BCE mantém juros. Atenções viradas para os estímulos

O BCE manteve a taxa em zero. O juro de referência da Zona Euro ficou inalterado, falta saber o que dirá Mario Draghi sobre o programa de estímulos que tem travado as taxas de Portugal.

O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) deixou inalterada a taxa de juro diretora na Zona Euro, uma decisão amplamente esperada pelos analistas. Mas as atenções do mercado vão estar sobretudo centradas na habitual conferência de imprensa com Mario Draghi, presidente do BCE. O italiano vai deixar novas indicações sobre o futuro dos estímulos na região, nomeadamente o plano de compra de dívida pública que tem ajudado a conter o risco de Portugal.

Para já, os responsáveis de política monetária mantiveram a taxa de juro nos 0%, quando alguns analistas começam já a antecipar sinais de que o fim da era dos juros zero poderá estar para breve. Dúvidas que Draghi deverá ajudar a dissipar quando falar dentro de momentos com os jornalistas.

Antes de ser confrontado com as questões da imprensa, o presidente da autoridade monetária vai atualizar as projeções económicas da instituição. Em relação à inflação, as previsões para 2018 e 2019 deverão registar poucas alterações face ao que o BCE já anunciou: subirá de 1,5% para 1,6% em 2018; e ficará nos 1,7% no ano seguinte, segundo adiantaram alguns responsáveis à Bloomberg.

Com a inflação a atingir os 2% em fevereiro pela primeira vez em quatro anos, Draghi deverá, ainda assim, ser confrontado com a possibilidade de recuar com o programa de estímulos que tem em prática na região. Ainda antes do resultado da reunião, Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, defendeu o “início atempado de uma saída” do plano de estímulos monetários” do BCE.

Na reunião de dezembro foi anunciado que o plano de compra de dívida dos governos da Zona Euro terminaria no final do ano, prevendo-se uma redução do ritmo de aquisição de obrigações a partir de abril, dos 80 mil milhões de euros mensais para os 60 mil milhões.

Inflação que conta abaixo da meta

Porém, são cada vez mais os sinais de divisão perante a resistência alemã quanto à necessidade de prolongamento dos estímulos quando a economia dá maiores sinais de estabilização. Mas há a consciência entre os governadores dos bancos centrais nacionais de que os preços estão a ser sobretudo impulsionados pela energia — na verdade, a inflação core, que exclui os preços energéticos devido à sua volatilidade, ficou no mês passado nos 0,9%, abaixo da meta de 2% do BCE.

Neste cenário, os analistas não esperam grandes mudanças no discurso de Draghi quanto ao quantitative easing, embora as atas da última reunião tenham indicado que alguns responsáveis estão disponíveis para aliviar algumas das regras do programa para o tornar mais eficaz.

De resto, o facto de as compras de dívida portuguesa terem recuado em fevereiro para o nível mais baixo desde o início do programa sugerem que a bazuca do BCE começa a ficar sem alvos no mercado nacional.

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