio-prazo, pensamos que a periferia da Europa ainda tem muito para oferecer, salientou o responsável, reforçando que se os investidores estiverem “preparados para aguentar a volatilidade” e “para assumir investimentos de médio prazo”, há valor nos soberanos com menor rating, sobretudo num cenário em que a dívida dos principais países da zona euro “nada oferecem ou oferecem juros negativos“.

Abordando o caso concreto de Portugal, o cenário também é positivo. A dívida portuguesa “oferece valor” aos investidores, acrescentou Watson, para quem a revisão em baixa do rating atribuído ao país da parte da agência canadiana DBRS é “obviamente uma possibilidade” que o mercado está a ter em conta no preço que exige para deter títulos de dívida portuguesa.

Uma opinião que contrasta com as perspetivas dos analistas JP Morgan Chase, que antecipam numa “decente redução” dos juros portugueses assim que a agência canadiana confirmar o rating e o outlook de Portugal no próximo dia 21 de outubro.

Evolução dos juros da dívida portuguesa a 10 anos

De resto, os juros associados à dívida portuguesa subiam na generalidade dos prazos, com a taxa de referência a 10 anos a agravar para o patamar mais elevado desde abril, situando-se nos 3,42%. Já os juros a 10 anos das bunds seguiam em terreno negativo, nos -0,102%. Entretanto, o spread face à dívida alemã dilatava-se para reforçar máximos deste fevereiro, nos 351,96 pontos. Face à dívida espanhola, o diferencial dos juros portugueses estava no valor mais elevado desde outubro de 2013.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Federação de Táxis acusa Governo de faltar à “palavra dada”

  • Lusa
  • 26 Setembro 2016

Presidente da Federação do Táxi acusa o Governo de faltar à “palavra dada” no decreto que regula a atividade das plataformas de transportes como a Uber. Associações reúnem hoje para analisar documento

O presidente da Federação do Táxi acusa o Governo de faltar à “palavra dada” no decreto que regula a atividade das plataformas de transportes como a Uber, adiantando que as associações vão reunir-se para analisar o documento.

Carlos Ramos disse à Lusa que a Federação Portuguesa do Táxi e a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) vão reunir-se hoje de manhã para analisar e tomar uma posição conjunta sobre o documento.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes revelou a vários jornais que o Governo tem pronto o decreto-lei que regula a atividade das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, como a Uber ou a Cabify, e que o diploma segue esta semana para os parceiros do setor, para um período de consulta pública.

Segundo revelam hoje os jornais Público, Diário de Notícias e Negócios, o diploma do Governo passa a exigir aos motoristas das plataformas eletrónicas formação inicial no mínimo de 30 horas e um título de condução específico.

Contactado hoje pela Lusa, o presidente da Federação do Táxi mostrou-se insatisfeito com algumas questões do projeto.

“Apesar de ainda não ter lido o projeto, e numa primeira abordagem, o que posso dizer é que o Governo está a falsear, não está a cumprir com a palavra dada”, acusou.

Carlos Ramos recordou que, no parlamento, o ministro prometeu que “qualquer operador que se instalasse em Portugal” teria de cumprir “com as regras e com as exigências que são feitas aos táxis”.

ANTRAL diz que intenção do Governo é desmobilizar protesto de dia 10

O presidente da ANTRAL criticou hoje as propostas do Governo para regular a atividade de plataformas de transportes como a Uber, salientando que a intenção é desmobilizar o protesto de taxistas marcado para 10 de outubro.

“Isto, ao aparecer neste momento, é para nos desmobilizar do dia 10 [de outubro], dia da nossa grande manifestação, mas pelo contrário só nos vem dar mais força. Veio foi unir mais a nossa classe”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL).

No entender de Florêncio Almeida, a intenção do Governo é deixar “entrar estas plataformas na Europa através de Portugal”.

“Nós, como somos um país de brandos costumes, pessoas que não têm palavra, que não gostam de cumprir, por isso acontece tudo e mais alguma coisa”, sustentou.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes revelou a vários jornais que o Governo tem pronto o decreto-lei que regula a atividade das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, como a Uber ou a Cabify, e que o diploma segue esta semana para os parceiros do setor, para um período de consulta pública.

Segundo revelam hoje os jornais Público, Diário de Notícias e Negócios, o diploma do Governo passa a exigir aos motoristas das plataformas eletrónicas formação inicial no mínimo de 30 horas e um título de condução específico.

Em declarações à Lusa, Florêncio Almeida disse “não estar surpreendido” com o documento.

