Centeno: Reforma da supervisão financeira não reduz independência

  • Lusa
  • 27 Outubro 2017

O ministro das finanças disse que o objetivo da reforma é deixar as instituições mais preparadas "para agir perante os primeiros sinais de crise" financeira.

O ministro das Finanças disse esta sexta-feira que a reforma da supervisão financeira que o Governo está a promover não vai reduzir independência dos supervisores face ao poder político, mas dar sentido a um sistema desenvolvido de forma desordenada. Processo decorrerá ao longo dos “próximos meses”.

Desengane-se quem estiver à procura nesta reforma de elementos de diminuição da independência de qualquer uma das entidades”, disse Mário Centeno, na conferência “Reforma do Modelo de Supervisão do Setor Financeiro em Portugal e na União Europeia”, em Lisboa.

Contudo, avisou Centeno, não se pode confundir independência com “redução de exigência”. “Devemos ser exigentes com as instituições às quais atribuímos autonomia e recursos para a execução dos seus cargos”, disse.

O ministro afirmou que o objetivo desta reforma não é “criar roturas desnecessárias”, nem excluir entidades, mas considerou que “não se pode deixar tudo na mesma”, quando a “supervisão financeira se desenvolveu de forma desordenada” nos últimos anos, como “uma casa com diferentes projetos, diferentes arquitetos, sem visão integrada”.

Todos reconhecem hoje que o setor bancário português está mais estável, por isso na supervisão é momento de arrumar a casa

Mário Centeno

Ministro das Finanças

“Todos reconhecem hoje que o setor bancário português está mais estável, por isso na supervisão é momento de arrumar a casa”, acrescentou. Mário Centeno disse ainda que, neste processo, não procurará “apontar falhas ou encontrar culpados”, referindo que “não é esse o espírito deste Governo e desta reforma”, mas deixar as instituições mais preparadas “para agir perante os primeiros sinais de crise” financeira.

Carlos Tavares, ex-presidente da CMVM, afirmou na mesma conferência em Lisboa que, com um novo modelo de supervisão financeira, “nunca se poderá dizer que determinados casos não teriam acontecido”, mas considerou que é “possível dizer que a probabilidade de ocorrência é bem menor”, desde lodo porque o acesso à informação por todos os supervisores é facilitado. “Um novo modelo teria implicado menos assimetria de informação” entre supervisores, entidades de resolução e Ministério das Finanças, considerou Tavares.

Ainda esta sexta-feira, Carlos Tavares disse que em alguns países a presidência de uma entidade de coordenação compete ao ministro das Finanças, mas manifestou dúvidas quanto a essa escolha face à necessidade de manter a independência entre supervisores financeiros e poder político.

Como vai ser o modelo?

O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse esta sexta-feira em Lisboa que a coordenação entre supervisores tem de ser o “pilar central” da reforma da supervisão financeira que o Governo quer levar a cabo.

“A marca desta reforma será o reforço institucional do pilar da coordenação. A coordenação deve ser assumida como pilar central, enquanto não existir efetiva coordenação [entre entidades supervisoras], não existirá sistema” de supervisão financeira, disse Mário Centeno, na conferência ‘Reforma do Modelo de Supervisão do Setor Financeiro em Portugal e na União Europeia’, em Lisboa.

Contudo, considerou, até ao momento “nenhuma proposta apresentada no parlamento refere uma solução convincente“. O Governo lançou, no início deste ano, o debate sobre a reforma do modelo de supervisão financeira – constituído por três reguladores setoriais: Banco de Portugal (supervisor bancário), Autoridade dos Seguros e Fundos de Pensões (regulador dos seguros) e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM, regulador dos mercados).

Ainda não são conhecidas as propostas concretas do Governo, que ainda deverão demorar meses. Ainda assim, Centeno já deixou no Parlamento alguns traços gerais do que defende: a criação de uma nova entidade de supervisão que fique com a responsabilidade da supervisão macroprudencial (regula a estabilidade do setor financeiro no seu todo, avaliando a evolução da economia e finanças públicas), e ainda seja autoridade de resolução bancária, ambas competências atuais do Banco de Portugal.

Essa entidade, defendeu o ministro, deverá ser também responsável pela coordenação e troca de informações entre as autoridades de supervisão financeira setoriais com o objetivo de a tornar mais eficaz, eliminando o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros e o Conselho Nacional de Estabilidade Financeira.

Em meados deste ano, o Governo criou um grupo de trabalho, liderado por Carlos Tavares, ex-presidente da CMVM, que propôs melhorias ao sistema nacional de supervisão financeira já em setembro. Foi então lançada uma consulta pública, cujo prazo terminou a 20 de outubro.

O Governo irá agora fazer as suas propostas de alterações ao modelo de supervisão financeira, tendo dito esta sexta-feira Mário Centeno que esse processo decorrerá ao longo dos “próximos meses”.

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Juros descem à boleia do BCE. Renovam mínimos de maio de 2015

  • Juliana Nogueira Santos
  • 27 Outubro 2017

O BCE vai prolongar o programa de estímulos até setembro de 2018 e os mercados continuam a aplaudir, com os juros da dívida nacional a renovarem mínimo de maio de 2015.

Os juros da dívida continuam a afundar no seguimento da decisão do Banco Central Europeu. A instituição liderada por Mario Draghi vai cortar o programa de estímulos, mas vai prolongar o período durante o qual estes vão estar em vigor, pelo menos até setembro de 2018.

