Startups britânicas temem o Brexit. As gigantes, nem por isso
Angariação de capital, contratação de funcionários não-britânicos e desafios do acesso ao mercado europeu. São algumas das preocupações de empreendedores que aguardam o Brexit com muita ansiedade.
As gigantes tecnológicas parecem confiantes num Reino Unido pós-Brexit, mas muitos responsáveis por startups entram agora em estado de ansiedade. É uma conclusão que, de acordo com a Bloomberg, faz parte de um estudo da unidade londrina do Silicon Valley Bank, divulgado esta terça-feira. O banco de investimento, com sede na Califórnia, inquiriu 940 executivos britânicos e de outras nacionalidades. E descobriu que os empreendedores já se estão a preparar para os desafios da saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
Os principais receios prendem-se com a angariação de capital, contratação de funcionários de nacionalidades que não a britânica e desafios do acesso ao mercado europeu, escreve a agência, com base no inquérito. Além disso, menos de metade acredita que este ano vá ser melhor do que 2016 e mais de um quinto das startups tecnológicas britânicas prevê abrir escritórios em países da União Europeia. Uma em cada dez está a considerar mudar-se para território continental europeu.
Contudo, as gigantes tecnológicas não parecem partilhar dos mesmos receios, na medida em que tanto a Snap Inc. como a Apple e o SoftBank escolheram Londres como o polo para desencadear novas operações. O regime regulatório favorável e o panorama de empreendedorismo vibrante da capital do Reino Unido deverá permitir que o país se mantenha como o maior hub tecnológico da Europa por mais algum tempo, explicou à agência o responsável pelo banco que conduziu o estudo, Phil Cox.
"Não estou a dizer que vai ser mais fácil, mas estas companhias são bastante disruptivas e irão encontrar uma forma de empregar as pessoas certas e de vender os produtos e serviços além fronteiras.”
A saída do Reino Unido da UE deverá ser desencadeada já em março e os dados relativos a 2016 evidenciam uma queda de 34% nos investimentos de capital de risco em startups tecnológicas do setor financeiro (fintech) no país. Em contrapartida, as homólogas alemãs angariaram 35% mais capital do que as britânicas nos primeiros três trimestres de 2016, um fenómeno que se registou pela primeira vez.
O chamado hard brexit, que significa um desvinculo total de Bruxelas, foi o estilo escolhido pela primeira-ministra Theresa May para materializar o referendo que deu vitória ao “Sair” no referendo público do ano passado. E à agência Bloomberg, Jennifer Arcuri, fundadora da startup britânica Hacker House, deu voz ao sentimento de muitos empreendedores neste momento: “Sair do mercado único vai brutalizar a nossa cultura de startup. Gerir uma startup já é difícil que chegue, nós não precisamos de mais este fardo.”
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