iPhone fez 10 anos. O que mudou no telemóvel e na nossa vida
Já lá vai uma década desde que o primeiro iPhone chegou às mãos dos consumidores. Desde então, muita coisa mudou no produto e na Apple. Mas também ao nível social e económico.
Esta quinta-feira assinalam-se dez anos da chegada ao mercado do primeiro iPhone. O aparelho tinha sido apresentado seis meses antes por Steve Jobs numa grande conferência em São Francisco, na Califórnia. Na altura, como o ECO já aqui contou, o cofundador da Apple apresentava-o como uma reinvenção dos fracos telemóveis existentes até então: “Hoje é o dia em que a Apple reinventa o telefone”, disse o presidente.
O “iPhone Original”, como ficou conhecido, não era o primeiro telemóvel do género, mas foi o conjunto de características tecnologicamente avançadas para a altura, aliadas ao prestígio que a criadora do iPod já tinha no momento, que fizeram com que o produto acabasse por vender qualquer coisa como 600 milhões de unidades. É atualmente o principal e mais bem-sucedido produto da Apple.
A novidade da marca da maçã desencadearia, quase de imediato, mudanças de ordem social e económica. Deu gás à democratização do smartphone, que anda já no bolso de mais de 63% dos portugueses, e ao universo das aplicações móveis, graças ao surgimento da App Store algum tempo depois. Em março de 2017, a loja incluía 2,2 milhões de apps. E segundo indicou a marca em junho, gerou um total de 70 mil milhões de dólares em receitas para os programadores. A popularidade do conceito é explicada por ser uma forma rápida e simples de instalar novas funcionalidades aos telemóveis, como ferramentas e jogos, o que não era possível até à data.
Uma aplicação em específico revolucionou mesmo a forma como se via o mercado de capitais, e nem sequer é das mais usadas no telemóvel. Estamos a falar da Stocks, a aplicação que ainda hoje permite ver as cotações das ações nas diversas bolsas em todo o mundo e em tempo real. Como conta o site de economia The Street, ter o mercado na ponta do dedo era algo extremamente avançado e até disruptivo há dez anos, pelo que os investidores passaram a aceder aos portefólios com mais frequência, alguns de forma até obsessiva, em busca de novas oportunidades.
Mas por falar em ações, se houve títulos movidos pelo lançamento do iPhone, esses títulos foram os da Apple. Ao longo da década, as ações da marca valorizaram mais de 800% na bolsa norte-americana, com um retorno médio anual de 24,74% excluindo dividendos (que a Apple só começou realmente a pagar já com Tim Cook aos comandos da nave). Por outras palavras, as ações foram de 17,22 dólares a 29 de junho de 2007 para um máximo histórico de 156,10 dólares a 12 de maio deste ano.
E o que tinha o iPhone Original? Um ecrã tátil, inovador, com 3,5 polegadas e resolução de 320 pixels de largura por 450 de altura. Era protegido com tecnologia resistente Gorilla Glass e suportava conexões à internet via Wi-Fi e rede móvel de segunda geração. Trazia ainda uma câmara incluída, exclusivamente fotográfica, com apenas um par de megapixels, e podia ser comprado em versões de quatro, oito e 16 GB de espaço de armazenamento. A câmara era também ela algo relativamente inovador no mercado e conquistou cada vez mais gente.
Em 2011, o número de fotografias tiradas com telemóveis igualava o número de imagens capturadas com câmaras digitais, de acordo com dados da KeyPoint Intelligence citados pelo site Re/code. Atualmente, 85% de todas as fotografias digitais já são feitas com as câmaras dos smartphones.
Nunca foi tão fácil, nunca foi tão rápido criar uma disrupção tecnológica. A Apple será uma Nokia, mais tarde ou mais cedo.
“O iPhone veio trazer a ideia de que o smartphone é uma extensão corporal. Neste momento, as pessoas podem sair de casa sem as chaves, podem sair sem a carteira, mas não saem sem o telemóvel. Faz parte das nossas vidas. Alterou a nossa perceção do tempo, do espaço”, contou ao ECO Filipe Carrera, coordenador da pós-graduação em marketing digital do IPAM.
Mas o que hoje é verdade, amanhã pode não ser. “A vida é feita de ciclos, o que quer dizer que agora é absolutamente fantástico, daqui a uns anos já não é assim tanto. Se calhar vamos começar a valorizar as experiências pessoais, físicas, de outra forma. Vamos chegar a um extremo de isolamento em que teremos uma perspetiva gourmet das relações sociais”, explicou.
Como será, por isso, a Apple do futuro? “A coisa mais difícil é prever o futuro. E há uma frase que é muito verdade, principalmente nesta área: a única forma de prever o futuro é criá-lo. Enquanto antes estava dependente de grandes empresas, agora há, neste preciso, momento uma grande empresa em qualquer parte do mundo que está a preparar o fim do mundo como nós o conhecemos. Esse tem sido o historial dos últimos anos”, disse. Por isso, concluiu: “Nunca foi tão fácil, nunca foi tão rápido criar uma disrupção tecnológica. A Apple será uma Nokia, mais tarde ou mais cedo. Todos os impérios caíram. Não houve um império que durasse.”
iPhone 7: 120 vezes mais rápido… e muito mais barato
Vimos já as características do primeiro iPhone no mercado. Dez anos depois, a tecnologia apresenta-se bastante mais evoluída. O iPhone 7, a última versão lançada pela marca, inclui um processador Apple A10, com quatro núcleos no total, dois deles desenhados a pensar nas tarefas mais exigentes. Para se ter uma ideia, é 120 vezes mais rápido do que o primeiro processador usado pela Apple no iPhone Original, segundo o site The Verge. Assim como é mais rápido do que o de alguns computadores pessoais lançados há dez anos.
Além disso, desde então, o iPhone aumentou de tamanho e de peso, mas ganhou só dois gramas. Ganhou resistência à água e ao pó e tem muito mais espaço disponível, mais propriamente um aumento de 1.500%, de 16 para 256 GB no máximo. A bateria também melhorou. Mas a mudança mais significativa, para além do design, foi ao nível das câmaras: ganhou uma nova câmara frontal, bem melhor do que a única câmara do produto original. Já a câmara traseira, com os seus 12 megapixels, produz agora fotografias bem mais coloridas, brilhantes e detalhadas, mesmo em ambientes de pouca luz. E isso importa bastante, porque se teve o primeiro iPhone, deve lembrar-se bem do martírio que era tirar fotos à noite.
Com tudo isto, ficou com vontade de recordar os velhos tempos do iPhone? Não é fácil encontrar um à venda que esteja em bom estado. Também não é barato. No eBay, com alguma pesquisa, é possível encontrar algumas unidades à venda — como este iPhone original, ainda dentro da caixa, com 8 GB de espaço e bloqueado para a operadora norte-americana AT&T. O preço: 4.000 dólares (cerca de 3.520 euros), mas não enviam para Portugal. Já este iPhone 3G de 16 GB, o segundo a ser lançado, também ainda dentro da caixa, está a ser vendido a 3.000 libras (quase 3.415 euros).
Para comparação, um iPhone 7 pode ser comprado a partir de 780 euros. E a versão mais cara, o iPhone 7 Plus com o máximo de armazenamento, não custa mais do que 1.140 euros. Espera-se que o próximo iPhone, a ser lançado no outono deste ano, traga muitas novidades como forma e assinalar uma década de produto. Ainda não há nada confirmado, mas o ECO já resumiu aqui os principais rumores.
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