Nos mercados, as taxas de juro associadas à dívida soberana portuguesa seguem em queda, com o taxa a dez anos a renovar mínimos de maio de 2015, recuando 1,2 pontos base para 2,22%. Nas maturações mais curtas a tendência é a mesma, com a taxa a cinco anos a cair 1,8 pontos base para 0,85%.

Taxa a dez anos renova mínimos de maio de 2015

Fonte: Bloomberg

Os juros da dívida portuguesa reagiram automaticamente às notícias do BCE, nesta quinta-feira, e continuam no mesmo caminho nesta sexta-feira. Em declarações ao ECO, vários analistas antecipam que a decisão do BCE não vai sortir qualquer consequência negativa para as contas públicas nacionais.

“Em termos gerais, o resultado da reunião é positivo para a periferia do euro, incluindo Portugal“, diz Jens Peter Sørensen, analista chefe do Danske Bank, ao ECO.“Na verdade, o BCE não está a comprar muita dívida portuguesa se comprarmos com o que acontece com Itália. Por isso, a reação será mais neutra nas obrigações portuguesas do que é nas obrigações italianas” exemplifica.

(Notícia atualizada às 11h18 com mais informações)

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Revista de imprensa internacional

  • ECO
  • 27 Outubro 2017

Hoje é um dia importante para a Catalunha. Macron deixou em alvoroço a Guiana Francesa. Air Berlin dá uma golpada final. Governo australiano demite alguns deputados por dupla cidadania.

Hoje é um dia importante para a Catalunha, depois de Puigdemont ter dito que não iria convocar eleições. Mais ao lado, em França, Emmanuel Macron deixou uma multidão furiosa com a sua presença na Guiana Francesa, os guianenses alegam falta de condições de vida. Com os últimos voos este sábado, a falida Air Berlin vendeu os últimos bilhetes a preços bastante superiores ao normal. O Governo australiano demitiu alguns deputados por estes terem dupla cidadania, incluindo o vice-primeiro-minsitro. E Bruxelas abriu uma investigação ao regime fiscal britânico para multinacionais.

El País

É hoje que Rajoy vai discutir as medidas do Artigo 155

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, vai defender esta sexta-feira, no Senado, as medidas de aplicação do artigo 155 da Constituição da Catalunha. Ao meio dia retoma-se a sessão plenária do Parlamento da Catalunha, onde serão votadas as propostas sobre a autonomia da Generalitat. Junts Pel anunciou ontem que será promovido um projeto de resolução que inclua “o mandato” de 1 de outubro, o que implica pressionar pelo levantamento da suspensão da declaração de independência. O conselheiro da empresa da Generalitat, Santi Vila, renunciou na noite passada ao cargo depois de o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, ter dito que não são dadas garantias para convocar eleições regionais antecipadas. Leia a notícia completa no El País (acesso livre, conteúdo em espanhol)

Le Monde

Guiana Francesa sob tensão com visita de Macron

Esta quinta-feira Emmanuel Macron visitou o departamento ultramarino Guiana Francesa, numa visita de 48 horas, mas não foi bem recebido. A aguardar a sua chegada estavam cerca de mil guianenses, que protestaram pelas ruas a exigir melhores condições de vida, o cumprimento dos acordos assinados em abril com o Governo, um plano de emergência avaliado em 1,08 mil milhões de euros e mais 2,1 mil milhões de euros em medidas adicionais. Foi feito ainda um pedido para serem recebidos pelo chefe de Estado. Durante a marcha, o porta-voz dos manifestantes, Davy Rimane, explica que “Macron não está ciente do que está a acontecer em Guiana”. Leia a notícia completa no Le Monde (acesso livre, conteúdo em francês)

Bloomberg

Perto de falir, Air Berlin dá golpada final

Após ter declarado falência no passado mês de agosto, a companhia aérea alemã vai realizar este sábado os seus últimos voos, ficando automaticamente cancelados todos os voos marcados para depois dessa data. No entanto, para não sair totalmente de mãos a abanar, a Air Berlin conseguiu vender os seus últimos bilhetes a preços bastante altos, o suficiente para conseguir tirar algum lucro disso. O último voo da companhia será de Munique para Berlim, às 9h35 da madrugada, e os bilhetes foram vendidos a um preço seis vezes superior ao normal. Os clientes da Air Berlin demonstram nas redes sociais a sua tristeza pelo fim da companhia, alegando que esta não falhou pelo seu serviço, mas pelos preços dos bilhetes que não foram suficientemente altos para cobrir o resto dos custos. Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês)

The Guardian

Austrália: será o Governo de Malcolm Turnbull fiável?

O tribunal australiano decidiu afastar dos seus cargos o vice-primeiro ministro Barnaby Joyce e ainda quatro senadores por alegar que estes não reuniam as condições para ocupar posições parlamentares, violando a constituição por terem dupla cidadania. Barnaby Joyce é líder da coligação de Turnbull e faz parte dos Nationals. Desde então renunciou à sua cidadania neozelandesa e vai solicitar o seu lugar de volta no dia 2 de dezembro. Esta sexta-feira, Turnbull disse que o seu Governo ainda tem uma maioria – 75 dos 149 assentos. Acrescentou ainda que o devia procurar reformular a constituição para “minimizar o riscos dos candidatos” violarem a constituição por terem dupla cidadania. Leia a notícia completa no The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês)