“Estes senhores não têm contingentes, tarifas. Criaram um regime especial porque são diferentes dos outros. Se querem legalizar as plataformas, as pessoas têm de lutar com as mesmas armas. As regras têm de ser iguais para todos”, concluiu.

Em entrevista ao Jornal de Negócios, o ministro do Ambiente adiantou que “o diploma vem regular o regime jurídico das plataformas eletrónicas que organizam o transporte e em simultâneo definir os requisitos de acesso à atividade que se vai chamar TVDE, transporte em veículos descaracterizados”.

O diploma do Governo passa a exigir aos motoristas das plataformas eletrónicas formação inicial no mínimo de 30 horas [os taxistas tem hoje 150 horas de formação] e um título de condução específico.

Já os carros, que não podem ter mais de sete anos, passam a ter de estar identificados com um dístico, terão de ter um seguro semelhante ao dos táxis e serão obrigados a emitir uma fatura eletrónica.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Companhias aéreas apoiam plano ambiental que pode custar-lhes 21 mil milhões por ano

Proposta da ONU prevê que a indústria da aviação financie iniciativas ambientais para compensar as emissões de gases poluentes.

A indústria da aviação decidiu apoiar uma proposta da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem por objetivo limitar os gases poluentes emitidos pelos aviões em voos internacionais, adianta, esta segunda-feira, a Bloomberg. O plano pode implicar um custo anual de 21,3 mil milhões de euros (24 mil milhões de dólares) para as companhias aéreas.

A proposta, anunciada pela primeira vez em fevereiro pela Organização da Aviação Civil (a agência para a aviação da ONU), está agora a ser apoiada por gigantes da indústria, como a United Continental Holdings e a Boeing. A partir de terça-feira e, ao longo de 11 dias, a proposta vai ser discutida em Montreal e, a ser alcançado um acordo, será o primeiro deste género a ser dirigido a uma única indústria.

A ideia não é que as companhias aéreas reduzam a emissão de gases poluentes, mas que compensem esta emissão através do financiamento de iniciativas ambientais, como o desenvolvimento de energias renováveis ou preservação de florestas, por exemplo. O acordo entraria em vigor em 2020 e prolongar-se-ia até 2035 — ainda que, durante os primeiros seis anos, a participação seja apenas voluntária. Contas feitas, as previsões apontam para que este plano venha a custar, por ano, 23,9 mil milhões de dólares à indústria da aviação, o equivalente a 1,8% das receitas anuais previstas para os próximos 15 anos.

Apesar dos custos, esta é uma solução que, por ser universal, agrada às companhias, que preferem uma alternativa deste género a terem de se sujeitar a regulamentação leis regionais, nacionais e internacionais. “Reconhecemos que, como indústria, temos impacto nas alterações climáticas. A indústria está disposta a pagar a sua parte. Só queremos pagar a nossa parte da forma mais económica possível”, resume Michael Gill, diretor executivo da Air Transport Action Group, que representa companhias aéreas, fabricantes, aeroportos e pilotos, em declarações à Bloomberg.

Aliás, se o acordo falhar, as companhias aéreas arriscam regulação que pode sair ainda mais cara, se cada país decidir avançar com planos regionais.

Os ambientalistas, por seu lado, também estão a fazer pressão para que o acordo seja assinado, defendendo que este será um primeiro passo importante, que poderá ser melhorado a longo prazo. Ainda assim, criticam a vertente voluntária do acordo e os custos para as companhias aéreas, que consideram demasiado baixos. Seja como for, acreditam, o acordo é crucial para evitar desastres ambientais como cheias ou secas.

Entre as cerca de 60 nações que apoiam o plano, encontram-se os Estados Unidos, a China, os Emirados Árabes Unidos, a Coreia do Sul e a maioria dos países europeus. Contudo, o sucesso do acordo estará no número de países que decidirem cumpri-lo já na fase voluntária, e é essa a parte que, para já, gera maior apreensão. É que muitos dos países que estão a emergir no setor da aviação, como o Brasil e a Índia, já fizeram saber que só pretendem cumprir o plano quando este passar a ser obrigatório, em 2027, por considerarem que cumpri-lo antes vai impor um “fardo económico” injusto para países em desenvolvimento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tribunal Europeu decidiu: deslocações para o emprego contam como horas de trabalho

  • Marta Santos Silva
  • 26 Setembro 2016

A decisão do Tribunal Europeu de Justiça aplica-se a trabalhadores sem escritório fixo que se desloquem diretamente de casa para serviços em diferentes locais.

