Scaller: projeto português junta indústrias na Europa na partilha de recursos
A ideia é simples: o que uns não precisam é utilizado por outros. O Scaller quer aplicar este conceito às indústrias europeias e ajudar a poupar recursos. O projeto tem apoio do Horizonte 2020.
Um consórcio europeu, liderado por uma entidade portuguesa, vai promover a colaboração entre indústrias para que recursos que umas não necessitam possam ser utilizados por outras, reduzindo o desperdício, num projeto financiado pelo Horizonte 2020 com um milhão de euros.
Trata-se de “promover a partilha de recursos de forma a poupar matérias-primas na Europa, [onde] são tão escassas”, e energia, através da reutilização, e assim diminuir a poluição e a deposição de resíduos em aterro, explicou hoje à Lusa um dos participantes no projeto.
O responsável pela área que desenvolve investigação aplicada para a sustentabilidade (o Sustainable Innovation Centre) no Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), unidade que coordena o projeto Scaller, disse que é igualmente objetivo da iniciativa conseguir novas oportunidades de negócio e criar valor, gerando benefícios do ponto de vista económico, ambiental e social.
O Scaller, que deverá arrancar no segundo semestre deste ano e prolongar-se por dois anos e meio, pretende quantificar, do ponto de vista económico, ambiental e social, o impacto da adoção alargada da chamada simbiose industrial.
Será realizado um mapeamento das principais indústrias de processo na Europa e verificado o potencial das sinergias, sobretudo nos recursos em que há mais potencial de reutilização.
“Numa fase mais avançada, o objetivo é desbloquear esse potencial, ou seja, [perceber] como desbloquear a criação destas relações”, identificando os fatores que facilitam e aqueles que são uma barreira, segundo Ricardo Rato.
O ISQ foi o coordenador da proposta apresentada à Comissão Europeia, em consórcio com a universidade de Cambridge, com experiência em sustentabilidade industrial, o Climate KIC, um fundo europeu, sediado na Holanda, que apoia soluções inovadoras para a mitigação das alterações climáticas, uma ‘startup’ francesa e uma empresa suíça.
O projeto, que têm o apoio de 50 entidades europeias de diferentes países, entre indústrias, associações industriais ou autoridades públicas, tem um orçamento total de cerca de um milhão de euros, financiado a 100% através do programa europeu Horizonte 2020, sendo o valor associado ao ISQ de 265 mil euros.
Os especialistas querem “promover a aplicação alargada da simbiose industrial na Europa, de uma forma transversal, e a partilha de recursos”, especificou Ricardo Rato.
Explicou que aquele conceito refere-se à “colaboração entre as industrias através da troca de materiais, energia, água ou subprodutos por forma a poderem ser mais eficientes“, refletindo os princípios da economia circular.
Pretende-se que todos colaborem para “todos serem mais eficientes, todos colherem benefícios dessa colaboração”, relação que pode ser concretizada entre empresas do mesmo setor de atividade ou entre diferentes setores, com base na proximidade geográfica, resumiu o responsável do ISQ.
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