Financial Times

Bruxelas abre investigação a regime fiscal britânico para multinacionais

A Comissão Europeia salientou, através de um comunicado, que vai procurar saber se o regime britânico que isenta algumas operações de grupos financeiros da aplicação de regras contra a evasão fiscal permite que as empresas em causa paguem menos impostos no Reino Unido. Em causa está uma exceção ao regime fiscal para alguns rendimentos provenientes de juros de empréstimos dos grupos presentes no Reino Unido. Margrethe Vestager, comissária da concorrência da UE, disse que iria investigar uma regra introduzida em 2012 pelo então chanceler George Osborne, que dá às empresas multinacionais uma vantagem – a cahamada ajuda de Estado que pode ser ilegal de acordo com a legislação da UE. Leia a notícia completa no Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês)

Business Insider

Quinta-feira foi um dia de lucro para grandes empresas

Esta quinta-feira várias empresas gigantes – Amazon, Alphabet, Intel e Microsoft, registaram lucros bastante elevados, superando as expectativas de cada uma. A empresa-mãe da Google, Alphabet, superou as expectativas nos resultados ao registar receitas de 27,77 mil milhões de dólares e lucros de 9,57 dólares por ação. A Intel aumentou em 2% o número de receitas geradas, face ao terceiro trimestre do ano anterior. Os resultados fiscais do primeiro trimestre da Microsoft superaram a expectativa de Wall Street, as ações da empresa subiram quase 4% para cerca de 81,75 dólares (69,6 euros). Por fim, a Amazon registou um aumento de receitas de 34% face ao trimestre anterior. Leia a notícia completa no Business Insider (acesso livre, conteúdo em inglês)

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Quanto vão custar as medidas de combate aos incêndios?

  • Margarida Peixoto
  • 27 Outubro 2017

António Costa já disse que o peso no défice deve ser a "última das preocupações", mas Mário Centeno também já lembrou que um défice acima de 1% em 2018 "poderia fragilizar" o financiamento do Estado.

Quanto vai custar a reforma da floresta? Há verbas para responder às consequências dos incêndios? A meta do défice pode ser ultrapassada? As perguntas foram repetidas, de uma e de outra forma, ao longo desta semana nos debates parlamentares com o Governo. O ministro das Finanças sublinhou a disponibilidade para aprovar “todas as medidas que forem pertinentes”, mas não prescindiu da importância de cumprir metas orçamentais e reduzir a dívida pública. Afinal, vai ser preciso mais dinheiro? Quanto?

O guião está escrito. António Costa, primeiro-ministro, já se comprometeu perante o plenário da Assembleia da República a aplicar as medidas recomendadas pela Comissão Técnica Independente, criada pelo Parlamento, para apurar as circunstâncias que conduziram à tragédia de junho. O relatório desta comissão será discutido esta sexta-feira entre o Governo e os deputados.

Nos últimos dias, o país ouviu o primeiro-ministro garantir que o impacto destas medidas no défice é “a última das preocupações”. Mas também ouviu o ministro das Finanças, Mário Centeno, dizer que o país vai honrar os compromissos orçamentais, ou que “com este nível de dívida, um défice superior ao previsto para 2018 poderia fragilizar as condições de financiamento não só do Estado, mas também das famílias e empresas.”

Quanto custa reagir aos incêndios?

Antes de mais, importa dividir a questão em dois momentos, e em dois tipos de reação. Por um lado, é preciso aprovar um conjunto de medidas de apoio à recuperação económica das regiões, e de ajuda às populações afetadas. Por outro, há que reformar a floresta e os mecanismos de proteção e combate a incêndios de forma estrutural, para evitar que tragédias como as verificadas este ano se repitam.

Na reunião do Conselho de Ministros de 21 de outubro, bem esta quinta-feira, o Executivo aprovou e operacionalizou já várias iniciativas que visam responder ao primeiro momento: a reconstrução e o apoio. Neste âmbito, as medidas para as empresas totalizam 280 milhões de euros, mas dos quais apenas 100 milhões são verbas do Orçamento do Estado de 2017, atribuídas em subsídios não reembolsáveis. Somam-se medidas de apoio ao emprego e na área agrícola e florestal. Tudo junto são cerca de 400 milhões de euros disponibilizados, mas os custos são, efetivamente, mais baixos porque em grande parte o apoio é feito através de linhas de crédito — e aqui o custo é sobretudo com a bonificação das condições.

Mas sobre a reforma estrutural da floresta, há menos dados. Desde logo, a própria Comissão Independente não faz uma estimativa do orçamento necessário para colocar no terreno as suas recomendações.

A prudência no que respeita a eventuais maiores investimentos no combate aos incêndios florestais aconselha, previamente a qualquer decisão com implicações financeiras, à adoção de medidas que conduzam a uma maior preparação destas forças (…).

Comissão Técnica Independente

Relatório sobre os incêndios de junho de 2017

A Comissão Independente pede mais dinheiro?

No relatório da Comissão, a preocupação com a necessidade de evitar resolver os problemas identificados apenas com mais milhões é evidente. “A prudência no que respeita a eventuais maiores investimentos no combate aos incêndios florestais aconselha, previamente a qualquer decisão com implicações financeiras, à adoção de medidas que conduzam a uma maior preparação destas forças, a uma disposição no território mais racional, à afetação de meios rápidos de deslocação e ao reforço da especialização, tendo presente os diversos teatros de operações para os quais podem ser chamadas,” lê-se no documento.

Ou seja, antes de começar a gastar dinheiro, é preciso ver como é que as verbas já estão a ser alocadas e deixar de gastar onde estiverem a ser mal aplicadas. Só depois fará sentido novos investimentos. Será esta a perspetiva de Mário Centeno, quando diz que haverá disponibilidade para “todas as medidas”, mas não se esquece de ressalvar que se refere às “que sejam consideradas pertinentes”.