O Tribunal Europeu de Justiça decidiu este mês que as deslocações entre casa e local de trabalho podem contar como horas de serviço. A decisão refere-se aos casos em que o local de trabalho não é fixo, como pode ser o caso para eletricistas ou técnicos de limpezas, e promete afetar trabalhadores por toda a Europa.

Tudo começou com um processo contra a empresa Tyco, dedicada à instalação de sistemas de segurança. Quando a Tyco decidiu, em 2011, encerrar os seus escritórios regionais em Espanha e ficar apenas com uma sede em Madrid, o dia-a-dia dos trabalhadores da empresa mudou: em vez de se dirigirem primeiro ao escritório para picar o ponto antes de começarem os serviços, era esperado que se deslocassem diretamente ao local onde iriam trabalhar, que poderia variar todos os dias.

Embora por vezes as deslocações entre a residência do trabalhador e o local do serviço pudessem demorar várias horas, a Tyco só contava como horas remuneradas aquelas que fossem passadas no local onde se realizava o serviço. As viagens de casa até ao primeiro cliente do dia e para casa a partir do último cliente do dia eram consideradas tempo de descanso.

O Tribunal Europeu de Justiça decidiu agora a favor dos trabalhadores da Tyco que se queixavam das longas horas passadas em deslocações sem qualquer remuneração. Numa deliberação de 16 de setembro, baseada na diretiva de 2008 sobre a organização do tempo de trabalho, o tribunal concluiu que, porque foi a Tyco que decidiu abolir os seus escritórios, devia ser a empresa a suportar os custos adicionais sem prejudicar os trabalhadores.

“O facto de os trabalhadores começarem e terminarem as suas viagens em casa vem diretamente da decisão do empregador de abolir o escritório regional, e não dos desejos dos próprios trabalhadores”, lê-se na decisão. “Pedir-lhes que suportem o fardo da escolha do empregador seria contrário ao objetivo de proteção da segurança e saúde dos trabalhadores”.

A decisão explicita: “O Tribunal considera que os trabalhadores estão a trabalhar durante as viagens”, e acrescenta que esta consideração é essencial para garantir que os trabalhadores que não têm um local fixo onde exerçam a sua atividade tenham direito às horas de descanso previstas por lei.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Wall Street. Fed aperta regras na negociação de commodities

Em causa está a negociação de commodities perigosas como o petróleo e gás natural e que representa riscos acrescidos para os bancos de investimento em Wall Street, como o Goldman Sachs.

Os bancos de investimento norte-americanos poderão ter de obter até quatro mil milhões de dólares em capital adicional para movimentar matérias-primas perigosas como petróleo e gás natural, de acordo com uma lei que a Reserva Federal (Fed) quer introduzir em Wall Street. O objetivo é diminuir os riscos de derrames, explosões e outras catástrofes que a comercialização destas commodities podem representar para o sistema financeiro do país.

“A proposta ajudará a reduzir os riscos de catástrofe, legais, reputacionais e financeiros que as atividades de matérias-primas físicas representam para as companhias financeiras“, refere a Fed num comunicado citado pela Bloomberg. A nova lei visa “avaliar melhor os potenciais riscos legais, de reputação e financeiros, particularmente aqueles que podem resultar num desastre ambiental”, salientam as autoridades.

Além das exigências de capital adicional, a Fed quer reduzir os limites à atividade de negociação das commodities físicas, retirar aos bancos a gestão de centrais elétricas e restringir a atividade no mercado do cobre. Quanto aos bancos que permanecerem no mercado, apesar das novas restrições, estes terão de tornar públicos os seus stocks de commodities.

"A proposta ajudará a reduzir os riscos de catástrofe, legais, reputacionais e financeiros que as atividades de matérias-primas físicas representam para as companhias financeiras.”

Reserva Federal norte-americana

Há muito que Wall Street vem debatendo a introdução de regras para enfraquecer a ligação entre a banca e o mercado de matérias-primas e nos últimos anos foram várias as instituições financeiras que reduziram ou simplesmente abandonaram este negócio.

Ainda assim, a medida deverá afetar particularmente o Goldman Sachs, que mantém a divisão de commodities conhecida como J. Aron, que fornece petróleo e gás natural para empresas de toda a América do Norte.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Brexit. Três em cada quatro CEO’s consideram relocalizar as empresas fora do Reino Unido

  • Ana Luísa Alves
  • 26 Setembro 2016

Estudo da empresa de contabilidade KPMG revelou que grande parte dos CEO britânicos consideram mudar a sede das suas empresas para fora do país.

A votação para a saída da União Europeia fez com que muitos CEO’s pensassem relocalizar as suas empresas. A conclusão é de um estudo da KPMG, a que a Bloomberg teve acesso, e que divulga esta segunda-feira.

