Proprietários conciliam arrendamento a estudantes com alojamento local em Lisboa
Os proprietários de imóveis na capital estão crescentemente a investir em residências privadas para estudantes, negócio que conciliam com o alojamento local.
Os proprietários de imóveis na capital estão crescentemente a investir em residências privadas para estudantes, negócio que conciliam com o alojamento local e que está a afetar a disponibilização de prédios para residências públicas da Universidade de Lisboa.
De um prédio abandonado há alguns anos na zona do Intendente, Lourenço Botton fez uma residência privada para estudantes universitários, investimento realizado com outros sócios. A reabilitação do imóvel começou em fevereiro de 2016. Passados sete meses, em setembro, o prédio começou a receber os estudantes, disponibilizando 41 quartos, com capacidade para 84 pessoas.
“É um negócio rentável. Estamos agora a fechar o nosso segundo semestre e está-nos a correr muito bem, felizmente”, disse à Lusa Lourenço Botton, que assume o cargo de diretor operacional desta residência, indicando que existem quartos ‘standards’ a 500 euros, suites até 625 euros, apartamentos T1 até 750 euros e T2 até 1.050 euros.
Nos meses de julho e agosto, que coincidem com o período de férias, a residência vai estar destinada ao alojamento local. O mês de julho já está completamente cheio e há bastantes reservas para agosto.
A sociedade estabelecida para a criação desta residência privada no Intendente ambiciona crescer no negócio do alojamento a estudantes, perspetivando atingir “mil camas em Portugal até 2020”, avançou Lourenço Botton, considerando que é uma boa forma de rentabilizar os imóveis, uma vez que “há uma enorme falta de camas estudantis em Portugal”.
De acordo com o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), Luís Menezes Leitão, tem havido “algum interesse” dos proprietários em disponibilizar os imóveis para arrendamento a estudantes.
“O grande problema dos proprietários, neste momento, é fazer arrendamentos com maior duração”, devido à instabilidade da lei do arrendamento, afirmou Luís Menezes Leitão, advogando que o alojamento a estudantes acaba por ser “um alojamento menos comprometido do que propriamente o arrendamento tradicional”, uma vez que “os estudantes, normalmente, estão transitoriamente no imóvel”.
Segundo o responsável de marketing da plataforma ‘online’ Uniplaces, que se dedica ao alojamento de estudantes universitários, João Ribeiro, verifica-se um crescimento no negócio do alojamento a estudantes em Lisboa, em que “muitos investidores começam a reabilitar antigos prédios para construir e adaptar a residências universitárias”.
“Também temos assistido a um fenómeno que é senhorios ou proprietários que acabam por [conciliar] o alojamento local com o alojamento a estudantes, isto porque o alojamento a estudantes tem uma sazonalidade, tal como o alojamento local”, referiu João Ribeiro, explicando que, assim, os proprietários acabam por “maximizar a taxa de ocupação” do imóvel com “turismo no verão e estudantes no período de inverno”.
Questionado sobre a nacionalidade dos investidores que apostam no alojamento a estudantes em Lisboa, o responsável da Uniplaces disse que há “um pouco de tudo”, mas estimou que 50% dos investidores sejam portugueses e os restantes 50% sejam estrangeiros, nomeadamente “franceses, ingleses, angolanos e brasileiros”.
O interesse dos proprietários pelo arrendamento a estudantes e pelo alojamento local já está a afetar o serviço de alojamento disponibilizado pela Universidade de Lisboa.
Atualmente, a Universidade de Lisboa tem 19 residências públicas, em que “metade das residências são arrendadas” e a outra metade é património da academia, indicou à Lusa Rita Casquilho, responsável pela área de alojamento universitário.
“Os senhorios estão a pretender as casas que são deles, que a lei lhes dá hipótese de recuperarem, isto para venderem ou tornarem a alugar a outros”, declarou Rita Casquilho.
Já foi encerrada uma residência e está previsto o encerramento de mais duas, bem como a diminuição de andares disponíveis numa outra residência.
Neste momento, as residências da Universidade de Lisboa disponibilizam um total de 869 camas, mas estima-se que percam “até 160 camas” com o fim dos contratos de arrendamento com os proprietários dos imóveis.
“Pensamos que, em relação às residências que estão a ser construídas, vamos compensar as que estão arrendadas e que temos que devolver aos senhorios”, afirmou a responsável pela área de alojamento universitário, lembrando que está a ser construída uma residência no polo da Ajuda, com 170 camas, e outra está “em fase de projeto” na Avenida das Forças Armadas.
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