Mas apesar desta preocupação, o conjunto de recomendações da Comissão tem implícitos custos em pelo menos algumas das iniciativas. O que não será de estranhar: tal como recordou o Expresso, a reforma proposta em 2005 ao mesmo António Costa que hoje conduz os destinos do país, era o então ministro da Administração Interna, tinha um orçamento avaliado em 690 milhões de euros, ao longo de cinco anos.

Agora não há a mínima pista dos montantes em causa. Ainda assim, o ECO selecionou as recomendações em que parece ser preciso gastar dinheiro — o que não invalida que esta despesa adicional não possa ser coberta por poupanças obtidas com a racionalização de meios gerada por outras recomendações.

Onde é que é preciso gastar dinheiro?

  • Nos mecanismos de simulação e de apoio à decisão no momento das intervenções operacionais. O relatório da Comissão Técnica diz que estes mecanismos estão “em estado incipiente”.
  • Na criação de um programa específico para compensar a perda de rendimento por alguns anos na criação de florestas de carvalhos, castanheiros e outras folhosas. O objetivo é “incentivar os proprietários e gestores florestais a optarem por estas espécies”, diz o documento.
  • No reforço das forças profissionais, nomeadamente dos Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) e das Forças Especiais de Bombeiros (FEB). “Reconhecendo-se que estas forças deverão estar disponíveis para todas as emergências (e não só para os incêndios florestais), deverá encontrar-se a justa medida para conciliar reforço numérico e especialização”, adianta o relatório.
  • Desmaterializar o sistema de registo e de controlo de informações da Autoridade Nacional de Proteção Civil, de forma a que as comunicações e informações sejam registadas automaticamente.
  • Aumentar o número de antenas móveis da rede Siresp.
  • Criar uma nova entidade, a Agência de Gestão Integrada de Fogos (AGIF). Esta entidade deverá ser “suportada por uma estrutura ligeira”, recomendam os peritos da Comissão. O objetivo é manter estáveis os recursos e organizações existentes, pelo menos numa primeira fase, sendo por isso preciso criar uma nova entidade “hierarquicamente superior e com intervenção transversal e autónoma” que fará a ponte com o poder político.

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Cabrita: “Portugal não admitirá que em torno desta tragédia nos dividamos”

  • Margarida Peixoto
  • 27 Outubro 2017

Governo e partidos debatem esta manhã as conclusões do relatório sobre os fogos de Pedrógão Grande da Comissão Técnica Independente.

Eduardo Cabrita, já como ministro da Administração Interna, enfrenta esta manhã os deputados num debate sobre o relatório da Comissão Técnica Independente, sobre os fogos de Pedrógão. Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, também estará presente.

O ECO vai acompanhar em direto.

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Rajoy pede ao Senado permissão para destituir presidente da Catalunha

  • ECO
  • 27 Outubro 2017

O Executivo espanhol aponta para o governo de Puigdemont como sendo a maior ameaça para a Catalunha e afirma que não vê nada de bom neste processo para além de "desmascarar os que contam mentiras".

Numa sessão extraordinária do Senado, Rajoy pediu autorização para destituir o governo catalão. O primeiro-ministro espanhol aponta que “o que ameaça hoje a Catalunha não é o [Artigo] 155, mas antes o governo da Generalitat”. “Ignorar a Lei tem as suas consequências”, argumentou, citado pelo jornal El Mundo.

“Solicitamos que nos autorizem a demissão do presidente, do vice-presidente e dos conselheiros”, foram as palavras de Rajoy. O chefe do Governo espanhol foi mais longe, ao requerer ainda que fossem aprovadas “as disposições pelas quais o presidente do parlamento não possa propor um candidato” e que este seja votado pela câmara.

Segundo Rajoy, o único diálogo a que foi convidado foi o do planeamento de “termos e prazos da independência da Catalunha”, algo a que “não pode ceder”. As conversações, nas suas palavras, têm dois inimigos: por um lado, “aquele que maltrata as leis”, por outro, “aquele que só quer ouvir-se a si mesmo, que não quer entender o outro”.

O primeiro-ministro avança que a comunidade autónoma “não reconhece as leis, revoga a legalidade, não permite à oposição cumprir o seu trabalho, ignora a resolução dos tribunais” e “prejudica gravemente os cidadãos”. Neste sentido, o líder do Executivo de Madrid afirma que a única solução passa por “fazer cumprir a Lei”.

A gota de água foi a a declaração de Puigdemont no passado dia 10 de outubro, na qual o presidente da Generalitat suspendeu a declaração de independência da região autónoma. “Ainda assim deu-se a oportunidade de esclarecer se tinha declarado unilateralmente a independência. (…) A resposta não era difícil: sim ou não”, explicou, citado El Mundo.

A Procuradoria-Geral do Estado espanhol prevê incluir os membros da mesa do Parlamento da Catalunha no processo que está a preparar por delito de insurreição, caso estes parlamentares deem luz verde a uma declaração unilateral de independência esta sexta-feira na sessão da câmara, avançam fontes citadas pela Europa Press.

Separatistas apresentam moção ao Parlament

Ainda esta sexta-feira, os partidos Junts pel Sí e CUP (Candidatura de Unidade Popular) insistem junto do parlamento catalão para que o governo de Puigdemont proclame uma república, segundo a mesma fonte. O documento enviado pelos dois partidos remete para uma declaração de independência que ambos assinaram no passado dia 10 no parlamento da Catalunha, a mesma que o líder da Generalitat deixou em suspenso. Fontes próximas do El Mundo avançam que o PSOE recusa tal proposta. O partido afirma que tal constitui “o culminar de um despropósito que fratura a sociedade catalã e supõe uma irresponsabilidade inaceitável”, cita o jornal.

