Estratégia Indústria 4.0: as dez medidas que tem de conhecer
Governo lançou esta manhã estratégia nacional para a indústria. Digitalização, modernização e formação são palavras-chave. Medidas devem ter impacto em 50.000 empresas a trabalhar em Portugal.
São dois mil milhões de euros investidos, mais de 4,5 mil milhões de retorno esperado nos próximos quatro anos. O Governo lançou esta manhã, em Leiria, a estratégia nacional para a Indústria. O programa chamado i4.0 inclui um conjunto de 60 medidas que deverão ter impacto em mais de 50.000 empresas a operar em Portugal. O programa permitirá requalificar e formar na área de competências digitais mais de 20.000 trabalhadores.
Durante dez meses, Governo e parceiros discutiram em reuniões semanais as prioridades e os principais desafios em quatro áreas distintas: Agroindústria, Retalho, Turismo e Automóvel. A COTEC é a entidade que, a partir de hoje, fica responsável pela monitorização da estratégia e pela atualização das medidas, depois de um protocolo assinado pelo Governo e pela entidade privada.
Pela primeira vez, multinacionais como a Altice-PT, Bosch, Deloitte, Microsoft ou Siemens integraram as equipas do Governo para traçar em conjunto a estratégia nacional para a indústria.
Não é uma estratégia do Estado, nem do Governo. É uma estratégia do país. Está em causa a digitalização da Indústria.
Tal como o ECO avançou este sábado, uma das medidas fundamentais da estratégia que junta ideias para o setor público, para o setor privado ou implementadas por ambos os setores, o Governo está a criar uma incubadora e aceleradora de ideias que possibilita a startups tecnológicas como a Prodsmart trabalharem de perto como grandes empresas como a Mitsubishi, a Siemens ou a Autoeuropa.
A grande maioria das medidas que compõem a estratégia para a Indústria 4.0 têm como prioridade a capacitação dos recursos humanos, sendo tratada como prioritária a reconversão dos trabalhadores e a criação de novos empregos. “O grosso destas medidas tem a ver com pessoas porque visa a requalificação da população ativa”, explicou João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, esta manhã, em Leiria, sublinhando ainda o potencial da modernização da indústria como fator de diferenciação de Portugal face aos concorrentes por todo o mundo. “Com o digital, o cliente fica com maior liberdade de escolha. É um enorme desafio porque o cliente quer estar em contacto com a fábrica, saber se a legislação é cumprida e em que condições trabalham os colaboradores”.
“Muitas das medidas não são de ponta — como se esperava — mas são realistas para os setores em que serão aplicadas, pensadas para responder a necessidades e a desafios. Em alguns casos estamos a falar de indústrias e setores que definem ainda os desafios 3.0”, explicou o secretário de Estado da Indústria.
Tome nota das dez medidas estratégicas:
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Financiamento
O Governo vai mobilizar Fundos Europeus Estruturais e de Investimento até 2,26 mil milhões de euros de incentivos, através do Portugal 2020, para “a consciencialização, adoção e massificação de tecnologias associadas ao conceito de Indústria 4.0, nos próximos quatro anos”, explica o ministério em comunicado. Dentro das medidas, será criado o Vale Indústria 4.0, um instrumento de apoio à transformação digital através da adoção de tecnologias que permitem mudanças disruptivas nos modelos de negócio de micro e PME (ex.: contratação de sites de comércio eletrónico ou softwares de gestão fabril a prestadores certificados). Cada vale inclui um financiamento de 7.500 euros. A ideia é que apoiem mais de 1.500 empresas, num investimento público de 12 milhões de euros.
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Programa de Competências Digitais
Até 2020 o Governo quer dar formação em tecnologias de informação a mais de 20 mil pessoas. O programa de competências digitais vai funcionar em colaboração com o setor privado para fazer face à carência de técnicos especializados na área e permite apoiar a reconversão profissional, criando novas oportunidades de inserção profissional através da obtenção de novas competências.