Dos 100 CEO’s inquiridos, 72% disseram ter respondido “sim” à permanência do Reino Unido na UE, em junho. Cerca de 73% disseram estar confiantes no crescimento das suas empresas, e 76% ponderam, de alguma forma, relocalizar as suas empresas.

“Os CEOs estão a reagir à incerteza do momento com planos de contingência”, afirmou Chairman Simon Collins, da KPMG, num comunicado, citado pela Bloomberg. “Mais da metade acredita que a capacidade de negócio da Grã-Bretanha não vai ser igual”, o que, segundo Collins, para muitos CEOs significa ter diferentes perspetivas daqui para a frente.

O estudo feito sugere ainda que a primeira-ministra Theresa May tem trabalhado no sentido de manter os postos de trabalho e dar às empresas algum estabilidade, no momento em que o país se esforça para assinar um acordo com a União Europeia que restrinja a imigração mas mantenha o país mais próximo dos 27 estados-membros a nível comercial. Antes do referendo, o então ministro das finanças inglês, George Osorne, alertou para o facto de a saída da UE poder pôr em perigo quase 820.000 postos de trabalho.

Editado por Mariana Barbosa

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Operadoras inflacionam preços para compensar fim da fidelização obrigatória

Os contratos sem fidelização chegam a custar o dobro dos que impõem 24 meses e os custos de instalação aumentaram na maioria das operadoras, denuncia a DECO.

As operadoras de telecomunicações estão a inflacionar os contratos e os custos de instalação para compensar o fim da fidelização obrigatória, em vigor desde agosto. A denúncia é feita pela DECO, a associação para a defesa do consumidor.

As alterações à Lei das Comunicações Eletrónicas, que entraram em vigor a 16 de agosto, implicam que as operadoras de telecomunicações sejam obrigadas a oferecer contratos sem qualquer tipo de fidelização, ou com fidelização por 12 ou seis meses, em alternativa aos 24 meses que a anterior lei permitia. Agora, 24 meses é o período máximo de fidelização que as operadoras podem exigir.

Ao mesmo tempo, determina a lei, as operadoras estão proibidas de se opor “à denúncia dos contratos por iniciativa dos assinantes, com fundamento na existência de um período de fidelização”, além de não poderem exigir “quais encargos por incumprimento de um período de fidelização”.

O problema, escreve a DECO esta segunda-feira, é que “os contratos sem fidelização custam o dobro face à opção que impõe 24 meses, os custos de instalação aumentaram na maioria das operadoras (de um máximo de 300 euros para um máximo de 410 euros na Vodafone) e as vantagens para os clientes parecem estar a ser sobrevalorizadas (num pacote com mensalidade de cerca de 43 euros, há operadores a valorizar as ofertas em mais de 850 euros, incluindo centenas de euros em ofertas de canais e packs de conteúdos que fazem parte das características do pacote em si, como é o caso da NOS).

A associação acrescenta que, além do maior destaque dado às ofertas com fidelização de 24 meses, “as operadoras aumentaram os custos e as mensalidades dos tarifários sem fidelização ou com prazos mais curtos, a ponto de serem pouco ou nada atrativos”. Assim, exemplifica, um contrato com fidelização de 24 meses para um serviço 3P com 100 Mbps de velocidade de Internet custa, ao fim de dois anos, menos e 990 euros. Já um contrato sem fidelização com as mesmas características chega a custar mais de 1920 euros (estes cálculos são feitos para pacotes oferecidos pela Meo).

Na mesma operadora, um contrato de 24 meses para um serviço 4P com um cartão de telemóvel custa menos de 1280 euros no final dos dois anos; um contrato sem fidelização chega a custar mais de 2320 euros.

Também os custos de rescisão, para quem quer desistir do contrato antes do final do prazo, não são claros. As operadoras limitam-se a cobrar sobre as vantagens que dizem oferecer, fazendo uma valorização das mesmas e acabando por continuar a penalizar quem quer ou precisa de desistir antes do final do contrato”, sublinha ainda a DECO. Por outro lado, as operadoras consideram que “quase tudo é oferta”: os canais que fazem parte do pacote contratado e que já são alvo de uma mensalidade são exemplo das “vantagens” que as operadoras dizem oferecer aos clientes.

A associação vai agora entregar esta análise às entidades reguladoras e aos grupos parlamentares, apelando à Anacom que atue “enquanto entidade que supervisiona o setor” e à Autoridade da Concorrência que analise “as alterações dos custos de instalação e das vantagens que as operadoras dizem oferecer aos clientes”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.