Irene Montero, do mesmo partido, já veio afirmar a retirada da emenda que permitia travar a aplicação do Artigo 155º.

A Generalitat já anunciou no Twitter que Carles Puigdemont falará no parlamento catalão às 13:30h (hora de Lisboa).

Tanto o Partido Popular como o Ciudadanos, o Partido Socialista e o Ciutadans já anunciaram que não vão participar nas votações no parlamento catalão.

Os órgãos máximos do Parlament informaram a presidente da câmara Carme Forcadell que a proposta dos dois partidos que formam a maioria não pode avançar nem ser votada. A anúncio adverte que os membros da mesa parlamentar poderão enfrentar sanções penais caso não travem a iniciativa. Mesmo assim, o parlamento admitiu avançar com a proposta de incitar o governo de Puigdemont a instaurar a república da Catalunha. Se for aprovada pela mesa do parlamento regional, a moção deverá ser votada ainda hoje.

A porta-voz da Esquerda republicana da Catalunha (ERC), Mirella Cortés, avançou em pleno Senado que o seu partido não dará “nem um passo atrás” no sentido da proclamação de uma república catalã, acusando o executivo de “ameaças” e “repressão”, cita a Europa Press.

De acordo com um porta-voz do governo alemão, o país apela ao diálogo entre Madrid e a Catalunha, avança a Reuters. Stefano Sannino, embaixador da Itália em Espanha, alerta para os riscos de uma Catalunha fora da União Europeia. O mesmo afirma que a declaração unilateral “não ajuda à tomada de decisões equilibradas e nenhum estado europeu”, cita a Europa Press. Carlos Moedas, comissário europeu de Investigação, Ciência e Inovação, afirma que Bruxelas apoia “a defesa da ordem constitucional de Espanha”. “Em primeiro lugar está a Constituição de Espanha e a unidade de um país”, cita a mesma fonte.

Partidos catalães reúnem-se no parlamento

Carlos Carrizosa, do Ciudadanos, afirmou tratar-se de um dia “triste” e “dramático”, para a Catalunha. O deputado fala de um “comportamento totalitário” por parte do governo catalão e termina a sua intervenção ao rasgar a moção dos independentistas. “O papel que escreveram escreveram rompe com a convivência, retira às pessoas a sua cidadania e pressiona os catalães a não ser o que são: catalães”, cita o El Mundo.

Do lado do PSC, Eva Granado afirma que o partido apoia “os que pensam que vivem num país democrático, num mundo global”, e que não veem sentido na criação de “um pequeno estado sem futuro”. A deputada socialista sublinha que o processo independentista, “paga com o dinheiro de todos”, tem servido para criar divisão entre Madrid e a Catalunha. “Vocês são uns irresponsáveis e o vosso erro vai ser pago por todos nós, catalães”, dirigiu-se aos independentistas.

“É indigno, uma barbaridade”, descreve Marta Ribas, deputada do Catalunya Sí que es Pot (CSQEP), a ativação do artigo 155º, afirmando que tal terá consequências na soberania, na cidadania e na economia do país. Ribas afirma que “as maiorias no Parlamento e no Senado estão a tentar destruir todas pontes necessárias para o diálogo”, ainda em referência à “bomba atómica” da Constituição espanhola.

Alejandro Fernández, porta-voz do PP, acusa os independentistas de apresentar “ideias utópicas”. “A realidade destruiu de forma drástica a sua história e agora sabemos como vocês são”, disse, dirigindo-se a Puigdemont e Junqueras.

“Hoje proclamamos a república catalã”, disse o representante da CUP, Carles Riera. O deputado fala que num contexto em que o referendo foi legítimo, e no qual “a maioria se mostrou favorável a uma Catalunha em forma de República, o Parlament não tem outra opção senão proclamá-la”, cita o Europa Press.

Do Junts pel Sí, Marta Rovira refere que o diálogo “está cada vez mais viciado, é inexistente”. Afirmando que as conversações giram em torno da desculpa da unidade de Espanha, Rovira afirma que não quer “impor a independência a ninguém”. “Obtivemos um mandato nas urnas. Esse é o nosso conceito de democracia”, defendeu, relembrando os resultados do referendo de 1 de outubro. A deputada independentista afirma que a Catalunha, agora num novo caminho, enfrentará “tempos difíceis e de tensão”, e que não tem alternativa.

Inés Arrimadas, do lado socialista afirma que uma proclamação da independência consitui um ataque a Espanha e à União Europeia. “O nacionalismo apenas segue o lema de quanto pior, melhor”. A deputada acusa Marta Rovira de não ter respeito “pelo funcionamento da democracia”.

Com metade dos lugares preenchidos, vota-se a proposta independentista do Junts pel Sí e da CUP. A votação é secreta.

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Autarquias gastaram mais 500 milhões de euros até setembro

Em ano de eleições autárquicas, os gastos dos municípios aumentaram 11%, face ao ano passado. Investimento e a aquisição de bens e serviços justificam a subida da despesa da administração local.

