PT sobre o SIRESP: “Não é claro que cabos enterrados resolvam o problema”
A PT rejeita as críticas do primeiro-ministro e garante que cumpriu "inequivocamente" os níveis de serviço contratados com o Siresp. Empresa diz ter tido sempre "prontidão na ação".
Dois meses depois da tragédia de Pedrógão Grande, a PT decidiu pronunciar-se sobre o ocorrido nessa operação, mas também nas restantes zonas que estão a ser afetadas pelos incêndios deste verão. Alexandre Fonseca, administrador com o pelouro tecnológico da Altice/PT, disse ter consciência de que é o operador “mais visado”, dada a extensão da rede, mas defendeu-se das críticas, até do primeiro-ministro. Quanto a soluções para o SIRESP, o gestor duvida da eficácia do enterramento dos cabos.
“A PT tem cumprido e superado inequivocamente com todos os níveis de serviço contratados pela SIRESP“, garantiu Alexandre Fonseca, em declarações transmitidas pela RTP3. O quadro da PT argumentou que a empresa tem sido “parte da melhoria da eficácia desta rede em Portugal”, tendo a Altice entregue uma proposta técnica de criação de redundâncias para o serviço.
Uma das possibilidades que já foi defendida pelo Governo é a instalação de cabos enterrados, em alternativa aos cabos aéreos que foram destruídos pelo fogo. Alexandre Fonseca admitiu que arderam mais de mil quilómetros de cabos aéreos, mas avançou que a PT tem dúvidas de que o enterramento de cabos seja eficaz. “É preciso colocar em perspetiva”, afirmou, referindo que as infraestruturas subterrâneas só representam cerca de 4 a 6% do total — “o primeiro obstáculo é a falta de infraestrutura física na esmagadora maioria de espaço rural no nosso país”.
“Não é claro que o simples enterramento dos cabos vá por si só resolver o problema” do SIRESP, argumentou Alexandre Fonseca, referindo que essa solução ainda está a ser estudada. O administrador da PT assinalou que o traçado aéreo da PT tem 70 mil quilómetros espalhados pelo país, mas o canal técnico rodoviário só tem capacidade para 300 quilómetros. “A infraestrutura existente não está ainda preparada para a capilaridade da nossa rede e também tem algumas vulnerabilidades de integridade, detetadas perante cenários de fogo e de altas temperaturas”, explicou na mesma conferência de imprensa.
Em julho, o primeiro-ministro tinha-se referido aos cabos aéreos como uma das “fragilidades inadmissíveis” da rede da PT. “É de senso comum que numa zona de grande densidade florestal, onde há elevado risco de incêndio, o sistema de comunicações de uma determinada companhia, que não vou dizer o nome para não me criticarem, assentar em cabos aéreos, e nessa rede circular não só a comunicação normal como as comunicações de emergência, expõe a rede a uma fragilidade inadmissível”, disse António Costa nessa altura.
“Temos de obrigar quem explora essa rede de emergência a cumprir as suas obrigações em pleno”, disse ainda, referindo-se às falhas identificadas na rede SIRESP. Mais recentemente, o primeiro-ministro deu uma entrevista ao Expresso onde responsabiliza diretamente a PT pelo “colapso do SIRESP”. “É inadmissível que as redes de comunicações junto as estradas nacionais que já têm calhas técnicas não estejam enterradas e continuem com os cabos aéreos”, acrescentou Costa.
PT diz ter tido “imediata prontidão de ação”
A Altice PT defendeu-se esta quinta-feira das acusações feitas ao desempenho da empresa nos locais afetados pelo incêndio. A empresa diz que mobilizou 1.500 pessoas para reporem os 12 mil postes ardidos neste verão. Além disso, a operadora garantiu que tratou todas as populações de forma igual: “O princípio da igualdade é um princípio nosso do qual não abdicámos”, disse o administrador da PT.
No caso específico da Operação Pedrógão Grande, Alexandre Fonseca assinalou que foram ardidos 500 quilómetros de cabos, foram mobilizadas 200 pessoas e 100 viaturas para o terreno. A PT referiu ainda que conseguiu repor 98% dos serviços de comunicações destruídos “em quatro dias e meio”. “Não tivemos qualquer hesitação em mobilizar para o terreno”, garantiu.
“O grupo Altice PT desde cedo diagnosticou e ativou os seus planos de ação mais eficazes para fazer face ao clima instalado“, acrescentou referindo que para “situações excecionais” têm de existir “medidas excecionais”. Alexandre Fonseca garantiu que do lado da empresa “em nenhum momento” se equacionou “outra postura que não a de servir, a de cooperar e a de repor”. “Tentam alguns passar a ideia de que por a PT já não ser do domínio público tenha passado a existir um sentimento diferente em relação ao país e ao povo português”, disse, rematando que esse ideia é errada.
(Atualizado pela última vez às 16h55)
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