Passos diz que Governo sofre de “miopia crónica” e quer “agradar a qualquer preço”
O líder do PSD acusa o Governo de António Costa de só valorizar o curto prazo. E garante que se hoje há alternativa à austeridade, o Executivo deve agradecer ao PSD e CDS.
O Governo sofre de “miopia crónica que hipervaloriza o curto prazo e a vontade de agradar a qualquer preço”, acusa Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, num artigo de opinião publicado esta sexta-feira no site do partido. O líder da oposição diz que se há hoje alternativas à austeridade, António Costa só tem de agradecer ao anterior Executivo PSD/CDS-PP, que chefiou o país durante o período do resgate da troika.
Para Passos Coelho, o atual Governo cometeu um “pecado original”: a “aliança com a esquerda radical, que tem uma natureza anti-mercado e contrária” à participação de Portugal na União Europeia e no Euro. Além disso, por causa da sua “miopia crónica”, o atual Executivo “chuta para canto quaisquer incómodos políticos associados a um agenda de reforma estrutural”.
"[O Governo sofre de] miopia crónica que hipervaloriza o curto prazo e a vontade de agradar a qualquer preço e que chuta para canto quaisquer incómodos políticos associados a uma agenda de reforma estrutural.”
O líder dos social-democratas argumenta que se hoje o Executivo tem a hipótese de praticar uma política alternativa é porque o Governo anterior aplicou bem o programa de resgate: “Se hoje temos espaço de manobra para ter mais escolhas nas políticas públicas, isso deve-se tão só ao facto de termos sido bem-sucedidos na estratégia de recuperação nacional que o anterior Governo pôs em prática.” E compara Portugal com a Grécia para dizer que “na Grécia, infelizmente, continua a não haver alternativa à austeridade.”
Mesmo os recentes progressos no crescimento económico devem ser atribuídos à anterior governação, defende. A economia portuguesa já estava a retomar o crescimento desde 2013 e em 2016 abrandou, argumenta, garantindo que a maior parte do emprego foi criada em 2014 e 2015, bem como da redução do desemprego. Para o líder do PSD, os socialistas só atrasaram a recuperação.
No que toca ao défice, Passos Coelho frisa a mudança de estratégia ao longo de 2016, com a aplicação de um “plano de emergência” de corte no investimento. E tendo em conta que, no último debate quinzenal, o Executivo responsabilizou a governação anterior pela queda do investimento, Passos ironiza: “o Governo prefere assumir implicitamente que deve ao Governo anterior o cumprir a meta do défice deste ano, só para não ter de ficar com ónus de ter executado uma política de emergência que sacrificou o investimento à meta orçamental.”
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