A execução orçamental até setembro mostra a influência das eleições autárquicas de outubro nos gastos das autarquias. O investimento disparou 53,3% e a aquisição de bens e serviços — o maior gasto após a despesa com pessoal — cresceu 6,6%. Ao todo, os municípios acabaram por gastar mais 507,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2016. O saldo global continuou positivo, mas piorou 148,6 milhões de euros, segundo os dados revelados esta quinta-feira pela Direção-Geral do Orçamento.

“Na Administração Local, o crescimento [da despesa] fixou-se em 11% em termos homólogos, tendo como principais contributos o aumento do investimento (7,0 pontos percentuais) e da aquisição de bens e serviços (2,1 p.p.)”, lê-se na síntese de execução orçamental relativa ao mês de setembro.

Ao todo, as autarquias gastaram mais 323,1 milhões de euros em investimento e mais 97,3 milhões de euros em aquisição de bens e serviços. O próprio investimento público das administrações públicas (que incluem todos os subsetores, como a administração local) está a aumentar sobretudo graças à subida do investimento local.

Por outro lado, “na Administração Local, a receita aumentou 6,8%, destacando-se o contributo da receita fiscal (4,2 p.p.) e da outra receita corrente (1,1 p.p.)”. Ou seja, os gastos foram parcialmente cobertos por mais 225,3 milhões de euros em receitas de impostos.

Destaca-se a subida da receita da derrama paga pelas empresas (+74 milhões de euros), do Imposto Municipal sobre as Transmissões (IMT, +132 milhões de euros) e das taxas/multas (+81 milhões de euros).

Feitas as contas, o saldo das autarquias fixou-se nos 551,2 milhões de euros, contribuindo de forma positiva para o défice das administrações públicas que, até setembro, caiu 2,29 mil milhões de euros. Contudo, o excedente dos municípios deteriorou-se em 148,6 milhões de euros, dado que a despesa subiu mais do que a receita.

A administração local tinha, até setembro, 107 milhões de euros de pagamentos em atraso. Ou seja, dívidas por pagar há mais de 90 dias.

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Medina quer mais elétricos e escritórios, ainda sem maioria

  • ECO
  • 27 Outubro 2017

Ainda sem acordos para constituir maioria, Fernando Medina deixou algumas promessas na sua tomada de posse, entre as quais a ampliação das zonas de escritórios e a compra de 30 elétricos.

O reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, acompanhada pela presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta, durante a tomada de posse dos órgãos autárquicos de Lisboa, na Câmara Municipal de Lisboa.MÁRIO CRUZ/LUSA

Trinta novos elétricos, construção de seis novos centros de saúde e ampliação das zonas de escritórios. São estas as propostas de Fernando Medina para o novo mandato na Câmara de Lisboa, o primeiro em que foi eleito como cabeça de lista. O presidente lisboeta surgiu na tomada de posse sem um acordo que lhe conceda maioria absoluta, aproveitando para tecer críticas ao PCP.

De acordo com as declarações citadas pelo Diário de Notícias, Fernando Medina tentou uma aproximação ao Partido Comunista, que alcançou 13% dos votos, mas “infelizmente o PCP não se mostrou disponível para um acordo mais permanente de governação da cidade”, o que, segundo o socialista, “terá desiludido muitos dos eleitores que votaram no PCP nestas eleições, porque muitos ouviram da candidatura uma disponibilidade de compromisso”.

Ainda na esquerda, o Bloco de Esquerda “mostrou disponibilidade para discutir”, segundo Fernando Medina, mas haverão alguns assuntos em que os dois partidos divergem, nomeadamente o número de casas a disponibilizar em regime de renda acessível, a forma de financiamento do programa e a extensão e traçado de rede do metropolitano. Ainda assim, Medina não conseguirá maioria absoluta apenas com o apoio dos bloquistas, tendo em conta que estes só conquistaram 5,5% dos votos.

As propostas apresentadas são destacadas pelo Público na edição desta sexta-feira, com o edil a querer apostar não só na expansão da rede de transportes da cidade, como na resposta às alterações climáticas, mas também nos cuidados de saúde dos lisboetas. “Serão centros modernos, com meios de diagnóstico e terapia, capazes de assegurar cuidados de qualidade a todos”, apontou Medina.

No campo económico, a ampliação das zonas de escritório e a necessidade de descentralização foi destacada. “É preciso aumentar a capacidade de fiscalização dos executivos municipais”, reiterando a necessidade de os municípios terem mais poderes e recursos do seu lado.

Nesta quinta-feira surgiu também a notícia de que José Eduardo Martins, antigo cabeça de lista pelo PSD à Assembleia Municipal de Lisboa, irá suspender o seu mandato por divergências internas. Estas, divulgadas pela TSF, dizem respeito à criação de uma lista alternativa para liderar a bancada social-democrata no órgão municipal. “Somos muito poucos para haver duas listas”, afirmou o político à rádio.

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Este domingo não se esqueça de atrasar uma hora no seu relógio

  • ECO
  • 27 Outubro 2017

Este fim de semana voltamos ao horário de inverno. Na noite de domingo, os relógios devem atrasar uma hora, às 2h00 da manhã. Esta tradição já vem dos tempos da Primeira Guerra Mundial.

Este fim de semana muda novamente a hora. Chegada a hora de inverno, às 2h da manhã de domingo é altura de atrasar uma hora no seu relógio, para a 1h00. A alteração deve ser feita tanto em Portugal continental como na Madeira e nos Açores. Os açorianos devem atrasar a hora para as 00h00.

A hora de inverno vai permanecer até março de 2018, altura em que se deve adiantar os relógios.

