Brasil tem novas razões para sambar: FMI diz que economia vai crescer este ano
O FMI vai rever em alta as suas previsões para a economia brasileira, em Abril. E insiste na realização de uma auditoria independente à ocultação de dívidas em Moçambique.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia brasileira saia da recessão ainda este ano, apesar de ainda estar a enfrentar uma situação económica difícil.
“Ainda pensamos que a economia brasileira sairá da recessão este ano. No relatório sobre a economia mundial de abril vamos atualizar a nossa previsão de crescimento para o Brasil, assim como para outros países”, disse Gerry Rice, diretor do Departamento de Comunicação do FMI, numa conferência de imprensa em Washington.
O responsável foi questionado sobre a situação do Brasil um dia depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter avançado que a economia brasileira registou uma queda de 3,6% em 2016.
Rice acrescentou que “o PIB brasileiro continuou em contração no terceiro trimestre de 2016, e os indicadores de atividade económica de final de ano apontam para um atraso na recuperação, dado que a despesa privada segue debilitada”. Embora as últimas previsões de janeiro indiquem um regresso ao crescimento, o porta-voz frisou que “o alto desemprego e a elevada dívida do setor privado continuarão a travar o processo” de recuperação económica.
O FMI previu um crescimento de 0,2% no Brasil em 2017, após as agudas contrações de 3,8% em 2015 e 3,5% em 2016.
O diretor de Comunicação do FMI também comentou os esforços feitos pelo Governo brasileiro para aprovar reformas, e destacou o “ênfase” das autoridades brasileiras “na resolução da trajetória insustentável da dívida do país”.
“A aprovação de uma emenda constitucional sobre o limite de gastos federais [que foram ligados à reposição da inflação pelos próximos 20 anos] representa um progresso importante nesse sentido”, completou Gerry Rice.
O responsável também destacou que será importante promulgar mudanças no sistema de reformas do Brasil. “Agora, no futuro, acreditamos que será importante promulgar uma reforma da Segurança Social para reforçar a viabilidade do limite dos gastos públicos e garantir que a Segurança Social possa estar lá para apoiar as futuras gerações. Pensamos que essas medidas vão aumentar a confiança e estimular o crescimento” do Brasil, concluiu.
FMI defende auditoria a ocultação de endividamento externo de Moçambique
O FMI insistiu ainda na realização de uma auditoria independente à ocultação de dívidas por parte de Moçambique, antes de negociações sobre um novo programa de ajustamento.
“Temos vindo a salientar a importância de uma auditoria independente para entender os gastos descobertos há vários meses. Continuamos a defender essa auditoria e, nesse contexto, continuarmos a discutir a possibilidade de um novo programa apoiado pelo FMI”, disse Gerry Rice.
Em novembro de 2016, o FMI denunciou a ocultação pelas autoridades moçambicanas de endividamento externo no valor de 1,37 mil milhões de dólares (cerca de 10,6% do PIB em 2015) entre 2012 e 2015.
Gerry Rice recordou que Moçambique falhou em janeiro o pagamento de uma prestação de emissão de dívida, mas que o “FMI continua empenhado em ajudar Moçambique a ultrapassar a situação”. Em janeiro, Moçambique falhou o pagamento de quase 60 milhões de dólares referentes a uma emissão de dívida pública, no valor de 727,5 milhões de dólares, feita em abril do ano passado.
Aquela dívida já tinha sido sujeita a uma reestruturação que alargou o prazo de reembolso de 2020 para 2023 e aumentou a taxa de juro anual.
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