Menos compras em Portugal? “Não estamos preocupados”, diz Draghi
Draghi não vê motivos para alarme em relação ao travão do BCE na compra de dívida portuguesa. Estímulos vão continuar até final do ano porque inflação continuará aquém do objetivo do banco central.
O Banco Central Europeu (BCE) tem enfrentado dificuldades na compra de obrigações portuguesas no âmbito do seu plano de estímulos, mas Mario Draghi não vê razões para alarme neste momento. A posição do italiano surge após o banco central ter mantido os juros de referência na Zona Euro. Quanto às aquisições de dívida pública, o banco central mantém tudo como está: vai comprar 60 mil milhões de euros todos os meses a partir de abril até final do programa, previsto para acontecer no final do ano.
“O programa de compra de ativos no setor público continua em curso. Tanto no tempo como em volume. Não temos razões para estar preocupados neste momento“, adiantou esta quinta-feira o presidente do BCE, respondendo a uma questão sobre o problema de escassez de títulos nos mercados dos países mais pequenos, como Portugal, que a instituição tem experienciado nos últimos meses.
"O programa de compra de ativos no setor público continua em curso. Tanto no tempo como em volume. Não temos razões para estar preocupados neste momento.”
Em fevereiro, o banco central comprou apenas 656 milhões de euros em títulos portugueses, travando no ritmo de compras pelo terceiro mês consecutivo. Foi o montante mais baixo desde o início do programa, reforçando os sinais de escassez de obrigações elegíveis para o banco central comprar.
Fim dos estímulos? “Não houve discussão”
Na declaração inicial, Draghi apresentou as novas projeções do BCE para a inflação. Os preços na Zona Euro vão continuar a subir nos próximos meses, mas esta evolução deverá ser sobretudo alimentada pelo impulso dos preços energéticos.
“O Conselho de Governadores quer ver sinais de ajustamento da inflação mais convincentes, o que ainda não viu. As projeções mostram isso”, referiu o italiano. Considerou que “os riscos de deflação desapareceram em grande medida”, embora a taxa de inflação continue aquém da meta do banco central.
Para este ano, a taxa de inflação deverá ficar nos 1,7%, uma revisão em alta face à taxa de 1,3% prevista anteriormente. Para 2018 e 2019, as estimativas para a subida dos preços na região sofrem poucas alterações, devendo apresentar taxas de 1,6% no próximo ano e 1,7% no ano seguinte.
Por essa razão, e mesmo considerando que os riscos económicos na região são hoje mais baixos, Draghi diz que a abordagem de política monetária do BCE continua a ser a mais apropriada. Isto é, os estímulos vão continuar no terreno, sem que os membros do conselho tenham sequer discutido o fim ou o prolongamento do plano de aquisição de obrigações dos governos. “Não houve discussão sobre o quantitative easing“, sublinhou.
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