O hábito da mudança de hora aconteceu pela primeira vez a 30 de abril de 1916 durante a Primeira Guerra Mundial. O objetivo era tentar reduzir o recurso a iluminação artificial e, desta forma, conseguir poupar combustível.

Em Portugal houve um período de quatro anos em que foi adotada a hora central europeia. Em 1992 não houve mudança para a hora de inverno e durou até 1996. “Não era uma boa solução. Teve impactos negativos. No inverno de manhã ainda havia estrelas no céu e no verão havia luz solar até depois das 22.00. Teve efeitos nas pessoas e no rendimento. Houve um aumento de acidentes rodoviários, porque as pessoas saíam de manhã ainda a dormir. O consumo de ansiolíticos disparou e teve um grande impacto nas escolas, sobretudo no inverno”, recorda Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), entidade que tem a responsabilidade sobre a hora legal em Portugal, citado pelo Diário de Notícias.

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Greve: A Norte CGTP fala em números perto dos 100%

  • Lusa
  • 27 Outubro 2017

A greve geral de 24 horas da Função Pública decretada pela CGTP, no respeitante à Saúde, apresenta "números próximos dos 100%" a Norte, disse o coordenador do Sindicato.

A greve geral de 24 horas da Função Pública decretada pela CGTP, no que diz respeito à Saúde, apresenta a Norte “números próximos dos 100%”, disse à Lusa, esta sexta-feira, o coordenador do Sindicato da Função Pública do Norte.

Com início às 20:00 de quinta-feira, o primeiro balanço surgiu perto da meia-noite, numa iniciativa junto ao Hospital Eduardo Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, em que a CGTP difundiu os primeiros números da paralisação.

“Nestas quatro primeiras horas, na área da saúde temos paralisações muito perto dos 100% nos hospitais São João, no Porto, Eduardo Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, bem como em Braga, Barcelos, Guimarães, Famalicão e Chaves”, descreveu Orlando Gonçalves.

Nestas quatro primeiras horas, na área da saúde temos paralisações muito perto dos 100% nos hospitais São João, no Porto, Eduardo Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, bem como em Braga, Barcelos, Guimarães, Famalicão e Chaves.

Orlando Gonçalves

coordenador do Sindicato da Função Pública do Norte

Com o avançar do dia, o coordenador sindical previu que “os números da adesão não devam oscilar muito”, manifestando expectativa de que nos setores da “Saúde, Justiça e Educação a adesão à greve seja muito elevada”.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, declarou que as expectativas “são boas, pela grande recetividade dos trabalhadores e trabalhadoras da função pública a esta paralisação”, explicando que esta tem “dois grandes objetivos”.

“Alertar o Governo para a necessidade de, no âmbito da discussão do Orçamento do Estado, procurar encontrar soluções de acordo com as reivindicações que os trabalhadores da Função Pública apresentam” e “chamar a atenção para uma greve de defesa dos serviços públicos”, são os objetivos da greve, declarou.

Os direitos dos “trabalhadores da Função Pública estão sempre associados à melhoria da qualidade dos serviços públicos que estão a prestar às populações”, salientou o sindicalista, elegendo a “despesa supérflua do OE que pode ser reduzida” e as “potencialidades para aumentar a receita” como situações a rever.

“Na despesa supérflua, há duas áreas que precisam de ser tratadas urgentemente: as parcerias público-privadas, onde se está a prever gastar 1.171 milhões de euros no setor rodoviário, com uma taxa de rentabilidade na ordem dos 8%. Bastava passar numa primeira fase para 4% e aqui teríamos um acréscimo de poupança superior a 500 milhões de euros”, contabilizou.

E continuou: “E depois temos uma outra situação que é inacreditável, que é o facto de estarem previsto 850 milhões para o Fundo de Resolução”. “No momento em que alguns bancos privados estão a apresentar resultados positivos do primeiro semestre, somos chamados a pagar 850 milhões para financiar os bancos privados. Isto não faz sentido, isto é subsídio dependência no setor privado, nomeadamente financeiro, do OE”, concluiu.

O momento em que alguns bancos privados estão a apresentar resultados positivos do primeiro semestre, somos chamados a pagar 850 milhões para financiar os bancos privados. Isto não faz sentido, isto é subsídio dependência no setor privado, nomeadamente financeiro, do OE.

Arménio Carlos

Secretário-geral da CGTP

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Bolsa prolonga ganhos à boleia das energéticas

A família EDP e a Galp estão a dar força ao PSI-20, numa altura em que os investidores antecipam os resultados trimestrais das cotadas.

A bolsa de Lisboa abriu a última sessão da semana em alta, a prolongar os ganhos registados na quinta-feira. A energia continua a negociar no verde e dá força ao PSI-20, numa altura em que os investidores antecipam a apresentação de resultados das cotadas do setor.

O PSI-20 está a valorizar 0,4%, com 13 cotadas em alta, quatro em queda e uma inalterada. A contribuir para estes ganhos está o setor energético, com a EDP a avançar 0,6%, para os 3,03 euros por ação, e a EDP Renováveis a ganhar 0,68%, para os 7,087 euros por ação. Ainda na energia, a Galp sobe 0,32%, para os 15,55 euros por ação.

As duas cotadas apresentam resultados na próxima semana e, para já, o sentimento é misto. Os analistas do Haitong antecipam que a EDP registe lucros de 632 milhões de euros no terceiro trimestre, o que, a confirmar-se, representará um aumento de 342% em relação ao período homólogo. Contudo, esse resultado só acontece pelo efeito da venda da Naturgas, que detém a distribuição do gás em Espanha, que representou uma mais-valia de 700 milhões de euros. Sem contabilizar este negócio, antecipa o Haitong, os lucros da EDP serão de apenas 122 milhões no terceiro trimestre, menos 10% do que há um ano.

