Hollywood e Apple, aliados num plano que prejudica cinemas
Estúdios de cinema querem colocar filmes disponíveis online poucas semanas antes das estreias no cinema.
Os estúdios cinematográficos estão a considerar a possibilidade de ignorar as objeções das redes de cinemas e pôr em prática o plano disponibilizar online os filmes poucas semanas depois de eles estrearem nos cinemas, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.
Alguns dos maiores defensores da ideia, como a Warner Bros e a Universal Pictures, têm pressionado em negociações com a Apple e a Comcast sobre maneiras de implementar o projeto mesmo sem as redes de cinemas, avançaram algumas fontes contactadas pela Bloomberg. Após meses de negociações, os dois lados não conseguiram chegar a uma maneira mutuamente benéfica de criar um produto premium de download de filmes que custe entre 30 e os 50 dólares.
Os principais estúdios de Hollywood, com exceção da Walt Disney, estão ansiosos para lançar um novo produto com o objetivo de compensar a queda das vendas de DVDs e de outros formatos de entretenimento doméstico na era da Netflix. E discutiram a possibilidade de partilhar uma parte da receita do serviço de vídeo premium sob demanda (PVOD, na sigla em inglês) com as redes de cinemas se elas concordassem com o conceito. Mas as salas de exibição propuseram um compromisso de longo prazo de até 10 anos para essa divisão de receita, que os estúdios rejeitaram.
Acordos com potenciais distribuidores, como Apple e Comcast, podem ser fechados já no início de 2018 para a venda de downloads digitais de grandes filmes apenas duas semanas depois da estreia nos cinemas.
Com esses acordos, os estúdios poderiam fazer um ultimato às redes de cinemas: concordem com um acordo ou começaremos a vender os downloads de filmes de qualquer maneira. Os cinemas poderiam contra-atacar boicotando os filmes programados para a venda por download dias após a estreia nas salas de exibição.
Alguns executivos de estúdios têm assumido uma posição menos agressiva e não querem entrar em conflito com as salas de exibição, que ainda exercem um enorme poder na indústria. Os estúdios e as redes de cinemas precisam de negociar de forma independente por causa das normas antitrust.
O período de exclusividade dos cinemas para os filmes novos sempre foi sacrossanto, em parte porque os grandes diretores e atores de Hollywood dão mais valor ao grande ecrã que à televisão. Mas a indústria permitiu esse período de exclusividade antes de as vendas de DVD diminuírem para cerca de três meses após o fim de semana de estreia de um filme.
A Disney não está interessada em participar das discussões porque acredita na estratégia de se concentrar em menos filmes de maior impacto que precisam ser vistos na tela grande. Pequenos produtores, como Lions Gate Entertainment, o estúdio responsável pela franquia “Jogos da Fome”, querem um acordo. O CEO Jon Feltheimer disse acreditar que o PVOD seria lançado nos próximos 12 meses. “Veremos a realização de alguns testes, pelo menos em alguns territórios, em breve”, disse Felineimer na apresentação de resultados deste mês. “Espero que isso aconteça, acho que será ótimo para os negócios.”
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