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Cursos Técnicos i4.0
O programa dedicado à Indústria 4.0 inclui a revisão dos currículos dos cursos profissionais técnicos, em linha com a procura de novas competências por parte das empresas no âmbito da digitalização da economia. Escolas e indústria serão aproximados.
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Learning Factories
O programa prevê a criação de fábricas reais com equipamento tecnológico que recriem ambientes empresariais i4.0. A ideia é capacitar pessoas e promover iniciativas em curso como a Fabtec, Laboratório de Processos e Tecnologias para Sistemas Avançados de Produção, que consiste numa learning factory para demonstração de soluções inovadoras ao tecido empresarial, a Introsys Training Academy, que integra um chão de fábrica simulado (SGF), e a Academy 360 Room com painéis interativos que controlam equipamentos no chão de fábrica.
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Missões Internacionais
Quando a indústria se abre, abre-se também ao exterior. O Governo quer promover missões com comitivas nacionais, lideradas por representante do Executivo, com vista à partilha de produtos e serviços de âmbito i4.0 desenvolvidos em Portugal. Estas comitivas deverão marcar presença em eventos/feiras (ex.: Hannover Messe), cidades/regiões e pólos industriais (ex.: missões a Lombardia e País Basco) que possam constituir oportunidades para as empresas portuguesas.
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ADIRA Industry 4.0
Vai ser criado o primeiro laboratório integrado de fabrico aditivo para desenvolver um novo ecossistema associado a esta tecnologia de nova geração que irá permitir novas formas de projeto e fabrico. Este laboratório é dinamizado pela ADIRA em parceria com o CEiiA a partir da máquina em desenvolvimento pela ADIRA, cujo protótipo foi desenvolvido em colaboração com a Fraunhofer, e está aberto às universidades e às empresas de todas as industrias.
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FOOTURE 2020
A medida da APPICAPS consiste num Plano Estratégico para o cluster do Calçado português que visa implementar um roteiro do Cluster do Calçado para a Economia Digital. “Pretende-se, até ao final de 2020, conseguir um salto qualitativo no processo de afirmação internacional do calçado português, estabelecendo-o como uma referência da indústria a nível mundial”.
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Bosch Digital
Outra medida a destacar é o DONE Lab da Bosch, um laboratório para a manufatura aditiva avançada de protótipos e ferramentas, inaugurado na Escola de Engenharia da Universidade do Minho, em Guimarães. A ideia é uma parceria entre a Universidade do Minho e a Bosch Car Multimedia, no âmbito do maior projeto universidade-empresa do país, num investimento global de 54,7 milhões de euros até 2018. Destaque também para um protocolo entre a Bosch e a Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de soluções para casas inteligentes e a digitalização de equipamentos da Bosch, num investimento de 19 milhões de euros, estando prevista a criação de cerca de 150 postos de trabalho.
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4AC Industria 4.0 – Aceleradora, Incubadora, Prototipagem
Multinacionais como a Mitsubishi (Daimler), a Siemens e a Volkswagen Autoeuropa integram, em Matosinhos, a nova aceleradora, incubadora e espaço de produtização e prototipagem, para a Indústria 4.0, com as startups portuguesas Bee Very Creative, Follow Inspiration, Mobi.Me e Prodsmart. O objetivo de juntar na mesma “casa” grandes e pequenas empresas? Transformar, mais rápida e sistematicamente, ideias em produtos, não só na sua fase de desenvolvimento como na de scale-up.
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Consórcio PSA Mangualde
Esta iniciativa, com um investimento estimado de 12 milhões de euros, será desenvolvida pela PSA de Mangualde em consórcio com três universidades e cinco parceiros tecnológicos, assente nos seguintes eixos: Sistemas robóticos inteligentes (robôs colaborativos), Sistemas avançados de inspeção e rastreabilidade (Visão artificial), Sistemas autónomos de movimentação (AGV), Fábrica digital (IoT) e Fábrica do futuro – FoF (Baixa cadência e Alta diversidade).
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