CDS retira apoio a André Ventura. PSD respeita, mas lamenta
O polémico candidato do PSD/CDS a Loures deixou de ter o apoio dos centristas. Até ao momento, André Ventura continua a ser apoiado pelo PSD e pelo Partido Popular Monárquico (PPM).
O CDS anunciou esta terça-feira que retirou o apoio a André Ventura, o candidato ainda apoiado pelo PSD, no seguimento das mais recentes declarações polémicas sobre a comunidade cigana em Loures. As eleições autárquicas estão marcadas para dia 1 de outubro. Depois da entrevista ao jornal i esta segunda-feira, o candidato a Loures recebeu críticas, nomeadamente de vozes do CDS como o vogal da comissão política, Francisco Mendes da Silva.
“No seguimento das recentes declarações do candidato à Câmara Municipal de Loures, Dr. André Ventura, e depois de o CDS ter manifestado no seio da coligação o seu profundo incómodo com as referidas afirmações, decidiu o CDS seguir um caminho próprio no Concelho de Loures nestas eleições autárquicas de 2017“, anunciou o líder distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira, em comunicado. Ao ECO, o dirigente do CDS confirmou que o partido terá um candidato próprio.
Em reação à decisão do CDS, a distrital de Lisboa do PSD decidiu manter o apoio a André Ventura. “Acho que CDS não se sente confortável a 100%, temos de respeitar. Está no seu direito legítimo”, afirmou Pedro Pinto ao Público. À Lusa, fonte oficial do PSD afirmou que o partido “mantém o apoio ao candidato”, lamentando que o CDS não faça o mesmo.
A polémica começou numa entrevista cedida ao Notícias ao Minuto onde o candidato de coligação, até a este momento, dizia que havia “excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas”. “Não compreendo que haja pessoas à espera de reabilitação nas suas habitações, quando algumas famílias, por serem de etnia cigana, têm sempre a casa arranjada”, acrescentou. Dias depois, André Ventura afirmava, em entrevista ao jornal i, que havia pessoas a viver “quase exclusivamente de subsídios do Estado” e que se acham “acima das regras do Estado de direito”, referindo-se à etnia cigana.
As declarações levaram o Bloco de Esquerda a fazer uma queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial contra o candidato agora apoiado apenas pelo PSD/PPM.
Francisco Mendes da Silva, vogal da comissão política nacional do CDS, tinha reagido esta segunda-feira às declarações do candidato do seu partido a Loures. “Não há praticamente nada que André Ventura diga que eu não considere profundamente errado, ligeiro, fruto da ignorância e de um populismo que tanto pode ser gratuito, telegénico ou eleitoralista”, considerou, referindo que não se importava que Ventura perdesse. “Se perder, tudo bem: que nem mais um dia o meu partido fique associado a tão lamentável personagem”, concluiu, na sua página de Facebook.
Também a candidata do PSD à Câmara Municipal de Lisboa criticou André Ventura, ainda que a concelhia de Loures do PSD tenha mantido o apoio ao candidato. “Repudiamos as declarações proferidas pelo candidato à Câmara de Loures respeitantes à comunidade cigana”, afirmou Teresa Leal Coelho, em comunicado, esta segunda-feira. “Não nos revemos nem em pensamento, nem em discurso de natureza discriminatória“, considerou a candidata social-democrata à capital.
Segundo o Público, o líder da concelhia de Loures do PSD, Ricardo Andrade, garantiu esta segunda-feira que André Ventura continuará a ser o candidato social-democrata ao concelho. Ricardo Andrade afirmou que para a candidatura “ninguém tem menos direitos” e todos têm “as mesmas responsabilidades”, referindo que em Loures há problemas no cumprimento de leis. O líder da concelhia rejeitou que Ventura tivesse associado o incumprimento da lei a uma etnia específica, neste caso, a etnia cigana.
(Atualização às 15h47)
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