Destaque também para o setor papeleiro, com a Navigator a avançar 0,5%, para os 4,42 euros por ação. A empresa reportou, na quinta-feira, um aumento dos lucros apoiado por uma redução dos custos e mais vendas.

Do lado das quedas, destaque para a Mota-Engil, que recua 0,15%, para os 3,32 euros por ação, e para a Nos, que perde 0,12%, para os 5,14 euros por ação.

No resto da Europa, a tendência generalizada é de ganhos. O Stoxx 600 está a valorizar 0,46%.

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Salgado defende-se com parecer que atribui culpas ao Banco de Portugal

O antigo banqueiro e o regulador continuam a troca de acusações. Salgado argumenta que se a exigência de provisões não tivesse sido tão elevada, o BES ainda estaria em atividade.

Ricardo Salgado apresentou em tribunal, onde está a contestar a condenação do Banco de Portugal a uma multa de quatro milhões de euros pela gestão danosa do Banco Espírito Santo (BES), um parecer que atribui culpas ao regulador pela falência do banco. O Banco de Portugal, por seu lado, faz-se valer de outro parecer para argumentar que o documento apresentado por Salgado não deve ser tido em conta neste julgamento.

A notícia é avançada, esta sexta-feira, pelo Jornal de Negócios (acesso pago). O parecer, a que o ECO também já teve acesso, foi pedido por Ricardo Salgado a João Carvalho das Neves, professor do ISEG e membro do conselho geral e de supervisão da EDP.

O BES reportou, no primeiro semestre de 2014, perdas de 3.577 milhões, um prejuízo histórico que levou o principal rácio de capital do banco abaixo do mínimo exigido e que acabou por conduzir à resolução do banco. Ora, o parecer pedido por Salgado, datado de 1 de setembro deste ano, defende que esses prejuízos ficaram a dever-se ao elevado nível de provisões imposto pelo Banco de Portugal, no valor de 4.253 milhões de euros. Essas provisões serviram para cobrir fatores como a garantia estatal do BES Angola ou a exposição ao papel comercial emitido por empresas do Grupo Espírito Santo.

Se estas provisões não tivessem sido contabilizadas como tal, mas sim como passivos contingentes, argumenta o parecer de João Carvalho das Neves, o BES teria cumprido com os rácios de capital e, portanto, teria conseguido continuar a atividade. Isto porque um “passivo contingente” é uma “potencial dívida”, que só se torna efetivamente dívida se vierem a ocorrer os factos que obrigaram à sua constituição. “Como não se trata de uma dívida mas de uma potencial dívida, as Normas Internacionais de Contabilidade determinam que não se deve registar em balanço a dívida contingente, mas deve-se nas notas explicativas em anexo às demonstrações financeiras explicitar os factos que podem despoletar a dívida e a expectativa do montante que nesse caso se pode esperar”, argumenta o parecer.

“O Banco de Portugal e o auditor externo [KPMG] ao exigirem a criação de provisões e imparidades excessivas acabaram por criar distorções que são claramente materiais”, aponta o documento. “O regulador foi, por um lado, influenciador da política contabilística com uma pretensa prudência, que já vimos não pode ser usada para criar distorções materiais, e à luz dessa política acabou por determinar a publicação de demonstrações financeiras não neutras e, por isso, não tinham a qualidade de fiabilidade exigidas para a tomada de decisão”, acrescenta o documento.

E, por fim, argumenta o parecer, o Banco de Portugal foi vítima da sua própria atuação, vendo-se obrigado a resolver o BES. “Por outro lado, acabou por ser influenciado nas suas decisões por um relato financeiro, com distorções de itens materialmente relevantes, de tal modo que foi levado a tomar decisões que, de outro modo, não tomaria”, conclui o parecer.

Provisões não são a questão, diz regulador

Na resposta a este parecer, o Banco de Portugal avança com outro parecer, da autoria de Nuno Brandão, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que argumenta o documento apresentado pela defesa de Ricardo Salgado não tem enquadramento no processo que está a decorrer no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão.

Isto porque, no entender do regulador, o que está em causa não é o impacto causado pela constituição de provisões, mas a condenação por atos dolosos de gestão ruinosa, pela prestação de falsas informações ao Banco de Portugal e pela violação de normas sobre conflito de interesses. São estas práticas que o Banco de Portugal acusa Salgado de ter cometido e é por essas que o condenou a pagar uma multa de quatro milhões de euros. E é para contestar essa condenação que Salgado está em tribunal.

Fisco devolve 22 milhões ao BES mau

O BES “mau” teve de pagar, em 2015, 22 milhões de euros de contribuição extraordinária sobre o setor bancário, um montante relativo ao ano anterior. O banco pagou o que devia, mas impugnou judicialmente este pagamento, argumentando com o facto de não poder receber novos depósitos. No final do ano passado, soube que, afinal, ia receber esse valor de volta, avança o Negócios.

“No dia 22 de dezembro de 2016, na sequência da impugnação judicial e do procedimento administrativo de revisão oficiosa, o BES — em liquidação foi notificado pela Autoridade Tributária de que esta irá proceder à restituição do montante de 21.656.082,45 euros correspondente à contribuição sobre o setor bancário de 2015”, pode ler-se o relatório de gestão do BES mau, citado pelo mesmo jornal.

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